29.12.10

O regresso da Economia Política (The Revival of Political Economy) - Videos das conferências realizadas a 21,22,23 de Out. na Universidade de Coimbra


Apresentação

The recent financial collapse and the ensuing economic downturn are still imposing hardship and suffering upon millions all over the world, especially the poor and the unemployed. The crisis has raised public awareness of the consequences of neoliberal drift and of the shortcomings of a mainstream academic economics that did not anticipate the financial meltdown and economic downturn, and even actively contributed to setting up the new (toxic) financial architecture. For many - economists, managers and politicians - the depression has been a sobering experience. Statements produced in the heat of events even suggest that this could be an opportunity both for seriously reconsidering and reversing the trend towards a growing financialisation of the economy, and for recasting the very foundations of knowledge of the economy. However, at the first signs of recovery, the habitual ways of thought, and of doing politics and business are settling down once again.
The need is therefore felt - with a sense of urgency - to widen public debate stimulated by renewed social science perspectives on economic issues. The failure of mainstream economics, acknowledged by many, calls for a revival and renewal of political economy. This will be achieved by strengthening the ongoing dialogue among scholars in all fields of the social sciences and humanities interested in economic processes and their relation to politics, morality, culture and nature.
The reflection needed must go beyond means and measures that may secure a return to a ‘normal’ growth regime and move on to reconsider the ends to be pursued by public policies and institutional change. The new political economy in the making should address the issue of sustainability: economic, social and environmental. Prosperity – the purpose of any economy – can no longer be separated from social justice and environmental values.

Capitalisms and Institutional Change
Peter Hall (Harvard University)
The Political Origins of our Economic Discontents





Capitalisms and Institutional Change
Brigitte Young (University of Münster)
The Revival of Political Economy: Bringing Capitalism Back In (Again), the State (Once Again), and Financial/Economic Culture(s)






Capitalisms and Institutional Change
José Reis (University of Coimbra)
Why variety is still a good reason to think about political economy?
Institutional based strategies and “mixed economies”





Sustainability: Economic, Social and Environmental
Robert Boyer (CEPREMAP-CNRS, France)
THE SOCIAL AND POLITICAL SUSTAINABILITY OF CAPITALISMS
After the subprime crisis





Sustainability: Economic, Social and Environmental
Joan Martinez-Alier (University of Barcelona)
Environmental justice and economic degrowth: an alliance between two
movements






Sustainability: Economic, Social and Environmental
Boaventura Sousa Santos (University of Coimbra)
presented by João Arriscado Nunes (University of Coimbra)
Learning from the South




The Revival of Political Economy
Nuno Martins (OPorto Portuguese Catholic University)
Heterodox Economics and the Revival of Political Economy





The Revival of Political Economy
Phil O’Hara (University of Technology, Australia)
Core General Principles for the Revival of Political Economy






The Revival of Political Economy
Ana Cordeiro Santos (University of Coimbra)
RECENT ECONOMICS AND THE REVIVAL OF POLITICAL ECONOMY



Apenas uma crise de crescimento - texto de José Vítor Malheiros

Apenas uma crise de crescimento
texto de José Vitor Malheiros, publicado no jornal Público de 28/12/2010

Os números do défice e da dívida e os indicadores económicos não encorajam qualquer optimismo, apesar de as exportações se estarem a portar melhor do que se esperava e de, nestes dias de fim de ano, ser tradicional expressar votos de prosperidade para 2011 com o mais cândido dos sorrisos afivelado na face.

A verdade é que os juros da dívida crescem mais depressa do que a nossa capacidade de a pagar e o buraco em que nos encontramos é cada vez maior. Como os juros aumentam, devemos cada vez mais. Como devemos cada vez mais, os juros aumentam. Como devemos cada vez mais e os juros aumentam, as agências de rating baixam-nos a classificação, o que faz os juros subir e a dívida aumentar. Ao círculo vicioso sucede-se a espiral infernal. Os especuladores esfregam as mãos de contentes, mas os especialistas garantem-nos que eles têm uma função higiénica essencial à vida económica (como as hienas que comem os animais doentes), o que significa que o sistema caminha para um rápido saneamento e que todo este panorama é apenas um passo doloroso mas necessário.

