Ontem assinalou-se o Dia Nacional do Moinho. A rede portuguesa confessa ser difícil apontar uma estimativa de quantos moinhos existem em todo o País, mas já está a efectuar um inventário para conhecer e preservar este património nacional. A Rede Portuguesa de Moinhos, criada em Abril de 2006, está a efectuar um inventário para conhecer e preservar este património nacional reconhecido como um dos mais diversificados da Europa.Uma “tarefa gigantesca” que só deverá ficar concluída dentro de três décadas, por falta de apoios, adiantou o presidente da Rede Portuguesa de Moinhos à agência Lusa, no âmbito do Dia Nacional do Moinho.
Jorge Miranda confessou ser difícil apontar uma estimativa de quantos moinhos existem em todo o País, dada a grande diversidade e dispersão geográfica destas infra-estruturas.S egundo explicou, a inventariação passa pelo preenchimento de uma ficha informativa por cada moinho identificado, onde vai constar a tipologia, mecanismos utilizados, localização, dados históricos e o nome do proprietário.O registo dos imóveis ficará a cargo dos 87 membros da Rede Portuguesa de Moinhos espalhados por todo o país, com excepção da Madeira, dos quais se destacam as autarquias, organizações não governamentais, investigadores e proprietários.
A Rede Portuguesa de Moinhos, que integra a Sociedade Internacional de Molinologia, visa congregar todos os interessados em moinhos, para promover o contacto e troca de conhecimentos, através do site www.moinhosdeportugal.org. “Além dos encontros e cursos que ministramos, também prestamos aconselhamentos, por exemplo, sobre materiais e reconstrução de moinhos”, explicou Jorge Miranda, acrescentando que ainda este mês vai ser publicada a primeira revista portuguesa sobre molinologia.
Há 23 anos dedicado à investigação dos moinhos, Jorge Miranda salientou que tanto o território continental, como as ilhas açorianas, dispõem de grande riqueza patrimonial nesta área, que importa preservar e divulgar convenientemente.“Os Açores, por exemplo, são o único sítio conhecido na Europa Ocidental, que mantém em funcionamento moinhos originais accionados por animais”, apontou o molinólogo português, acrescentando que estas infra-estruturas resistiram devido ao isolamento das ilhas, onde são conhecidas como “atafonas”.De vento, água, maré ou giratório, com ou sem velas, muitos moinhos portugueses que sobreviveram até aos nossos dias, abandonaram a sua função primitiva - moer cereais - e foram transformados em espaços de turismo rural.
Para Jorge Miranda, trata-se de uma forma de revitalizar este património sem o destruir, mas alerta que, actualmente, a tendência é manter o moinho o mais possível fiel à função produtiva, tornando-o local de animação turística.
Para assinalar o Dia Nacional do Moinho, comemorado anualmente, cerca de 70 exemplares estiveram de portas abertas e promover várias iniciativas de âmbito lúdico-cultural.
Numa iniciativa conjunta da Rede Portuguesa de Moinhos e da Sociedade Internacional de Molinologia (secção portuguesa), mais de 130 moinhos, espalhados por todo o país, estiveram abertos ao público.
Na Região Norte, as propostas vão desde os distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Porto, passando por Guarda, Aveiro e Coimbra, com programas de animação que variam de moinho para moinho.
Em Viana do Castelo, a rota engloba os moinhos de Montedor (em Carreço e Montaria). Em Braga, as propostas passam pelo Moinho de Aboim (Fafe), Moinho de Briteiros (Guimarães). Já no distrito de Vila Real, o leque de ofertas é vasto, englobando estruturas como a Azenha e os Moinhos do Vale, Moinho do Jaco e Moinhos do Percurso Sedução da Montanha - Atilhó, Alturas do Barroso, Vilarinho Seco (todos no concelho de Boticas). A aposta completa-se, depois, com o Moinho do Espinhal e Moinho do Porto, também em Boticas.
No Porto, a rota passa pelo Moinho do Meio (Lousada), Moinho da Ponte de Novelas (Penafiel), e em Aveiro a proposta vai desde o Moinho da Cova do Fontão (Albergaria-a-Velha), passando pela Azenha Barreto (Vagos) e pelo Moinho de Armação de Ervosas (Ílhavo).
Na Guarda, o programa de visitas centra atenções nos Moinhos de Aveia, no concelho de Pinhel.
O distrito de Coimbra é de longe o que mais oferta tem para o público interessado em partir à (re)descoberta dos moinhos tradicionais. Destaque para os moinhos do concelho de Mira - nomeadamente os Moinhos da Areia, da Fazendeira, da Lagoa -, que estão integrados em núcleos moageiros e percursos pedestres.