18.6.08

A poesia não vai ( poema de Eugénio de Andrade)


A POESIA NÃO VAI

A poesia não vai à missa,
não obedece ao sino da paróquia,
prefere atiçar os seus cães
às pernas de deus e dos cobradores
de impostos.
Língua de fogo do não,
caminho estreito
e surdo da abdicação, a poesia
é uma espécie de animal
no escuro recusando a mão
que o chama.
Animal solitário, às vezes
irónico, às vezes amável,
quase sempre paciente e sem piedade.
A poesia adora
andar descalça nas areias do verão.


Eugénio de Andrade, O Sal da Língua, 1995.




Os restos mortais do poeta Eugénio de Andrade, falecido há três anos (13 de Junho de 2005), foram no aniversário da sua morte, trasladados do jazigo municipal do cemitério do Prado do Repouso, Porto, para um túmulo desenhado e oferecido pelo arquitecto Siza Vieira.

"Creio que com este túmulo, com esta pedra lisa de mármore branco, ele [Siza Vieira] foi extremamente fiel à poesia de Eugénio de Andrade. Diria que os dois se entenderam muito bem", considerou Arnaldo Saraiva, presidente da Fundação com o nome do poeta. O escritor sustentou que a "simplicidade" da obra "diz bem não só com o poeta, mas também com o homem". "Tenho a certeza que ele [Eugénio de Andrade] gosta deste túmulo, porque viveu sempre de uma forma discreta e pobre. Eugénio de Andrade nunca viveu com luxo e até detestava o luxo", salientou.


Na "morada definitiva" de Eugénio de Andrade, uma campa rasa em mármore branco, estão inscritos uma quadra do livro "As Mãos e os Frutos", que o próprio sugeriu que poderia constar do seu túmulo, e um poema escolhido pelos amigos.

Autor de uma importante obra poética, de que se destacam "As mãos e os frutos" (1948), "Limiar dos Pássaros" (1972), "Memória de Outro rio" (1978), "Branco no Branco" (1984), "O outro nome da terra" (1988), "O Sal da Língua" (1995) e "Poesia" (2000), Eugénio de Andrade é um dos poetas portugueses mais traduzidos. A sua obra foi premiada por diversas vezes, destacando-se o "Prémio Europeu de Poesia", em 1996, o "Prémio Vida Literária", da Associação Portuguesa de Escritores, em 2000, e o "Prémio Camões", em 2001.
Notícia retirada do blogue:
http://vidainvoluntaria.blogspot.com/

Movimento dos Trabalhadores Desempregados


O Movimento dos Trabalhadores Desempregados já tem dezenas de sócios e propõe-se "dar voz aos que não têm trabalho e fazer com que a lei deixe de tratar os desempregados como criminosos", disse, hoje, à Lusa a presidente da nova associação.

"Com a obrigatoriedade dos desempregados se apresentarem quinzenalmente nas juntas de freguesia ou nos centros de emprego, é como se quem não tem trabalho estivesse sujeito a um termo de identidade e residência, como os criminosos", disse à Lusa Maria Ondina Coutinho, do Movimento de Trabalhadores Desempregados (MTD).

"Os desempregados, melhor que ninguém, têm que ser uma voz activa no combate ao desemprego e ao trabalho precário", referiu a responsável pela associação de desempregados.
"As pessoas que não têm trabalho são discriminadas por toda a gente, desde os colegas que continuam a trabalhar até ao Governo", referiu ainda a antiga operária têxtil que, com 59 anos de idade, está desempregada há três anos.

O MTD existe já em alguns distritos do país e acabou de ser criado mais um núcleo na cidade de Braga. Organização autónoma da União de Sindicatos de Braga, o MTD apresenta-se também com o objectivo de ‘desenvolver a solidariedade entre trabalhadores activos, empregados e desempregados. Os dirigentes do MTD chamaram a atenção para a ‘realidade crua e nua’ que o desemprego constitui no distrito de Braga, principalmente para as mulheres que possuem apenas o primeiro ciclo de escolaridade e idades entre os 35 e os 55 anos

"A lei actual tem que mudar", referiu a responsável pelo MTD.O movimento defende também mudanças no que diz respeito "à procura activa de emprego". "A lei põe os trabalhadores desempregados com a obrigação de procurar uma coisa que não existe", referiu Ondina Coutinho.

A direcção do MTD, que inclui desempregados dos sectores têxtil, comércio, electrónica, gráfica e hotelaria pretende ser ‘reivindicativa e proponente’, mas também de promoção de ‘solidariedade entre desempregados e aqueles que estão na iminência de o ser e de cooperação com as franjas da sociedade mais desfavorecidas’.

Recorde-se que muitos postos de trabalho foram destruídos e que o desemprego continua a aumentar. Apesar disso o n.º de desempregados a receber subsídio diminuiu e o acesso aos subsídios foi dificultado. Os deveres dos desempregados e as despesas inerentes ao seu cumprimento aumentaram.

Dos poucos postos de trabalho criados, a maioria, foi com vínculo contratual precário, na duração e nas condições. Enfim, é a verdadeira “flexigurança à portuguesa”, visando o aumento da enorme flexibilidade, já existente, e a diminuição da segurança no emprego e da protecção social aos desempregados.

Face a tão maus propósitos, o MTD, na persecução dos seus objectivos, dará continuidade às acções de denúncia e à exigência de políticas que promovam o pleno emprego e que assegurem o direito ao trabalho!

Fonte: imprensa escrita

Revista Nada - já foi editado o nº 11 desta revista de Pensamento, Arte e Ciência


O volume 11 da revista NADA está disponível


A NADA edita o 11º volume da sua colecção. Este projecto tem vindo a afirmar-se como uma referência no panorama editorial, tanto pelos seus conteúdos como pelo design.

A NADA já se encontra à venda em várias livrarias de São Paulo, Brasil e em Barcelona no CCCB.

Sobre o volume 11:

Esta é uma NADA peculiar. Pela primeira vez a sua concepção e coordenação é entregue a outros e esses outros, embora fazendo parte da equipa da revista, são o Pedro Peixoto Ferreira e o Emerson Freire, que, por seu lado, integram o CTeMe, um grupo pluridisciplinar que tem desde 2005 colaborado estreitamente com a NADA. E para piorar as coisas esta NADA 11 foi toda forjada a partir do Brasil. Desde o inicio a NADA apostou no espaço de lingua portuguesa e em especial no eixo Portugal / Brasil, que nos parece fundamental.

Segundo as palavras dos coordenadores desta NADA 11:

«Esta revista é impossível. Mas nem por isso deixa de funcionar a seu modo, e o modo de funcionamento é o que importa. O impossível se concretiza enquanto tal na pura tensão de sua impossibilidade. Isso é bom. Isso move, isso flui, isso funciona e isso se transforma. Mas se transforma em quê? Numa revista?
Como isso pode funcionar? Por um lado, este número da revista gira em torno de processos como afecção, sensação e percepção, seja como tema principal dos textos, seja como método de trabalho dos autores, ou ainda como efeito intencionado sobre os leitores. Por outro lado, a questão da técnica atravessa todos os textos como um precipitador problemático que informa o seu conjunto. Cada texto tem uma história, e foi escolhido a dedo por isso, mas nem tentaremos contá-las aqui. Apenas com relação às traduções da Donna Haraway e do Gilbert Simondon, vale dizer que elas são, antes de qualquer coisa, homenagens do CTeMe a esses dois pensadores e à potência de suas idéias.
Muitos nos ajudaram a concretizar essa experiência e gostaríamos de agradecer especialmente: às pessoas que propuseram textos para publicação; àquelas que nos ajudaram a transcrever as duas horas e meia da entrevista que fizemos com Eduardo Viveiros de Castro; e àquelas da própria Nada que possibilitaram o projeto em primeiro lugar. Sem vocês, essa revista não teria textos bons, não teria ficado pronta no prazo e nem sairia dos hardwares dos nossos computadores. O que nos devolve ao início. Nada é impossível, e só existe transmitindo sua própria impossibilidade numa tensão que levará o leitor a fazer, justamente, o impossível: Nada.»


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Pode encontrar o volume 11 da revista NADA nas livrarias de todo o país (ver lista de livrarias no site) ou encomendar através do mail@nada.com.pt

Mais informações, locais de venda e assinaturas em
www.nada.com.pt
Tlm 962560227
Telf. 21 796 52 58
Fax 21 796 52 58

Atlas do Ambiente ( apresentação e lançamento da versão portuguesa), editado pelo Le Monde Diplomatique

http://pt.mondediplo.com/


Na sexta-feira, dia 20 de Junho, pelas 18h00, terá lugar no Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian, uma mesa-redonda a propósito da publicação do Atlas do Ambiente do Le Monde diplomatique.

A mesa-redonda contará com os seguintes intervenientes:

● Viriato Soromenho-Marques (Universidade de Lisboa) - «Política de ambiente em Portugal»

● Luísa Schmidt (ICS) - «Cidadania ambiental, entre os "interesses" e a Governança»

● João Pato (ICS) - «Políticas públicas da água em Portugal»

● Sandra Monteiro (Le Monde diplomatique - edição portuguesa) - «Cartografar análises e soluções»


Entrada livre.



Ao ler este Atlas do Ambiente, percebemos que o mundo já mudou e por isso é tão importante esta sua publicação em língua portuguesa. Por nós que, aqui neste canto esquerdo periférico da Península Ibérica, se já não estamos «orgulhosamente sós», estamos por vezes obtusamente alheados. E não só por nós.
Luísa Schmidt


Como este Atlas demonstra, mudar de modelo energético sem modificar o modelo económico
pode apenas deslocar os problemas ecológicos. Mas doravante a opinião pública está vigilante.
E há-de acabar por impor verdadeiras soluções verdes.
Ignacio Ramonet


«A humanidade não se define pelo que cria, mas por aquilo escolhe não destruir.»
Eduard Osborne Wilson
(Entomologista e biólogo americano que popularizou o termo «biodiversidade» na literatura científica)


A Outro Modo, Cooperativa Cultural, que publica a edição portuguesa do mensário Le Monde diplomatique, edita agora em língua portuguesa o Atlas do Ambiente Le Monde diplomatique.

O Atlas do Ambiente do Le Monde diplomatique, título genérico da obra, surge numa altura em que todos – dos responsáveis políticos aos actores económicos e sociais, passando pelos meios de comunicação social – são obrigados a olhar com atenção para as ameaças que colocam em perigo o futuro do planeta e a sobrevivência da humanidade.

A obra analisa, na primeira parte, as causas dos problemas ambientais com que estamos confrontados («O que ameaça o planeta») e propõe, na segunda parte, possíveis soluções («O que pode salvá-lo»). Percorre temas tão diferentes quanto os solos e os recursos energéticos, os transportes e o urbanismo, as catástrofes ambientais, a agricultura e as nanociências, os protocolos e as organizações internacionais, os estudos de caso que abrem caminhos para soluções locais ou globais.


Com prefácio de Luísa Schmidt, introdução de Ignacio Ramonet e direcção de Philippe Bovet, Philippe Rekacewicz, Agnès Sinaï e Dominique Vidal, o Atlas do Ambiente assenta numa fórmula que combina a profundidade com a síntese, os textos e a infografia.


É composto por:
Textos curtos, que organizam a informação essencial;
Cerca de 150 mapas e gráficos a cores, que representam visualmente a realidade;
A contribuição de cerca de 40 autores (38 para os textos, 4 para a infografia), investigadores e cientistas especializados em ambiente, que apresentam as suas análises e soluções;
Uma ampla bibliografia (sítios na Internet, livros e relatórios) que permite ao leitor aprofundar a sua reflexão.

Poderá consultar
aqui o índice da obra.

Poderá encomendar o seu exemplar (em qualquer um dos formatos) através do telefone 21 353 60 54 (todos os dias úteis, das 9h às 13h), do e-mail
monde-diplo@netcabo.pt ou da morada R. Rodrigues Sampaio, n.º 19 - 2.º A, 1150-278 Lisboa.

A edição em formato livro tem um custo (com despesas de envio incluídas) de € 10,00 e em formato revista de € 5,90.

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Atlas do Ambiente do Le Monde diplomatique

Índice da obra


● Verdades e inconveniências nas crises ambiental e energética, por Luísa Schmidt

● O pavor e os lucros, por Ignacio Ramonet

1 o que ameaça o planeta

● Que grelha de leitura?

● Inverter a perspectiva

● Impor mundialmente o princípio do poluidor-pagador

● Metade dos solos cultiváveis está degradada

● Amanhã o pico do petróleo: uma viragem decisiva

● Transportar as mercadorias de outra maneira

● Para nos libertarmos do carro e do avião

● O contágio do desenvolvimento urbano à americana

● Conflito e ambiente: o caso da Palestina

● De Bhopal ao Erika: o tempo das catástrofes

● A herança envenenada do nuclear soviético

● As alterações climáticas perturbam o ciclo do carbono

● A longa história das evoluções do clima

● Quando as florestas emitem carbono, em vez de o captarem

● Degelo dos pólos, primeiro acto na Gronelândia

● O aquecimento desregula as monções

● Os caprichos do El Niño: nuns lados secas, nos outros dilúvios

● O século dos refugiados do ambiente

● Novo clima, novo mapa agrícola

● O declínio da biodiversidade ameaça a humanidade

● Lenta reconstituição da camada de ozono

● A água, da rarefacção à escassez

● Ameaças às ilhas, costas e deltas

● Pesca em alto mar, uma violência contra os fundos oceânicos

● Nanociências, a vertigem do infinitamente pequeno

● Do Norte ao Sul: doenças do ambiente

2 o que pode salvar o planeta

● Da aldeia à região, do Estado às Nações Unidas

● Quioto II, uma etapa crucial para o clima

● Recuo nacional ou luta internacional?

● Como a Suécia está a tornar-se uma sociedade sem petróleo

● Os negawatts, considerável «jazida» energética

● Energias renováveis: o dinamismo indiano

● Agrocombustíveis: um remédio que agrava a doença?

● Desenvolver alternativas ao automóvel na cidade

● Lyon-Turim, um projecto ferro-rodoviário controverso

● Resíduos: Saint-Philbert dá o exemplo

Congresso Feminista (26, 27 e 28 de Junho)




Este Congresso pretende constituir-se como um acontecimento de carácter científico e interventivo, englobando as/os principais investigadoras e investigadores do campo dos estudos sobre as mulheres, dos estudos de género e dos estudos feministas em Portugal, bem como das e dos activistas que, no terreno, se envolvem na luta pela transformação de uma sociedade hierarquizada e desigual, muitas vezes, colonizadora e predadora do mundo social e natural, contribuindo para a construção de uma comunidade de activistas e cientistas que defendem um mundo mais igualitário, onde o respeito pelos direitos humanos e pela riqueza cultural sejam metas a atingir na corrida contra a violência.

http://congressofeminista2008.org/

Um Congresso Feminista em 2008: para desafiar as estruturas patriarcais

Texto escrito por Maria José Magalhães

Em Junho de 2008, celebram-se os 80 anos do último congresso feminista que se realizou em Portugal: o 2º Congresso Feminista e da Educação. Organizado pelo Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, coube a uma nova geração de mulheres da época fazer a abertura pela voz de Elina Guimarães.

Tal como então, a necessidade de desafiar as estruturas patriarcais da sociedade que ainda mantêm as amarras das mulheres a situações de discriminação e opressão e a importância de construir um "outro mundo possível" também feminista constituem a essência deste impulso de criar um forte movimento que conduza à realização de um Congresso Feminista em 2008.

No início do séc. XX, foi o direito de voto, o direito à educação e ao trabalho que mobilizaram intelectuais, progressistas e feministas (homens e mulheres) pelos direitos de igualdade entre homens e mulheres. O meio século do regime fascista foi um retrocesso imenso nesse caminho para a igualdade: regrediu-se em termos de educação (maior retrocesso para as mulheres, embora também tenha regredido para os homens), em termos do direito ao trabalho, à sua independência económica e aos direitos de participação política e cidadã (igualmente restringidos para os homens). Algumas organizações feministas resistiram ainda algumas décadas no fascismo como foi o caso do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas e da AFPP ¬ Associação Feminina para a Paz, mas o regime acabaria por proibir as suas actividades, fechar as suas sedes e perseguir as suas dirigentes.
O início da década de 1970 marca um avanço para as mulheres no que se refere à educação: é reinstaurada a coeducação e as raparigas vão fazendo [aliás desde a década anterior] um investimento na educação liceal e, mais tarde, na educação média e superior (esta já depois do 25 de Abril) e este investimento na educação formal abre portas às mulheres no trabalho nos sectores dos serviços, nomeadamente no ensino, enfermagem e função pública o que tem um enorme significado para a independência dos segmentos femininos de classe média. No entanto, os seus direitos de cidadania continuam significativamente cerceados dado que ela só pode trabalhar com autorização do marido, o marido pode ir receber o seu salário, a família constitui um reino patriarcal exacerbado, as mulheres não têm direito universal de voto, e a sua participação política só é possível se fôr em prol do regime.

O 25 de Abril abre portas à participação política e cidadã das mulheres e tem um enorme significado no que se refere ao direito ao trabalho para as classes trabalhadoras "a trabalho igual, salário igual" no apoio às mães trabalhadoras com o incremento de creches, infantários e outras medidas de apoio à maternidade.

Também na esfera doméstica e familiar, se verificam mudanças significativas: a alteração do código Civil significou o fim do chefe de família, se bem que a violência contra as mulheres na família só tenha entrado na agenda política nos finais do séc. XX.

Em termos da vida afectiva e sexual, assistimos igualmente a um enorme avanço no que se refere ao planeamento familiar e contracepção, embora as questões dos direitos sexuais e reprodutivos ‹ aborto, educação sexual e orientação sexual ‹ não tivessem avançado.

O 25 de Abril significou um grande avanço dos sectores femininos das classes trabalhadoras mas a longa repressão do feminismo no fascismo e a ausência de uma consciência feminista na esquerda portuguesa significou uma grande paralisia em algumas dimensões da vida das mulheres, nomeadamente as da vida familiar, afectiva, sexual e reprodutiva.

O início do séc. XXI mostra um grande avanço no que se refere à violência doméstica, com a sua definição jurídica como crime público e sete anos depois uma vitória esmagadora no SIM no referendo do aborto abrem uma nova etapa no feminismo português.

