11.4.07

Os poetas ( Antero de Quental)

«Foram honrados. Foram simples. A estes tais chamo eu poetas. »
Antero de Quental


A um poeta


Tu, que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno,


Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno,
Afuguentou as larvas tumulares...
Para surgir do seio desses mares,
Um mundo novo espera só um aceno...


Escuta! é a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! são canções...
Mas de guerra...e são vozes de rebate!


Ergue-te pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!

Antero de Quental

11 de Abril de 1968: Rudi Dutschke sofre um atentado


A «revolucionarização» dos revolucionários é a condição decisiva para a «revolucionarização» das massas.- Rudi Dutschke

Um atentado a tiro contra o líder estudantil alemão Rudi Dutschke, em Berlim Ocidental, a 11 de abril de 1968, desencadeou protestos que culminaram em grandes batalhas campais com a polícia.


Na primavera européia de 1968, Rudi Dutschke, e a Oposição Extraparlamentar (Ausserparlamentarische Opposition – APO) e os grupos de esquerda viram a Alemanha Ocidental a caminho de se tornar um Estado policial. Eles responsabilizavam o governo do chanceler federal Kurt Georg Kiesinger e os jornais do grupo editorial Springer pela truculência da polícia e da direita.


Era a época da revolta de milhares de estudantes contra a autoridade dos pais, da universidade e do Estado.


Rudi Dutschke vinha de uma família protestante do leste alemão. Devido à sua confissão religiosa, não recebeu licença para ingressar na universidade na antiga Alemanha comunista, restando-lhe a opção de um curso superior técnico.


Ainda antes da construção do Muro de Berlim, em 1961, emigrou para o lado ocidental, onde começou a estudar Sociologia na Universidade Livre de Berlim. Um ano depois, participou da criação da Acção Subversiva, que mais tarde se aliou à União Universitária Alemã.


Modernizar a ideia da revolução permanente


Em 1965, Dutschke foi eleito para o conselho político da União e a partir daí passou a participar activamente de manifestações e protestos centradas na crítica ao establishment. Entre as maiores, em Berlim, estavam a passeata contra a guerra no Vietname e a manifestação contra a visita do xá da Pérsia à Alemanha.


Não passava um dia sem que o jornal sensacionalista Bild, do grupo Springer, usasse nas suas manchetes a palavra "terrorismo" associada à imagem de Dutschke, então com 28 anos de idade. O estudante pretendia dar uma nova feição à ideia da revolução permanente.
Em Abril de 1968 o grupo terrorista alemão Facção do Exército Vermelho (RAF) já detonava suas primeiras bombas. Rudi Dutschke, ao contrário, somente admitia a violência em casos extremos. Considerado um teórico do movimento estudantil e da nova esquerda alemã, distanciou-se claramente das acções terroristas, que mais tarde conceituou como "destruição da razão".



O atentado



Depois da morte do universitário Benno Ohnesorg, baleado por um policial durante uma manifestação em 1967, Dutschke centrou os seus protestos no autoritarismo. Além disso, participou da campanha que exigia a desapropriação dos bens de Axel Springer.
No dia 11 de abril de 1968, foi gravemente ferido por um tiro na cabeça, disparado por um operário tido como de extrema direita. No meio estudantil, o grupo Springer foi acusado de instigar o atentado, com suas reportagens tendenciosas. Seguiram-se protestos tanto na Alemanha quanto no exterior.


Após várias cirurgias, Dutschke buscou recuperação na Suíça, na Inglaterra e na Itália. Durante a convalescença, contou com o apoio de intelectuais de esquerda como o compositor Hans Werner Henze, que o hospedou em sua residência na Itália.


Alemanha socialista independente


Passou a estudar em Cambridge em 1970, mas foi expulso da Inglaterra por "atividades subversivas", passando a lecionar na Universidade de Aarhus, na Dinamarca. Dois anos depois, retornava a Berlim.
Em 1974, publicou uma forma popularizada de sua dissertação sobre o marxista húngaro Georg Lukács. No livro, Dutschke descreveu como imaginava uma Alemanha socialista, sem a ingerência de Moscou, Pequim ou Berlim Oriental.


Por diversas vezes, viajou para a então Alemanha Oriental, a Noruega e a Itália, onde fez palestras sobre direitos humanos e a Europa Oriental. Além disso, Dutschke escreveu para diversas publicações de esquerda, participou de manifestações contra usinas nucleares e engajou-se pelo Partido Verde.


