O Movimento dos Trabalhadores Desempregados já tem dezenas de sócios e propõe-se "dar voz aos que não têm trabalho e fazer com que a lei deixe de tratar os desempregados como criminosos", disse, hoje, à Lusa a presidente da nova associação.
"Com a obrigatoriedade dos desempregados se apresentarem quinzenalmente nas juntas de freguesia ou nos centros de emprego, é como se quem não tem trabalho estivesse sujeito a um termo de identidade e residência, como os criminosos", disse à Lusa Maria Ondina Coutinho, do Movimento de Trabalhadores Desempregados (MTD).
"Os desempregados, melhor que ninguém, têm que ser uma voz activa no combate ao desemprego e ao trabalho precário", referiu a responsável pela associação de desempregados.
"As pessoas que não têm trabalho são discriminadas por toda a gente, desde os colegas que continuam a trabalhar até ao Governo", referiu ainda a antiga operária têxtil que, com 59 anos de idade, está desempregada há três anos.
O MTD existe já em alguns distritos do país e acabou de ser criado mais um núcleo na cidade de Braga. Organização autónoma da União de Sindicatos de Braga, o MTD apresenta-se também com o objectivo de ‘desenvolver a solidariedade entre trabalhadores activos, empregados e desempregados. Os dirigentes do MTD chamaram a atenção para a ‘realidade crua e nua’ que o desemprego constitui no distrito de Braga, principalmente para as mulheres que possuem apenas o primeiro ciclo de escolaridade e idades entre os 35 e os 55 anos
"A lei actual tem que mudar", referiu a responsável pelo MTD.O movimento defende também mudanças no que diz respeito "à procura activa de emprego". "A lei põe os trabalhadores desempregados com a obrigação de procurar uma coisa que não existe", referiu Ondina Coutinho.
A direcção do MTD, que inclui desempregados dos sectores têxtil, comércio, electrónica, gráfica e hotelaria pretende ser ‘reivindicativa e proponente’, mas também de promoção de ‘solidariedade entre desempregados e aqueles que estão na iminência de o ser e de cooperação com as franjas da sociedade mais desfavorecidas’.
Recorde-se que muitos postos de trabalho foram destruídos e que o desemprego continua a aumentar. Apesar disso o n.º de desempregados a receber subsídio diminuiu e o acesso aos subsídios foi dificultado. Os deveres dos desempregados e as despesas inerentes ao seu cumprimento aumentaram.
Dos poucos postos de trabalho criados, a maioria, foi com vínculo contratual precário, na duração e nas condições. Enfim, é a verdadeira “flexigurança à portuguesa”, visando o aumento da enorme flexibilidade, já existente, e a diminuição da segurança no emprego e da protecção social aos desempregados.
Face a tão maus propósitos, o MTD, na persecução dos seus objectivos, dará continuidade às acções de denúncia e à exigência de políticas que promovam o pleno emprego e que assegurem o direito ao trabalho!
Fonte: imprensa escrita