Assim, se a memória histórica dos feminismos se foi apagando ao longo da década de 1950 e o "feminismo" foi considerada expressão "mal-amada", acabando por deixar de fazer parte do vocabulário político, mesmo no Portugal democrático, algumas organizações pioneiras, mulheres protagonistas foram segurando o testemunho de levar por diante os ideiais e as causas feministas até aos dias de hoje.

Também a conquista da paridade na política foi um avanço importante, já neste século, mas este avanço legislativo só poderá ter concretização se completado com a paridade em termos da vida privada e profissional.

Uma nova etapa se abre às mulheres em Portugal com a vitória histórica do SIM no referendo da interrupção voluntária da gravidez enquanto uma das dimensões importantes na determinação dos nossos destinos enquanto mulheres. Esta vitória do SIM no referendo sobre a despenalização do aborto representou o alcançar de um direito de cidadania até aí vedado às mulheres: o de poderem decidir sobre a sua maternidade. O direito de opção das mulheres foi a questão que mais incomodou as forças conservadoras que estiveram pelo ³não². Quebrou-se, deste modo, um dos redutos da dominação sobre as mulheres e daí falarmos de um novo quadro político com melhores condições para que se dê expressão e maior visibilidade às lutas das mulheres pelos seus direitos e pela sua afirmação social.

Talvez possamos afirmar que, em termos sociais, o termo feminismo deixou de ser uma palavra maldita. Todavia, ainda não lhe é reconhecido o verdadeiro significado, na sua tripla dimensão, quer como perspectiva epistemológica (de investigação científica), quer como filosofia (conjunto de ideias e princípios de orientação da visão do mundo e do quotidiano), quer como perspectiva de intervenção política e activista. No entanto, o número cada vez maior de mulheres (e homens) que afirmam o seu feminismo na ciência, na literatura, na arte, no trabalho, na política, na intervenção, mostram que já não temos vergonha nem medo de nos denominarmos feministas. Para mais, com uma grande consciência e humildade que o feminismo é plural.

A realização deste Congresso vem também num momento em que é necessário colocar na ordem do dia que as mulheres ainda não atingiram os patamares da igualdade, apesar dos avanços que a sociedade já realizou. O patriarcado continua fortemente enraizado nas estruturas sociais (económicas, políticas, jurídicas, culturais, familiares, sexuais), assim como nas representações e nas estruturas e disposições simbólicas e mentais que proporcionam as condições para a sua continuada reprodução.

Os eixos estruturais de discriminação situam-se:
• no acesso ao emprego por parte das jovens que são preteridas face aos jovens mesmo com melhores médias e mais formação;
• na persistência das discriminações salarais e mesmo incumprimento do preceito legal de ‘trabalho igual, salário igual’;
• no agravamento das condições de vida das mulheres dos sectores em maior desvantagem social, sensivelmente a partir de 2002, com um maior desemprego e maior pobreza;
• no acesso a cargos de chefia, ainda que com maior curriculum;
• no acesso aos lugares de topo na política;
• na enorme sobrecarga de trabalho que sobre elas ainda recai, sobretudo nas tarefas domesticas e do cuidar;
• na aplicação dos direitos de maternidade, sobretudo no caso das profissões das classes trabalhadoras e nas de carreiras das classes mais eruditas, como as académicas, gestoras empresariais;
• na desigualdade de acesso aos direitos gerais por parte das lésbicas e da subordinação em termos da orientação sexual;
• em termos da socialização, devido aos estereótipos.

A UMAR sente ser seu dever histórico vir a dinamizar uma grande realização que contribua para a afirmação dos feminismos na sociedade portuguesa, convocando para tal amplos sectores sociais, culturais, associativos e políticos. Surgiu, assim, a ideia da realização de um Congresso Feminista, a 26, 27 e 28 de Junho de 2008.

A principal finalidade consiste em:
Dar mais visibilidade aos contributos e simultaneamente incentivar as mulheres na sociedade, na ciência, na arte, na literatura, na política, nos negócios, no trabalho, na vida privada, na família.
Nessa medida, os objectivos do Congresso são:
• dar visibilidade aos feminismos como uma corrente plural de pensamento e de acção na sociedade portuguesa, onde a investigação e o activismo feminista encontrem espaços de interacção;
• envolver diversos sectores sociais, culturais, associativos e políticos de forma a que os feminismos se projectem para além das universidades como uma forma de reconfigurar a própria democracia e a participação cidadã;
• possibilitar o debate e a expressão de diversas formas de intervenção artísticas e comunicacionais, em torno de novas áreas que envolvam o debate e o diálogo intermulticultural entre uma multiplicidade de actoras/es sociais.
Desde já, uma vasta Comissão Promotora, das mais variadas áreas da sociedade portuguesa, aderiu a esta iniciativa, mostrando como poderemos, todas e todos juntas/os, lutar por uma sociedade mais equilibrada em termos das relações de género em Portugal.



PROGRAMA


26 de Junho, na F. C. Gulbenkian


9.30h Auditório 2 Sessão de Abertura
• Elisabete Brasil (Pres. UMAR)
• Rui Vilar (Pres. F. C. Gulbenkian) (a confirmar)
• Elza Pais (Pres. da CIG)
• Lígia Amâncio (Vice-Pres. da FCT)

10.45h – 11h Intervalo

11h – 13h Auditório 2 Conferência de Abertura e Homenagem à feminista Madalena Barbosa
• Moderação: Maria José Magalhães
• Sónia Alvarez (Univ. da Califórnia, Vice-Presidente da Associação de Estudos Latino Americanos);
• Sofia Neves (Docente e Investigadora no ISMAI; Prémio Mulher/investigação Carolina Micaelis de Vasconcelos, 2006)
• Irene Pimentel (Historiadora, Prémio Pessoa, 2007)

13h - 14h Almoço

14h – 16h Auditório 2 Simone de Beauvoir: o Centenário do seu Nascimento
• Moderação: Maria do Mar Pereira Teresa Almeida (C)
• Maria Antónia Fiadeiro; Maria Isabel Barreno; Maria Teresa Horta; Helena Neves; Maria Antónia Palla