O que sabemos é que, depois desta crise, o nosso país será um lugar mais eficiente, a nossa economia será mais robusta, a nossa administração pública será mais magra e mais rápida, as empresas que não têm direito à vida terão desaparecido, as outras pagarão muito menos impostos e salários mais baixos, o euro talvez tenha desaparecido (o que apenas significará que não devia ter nascido), a ideia de uma Europa solidária ter-se-á desvanecido (o que quererá dizer que afinal era só um conto de Dickens), só haverá reivindicações laborais nos filmes e o Estado social será uma memória vaga. Será maravilhoso para os ricos.

As únicas entidades que poderão sair prejudicadas serão as pessoas, mas essas são substituíveis: há sempre pessoas novas a nascer, a crescer e à procura de trabalho e dispostas a aceitar relações de trabalho muito mais flexíveis. Os historiadores olharão para trás e verão a crise de 2008-2018 em Portugal apenas como uma crise de crescimento que serviu para fortalecer as empresas, a economia, os mercados financeiros, a banca, as lideranças empresariais e os serviços de segurança.

Se a crise serviu para alguma coisa foi para compreender que as pessoas estavam a ter salários demasiado altos, impostos demasiado baixos, demasiada estabilidade de emprego, demasiados serviços públicos, demasiada liberdade, saúde e educação de excessiva qualidade e juros demasiado baixos nos empréstimos bancários.

E, não havendo possibilidade de dissolver o povo, como Brecht sugeria, o Governo tentou pelo menos reduzi-lo à sua justa dimensão. A dura verdade é que o povo faz menos falta do que os bancos. Mais: o povo não só não faz falta como dá muita despesa. Como seríamos prósperos se fôssemos só os 5 milhões que os finlandeses são! Se pudéssemos dissolver os 5 milhões de portugueses menos letrados e mais velhos (que gastam uma fortuna em subsídios, em reformas, em saúde), seríamos um dragão, um tigre, um furão.

Não há razões para pensar que o país não é viável. Os testes de stress feitos ao sistema financeiro deram excelentes resultados. A economia reanima-se e as exportações dão sinal disso. Temos indicadores de inovação extraordinários. Todos os nossos ministros das Finanças sem excepção sabem qual é a receita para recuperar a economia. Basta ouvi-los. Todos eles sem excepção sabem que fizeram sempre tudo bem. Os dirigentes políticos também. Os do Governo e os da oposição. Os banqueiros sabem que sempre fizeram tudo bem. Todos sabem que são perfeitos. As nossas elites sabem que são esclarecidas, brilhantes, iluminadas e outras coisas com luz. O país é viável! O povo é que não é, mas já estamos a tratar desse pormenor.

21.12.10

Foi criada a BrusselsLeaks vocacionada para ser uma WikiLeaks da União Europeia



Um grupo autofinanciado, constituído por antigos funcionários da UE e de ONG e por trabalhadores de órgãos de informação, acabou de criar a BrusselsLeaks vocacionada para publicar documentos confidenciais e reservados da União Europeia.

BrusselsLeaks.co iniciou as suas actividades a 9 de Dezembro e já convidou todas as pessoas a enviarem anonimamente documentos sensíveis relacionados com a UE, utilizando um formulário de contacto codificado.

Trata-se de mais uma forma de melhorar a transparência de Bruxelas e da União Europeia que não merece muita confiança aos europeus porque não está garantida a sua democraticidade, para além de que existem muita coisa que acontece por baixo das mesas, e por detrás das fachadas já para não lembrar a quantidade de lobbies que se instalaram nos corredores das instituições da União Europeia.

Pelo que se conta há fugas frequentes da União Europeia mas dado seu melindre as pessoas preferem não os divulgar, em claro prejuízo do interesse público.

O site tenciona divulgar em breve o primeiro lote de documentos sobre o sector dos transportes e da energia

Website da BrusselsLeaks:
http://brusselsleaks.com/

Liberdade de Informação na UE: AQUI

Consultar também:
http://www.worstlobby.eu/


APRESENTAÇÂO

Many of these decisions happen behind closed doors and we have been working to make it more transparent for many years. Journalists, activists and communications professionals have now come together to form Brussels Leaks, a place to centralise intelligence gathered on the inner-workings of the EU.
We are asking for more support: if you work for a corporation, consultancy, institution or NGO and want to release some information in a completely secure – and anonymous, if prefered – way, contact us now. We are trustworthy, reliable professionals with excellent Brussels contacts. We work to make sure the information gathered is 100% reliable and correct, and only then do we act on it.
We have the network and experience to make sure the right thing is done.


...

19.12.10

Carta aberta de um jovem afegão aos líderes mundiais no Dia Mundial para escutar o que os Afegãos têm a dizer



Dear Mr Obama, Mrs Clinton, Mr Petraeus, Mr Rasmussen, and all our world leaders

We are Afghans and we ask the world to listen.

Like yourselves, we couldn’t live without the love of our family and friends.

We were hurt by your criticism of Mr Karzai for voicing the people’s anguished pleas, “Stop your night raids.”

Please, stop your night raids.

If you could listen, you would have heard 29 NGOs in Afghanistan describe how we now have “Nowhere to Turn”.

If you could listen, you would also have heard Mr Karzai and the 29 NGOs express concern over your Afghan Local Police plan; the world will henceforth watch our militia killing the people, your people and our people, with your weapons and your money.

If you could listen, you would have heard the sound of your drones crystallizing the nights of hatred among the Afghan, Pakistani and global masses.
Instead, we hear your determination to ‘awe, shock and firepower’ us with Abrams tanks. We hear distant excitement over your new smart XM25 toy, a weapon you proudly proclaim will leave us with ‘nowhere to hide’.

Nowhere to turn and nowhere to hide.Your actions have unfortunately dimmed our hopes that we the people could turn to you. Along with our Afghan war-makers, you are making the people cry.

Yet, we understand. You are in the same trap we’re in, in a corrupt, militarized mania.
Love is how we’re asking for peace, a love that listens, and reconciles.

And so, we invite you to listen to the people of Afghanistan and to world public opinion on the Global Day of Listening to Afghans, to be internet-broadcast from Kabul this December.

It is time to listen broadly and deeply to both local and overseas Afghan civil groups and the numerous alternative solutions they have proposed for building a better socio-political, economic and religious/ideological future for Afghanistan.

We have shared the pain of our American friends who lost loved ones on September 11, by speaking with and listening to them.

Though, if the world could listen like these American friends did, the world would know that few Afghans have even heard about September 11 and that no Afghans were among the 19 hijackers. The world would have heard our yearnings as we were punished over the past 9 years.

If the world could listen, they would know how much we detest the violence of the Taliban, our warlords, any warlord, or any bullet-digging finger-trophy troops.

And now, for at least another four more years, we will grieve over souls who you are unwilling to ‘count’ and we are unwilling to lose.

It is extra painful to us and to your troops because clearly, there are non-violent and just alternatives.

We understand the pain of financial hardships but try telling an Afghan mother about to lose her child or a soldier about to take his life that the only way their illiterate and angry voices can ruffle the posh feathers of our world leaders is when it disturbs not their human or truth deficit, but their trillion dollar economic deficits. How do we explain that without denuding ourselves of human love and dignity?

What more can we say?

How else can we and our loved ones survive?

How can we survive with hearts panicking in disappointment while perpetually fleeing and facing a ’total’ global war, a war that wouldn’t be questioned even in the crude face of a thousand leaks?

We would survive in poverty, we may survive in hunger, but how can we survive without the hope that Man is capable of something better?

We sincerely wish you the best in your lives.

We are Afghans and we ask the world to listen.

سلامت باشین!
Salamat bAsheen!
Be at peace!

Meekly with respect,
The Afghan Youth Peace Volunteers
Global Day of Listening to Afghans
19th December 2010

Why not listen?
Why not love?

A ciberguerra do Wikileaks ( texto de Manuel Castells)

Como documentei no meu livro Comunicação e Poder, o poder baseia-se no controle da comunicação. A reacção histérica dos Estados Unidos e outros governos contra o Wikileaks confirma isso. Entramos numa nova fase da comunicação política. Não tanto porque se revelem segredos ou fofocas como porque eles se espalham por um canal que escapa aos aparatos de poder.

O vazamento de confidências é a fonte do jornalismo de investigação com que sonha qualquer meio de comunicação em busca de furos. Desde Bob Woodward e sua "Garganta Profunda" no Washington Post até as campanhas de Pedro J. [Ramírez, fundador do diário El Mundo] na política espanhola, a difusão da informação supostamente secreta é prática usual protegida pela liberdade de imprensa.

A diferença é que os meios de comunicação estão inscritos num contexto empresarial e político susceptível a pressões quando as informações resultam comprometedoras. Daí que a discussão académica sobre se a comunicação pela internet é um meio de comunicação tem consequências práticas. Porque se o é (algo já estabelecido na investigação) está protegida pelo princípio constitucional da liberdade de expressão, e os veículos e jornalistas deveriam defender o Wikileaks porque um dia pode ser a vez deles.

Ordem de prisão

Ocorre que ninguém questiona a autenticidade dos documentos vazados. De facto, destacados periódicos do planeta publicaram e comentaram esses documentos para regozijo e educação dos cidadãos que recebem um cursinho intensivo sobre as misérias da política nos corredores do poder (com efeito, por que Zapatero está tão preocupado?).

O problema, diz-se, é a revelação de comunicações secretas que poderiam dificultar as relações entre estados (o perigo para as vidas humanas é baboseira). Na verdade seria preciso sopesar esse risco contra a ocultação da verdade sobre as guerras aos cidadãos que pagam e sofrem por elas.


Em qualquer hipótese, ninguém duvida que, se essas informações chegassem aos meios de comunicação, estes também quereriam publicá-las (se poderiam é outra questão). E mais: uma vez difundidas na rede, publicam-nas. O que está em questão é o controle dos governos sobre seus próprios vazamentos e sobre sua difusão por meios alternativos que escapam à censura directa ou indirecta. Um tema tão fundamental, que motivou uma reacção sem precedentes nos Estados Unidos, com apelos ao assassinato de Assange por líderes republicanos e até colunistas do Washington Post e uma gritaria mundial generalizada de Chávez até Berlusconi, com a honrosa excepção de Lula e a significativa reacção de Putin.

A esta cruzada para matar o mensageiro se uniu a justiça sueca numa história rocambolesca onde o pseudofeminismo se alia à repressão geopolítica. Dá-se que as namoradas suecas de Julian Assange (alguém investiga sua conexão com serviços de inteligência?) o denunciaram porque em pleno ato (consentido) a camisinha rasgou, ela diz que não queria continuar e Assange não pôde ou não quis interromper o coito e isso, segundo a lei sueca, poderia ser violação. O que não impediu que a violada organizasse no dia seguinte em sua casa uma festa de despedida para Assange.

A partir de tamanho acto de terrorismo sexual, a Interpol emite uma euroordem de prisão com nível de alerta máximo, desmentindo que seja por pressão dos Estados Unidos. E quando Assange se entrega em Londres, o juiz não aceita fiança, talvez para enviá-lo aos Estados Unidos via Suécia.

Infraestrutura icónica

Com o mensageiro atrás das grades, falta mandar para lá a mensagem. E aí começam pressões que levam a que PayPal, Visa, MasterCard e o banco suíço do Wikileaks fechem suas contas, que cancelem seu domínio e que a Amazon o remova de seus servidores (o que não impede a Amazon de oferecer por 7 dólares o conjunto completo de e-mails vazados).

A contraofensiva internauta não se fez esperar. Os ataques de serviços de inteligência contra a rede do Wikileaks fracassaram porque proliferaram as redes espelho, ou seja, cópias imediatas das redes existentes, mas com outro endereço. A esta altura há mais de mil em funcionamento.

Em represália à tentativa de silenciar o Wikileaks, Anonymous, uma popular rede hacker, coordenou ataques contra as empresas e instituições que o fizeram. Milhares de voluntários se juntaram à festa, utilizando o Facebook e Twitter, embora com crescentes restrições. Os amigos do Wikileaks no Facebook superaram o milhão e aumentam a uma pessoa por segundo.
Wikileaks distribuiu a 100.000 usuários um documento encriptado com segredos supostamente mais danosos para os poderosos, cuja chave se espalharia caso a perseguição se intensifique.
Não está em jogo a segurança dos Estados (nada do revelado põe em perigo a paz mundial nem era ignorado nos círculos de poder). O que se debate é o direito do cidadão de saber o que fazem e pensam seus governantes. E a liberdade de informação nas novas condições da era da internet. Como dizia Hillary Clinton em sua declaração de Janeiro de 2010: "A internet é a infraestrutura icónica da nossa era… Como acontecia com as ditaduras do passado, há governos que se voltam contra os que pensam de forma independente usando esses instrumentos". Agora ela aplica a si mesma essa reflexão?

Novas gerações

Porque a questão fundamental é que os governos podem espionar, legal ou ilegalmente, aos seus cidadãos. Mas os cidadãos não têm direito à informação sobre aqueles que actuam em seu nome, a não ser na versão censurada que os governos constroem. Neste grande debate vão ver quem realmente são as empresas de internet autoproclamadas plataformas de livre comunicação e os meios de comunicação tradicionais tão zelosos de usa própria liberdade.

