30.1.10

Socialismo Honorário ( crónica de Manuel António Pina)



Como naquele anúncio de um hipermercado, ainda sou do tempo em que o arroz carolino custava um tostão e em que o socialismo tinha como valores estruturantes a liberdade e a igualdade. Para alguns dos por assim dizer notáveis que hoje transportam o inerme facho do socialismo, isso foi chão que deu uvas.


Às alcatifas do seu socialismo "moderno" não chegam já as ditantes vozes dos "humilhados e ofendidos" e dos "condenados da terra", e a liberdade que espere sentada na antecâmara dos valores mais altos que entretanto se alevantaram das "infraestruturas urbanísticas, rodoviárias e turísticas". Daí os elogios do "presidente honorário" do PS, Almeida Santos, à "obra positiva" de Jardim no encerramento do Congresso do... PS-Madeira. Pelo suave milagre das "infraestruturas", esfumaram-se nas brumas da memória deste neo-socialismo o "défice democrático", o caciquismo, a liberdade vigiada e a miséria e exclusão ocultas atrás do "glamour" dos hotéis de luxo. De fora da gaveta onde Soares o meteu, o PS havia guardado do socialismo algumas palavras "ad usum" eleitoral. Agora, pelos vistos, já nem isso.

Manuel António Pina

Plataforma Anticapitalista contra o envolvimento de Portugal na Guerra do Afeganistão

Retirado de: http://www.jornalmudardevida.net/?p=1878


A Plataforma Anticapitalista divulgou um comunicado em que protesta contra o envio de tropas portuguesas para o Afeganistão. Reproduzimos o texto do comunicado da Plataforma Anticapitalista.

O QUE FAZEM AS TROPAS PORTUGUESAS NO AFEGANISTÃO? E QUEM AS PAGA?

No dia 25 de Janeiro, partiu para o Afeganistão mais um contingente de tropas portuguesas que vai render e reforçar, aumentando-o para o dobro, o destacamento que ali permanece desde 2005.

Porque falta sempre dinheiro para melhorar pensões, salários, saúde pública e educação – e não falta para enviar e manter tropas no estrangeiro?
O governo cozinhou, com o CDS e o PSD, um orçamento que congela salários, mantém milhares de desempregados sem subsídio e não aponta uma medida sequer para travar os despedimentos.
Ao mesmo tempo, insiste em manter tropas e polícias fora das fronteiras e prepara-se para aumentar o orçamento da Defesa com o aplauso de Portas e Ferreira Leite. Nisto, todos se puseram de acordo sem precisarem de negociações – basta tirar a quem trabalha e dar a quem parasita.

Que fazem os soldados portugueses no Afeganistão?
Colaboram numa guerra alheia, iniciada por Bush e prolongada por Obama. A missão da NATO, em que as forças portuguesas se integram, é apenas o chapéu-de-chuva que presta auxílio à agressão norte-americana.
Os EUA invadiram o Afeganistão em 2001 com o pretexto de combaterem o terrorismo e defenderem a segurança do mundo.
Quase nove anos depois, tudo piorou no Afeganistão: produção e tráfico de droga, corrupção, fraudes eleitorais, miséria generalizada. Diante de uma resistência imparável, o terror maciço é a arma das forças de ocupação, que bombardeiam populações civis e as privam de tudo o que é essencial.
A segurança mundial está mais ameaçada: a guerra alastrou ao Paquistão e uma nova agressão está em curso contra o Iémen.

As justificações das autoridades portuguesas não servem
Governo e demais autoridades justificam-se com os compromissos assumidos no quadro da NATO. Mas o que está em causa é uma total dependência diante dos interesses dos EUA e das potências europeias; um atropelo dos direitos dos povos; e um completo desprezo pelos reais interesses da população portuguesa.
A agressão ao Afeganistão (como ao Iraque e à Jugoslávia) viola o direito internacional e a Constituição portuguesa; e faz tábua-rasa do repúdio do povo português pela guerra.
Se os compromissos com a NATO, como se vê, nos arrastam para a guerra, então devemos abandonar a NATO e reclamar a sua dissolução.