14h – 16h Sala 1 Mulheres e Média
• Moderação: Maria João Silveirinha Diana Andringa (C)
• Carla Cerqueira - A representação do dia internacional da mulher na imprensa portuguesa
• Terezinha Ferreira - A imagem da mulher na mídia
• Mercedes Lima - Da novela ao Big Brother
• Inês Machado Pereira - Cobertura jornalística dos julgamentos de aborto de 1979: o caso do Comércio do Porto
• Isabel Ventura - A emergência das mulheres repórteres nas décadas 60 e 70
• Carla Ganito - Mobilidade no feminino. O telemóvel como lugar de construção de identidade

14h – 16h Sala 2 Mulheres e Lideranças
• Moderação: Albertina Jordão M. Helena de Koning (C)
• Maria Belo - O feminismo como movimento social e intelectual e sua articulação com o processo de decisão política
• Magda Alves e Alfredo Campos - Associativismo estudantil e participação das mulheres: o caso da AAC
• Danielle Capella, Anabela Santos, Carla Cerqueira e Sylvie Oliveira - UMAR – núcleo de Braga: Derrubando muralhas para criar pontes
• Marcos Mendonça - A mulher na comunidade quilombola do Curiaú no Amapá: participação, empowerment e liderança
• Cecília Honório - Mulheres e lideranças partidárias
• Ana Cristina Assis - Reconhecer-se além fronteiras

14h - 16h Sala 3 Mulheres, Pobreza e Exclusão Social
• Moderação: Vânia Martins Ana Maria Braga da Cruz (C)
• Neuza Araújo - Género e 1ª infância: algumas indicações para as políticas
• Heloísa Perista - Mulheres e pobreza: as exclusões têm género
• Ana Mouta - A voz secreta da(s) identidade(s). A poesia como veículo de análise psico-política dos processos identitários nos lugares da inclusão/ exclusão social
• Maria Elisa Seixas, Guida Vieira, Assunção Bacanhim e Célia Pessegueiro - A pobreza no feminino: uma ilha no centro da Ilha
• Lídia Fernandes - Classe, género e etnia nas desigualdades das sociedades contemporâneas

14h – 16h Auditório 3 Violência de Género e Violência nas Relações de Intimidade (I)
• Moderação: Artemisa Coimbra Manuel Lisboa (C)
• Aline Domício - Feminismo, relações de poder e simbolismo do corpo com grupos de mulheres vítimas de abuso não físico no Nordeste do Brasil
• Maria Concepcion Alvarez - Factores que fomentan la violencia de pareja en mujeres profesionistas
• Maria Neto Leitão - Violência exercida pelos parceiros íntimos: Um olhar de género
• Alexandra Dourado, Anabela Gomes, Elsa Branco e Maria Bibas - Casa Abrigo, abriga/obriga
• Zélia Maria Barroso - Violência nas relações amorosas
• Djamil Kahale - Propuesta para superar la violência de género

16h – 16.30h Intervalo


16.30h – 18.30h Sala 3 Feminismos, História das Mulheres e da Educação
• Moderação: Sofia Marques da Silva Margarida Felgueiras (C)
• Miguel Cardina - Olhares sobre uma ausência: o movimento estudantil no Estado Novo e o Feminismo
• Rodrigo Azevedo - Marcas do Estado Novo na educação feminina no ensino secundário
• Susana Batel, João Manuel de Oliveira e Rita Jerónimo - Como se faz um/a feminista? Significados e termos usados sobre as feministas e dos feminismos em estudantes universitárias/os
• Rosa Neves Simas - O género na língua: uma comparação do português e do inglês

16.30h – 18.30h Auditório 3 Feminismos e Poder Político
• Moderação: Ana Coucello Marta Rebelo (C)
• Maria Helena Santos - Défice de género ou défice democrático? Explicações da(o)s deputada(o)s para a sub-representação das mulheres na política
• Heloísa Apolónia, Helena Pinto, Helena Roseta, Paula Teixeira da Cruz, Sónia Fertuzinhos

16.30h – 18.30h Sala 2 Mulheres e Ciência
• Moderação: Ana Lobo Alexandre Quintanilha (C)
• Maria José Matos - Palmira Tito de Morais: enfermeira e feminista
• Maria Johanna Schouten - Women and science and science about women
• Mariana Azambuja - A investigação científica sobre violência de género em Portugal: uma análise de discurso
• Ana Cristina Martins - Rosa Capeans (1894-1970) e a arqueologia portuguesa: do olvido ao reconhecimento
• Raquel Reis - Solidariedade intergeracional para com as jovens cientistas
• Carminda Morais - Enfermeiras e vozes de enfermeiras
• Jorge Garcia Marin - Mujeres y ciência: más allá del techo de cristal

16.30h – 18.30h Sala 1 Género e Relações de Género: o Papel das Mulheres e dos Homens na Mudança
• Moderação: Ana Costa Judite Fernandes (C)
• Javier Robles Andrades - Nuevas masculinidades
• Clarisse Canha - Os homens e a igualdade de género. Ontem e hoje
• Daniel Matias - Narrativas de homens feministas portugueses
• Leticia Inés Sabsay - Desafiando la normativa del género: performatividad y subjetivación
• Cristina dos Santos Pereira - Diálogos sobre a Igualdade na UE
• Jayshree Singh - The role of the different stakeholders – police, human rights comission, women & other state machineries

16.30h – 18.30h Auditório 2 Trabalho, Sindicalismo e Empoderamento das Mulheres (I)
• Moderação: Guida Vieira (M) Maria José Maurício (C)
• Anne Marie Delettrez - O trabalho no domicílio e a “in”conciliação com a vida familiar
• Vanessa Franco Malheiro - O Trabalho doméstico entre mundo privado e mundo laboral. Perspectivas de investigação e de acção
• Vera Santana - Género e estruturas de decisão sindical: uma leitura interpretativa
• Mônica Alves Cappelle - Socialização organizacional, identidade e género: um estudo das policiais femininas da PMMG
• Heloisa Greco Alves - A construção da cidadania através do acesso ao Direito e ao trabalho pelas mulheres: a experiência de mediação de conflitos numa favela no Brasil

19h CML Paços do Concelho Lançamento da Agenda Feminista e Porto de Honra
• Luísa Paiva Boléo (Coordenadora da Agenda Feminista),
• Rosália Vargas (Vereadora da Cultura da CML);
• Fina D’Armada (historiadora, colaboradora),
• Manuela Tavares (Direcção da UMAR)



