14.4.06

Perseguição a professores progressistas e pacifistas nos Estados Unidos


O jornal inglês The Guardian publicou na passada semana uma reportagem que denunciava as perseguições que estavam a ser alvo os professores progressistas, muito particularmente aqueles que se manifestavam pela paz e regresso das tropas norte-americanas do Iraque. O articulista referia-se ainda ao ambiente de «caça às bruxas» e de «lei da rolha» que se vive actualmente em muitas senão todas as Universidades norte-americanas (Yale, Califórnia, Columbia, Berkeley, Stanford, etc,etc), e ainda em muitas outras escolas dos mais variados graus de ensino, ao ponto dos alunos serem convidados a denunciar os professores que se mostrarem ser progressistas, defenderem a retirada das tropas norte-americanas do Iraque ou, simplesmente, ensinarem autores ou matérias consideradas como «anti-americanas». Chegou-se mesmo ao ponto de se elaborar uma lista dos 101 mais perigosos professores de todo o país!!!
Tudo isto revela bem o que actualmente se passa nos Estados Unidos e os «progroms» que lá já se começam a viver…

Ler: aqui

Para um anarquismo sem dogmas, um novo livro de Tomás Ibáñez


Porquê o A ?
Fragmentos dispersos para un anarquismo sin dogmas.
Livro de Tomás Ibáñez
Anthropos editorial


«Podem criar-se condições de vida nas quais não exista dominação? Pergunta sem resposta segura, mas da qual decorre sem dúvida a ideia de que lá onde haja dominação sempre estará em aberto um espaço para a reinvenção do anarquismo.
Insubmissão radical da sensibilidade e do pensamento face a qualquer forma de dominação,o anarquismo é tão polimorfo e tão variável como podem ser as próprias formas de dominação.. É assim porque ele brota contínua e directamente das infinitas redes de poder que condicionam as nossas condições de vida, pelo que não se pode aprender o ainarquismo nos livros, ou encerra-lo em fórmulas definitivas, pois o que há a fazer é inventá-lo incessantemente, a partir do anatagonismo social e a partir das práticas de resistência.
Fluído e tumultuoso, o anarquismo corre os mais riscos quando se imobiliza, quando se petrifica, e quando esquece de se questionar a si mesmo. »


Este é o texto que se pode encontrar na contracapa do novo livro em castelhano, acabado de ser lançado pelas edições Anthropos, de Tomáz Ibáñez Gracia (n. Zaragoza, 1944), militante libertário de há longa data, que residiu em França entre 1947 até 1973, tendo participado em várias acções o grupos anarquistas ao longo desse tempo. É apontado geralmente como o autor da ideia do «A-em-círculo», no início dos anos 60, que rapidamente se difundiu ao ponto de ser hoje o símbolo característico dos anarquistas. Participou também activamente na revolta de Maio de 68 em Paris, assim como na luta antifranquista. Hoje em dia é professor catedrático da Universidade Autónoma de Barcelona, e autor de inúmeras obras e artigos quer sobre Psicologia e Ciências Humanas, quer sobre as ideias libertárias e a sua prática actualizada. Muitos dos seus textos encontram-se na imprensa libertária europeia.

Revista Crítica das Ciências Sociais, os dois últimos números já saíram ( nº 72 e 73)

O nº 72 e o nº 73 da Revista Crítica das Ciências Sociais já se encontram ao dispor dos interessados quer nas bibliotecas quer no circuito comercial.
O Nº 72 tem como tema de fundo a «A Acção Colectiva e o Protesto» e o seu sumário é o seguinte:


A crítica da governação neoliberal: O Fórum Social Mundial como política e legalidade cosmopolita subalterna , por Boaventura Sousa Santos.
Resumo: A governação é hoje apresentada como um novo paradigma de regulação social que veio suplantar o paradigma anteriormente em vigor assente no conflito social e no papel privilegiado do Estado, enquanto ente soberano, para regular esse conflito por via do poder de comando e de coerção ao seu dispor. Neste artigo faço uma crítica radical do novo paradigma, concebendo-o como a matriz regulatória do neoliberalismo, entendido como a nova versão do capitalismo de laissez faire. Centrada na questão da governabilidade, esta matriz regulatória pressupõe uma política de direito e de direitos que tende a agravar a crise da legitimidade do Estado. Algumas das facetas da governação podem ser encontradas no movimento global de resistência contra a globalização neoliberal que tem hoje a sua melhor expressão no Fórum Social Mundial. Ao contrário da governação hegemónica, este movimento assenta na ideia de conflito e da luta contra a exclusão social, o que se torna manifesto nas concepções e políticas de direito que adopta.