Por isso, exortamos o povo português
- A exigir a retirada das tropas portuguesas do Afeganistão e de todas as missões da NATO; o fim da ocupação do Afeganistão; a dissolução da NATO.
- A rejeitar a linha política seguida pelos governos e autoridades portuguesas e a reclamar a adopção de uma política que defenda o direito internacional e respeite a soberania dos povos.
- A repudiar a realização da Cimeira da NATO prevista para Novembro no nosso país.


Plataforma Anticapitalista

Colectivo de Comunistas Revolucionários
Colectivo Mudar de Vida
Colectivo Política Operária

25 de Janeiro de 2010




Plataforma Anticapitalista
Entre Abril e Julho deste ano, algumas organizações e pessoas encontraram-se em Lisboa para debater a situação do país, particularmente a que é vivida no quadro da crise mundial do capitalismo. O seu intuito foi procurar pontos comuns de análise da situação e discutir as condições para uma actuação política conjunta.

Os que participaram nos encontros não se iludem sobre a actual fraqueza da esquerda anticapitalista. E sabem que fraca continuará a ser se não forem encontradas formas de juntar forças na base de uma plataforma política mínima, comummente aceite.

Nesse sentido, a plataforma O capital que pague a crise, aprovada nos referidos encontros, representa um passo em frente. Ela permite, com efeito, dar a conhecer, de forma mais sistematizada e alargada, posições anticapitalistas de resposta à crise actual. E cria, portanto, condições para colocar a questão da resistência dos trabalhadores, não em termos de partilha de sacrifícios ou de medidas aceitáveis pelo patronato e pelo poder, mas em termos de luta pelos interesses de classe dos assalariados.

A Plataforma Anticapitalista em que as citadas organizações convergiram é uma base de colaboração aberta a demais grupos e pessoas. O seu ponto central é combater a pilhagem a que os trabalhadores e os pobres estão a ser sujeitos, dizendo-lhes que nada têm a esperar deste regime.

Publicamos aqui um comunicado sobre os Encontros e o texto da Plataforma Anticapitalista O capital que pague a crise, apelando aos nossos leitores para que os apoiem e divulguem.

O capital que pague a crise

Patronato, governo e partidos do poder fazem-nos crer que a recuperação da presente crise capitalista exige sacrifícios partilhados por todos.

Na verdade, são os trabalhadores assalariados que estão a suportar o grosso dos sacrifícios.

O ponto central da nossa posição é de que os trabalhadores devem rejeitar pagar os custos da crise – pela acção de massas, pelo apoio mútuo, pela solidariedade de classe (nacional e, sempre que possível, internacional).

Consideramos que a resposta à crise não está na habilidade das "soluções" propostas, mas na força posta no confronto de classes.

Para os trabalhadores, o resultado depende da resistência que opuserem às medidas aplicadas por governos e patrões, das exigências que colocarem, da energia que puserem na sua defesa.

A expressão que resume esta ideia é: «O capital que pague a crise».

As exigências concretas que pretendemos popularizar são as seguintes:

1. Trabalho para todos
- Ponto final nos despedimentos;
- Proibição do lay-off;
- Combate ao desemprego, ao subemprego e ao trabalho precário através da redução do horário de trabalho sem redução de salários.
2. Combate à pobreza e à degradação do nível de vida
- Aumento geral de salários e pensões, redução dos leques salariais;
- Uso exclusivo dos dinheiros do Estado e da Segurança Social para apoio ao emprego e ao bem-estar dos trabalhadores. Nem mais um tostão para banqueiros e especuladores.
3. Mais justiça social em vez de polícia
- Apoio social aos bairros pobres e às populações imigrantes;
- Julgamento e condenação dos especuladores e corruptos;
- Fim dos privilégios (pensões, indemnizações, carros, etc.) dos administradores, políticos e patrões que cometeram fraudes.
4. Pôr em minoria os partidos do capital
- Contra a maioria absoluta, contra o bloco central;
- Não votes nos partidos de quem te explora.

Colectivo de Comunistas Revolucionários
Colectivo Mudar de Vida
Colectivo Política Operária

5 Julho 2009

Fonte: Jornal Mudar de Vida