9.11.06

Edição portuguesa do Le Monde Diplomatique volta aos quiosques





O jornal mensal Le Monde Diplomatique, de origem francesa e publicado há já algumas décadas, tem vindo a ter edições em vários países e em várias línguas, incluindo mesmo o esperanto (edição digital).
Em Portugal o Le Monde Diplomatique começou por ser publicado e traduzido em português nos anos de 1980 pela mão de Snu Abecassis, através da sua editora, a D. Quixote. Interrompida a sua publicação pouco tempo depois, o jornal passou a ser lido apenas na sua edição original ( em francês). Só há 7 anos atrás é que a editora Campo das Letras, formada há pouco tempo, começou novamente a editar em português o jornal que, entretanto, ganhara prestígio e se multiplicara por várias edições em diversas línguas. No início de 2006 a Campo das Letras decide suspender a sua publicação, restando aos leitores portugueses que não dominam a língua francesa, recorrer à leitura de textos da edição brasileira no respectivo website.
Entretanto, os trabalhadores ( tradutores e outros) que garantiam a edição do Le Monde Diplomatique decidiram constituir nos últimos meses uma cooperativa («Outro Modo») a fim de relançar mais uma vez a edição portuguesa do Le Monde Diplomatique, que volta a estar nas bancas dos jornais a partir deste mês de Novembro de 2006.
Face ao panorama paupérrimo da imprensa portuguesa, ao seu controlo pelos grandes grupos económicos, e a todas as dificuldades de sobrevivência no mercado de órgãos independentes do poder económico e político, a existência em português do Le Monde Diplomatique constitui uma brecha no discurso neo-liberal dominante. Por isso não hesitamos em saudar e apoiar o reaparecimento do Le Monde Diplomatique, em edição portuguesa. O que não significa que partilhamos muitos dos pontos de vista que aí são defendidos. Tal não deve, no entanto, impedir a sua leitura atenta, e o seu uso como ferramenta para o debate e estudo dos problemas contemporâneos do mundo actual.

Pelo que não podemos deixar de apoiar e manifestar a nossa satisfação pelo relançamento da edição portuguesa, e a solidariedade aos seus trabalhadores que decidiram manter e defender o título, e tornar possível aos leitores portugueses o acesso a uma das publicações de qualidade que mais se tem batido a nível internacional contra o neoliberalismo e a globalização capitalista.

Nessa medida, e independentemente de divergências de perspectivas teóricas que nos possam separar, o Pimenta Negra saúda e apoia a edição portuguesa do Le Monde Diplomatique.


Edição portuguesa:
http://pt.mondediplo.com/

Edição brasileira:
http://diplo.uol.com.br/

Edição francesa ( original)
http://www.monde-diplomatique.fr/

Edição espanhola:
http://www.monde-diplomatique.es/

Edição no Chile:
http://www.lemondediplomatique.cl/



Nota Importante:

O website francês do Le Monde Diplomatique costuma editar artigos com alguma regularidade sobre a actualidade. Consultar:


http://www.monde-diplomatique.fr/carnet/

O mesmo website disponibiliza ainda uma valiosa Agenda e uma interessante recensão de imprensa ( com um notável lista de remissões para revistas e jornais):

http://www.monde-diplomatique.fr/revues/

http://www.monde-diplomatique.fr/agenda/


Para além de tudo isso, cada edição inclui normalmente a referência e por vezes recensões críticas a livros editados ( em Portugal, na edição portuguesa; e em França, na edição francesa).
No último número do Le Monde Diplomatique ( de Novembro de 2006) aparece, por exemplo, a referência a um livro acabado de aparecer em França com os Contos (« Les Contes») escritos por Mumia Abu-Jamal ( jornalista e activista negro, actualmente preso nos USA, e condenado à morte) , assim como o livro, editado em 2005 pela edições L’Echappée, de Alexander Berkman, «Qu’est-ce que l’anarchisme?». Reproduzimos o comentário a este último livro:


«Qu’est-ce que l’anarchisme?», de Alexander Berkman, editions L’Echappée, Paris, 2005.
Anarquista russo exilado nos Estados Unidos em 1888, Alexander Berkman (1870-1936) foi expulso da Rússia em 1919, juntamente com Emma Goldman pela sua participação nas lutas sociais. Ambos partiram em 1921, desencantados e amargurados. Berkman escreveu o Mito Bolchevique para explicar como a ditadura tinha destruído a liberdade e a revolução. No livro, que agora sai à estampa, reúnem-se dois textos de 1929, traduzidos pela primeira vez para o francês, onde sintetiza pela primeira vez um pensamento comunista libertário, tendo em consideração os acontecimentos do seu tempo ( fracasso da revolução russa e das insurreições europeias) e dirigindo-se a um operário americanos médio através de uma linguagem simples e límpida. A primeira parte analisa os males que não mudaram (trabalho assalariado, governo, funcionamento do sistema, guerra, desemprego, religião) e as falsas soluções para eles ( Igrejas, Partidos políticos, sindicatos, socialismo reformista e o bolchevismo). A segunda parte define o anarquismo como «a concepção mais racional e mais prática de uma vida social livre e harmoniosa», e a terceira parte explica finalmente a necessidade da revolução social para pôr termo à autoridade dos senhores que dirigem as nossas vidas.
( autor deste comentário do jornal em edição francesa: Charles Jacquier)