A questão da relevância nos estudos dos movimentos sociais, por Dick Flacks
Resumo: A colaboração entre Charles Tilly, Sidney Tarrow e Doug McAdam traduziu-se num quadro conceptual que hoje domina os estudos dos movimentos sociais. O trabalho destes autores teve a utilidade de dirigir a atenção para as determinações estruturais das acções de protesto, ao acentuar as oportunidades externas, as ameaças e os constrangimentos que explicam a emergência e evolução dos movimentos. Sucede, no entanto, que os estudos dos movimentos sociais se foram tornando cada vez mais "académicos", apontando sobretudo para o apuramento dos conceitos e o testar das hipóteses. Nesse sentido, o trabalho realizado nesta área não só tem perdido relevância social como tem vindo a descurar questões intelectuais que são fundamentais. Entre estas contam-se os esforços no sentido de compreender as origens do poder dos movimentos e da motivação dos activistas. Uma forma de restaurar aquilo que é relevante e substancial será fazer com que os académicos vocacionados para a questão dos movimentos retomem o diálogo com os activistas desses mesmos movimentos.


Movimientos sociales, espacio público y ciudadanía: Los caminos de la utopia, por Benjamin Tejerina
Resumo: El objeto de este artículo son las relaciones que se establecen entre los movimientos sociales y los procesos de construcción de la ciudadanía mediante la reapropiación y resignificación tanto física como simbólica del espacio público. Desde los estudios de la acción colectiva el espacio público se ha comprendido tradicionalmente como el escenario en el que tienen lugar las disputas por la legitimidad de las demandas colectivas. Pero lo que sucede en el espacio público tiene una conexión directa con los espacios de la privacidad, con los intereses privados y con la agregación de estos intereses en redes de socialidad que conectan diversas individualidades. Una especie de privacidad compartida que se hará visible cuando la movilización política ocupe el espacio público. La cristalización de las demandas que se formulan en la privacidad compartida produce la modificación del ámbito de derechos y responsabilidades de ciudadanía que cuestiona y pone en crisis los límites de la política institucional(izada).



Acção colectiva e protesto em Portugal: Os movimentos sociais ao espelho dos media (1992-2002), por José Manuel de Oliveira Mendes, e Ana Maria Seixas
Resumo: Neste artigo apresentamos uma análise das acções colectivas e de protesto ocorridas em Portugal entre 1992 e 2002. O objectivo principal é apreender de forma mais precisa a configuração social e política das acções de protesto, a sua evolução no tempo, as suas características definidoras e o reportório de tecnologias utilizado. A efervescência política e o elevado grau de mobilização detectados contrastam com as habituais afirmações da debilidade da sociedade civil em Portugal. Sendo as acções de protesto marcadas por um localismo acentuado, argumentamos que este localismo pode potenciar uma renovação da vivência política, assente na participação e na proximidade dos poderes aos cidadãos, numa democratização radical da vida social e política. A violência que perpassa muitas das acções analisadas não pode ser lida como a reminiscência de uma qualquer violência primordial ou de lógicas atávicas de actuação política, mas sim como um indicador da maturidade democrática da sociedade portuguesa. A centralidade da escola, a todos os seus níveis de ensino, nas acções de protesto revelam quão importante é a educação e o capital escolar nas estratégias familiares de reprodução e de mobilidade sociais na sociedade portuguesa.


Os novos movimentos de protesto em França. A articulação de novas arenas públicas, por Daniel Cefai
Resumo: Este artigo traça um panorama crítico da emergência dos novos movimentos de protesto (NMP) em França, nas últimas décadas. Argumenta-se que desde meados dos anos oitenta, novas arenas públicas foram abertas pelos NMPs, seguindo as transformações da sociedade salarial e da política pública, e respondendo à mundialização crescente dos mecanismos económicos, estratégicos e sociais. Para quem investe politicamente nos NMPs, a importância da sua emergência reside no rearmamento da crítica social e na reconstituição de uma esquerda radical. Novos problemas públicos se impuseram aos cidadãos, aos especialistas e aos decisores políticos, em particular em torno da questão dos "sem documentos", dos "sem trabalho" e dos "sem abrigo" mas também da saúde pública, da ecologia ou do consumo. Novos actores colectivos, ONGs, movimentos e coordenações tornaram-se os parceiros e os adversários incontornáveis dos poderes públicos. Contudo, alerta-se para o perigo destes movimentos resvalarem para uma acção político-partidária institucional, que poria em causa a acção concertada da esquerda política e a eficácia da sua actuação quer no contexto nacional quer no contexto europeu.