Porém as sequelas do grave atentado de 1968 o consumiram lentamente, enfraquecendo-o até causar sua morte em 24 de dezembro de 1979, aos 39 anos de idade, na Dinamarca. O militante de longos cabelos escuros, o menos dogmático dentre os líderes da esquerda alemã, morreu afogado na banheira, durante um ataque de epilepsia, que desenvolvera em consequência do ferimento na cabeça.


Fonte: DeutscheWelle





Organização Internacional do Teatro do Oprimido (ITO)




Declaração de princípios

Preâmbulo

1.O objectivo básico do Teatro do Oprimido é humanizar a Humanidade.


2.O Teatro do Oprimido é um sistema de exercícios, Jogos e Técnicas baseados no Teatro Essencial para ajudar os homens e as mulheres a desenvolver o que possuem dentro de si mesmos: o teatro

Teatro Essencial

3.Todo o ser humano é teatro


4.O teatro define-se como a existência simultânea – no mesmo espaço e contexto – de actores e espectadores. Cada ser humano é capaz de observar a situação e de se observar a si próprio em situação.


5.O teatro essencial consiste em 3 elementos: Teatro subjectivo, teatro Objectivo, e Linguagem Teatral.


6.Cada ser humano é capaz de actuar: para sobreviver temos que necessariamente produzir acções e observar essas acções e os seus efeitos sobre o mundo exterior. Ser Humano significa ser teatro: a coexistência do actor e do espectador no mesmo indivíduo. Isto é Teatro subjectivo.


7.Quando os seres humanos se limitam à observação de um objecto, de uma pessoa ou de um espaço, negando a sua capacidade e necessidade de actuar, a energia que seria usada para actuar transfere-se para aquele espaço ou objecto, criando um espaço subjectivo no espaço físico que já existia: isso é o Espaço Estético. Isto é o Teatro Objectivo.


8.Todo o ser humano usa, nas suas vidas quotidianas, a mesma linguagem que os actores usam no cenário: as suas vozes, os seus corpos, os seus movimentos e as suas expressões traduzem as suas ideias, emoções e desejos em Linguagem teatral.

Teatro do Oprimido

9.O Teatro do Oprimido oferece a cada um o método estético para analisar o seu passado no contexto do seu presente, e para poder inventar o seu futuro, sem esperar por ele. O Teatro do Oprimido ajuda os seres humanos a recuperar uma linguagem que já possuem – aprendemos como viver na sociedade fazendo teatro. Aprendemos como sentir, sentindo; como pensar, pensando; como actuar, actuando. O Teatro do Oprimido é um ensaio para a realidade.


10.Chamamos oprimidos aos indivíduos ou grupos que são social, cultural ou politicamente, ou então por razões de raça, sexualidade ou qualquer outro motivo, desapossados do seu direito ao Diálogo, ou impedidos a exercer esse direito.


11. Diálogo define-se como o intercâmbio livre entre pessoas livres – indivíduos ou grupos. Significa a participação na sociedade humana com iguais direitos, e no respeito mútuo pelas diferenças.


12.O Teatro do Oprimido baseia-se na premissa que todas as relações humanas devem ser do tipo dialógico: entre homens e mulheres, entre raças, famílias, grupos e nações, o diálogo deve sempre prevalecer . Na realidade, todos os diálogos têm a tendência em transformar-se em monólogos, e são estes que criam a relação opressores-oprimidos. Reconhecendo esta realidade o princípio fundamental do Teatro do Oprimido é ajudar a restaurar o diálogo entre os seres humanos.

Princípios e Objectivos

13.O Teatro do Oprimido é um movimento mundial estético, não violento que procura a paz, mas não a passividade.


14.O Teatro do Oprimido procura activar as pessoas num esforço humanista, tal como diz a expressão: teatro de, por e para o oprimido. Um sistema que facilite as pessoas a agir na ficção do teatro para transformar-se em protagonistas, isto é, em sujeitos activos da sua própria vida.


15.O Teatro do Oprimido não é ideologia nem partido político, não é dogmático nem compulsivo, mas antes respeitador de todas as culturas. É um método de análise e uma forma de tornas as sociedades mais felizes. Pelo seu carácter humanista e democrático ele é utilizado em todo o mundo, em todas as áreas de actividades humanas tais como a educação, a cultura, a arte, a política, o trabalho social, a psicoterapia, a alfabetização e a saúde pública.


16.O Teatro do Oprimido é utilizado actualmente em dezenas de nações por todo o mundo e como meio para conseguir descobrimentos sobre nós próprios e sobre o Outro, para clarificar e expressar os nossos desejos e compreender os demais; um instrumento para mudar as circunstâncias que produzem dor e para realizar as que produzem paz; para respeitar diferenças entre os indivíduos e grupos, e para a inclusão de todos os seres humanos no Diálogo; e , finalmente, um meio para conseguir a justiça económica e social, que é o fundamento da verdadeira democracia. Em suma, o objectivo geral do Teatro do Oprimido é o desenvolvimento dos Direitos Humanos essenciais.

A Organização Internacional do Teatro do Oprimido (ITO)

17.A ITO é uma organização que coordena e promove o Teatro do Oprimido em todo o mundo segundo os princípios e objectivos desta declaração.


18.A ITO realiza este ideal conectando os seus praticantes numa rede mundial promovendo o intercâmbio e o desenvolvimento metodológico; facilitando a instrução e a multiplicação das técnicas existentes; concebendo projectos num nível mundial, estimulando a criação de Centros do Teatro do Oprimido (CTOs) a nível local; melhorando e criando as condições do trabalho dos CTOs e dos seus praticantes.


19.A ITO terá o mesmo carácter humanista e democrático como os seus princípios e objectivos: incorporará cada contribuição dos que trabalhem inspirados nesta Declaração de Princípios.


20. A ITO garantirá que qualquer pessoas, utilizando as técnicas do Teatro do Oprimido, possa subscrever esta Declaração de Princípios.


www.theatreoftheoppressed.org/en/index.php?nodeID=141







Nota Histórica

O Teatro do Oprimido nasceu no Brasil em 1971 sob a forma de Teatro Periódico com o objectivo específico de tratar problemas locais, mas cedo se expandiu por todo o país. O Teatro do Fórum apareceu no Peru em 1973 como parte do Programa de alfabetização, e aquilo que se tinha criado a pensar para a América do Sul é hoje uma prática alargada a mais de 70 países.
O Teatro do Oprimido desenvolver o Teatro Invisível na Argentina como uma actividade política, e o Teatro Imagem para estabelecer diálogo entre as várias Nações Indígenas e descendentes hispânicos, na Colômbia, Venezuela, México,… Hoje estas formas são utilizadas em todos os tipos de diálogo.
Na Europa o Teatro do oprimido expandiu-se a surgiu no Arco íris do Desejo – primeiro para tentar entender problemas psicológicos, e mais tarde para criar personagens numa obra.
De regresso ao Brasil, aparece o Teatro Legislativo para ajudar a que o Desejo da população chegue a ser lei – e isso aconteceu, pelo menos, em 13 vezes. Agora, mesmo o Teatro Subjunctivo dá os seus primeiro passos.
Descobrimos que todas estas formas, independentemente do lcoal onde foram criadas, podem ser desenvolvidas e usadas por todo o mundo, simplesmente porque constituem uma Linguagem Humana.

O Teatro do oprimido era usado pelos camponeses e trabalhadores, mais tarde por professores e estudantes; hoje, também, por artistas, trabalhadores sociais e psicoterapeutas, ONGs,…em espaços pequenos, no início, mas depois, nas ruas, escolas, igrejas, sindicatos, prisões, teatros convencionais,…
O Teatro do Oprimido é o Jogo do Oprimido: jogamos e aprendemos juntos: Todo o tipo de Jogo deve ter disciplina – regras claras que devem ser seguidas. Ao mesmo tempo, os Jogos têm necessidade absoluta de criatividade e Liberdade. O ITO é a perfeita síntese entre a antítese da Disciplina e da Liberdade.
Sem Disciplina não há Vida Social; sem Liberdade, não há Vida.
A Disciplina do nosso Jogo é a nossa crença que devemos reestabelecer o direito a cada qual de existir com dignidade. Acreditamos que somos muitos, muito melhores do que pensamos ser. Apostamos na solidariedade.

A nossa Liberdade é para criar maneira de ajudar a humnanizar a Humanidade, invadindo livremente todos os campos de actividade humana: social, pedagógica, política, artística… O Teatro é Linguagem pelo que pode ser usado para falar de todos os assuntos humanos e não para ser limitado ao teatro em si mesmo.

Acreditamos na Paz, não na Passividade.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Teatro_do_oprimido




III Encontro Internacional do Teatro e educação «Intervenção teatral na vida pública» ( Barcelona, de 18 a 22 de Abril de 2007)

Objectivos do encontro:


- Tornar o teatro participativo numa forma alternativa de aprendizagem na denúncia e intervenção social.
- Frazer um intercâmbio de novos conhecimentos e metodologias de intervenção social realizados pelos diferentes profissionais, criando um ponto de encontro.
-Partilhar experiências nos diversos países sobre temas relacionados com a educação e a vida pública.
-Satisfazer a procura existente de formação prática nesta área já que a que existe não é suficiente nem suficientemente inovadora.
-Projecto de formação para profissionais e trabalhadores no âmbito social por via de técnicas de teatro inter-activo.
-Realizar acções concretas com incidência na vida pública a partir do teato.


www.theatreoftheoppressed.org/en/index.php?nodeID=13&id=3&id=331

Festa das bruxas em Montalegre (sexta-feira, dia 13)




As “bruxas” regressam a Montalegre na próxima sexta-feira, dia 13, para “assustar” as centenas de pessoas esperadas para a recriação de uma tradição do concelho.


Desde 2002 que a Câmara de Montalegre organiza as “Noites das Bruxas”, que decorrem em todas as “sextas-feiras 13”, e fazem parte integrante do calendário cultural da região.


Também como já é tradição, a nona edição do evento tem como personagem principal “Dom Bruxo”, o padre António Fontes, conhecido por promover os congressos de medicina popular de Vilar de Perdizes.


Sexta-feira, durante o dia, a biblioteca de Montalegre vai dar a conhecer 13 contos e histórias sobre bruxas, ensinar 13 magias, dar 13 sugestões de leitura e revelar 13 superstições.


A partir das 20h00 as “bruxas” invadem os restaurantes “malfadados” da vila de Montalegre, Vilar de Perdizes e Mourilhe.

O “jantar infernal” conta com a presença de “diabos”, “demónios” ou “bruxas” interpretados pelo grupo de teatro Viv’Arte.


Depois do jantar os “seres demoníacos” concentram-se para um cortejo fantasmagórico. Por volta das 23h00, “Dom Bruxo” vai cozinhar a queimada da “mistela abençoada”, que é acompanhada por uma ladainha que historicamente simboliza a “invocação de tudo quanto é mal, que depois arde dentro da caldeira da queimada num calor que se assemelha ao do Inferno”.“Sapos e bruxos, mouchos e crujas, demonhos, trasgos e dianhos” são os primeiros a ser invocados pela ladainha do padre Fontes, que, depois de preparar a queimada com aguardente, limão e açúcar, a vai dar a beber a todos os presentes. Para quem acredita, a queimada pode livrar todos os males de embruxamentos, feitiços e maus-olhados.

As Mãos e os Frutos - livro de Eugénio de Andrade faz 60 anos

Semana de Homenagem a Eugénio de Andrade ( 11 a 18 de Abril) no Porto

A Cooperativa Árvore ( no Porto) vai celebrar nesta semana os 60 anos de As Mãos e os Frutos (a contar da data de conclusão e não da data de publicação), a obra que inscreveu Eugénio de Andrade no quem é quem da poesia portuguesa do século XX.
O programa inclui uma conferência de Eduardo Lourenço, que estará no Porto no dia 14 para apresentar Paraísos sem Mediação e Outros Ensaios sobre Eugénio de Andrade, o seu mais recente ensaio.
A semana de homenagem a Eugénio abre na quarta-feira, 11, com duas exposições e dois filmes de Jorge Campos, O Poeta e O Rosto Precário.
Até dia 18, as sessões decorrem a um ritmo diário na Árvore: conferência de Maria Alzira Seixo no dia 13 (a ensaísta discutirá a obra em prosa de Eugénio), intervenções de Mário Cláudio e Luís Neiva Santos no dia 17, leituras nos dia 16, 17 e 18 (por Filipa Leal, António Durães e José Manuel Mendes). No dia 15, a homenagem transfere-se para a Casa da Música, onde a Oficina Musical interpretará o ciclo As Mãos e os Frutos, de Fernando Lopes-Graça, e obras de compositores que formaram o gosto de Eugénio (Brahms, Schoenberg, Debussy e Fauré).