30.5.10

Ontem realizou-se mais um passeio pela Avenida, a grande especialidade ( e sucesso) da CGTP


E pronto, lá fui eu passear-me pela Avenida, chamada de Liberdade, para lutar contra a injustiça social que se vive no país e pelo infame ataque aos mais fracos e desprotegidos que está a ser feito em nome da crise.

Ingenuamente quis acreditar que hoje pudesse ser diferente, que fosse uma manifestação de todos contra estas políticas, e não mais um desfile da CGTP que acabou em lindos discursos arrematados pelo obrigatório Hino Nacional.

Fui e não gostei porque se gritou mais CGTP, CGTP que palavras contra o governo. A palavra capitalismo parece que se tornou tabu, a participação dos não alinhados, dos que dizem coisas diferentes, como a palavra "capitalismo", são rodeados pelos "stuarts" da manifestação e forçados a desfilar no passeio.

De Greve Geral não se falou e ficou em aberto a possibilidade de todas as formas de luta permitidas pela Constituição (como se na véspera da Manifestação já não o fossem). Não se sabe para quando, como se não fosse agora a hora de as fazer. Não se sabe quais, como se não fosse a hora de serem todas começando pela Greve Geral.

Uma jornada que devia ter sido de luta e foi simplesmente mais uma de propaganda.

Fui, porque todos nunca seremos demais para acabar com a injustiça e a miséria, voltarei a ir porque pouco é melhor que nada, mas acredito que é preciso fazer muito mais.

Aliás, passeios destes já acontecem há muitos anos e os trabalhadores continuam a ver os seus direitos e poder de compra cada vez mais reduzidos.


Texto e imagem retirados de:
http://wehavekaosinthegarden.blogspot.com/

Apresentação da reedição do Discurso sobre o Filho-da-Puta, de Alberto Pimenta, com a presença do autor (na livraria-bar Gato Vadio, hoje, às 17h.)




http://gatovadiolivraria.blogspot.com/

Livraria-bar Gato Vadio
Rua do rosário, 281 – Porto
telefone: 22 2026016
email: gatovadio.livraria@gmail.com

“[…] Ao longo do DISCURSO percebemos a reincidência de certos recursos estilísticos, tais como a elipse, o polissíndeto, a anáfora, a palavra-puxa-palavra, etc., que só vêm reforçar a sua estrutura enquanto discurso obediente às regras da gramática e do beletrismo da literatura em língua portuguesa. Assim, mais do que a desintegração, acentuamos a prática subversiva de desfiguração do código, o que vai consolidar a sátira contundente a toda a herança cultural que pesa sobre os nossos ombros. […]”
Do posfácio de Eduardo Kac à edição brasileira de 1983, ed. Codecri.



Discurso Sobre o Filho da Puta pertence a um autor que fará da absoluta irreverência o seu traço distintivo. Nesta obra, o processo iconoclasta passa pela introdução de uma linguagem transgressora e pela paródia de géneros, nomeadamente do discurso ensaístico ("de como o filho da puta existe e praticamente se encontra em todos os lugares, do pouco que se sabe acerca dele, de como os trajes e a conformação física não bastam para o definir, alguns traços distintivos do filho da puta, seus gostos e lugares que ocupa, modos de o filho da puta ser filho da puta" etc.), compondo um discurso aparentemente lógico, fortemente estruturado e até corroborado por notas de rodapé.
Ao longo destas páginas, o prosador propõe-se desmontar, de forma violenta e humorada todos os itens que configuram o "filho da puta", um conceito que nunca é definido com precisão, mas onde se concentram todos os símbolos de situações e seres institucionalizados, de tudo o que é burguês, kitsch, convencional ou falso.