"Só é vencido quem deixa de lutar": Protesto e Estado democrático em Portugal, por José Manuel de Oliveira Mendes
Resumo: Procuro neste artigo apreender como se constrói a cidadania a partir do estudo de um espaço local fortemente marcado por uma lógica de mobilização colectiva. O estudo de caso é usado para perceber as dinâmicas de intersecção da comunidade em análise com as lógicas de controlo e de poder do Estado central. Argumento também que os conceitos de populismo, caciquismo, cesarismo, etc. reconfigurados pelas elites políticas e mediáticas às exigências do jogo democrático, remetem para comportamentos irracionais e desqualificam a capacidade de subjectivação política das pessoas e das populações, elidindo os processos sociopolíticos que poderão explicar determinadas acções ou representações no campo da política.


Aprender a democracia: Jovens e protesto no ensino secundário em Portugal, por Ana Maria Seixas
Resumo: A partir, fundamentalmente de relatos na imprensa e de entrevistas a alunos do ensino secundário, pretende-se, neste artigo, analisar as três principais mobilizações de protesto dos alunos do ensino secundário em Portugal desde os anos 90: a contestação à Prova Geral de Acesso ao Ensino Superior em 1992 e às Provas Globais em 1994, bem como o movimento contra a Política Educativa e Revisão Curricular no final da década de 90 e início da primeira década de 2000. Procura-se compreender porque protestam os alunos do ensino secundário, quais os motivos e lógicas de justificação invocados, como se organizam e como vêem a sua participação, numa época em que a educação para a cidadania, visando a formação de cidadãos conscientes e participativos, é por demais salientada.



Por seu turno o nº 73, correspondente ao passado mês de Dezembro, tem o seguinte sumário:

Da construção identitária a uma trama de diferenças — Um olhar sobre as literaturas de língua portuguesa (p. 3-28)Laura Cavalcante Padilha

Política de imigração: A regulação dos fluxos (p. 29-44)Maria Ioannis Baganha

A sociologia de Marcel Mauss: Dádiva, simbolismo e associação (p. 45-66)Paulo Henrique Martins

Fazer o bem compensa?Uma reflexão sobre a responsabilidade social empresarial (p. 67-89)Maria Alice Nunes Costa

Novos espaços produtivos e novas-velhas formas de organização do trabalho:As experiências com cooperativas de trabalho no Nordeste brasileiro (p. 91-110)Jacob Carlos Lima

Afinal, o que é mesmo a Nova Sociologia Económica? (p. 111-129)João Carlos Graça

Médico que se recusou a ir para o Iraque é condenado a 8 meses de detenção!


O médico inglês Malcolm Kendall-Smith, da Força Aérea Britânica (RAF), foi condenado nesta quinta-feira por um tribunal militar a oito meses de prisão por se ter recusado a servir o exército inglês no Iraque.
O tenente Kendall-Smith, que também foi exonerado da RAF, alegou inocência, dizendo que a guerra é ilegal e comparando as acções das forças norte-americanas às da Alemanha nazista.
Chris Nineham, líder da organização contra a guerra Stop the War, chamou a decisão de “caricatura de justiça”, dizendo que Kendall-Smith tomou uma posição “muito corajosa” e “pagou um preço pessoal muito alto pelas mentiras de Tony Blair e do seu governo”.
Kendall-Smith foi considerado culpado pelas cinco acusações de desobediência de ordens da Força Aérea. Recorde-se que ele recebeu ordens para voltar ao seu posto em Basra, no sul do Iraque, onde já esteve por duas vezes, mas negou-se a cumprir tais ordens.
Um porta-voz da RAF disse que a Força Aérea está “a operar no Iraque com a anuência das Nações Unidas e por convite do governo iraquiano”.
Kendall-Smith, que também tem nacionalidade neo-zelandesa, diz ter concluído que a invasão do Iraque é ilegal depois de estudar o caso.
Além da prisão, Kendall-Smith foi condenado a pagar 20 mil libras relativas às custas do processo.
Os advogados do médico disseram que pretendem apelar.

Fonte:BBC