27 de Junho, na FC Gulbenkian

9h - 11h Auditório 3 Direitos Humanos e Igualdades
• Moderação: Teresa Féria Fernanda Rodrigues (C)
• Carla Martingo - Mutilação genital feminina - esforços para a sua erradicação
• Catarina Cardoso Brazão - Femicídio: um fenómeno global
• Pedro Fernández Santiago - Violencia de género e descapacidad
• Sandra Silvestre e Teresa Cunha - Sentidos da emancipação no dia-a-dia feminino
• Valeska Zanello e Tatiana Gomes - Xingamentos: sintoma e reprodução da sociedade patriarcal • Sandra Barreto, Vera Cunha, Lisa Vicente e Ana Campos - Mutilação genital feminina: o que sabem os profissionais de saúde?
9h – 11h Sala 3 Violência de Género e Violência nas Relações de Intimidade (II)
• Moderação: Margarida Medina Martins Carla Machado (C)
• Helena Grangeia e Marlene Matos - Do amor não correspondido à violência relacional: um estudo sobre as experiências juvenis
• Ana Paula Canotilho, Patrícia Ribeiro, Maria José Magalhães - Gostar de mim, gostar de ti: Prevenção da violência nas escolas
• Ana Rita Dias e Carla Machado - Discursos românticos das mulheres vítimas de violência conjugal
• Sónia Caridade, Carla Machado e Cláudia Coelho - Violência no namoro: da prevalência às significações
• Sónia Martins e Carla Machado - Prevalência da violência sexual (vitimação e perpetração em homens e mulheres)
• Gabriela Cano S. - Violência intrafamiliar en Colombia


9h – 11h Auditório2 Feminismos, Movimentos Sociais e Políticas Públicas
• Moderação: Almerinda Bento Leslie Toledo (C)
• Miriam Nobre - MMM- Brasil
• Cecília MacDowell Dos Santos - Da Delegacia da Mulher à lei Maria da Penha: lutas feministas e políticas públicas sobre violência doméstica contra mulheres no Brasil
• Eurídice Monteiro - Feminismos e pós-colonialismos: procurando outras pistas de reflexão
• Celecina Sales - Redes feministas/mulheres em movimento
• Ana Cristina Santos e Sasha Roseneil - A transformação da cidadania íntima em Portugal: contributos dos movimentos pela igualdade de género e sexual
• Rosa Monteiro - Feminismo de estado em Portugal: algumas reflexões exploratórias

9h – 11h Sala 1 Famílias, Casamentos e Trajectos Emancipatórios
• Moderação: Engrácia Leandro Anália Torres (C)
• Cláudia Maia - Família e celibato feminino
• Sara Ferreira, Luísa Saavedra e Maria do Céu Taveira - Conflito família/trabalho: antecipar hoje, para escolher amanhã
• Cláudia Pozzi - A família plural: controvérsias acerca das conjugalidades e parentalidades no contexto jurídico brasileiro actual
• Eliana Branco e Cláudia Pozzi - A tecnologia ao serviço da parentalidade tradicional: considerações sobre um caso não tradicional
• Jorge Gato, Anne Marie Fontaine e Nuno Carneiro - Parentalidade lésbica e gay: mitos e evidências

9h – 11h Sala 2 Feminismos e Religiões
• Moderação: Luísa Boléo Anselmo Borges (C)
• Ana Vicente - Vozes de religiosas portuguesas
• Shahd Wadi - As 72 virgens viajam pelo Ocidente
• Suzy Nascimento - Violência e Liderança Eclesiástica
• Alcilene Cavalcante - Movimento Católicas pelo Direito de Decidir
• Lívia Matoso Galveias - Zonas selvagens: feminismo e espiritualidade

11h – 11.30h Intervalo

11.30h – 13.30h Auditório 2 Feminismos/Lesbianismos e Mov. LGBT
• Moderação: Luísa Corvo Paulo Côrte-Real (C)
• Eduarda Ferreira e M. João Silva - Lesbianismos uma realidade invisível
• Miguel Vale de Almeida - O tabu do tabu
• Victor Correia - Feminismo e androcentrismo: da mesmidade à alteridade
• Pedro Pinto - Heterossexualidade feminina e outras construções monolíticas: leituras queer de uma revista para adolescentes
• Martha Escalona - Divisão sexual, identidade lésbica e imigração
• Cristiana Pena, João Manuel Oliveira e Conceição Nogueira - Feminismos lésbicos em Portugal: um primeiro olhar
• António Fernando Cascais - Encontros e desencontros: o lesbianismo entre o feminismo e o movimento LGBT
• Fabíola Cardoso - Mãe, mas não és lésbica?


11.30h – 13.30h Auditório 3 História das Mulheres e Correntes do Feminismo
• Moderação: Zília Osório de Castro Maria de Deus Manso (C)
• Anne Cova - O Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (1914-1947): o caso português numa perspectiva comparada
• Lúcia Serralheiro - As mulheres da Associação Feminina para a Paz
• João Gomes Esteves - Há 100 anos, mobilização, militância e reivindicações feministas
• Natividade Monteiro - O debate em torno da tese feminista do Congresso do Livre Pensamento
• Ana Luísa Cabrita Andrade - 1988-2008: 20 anos de Feminismo nas Relações Internacionais
• Célia Rosa Batista Costa - O Conselho Nacional das Mulheres portuguesas (1914-1947) – Uma Organização Feminista


11.30h – 13.30h Sala 2 Mulheres Migrantes (ou Mulheres e Minorias Étnicas)
• Moderação: Cármen Queiroz Rosa Nunes (C)
• Barbara Venturoso - Tradições femininas indígenas sob o olhar de José de Anchieta
• Joana Sousa Ribeiro - Feminização da imigração qualificada em Portugal? Trajectórias de mobilidade de médicas e enfermeiras imigrantes
• Maria da Conceição Ramos - Feminização das migrações internacionais e impactos nos países de origem e de acolhimento
• Deidré Matthee - Não falo muito bem português: On finding feminism elsewhere
• Maria Quinteiro - Portuguesas para o Brasil, o avesso de decisão de migrar
• Petra Viegas - Migrações e género
• Medina Omarkhanova - As mulheres imigrantes no serviço doméstico
11.30h – 13.30h Sala 3 Mulheres e Saúde
• Moderação: Isabel do Carmo Berta Nunes (C)
• Daniela Sousa Soares - Género, doença e representações sociais
• Isabel Nunes - Ser mulher e ser positiva ao VIH
• Isabel Lousada - A batalha de Adelaide Cabete em "A Batalha " - higienismo para o povo feminino
• Filipa Cabral Rocha - Eu posso fazer uma coisa individual e mudar o mundo: subsídios para o situar psico-político das mulheres e suas (in)capacidades no lugar da Cidadania
• Nadia Lima - Lúpus em mulheres: o discurso normalizador e a construção do adoecer feminino
• Celeste Costa - A mulher e a deficiência