Greve Geral na Administração Pública a 9 e 10 de Novembro



A apresentação do Orçamento do Estado para 2007 e as declarações do Ministro de Estado e das Finanças sobre o tema dão ainda mais razão à realização e a uma massiva participação dos trabalhadores na greve geral da Administração Pública de 9 e 10 de Novembro.
O Governo não pode continuar a atacar impunemente as condições de vida e de trabalho e a dignidade dos trabalhadores, para favorecer os grandes grupos económico-financeiros!
A degradação das condições de vida e de trabalho daqueles que produzem a riqueza deste país não pode continuar!
Os trabalhadores exigem uma política diferente para o país!
É mentirosa a afirmação de que “os sacrifícios são para todos “, pois Portugal é o país da União Europeia com o maior fosso entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres e este fosso tem vindo a aumentar nos últimos anos. É a própria UE a reconhecer este facto.
E, em paralelo, possuímos algumas das maiores fortunas a nível europeu…
Os trabalhadores e a população em geral sentem na pele o continuado aumento do preço de bens essenciais, muito superior às taxas de inflação, na água, no pão, nos combustíveis, nos transportes e na generalidade dos bens de primeira necessidade. Está a ser agora anunciado o aumento de 16% dezasseis por cento, na electricidade.
Entretanto, o capital financeiro paga cerca de metade da percentagem do IRC que pagam as micro, pequenas e médias empresas e as percentagens de lucros dos Bancos são cada vez maiores – em 2005, segundo o Banco de Portugal, aumentaram 71,5% e ultrapassaram os 2,2 mil milhões de euros. Na situação actual de crise e empobrecimento da maioria da população, esta situação assume um carácter de autêntica obscenidade.
Para que isto assim seja, o Governo PS/Sócrates tem que tirar poder de compra aos trabalhadores e aos reformados, tem de acabar com direitos sociais, degradar a Segurança Social e os Serviços Públicos e entregar as partes rentáveis ao grande capital, tal como exigiu a irmandade do Compromisso do Beato, em propostas que a CGTP não hesitou em classificar de terroristas.
Isto não pode continuar!
Na Administração Pública, estamos a ser confrontados com o maior ataque aos direitos dos trabalhadores que se verificou desde o 25 de Abril, mesmo a direitos que constituíam valores civilizacionais indiscutíveis, como o direito ao trabalho – aliás, constitucionalmente garantido.
O Governo de Sócrates não tem pejo em apresentar uma proposta de tabela que retiraria a todos os trabalhadores, em 2007, entre 3,7% e 0,7% do seu poder de compra. Isto depois de, desde 2000, terem perdido uma média de 10%.
Nas reuniões já realizadas, o Governo apresentou uma proposta de aumento salarial de 1,5% que é efectivamente de 1%, já que pretende descontar 0,5% mais para a ADSE .
É a primeira vez, desde 1977, que o Orçamento de Estado regista uma diminuição nas despesas com o pessoal (0,9%) em 2 anos consecutivos.
Os objectivos nefastos do Governo manifestam-se em todas as áreas da Administração Pública:
. Na Educação, com a privatização de segmentos do sistema e o ataque ao Estatuto das Carreiras dos Professores e Educadores e do Pessoal não Docente;
. Na Saúde, tentando concretizar a máxima “quem quer saúde paga-a”, com o cortejo de mazelas sociais que daí resultará;
. Na Justiça, com um ataque aos Tribunais e às independência das Magistraturas e dificultando, quando não impossibilitando, a acesso à justiça aos mais desfavorecidos;
. Nas Forças de Segurança, com a degradação das condições de trabalho e de intervenção no terreno;
. Nas Autarquias Locais, com a limitação ou a retirada de autonomia do poder local democrático.
E as propostas apresentadas aos Sindicatos pelo Governo pretendem:
. Degradar as pensões de aposentação, o que também se propõe fazer no regime geral de segurança social;
. Acabar com o vínculo de emprego público de todos os trabalhadores;
. Implementar o despedimento sem justa causa;
. Acabar com o regime de carreiras;
. Aumentar o horário de trabalho, alterar o regime de faltas (com a exigência de justificações em duplicado) e diminuir o período de férias.
Os Trabalhadores da Administração Pública não vão baixar os braços. Vão continuar a lutaram a lutar, com determinação e entusiasmo

EM DEFESA DOS DIREITOS SOCIAIS !

POR CARREIRAS E SALÁRIOS DIGNOS !

CONTRA A PRECARIEDADE, O DESEMPREGO E OS DESPEDIMENTOS !

CONTRA A DESTRUIÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E AS PRIVATIZAÇÕES !

POR UMA NOVA POLÍTICA.


E contra o simulacro de negociações que o Governo pratica com os Sindicatos da Administração Pública, através de uma Greve Geral de dois dias, nos dias 9 e 10 de Novembro.
Só a luta e a unidade dos trabalhadores da Administração Pública poderão contrariar ou minorar os efeitos desastrosos para os trabalhadores e para as camadas mais desfavorecidas dos portugueses das medidas que o Governo PS/Sócrates quer implementar.


Dia 9 e 10 de Novembro vamos mostrar que os trabalhadores não estão dispostos a aturar mais tempo as patifarias deste Governo.


Quem trabalha, tem direito a ser tratado com dignidade!


A Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública