17.5.10

Clara Pinto Correia expõe os seus orgasmos, e nada acontece; Bruna Real posa despida numa revista e logo é acusada de… causar alarmismo social !!!


A Clara Pinto Correia, figura pública, professora universitária com uma carreira académica reconhecida, expõe fotos suas em pleno orgasmo numa galeria de exposições lisboeta, e nada lhe acontece
A Bruna Real, transmontana de 27 anos feitos, professora do ensino básico em Torre de D. Chama, posa despida em revista da especialidade, e cai-lhe em cima a Vereadora e a Autarquia de Mirandela, e é expulsa do seu emprego de professora sob a acusação de causar alarmismo social.

Situações análogas recebem tratamentos diferentes.

E porquê?

Provavelmente porque o erotismo do povo é muito mais subversivo que o erotismo das elites…

No primeiro caso, o erotismo popular é perigoso e ameaça a moral, constituindo um potencial motivo de subversão libidinosa popular que pode desviar as «massas» para caminhos que não são os desejados pela cultura dominante.
No segundo caso, o erotismo das elites já passa por socialmente aceitável, e até é convertido em arte.


Melhor objecto de estudo para a sociologia não poderia haver
...

O verdadeiro preço de umas Nike












2º Ciclo das Derivas de Maio (colóquios, livros, filmes) na ESMAE, Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo ( dia 22 de Maio)




Estas segundas derivas propõem-se debater a educação e a revolução. Um binómio nem sempre conjugado e que foi convenientemente separado à nascença. Mas nem sempre foi assim: em todas as revoluções dignas desse nome o amor, o quotidiano, a educação pertenciam às mesmas ondas de choque. Em cada inovação e transformação revolucionárias no campo livre da educação o Estado soube recuperá-las e cedê-las à sua classe e aos seus sequazes. Trata-se, portanto, de inventar caminhos impossíveis de serem recuperáveis, ou seja, de criar situações verdadeiramente irreversíveis.
Nos campos da realidade e do quotidiano, pretende-se igualmente transformá-los de modo a criar objectos reconhecíveis pelos deprimidos do mundo inteiro; um modo moderno de superação niilista dos novos cadáveres esquisitos e das nossas máscaras acinzentadas em que nos tornámos.
Vamos promover estes e outros debates entre nós, que teimamos em realizá-los. As Derivas de Maio convidam-no e à Suzana Ralha, ao António Alves da Silva, ao Rui Pereira e ao Santiago López-Petit a passar pelo Café Concerto da ESMAE, no dia 22 de Maio, pela manhã e tarde de um sábado. A falarmos e a encontrarmos saídas.


«E se a Revolução significasse, antes de tudo, Educação?»

9:30 – Entrega do certificado de presença

9:45 – Abertura
Moderação: António Luís Catarino
10:00 – Suzana Ralha, Professora
11:30 – António Alves da Silva, Professor
Debate

12:30 – Intervalo para almoço

«Fazer o Pensar e Pensar o Fazer – Como atacar a Realidade?»
Moderação: António Luís Catarino
14:30 – Rui Pereira, Jornalista
15:00 – Santiago López-Petit, Filósofo. Universidade de Barcelona
Debate

16:00 –– Apresentação do livro de Santiago López-Petit, A Mobilização Global seguido de O Estado-Guerra e Outros Textos. Tradução e Comentários de Rui Pereira. Deriva Editores, 2010

17:00 – Projecção do Filme El Taxista Ful de Jordi Solé (Jo Sol)


http://derivasdemaio.blogspot.com/2010/04/derivas-de-maio-programa.html

O PowerPoint torna-nos estúpidos ( texto de José Vítor Malheiros)

O maravilhoso mundo do PowerPoint ( crónica de José Vítor Malheiros publicada no jornal Público)

O programa da Microsoft é óptimo para apresentar listas. O problema é que, na vida, nem tudo são listas.



Na semana passada, o New York Times publicou um esquema que representava a estratégia americana no Afeganistão. O desenho, que fazia parte de uma apresentação feita aos líderes militares ocidentais no país, e que já tinha sido revelado pelo correspondente da NBC em Cabul no final do ano passado, representa as várias forças no terreno e todos os factores que interferem na situação política e militar. Tudo aquilo é depois ligado por um emaranhado de setas que, em teoria, mostra a relação entre todos os intervenientes e torna evidente o que se passa e o que se pretende (ver aqui).

A imagem é incompreensível. "Quando conseguirmos perceber este diapositivo, vamos ganhar a guerra", foi o comentário do general Stanley A. McChrystal, líder das forças da NATO no Afeganistão, citado pelo NYT.

O esquema, que foi comparado a um prato de esparguete, é apenas um dos muitos exemplos da praga chamada PowerPoint, um programa de gestão de apresentações da Microsoft que há anos vem poluindo o mundo político e científico, as apresentações públicas e as nossas escolas com o que de pior o marketing tem para mostrar.

As limitações do PowerPoint são conhecidas há muito. O seu maior crítico é o designer Edward R. Tufte, que, em 2006, publicou o fascinante e demolidor The cognitive style of PowerPoint, que se debruça nomeadamente sobre a responsabilidade do uso do PowerPoint na explosão do vaivém Columbia em 2003. Mas a ferramenta continua a ser cada vez mais usada e a espalhar o seu veneno pelos auditórios de todo o mundo.

É verdade que a responsabilidade de tudo isto não é do PowerPoint em si mas do uso que as pessoas fazem dele. É possível fazer um bom uso do programa e todos nós já tivemos oportunidades de o constatar. Só que o PowerPoint e os seus templates convidam os utilizadores a fazer apresentações onde a racionalidade está rarefeita e cujo único fito parece ser hipnotizar audiências. Um dos vícios mais perniciosos que o PowerPoint generalizou foi a utilização de listas de itens com bullets - aquelas bolinhas pretas que aparecem à frente das frases. Eu adoro listas. Só que as listas têm um problema: são óptimas para levar para o supermercado mas não são o melhor método para apresentar uma argumentação complexa. E é isso que o PowerPoint tem tendência a fazer: suprime a argumentação em favor de listas de tópicos, põe todos os argumentos ao mesmo nível, apaga o contexto que dá sentido a um raciocínio, faz desaparecer as dúvidas e as interrogações, reduz uma situação complexa a um esquema incompreensível e, o que é o pior de tudo, dá-nos a ilusão de que as coisas são mais claras do que são de facto, estimulando o uso de sound bites em vez de argumentação e de imagens em vez de discurso. Tufte dizia que o programa sacrifica o conteúdo à forma e transforma uma sessão de informação numa sessão de vendas e os apresentadores em publicitários. Um dos militares citado pelo NYT é mais directo: "O PowerPoint torna-nos estúpidos".

Há tantos problemas à volta do uso do PowerPoint que esta página seria pequena só para fazer a lista (e uma lista, mesmo com bullets, não serviria para muito) mas fiquemo-nos por dois dos mais terríveis: de ferramenta de apresentação, o PowerPoint está a passar a ferramenta de comunicação em geral e é usado, por exemplo, para transmitir ordens no meio militar. O problema? As ordens parecem claras, mas não são. Outro problema: o PowerPoint está a transformar-se na ferramenta de escolha para apresentação de trabalhos escolares, com as suas listas de tópicos e belas imagens a substituir o velho texto onde se podia descascar uma ideia, explicar coisas detalhadamente e até (como dizer?) reflectir em voz alta.