11.30h – 13.30h Sala 1 Trabalho, Sindicalismo e Empoderamento das Mulheres (II)
• Moderação: Albertina Pena Deolinda Martin (C)
Maria Josep Cascant i Sempere - As mulheres na pesca nos Açores: projecto de investigação e acção participada
• Rosário Andrade Leitão - Gênero e políticas públicas na pesca artesanal do nordeste brasileiro
• Ana Coutinho - Mulheres imigrantes, influência do género na inserção laboral
• Soraia Cintra - A passos lentos, o papel das mulheres na indústria do calçado
• Teresa Maneca Lima - Políticas de prevenção, condições de trabalho e riscos profissionais femininos: uma análise crítica

13.30h – 14.30h Almoço

14.30h – 16.30h Auditório 2 Educação, Género e Cidadanias
• Moderação: Marília Favinha Cristina Vieira (C)
• Cidália Pecegueiro - Ambientes Familiares afectivamente disfuncionais e educações tradicionalistas
• Marina Mendonça e Marisa Matias - Esco(l)has sem barreiras: Relato de uma intervenção em Igualdade de Oportunidade junto de docentes do 2º e 3º Ciclos
• Sara Almeida Magalhães - A culpa é tua (e só tua)!\ Responsabilização social das adolescentes pelos comportamentos preventivos
• Tânia Brabo - Gênero e educação: contribuições do movimento feminista brasileiro
• Tatiane Silva e Dulce Marisa Correia - Género, educação e cidadania: representação política e sociedade civil - dois estudos de caso

14.30h – 16.30h Sala 1 Escrita de Mulheres /Escrita Feminista
• Moderação: Lídia Jorge Ana Luísa Amaral (C)
• Aldinida de Medeiros Souza - Memórias de mulheres na escrita literária de Seomara da Veiga
• Hugo Monteiro - Ana Hatherly: ardor/fibrilação de um traço feminino
• Conceição Flores - Escritoras portuguesas: das origens à actualidade
• Teresa Cláudia Tavares - Em Portugal nascem sessenta poetisas por minuto: poesia oitocentista de autoria feminina
• Fernanda Bernardo - Femininografias: pensar, habitar, escrever o mundo feminino
• Anna Klobucka - Para uma herstory da literatura portuguesa

14.30h – 16.30h Sala 3 Representações, Sexualidades e Erotismos
• Moderação: Ana Teixeira Gabriela Moita (C)
• Flávio Marcelo Neubauer - A menstruação e a segunda revolução sexual
• Isabel Freire - Biografias Sexuais e Imaginário Erótico de 95 Mulheres Portuguesas
• Andréa Cardoso - O país das maravilhas: Alice, playboy ou o coelho como metáfora da fantasia masculina
• Sirlene de Lima Corrêa Cristófano - Electra: representação e simbologia do perfil feminino não submisso
• Patrícia Monteiro Pascoal - O que são Dificuldades Sexuais? Definições através da "voz escrita" de uma amostra de 530 mulheres portuguesas

14.30h – 16.30h Sala 2 Representações do Feminino
• Moderação: Graça Abranches Isabel Pedro (C)
• Ana Gabriela Macedo, Margarida Esteves Pereira, Isabel Ermida, Márcia Oliveira, Joana Passos, Ana Maria Chaves, Francesca Reyner

14.30h – 16.30h Auditório 3 Tráfico de Mulheres e Prostituição
• Moderação: Catarina Moreira Alexandra Oliveira (C)
• Maria Lúcia Pinto Leal - Tráfico de mulheres, políticas públicas e democracia, estudo ibero-brasileiro
• Madalena Duarte - Tráfico sexual de mulheres: dilemas e desafios
• Christine Escallier - A prostituição como estratégia de sobrevivência nas comunidades piscatórias do Pará-Brasil
• Marta Costa Peça - Entre a estrada e a passerelle: o tráfico de mulheres na imprensa nacional
• Ana Lopes (a confirmar)
• Inês Fontinha - Prostituição e Globalização
• Projecção de vídeo do Colectivo Hetaira de Madrid

16.30h – 17h Intervalo


17h – 19h Auditório 2 Mesa Redonda: Os Feminismos e os Desafios para o Nosso Século
• Moderação: Maria José Magalhães
Leitura de Poemas: Ana Luísa Amaral
• Ana Vicente, Ana Gabriela Macedo, Conceição Nogueira, Fernanda Henriques, Manuela Tavares, Regina Tavares da Silva, Virgínia Ferreira, Teresa Joaquim, Ana Gomes

17h – 19h Auditório 3 Arte e Literatura de Mulheres/Feminista
• Moderação: Cristina Néry Graça Capinha (C)
• Mônica Heloane - Maria Teresa Horta: escrita feminina, inscrição corporal
• Célia Cordeiro - Outras que não Natália – Maria da Graça Atayde
• Adriana Bebiano - Memória, história, ficção
• Caio Simões de Araújo - Desconstruindo o feminino: género e poder no cinema de Pedro Almodóvar
• Angélica Lima Cruz - Arte e autoria de mulheres: um percurso artístico através de uma história de vida
• Meyre Ivone Santana da Silva - A escrita feminina de Ama Ata Aidoo

28 de Junho, Fac. Belas Artes


9h – 11h Anfiteatro Sexualidades e Direitos Sexuais e Reprodutivos
• Moderação: Manuela Sampaio Ana Campos (C)
• Mara Carvalho/Médicos pela Escolha - E depois do referendo?
• Carlos Barradas, Ana Cristina Santos, Madalena Duarte e Magda Alves - A vez das mulheres - representações sobre aborto em Portugal
• Lisa Vicente - Contracepção
• Cecília Vieira Costa - Subjectividades sexuais de mulheres jovens: ainda e de novo a caixa de Pandora
• Ana Inácio - O portal da APF: direitos sexuais e reprodutivos

11h – 11.30h Intervalo

11.30h – 13.30h Anfiteatro Artes e Feminismos
• Moderação: Cristina Duarte Sílvia Chicó (C)
• Sónia da Silva Pina - Guerrilla Girls: A máscara como (des)ocultação do feminino. Considerações sobre o corpo, a performance e a máscara no ar(t)ivismo das Guerrilla Girls
• João Oliveira - All my independent women: um estudo de caso a partir da obra de Carla Cruz
• Teresa Furtado - O território feminino da vídeo-arte
• Maria Simões e Judite Fernandes - Histórias de arte e igualdade
• Susana Mendes Silva - Sobre a prática
• Ediline Teixeira - A moda feminina brasileira na década de 70: o pioneirismo de Zuzu Angel

13.30h – 15h Almoço

15h – 17h Anfiteatro Conferência de Encerramento
• Moderação: Manuela Góis (Dir. UMAR)
• Salomé Coelho - Comentário – Síntese do Congresso Feminista
• Arq. Miguel Arruda (Pres. Cons. Directivo de Belas Artes) (a confirmar)
• Maria Xosé Agra Romero (Univ. Santiago de Compostela)
• Miriam Pilar Rossi (Revista Estudos Feministas)
• Teresa Pinto (APEM)
• Fátima Grácio (F. Cuidar o Futuro)

NOTAS – Cada painel tem um(a) moderador(a) e outra pessoa que faz o comentário crítico (C)
Neste programa temático inserem-se alguns momentos culturais a consultar no Programa Cultural.














«08 - ciclo de cinema e vídeo»

Entre dias 13 e 16 de Junho no Cinema São Jorge



1. Sexta-feira, 13/06, 18h30
• Gosto de ti como és, Silvia Firmino, 2005, Laranja Azul, 60’
• A Fábrica, Myriam Alves, Sic, 2005
intervalo
• Mulheres ao mar, Cristina Gomes Ferreira, 2000, LX Filmes, 50’
• Pescadoras em Terra e no Mar, Teresa Nóbrega, RTP Açores, 30’

2. Sexta-feira, 13/06, 22h00
• Afectos, A pintura de Manuela Pinheiro, por Maria Antunes, 4’52’’
• Pintura Habitada, Joana Ascensão, 2006, 50’
intervalo
• A mulher morena, Cláudia Clemente, 2007, 24’
• & ETC, Claudia Clemente, 2007, 23’
intervalo
• FILME-DANÇA Comer o coração de Rui Chafes e Vera Mantero, realização de Inês Oliveira, C.R.I.M., 33’.

3. Sábado, 14/06, 15h30
• Relação fiel e verdadeira * Margarida Gil, 1989, 85’
intervalo
• Duas histórias de prisão, Ginette Lavigne, LX Filmes, 52’

4. Sábado, 14/06, 18h30
• EVERLASTing Love (from the Love Hurts series), Catarina Campino, 4’
• Violet Violence (Make Me Up Before You Go-Go), Catarina Campino
• Mulheres século XX – ler e escrever, ler e reler, ler e lembrar, Catarina Campino e MªAntónia Fiadeiro
intervalo
• Mulheres traídas, O making of de Miguel Marques, 2007, 54’
• Mulheres traídas, Maria José Silva, 2007, 38’

5. Sábado, 14/06, 22h00
• FILME-CONCERTO *
• «Mafalda Arnauth – Flor de Fado» no Teatro da Trindade, em Dezembro de 2007, realização José F. Pinheiro.
6. Domingo, 15/06, 15h30
• Entre o céu e o inferno – As enfermeiras-paraquedistas, José Carlos Santos, 2006/07, Canal História, 50’
• Processo-Crime 141/53 - As enfermeiras do Estado Novo, Susana Sousa Dias, 2000, 58’
• intervalo
• Estrela da Tarde, de Madalena Miranda, 2004, 24’,
• A luz dos meus dias, de Anabela Saint-Maurice (rtp), 2007, 52’

7. Domingo, 15/06, 18h30
Curtas sobre IVG, sobre tráfico de mulheres, e sobre Género
• Fim de Semana, Cláudia Varejão, 2007, FCG, 7’
• Inrotulável, Rodrigo Lamounier, 2007, FCG, 5’
• Conversa de café, Maria Antunes
• Lavar as mãos, Maria Antunes
• Conversa telefónica, Catarina Barroso, Sara Osório, Sofia Bost e Sofia Moutinho, 1’
• Supermercado, Sofia Evans, 1’
• No fio dos Limites***, Christine Reeh, 30'
intervalo
• À espera da Europa***, Christine Reeh, 74’

8. Domingo, 15/06, 22h00
• Fora da Lei, Leonor Areal, 2006, 84’
intervalo
• À flor da pele, Catarina Mourão, 2006, Laranja azul, 64’

9. Segunda-Feira, 16/06, 18h30
• FILME-HOMENAGEM - Madalena Barbosa
• ZEIT DER HOFFNUNGEN***
Drei Frauen in einer Portugiesischen Familie, Evelyn Schels, 2003/ Tempo de esperança - Três mulheres de uma família portuguesa (Originalmente, integrado na série «Países estrangeiros - 3 Gerações - Através do olhar das mulheres». Produzido pela cadeia de televisão Bayerischen Rundfunks - Bayerischen Fernsehen).

10. Segunda-feira, 16/06, 22h00
• O que comes?, de Rita Rainho
• O século das mulheres, Maria Augusta Seixas, RTP, 120’




Video sobre A "ROTA DOS FEMINISMOS" durante a sua passagem por Coimbra a 8 de Março, Dia das Mulheres.
Para promover o CONGRESSO FEMINISTA 2008 que se realizará de 26 a 28 de Junho em Lisboa, a Comissão Organizadora, tal como Maria Lamas que percorreu Portugal nos anos de 1940 para conhecer as alegrias, os trabalhos e as dores das mulheres do seu tempo, percorreu de 7 a9 de Março as cidades e vilas portuguesas, na demanda dos sentires e dos quereres das portuguesas do séc. XXI