A ciberguerra começou. Não uma ciberguerra entre Estados como se esperava, mas entre os Estados e a sociedade civil internauta. Nunca mais os governos poderão estar seguros de manter os seus cidadãos na ignorância de suas manobras. Porque enquanto houver pessoas dispostas a fazer leaks e uma internet povoada por wikis surgirão novas gerações de wikileaks.
Manuel Castells, em texto publicado no jornal La Vanguardia de 11 de Dez. de 2010

Quem tem medo do Wikileaks? (texto de Manuel Castells)

“Uma organização de comunicação livre, assente no trabalho voluntário de jornalistas e tecnólogos, como depositária e transmissora daqueles que querem revelar anonimamente os segredos de um mundo podre, enfrenta neste momento aqueles que não se envergonham das atrocidades que cometem, mas se alarmam com o facto de que as suas maldades sejam conhecidas por aqueles que elegemos e pagamos”
Manuel Castells

Quem tem medo do Wikileaks ?
(texto de Manuel Castells, publicado no jornal La Vanguardia, em 30/11/2010)

Tinha que acontecer. Há tempo os governos estão preocupados com sua perda de controle da informação no mundo da internet. Já estavam incomodados com a liberdade de imprensa. Mas haviam aprendido a conviver com os meios de comunicação tradicionais. Ao contrário, o ciberespaço, povoado de fontes autónomas de informação, é uma ameaça decisiva a essa capacidade de silenciar sobre a qual a dominação sempre se fundou. Se não sabemos o que está acontecendo, mesmo que teimamos, os governantes têm as mãos livres para roubar e amnistiar-se mutuamente, como na França ou na Itália, ou para massacrar milhares de civis e dar livre curso à tortura, como fizeram os Estados Unidos no Iraque ou no Afeganistão.

Os ataques contra o Wikileaks não questionam a a veracidade, mas criticam o fato de sua divulgação com o pretexto de que colocam em perigo a segurança das tropas e cidadãos. Por isso o alarme das elites políticas e mediáticas diante da publicação de centenas de milhares de documentos originais incriminatórios para os poderes fáticos nos Estados Unidos e em muitos outros países por parte do Wikileaks. Trata-se de um meio de comunicação pela internet, criado em 2007, publicado pela fundação sem fins lucrativos registrada legalmente na Alemanha, mas que opera a partir da Suécia. Conta com cinco empregados permanentes, cerca de 800 colaboradores ocasionais e centenas de voluntários distribuídos por todo o mundo: jornalistas, informáticos, engenheiros e advogados, muitos advogados para preparar sua defesa contra o que sabiam que lhes aconteceria.

O seu orçamento anual é de cerca de 300 milhões de euros, fruto de doações, cada vez mais confidenciais, mesmo que algumas sejam de fontes como a Associated Press. Foi iniciado por parte de dissidentes chineses com apoios em empresas de internet de Taiwan, mas pouco a pouco recebeu o impulso de activistas de internet e defensores da comunicação livre unidos numa mesma causa global: obter e divulgar a informação mais secreta que governos, corporações e, às vezes, meios de comunicação ocultam dos cidadãos. Recebem a maior parte da informação pela internet, mediante o uso de mensagens encriptadas com uma avançadíssima tecnologia de encriptação cujo uso é facilitado àqueles que querem enviar a informação seguindo seus conselhos, ou seja, desde cibercafés ou pontos quentes de Wi-Fi, o mais longe possível de seus lugares habituais. Aconselham não escrever a nenhum endereço que tenha a palavra wiki, mas utilizar outras que disponibilizam regularmente (tal como http://destiny.mooo.com). Apesar do assédio que receberam desde a sua origem, foram denunciando corrupção, abusos, tortura e matanças em todo o mundo, desde o presidente do Quénia até a lavagem de dinheiro na Suíça ou as atrocidades nas guerras dos Estados Unidos.

Receberam numerosos prémios internacionais de reconhecimento pelo seu trabalho, incluindo os do The Economist e da Amnistia Internacional. É precisamente esse crescente prestígio de profissionalismo que preocupa o poder. Porque a linha de defesa contra as webs autónomas na internet é negar-lhes credibilidade. Mas os 70.000 documentos publicados em Julho sobre a guerra do Afeganistão ou os 400.000 sobre o Iraque divulgados agora, são documentos originais, a maioria procedentes de soldados norte-americanos ou de relatórios militares confidenciais. Em alguns casos, filtrados por soldados e agentes de segurança norte-americanos, três dos quais estão presos. O Wikileaks tem um sistema de verificação que inclui o envio de repórteres seus ao Iraque, onde entrevistam sobreviventes e consultam arquivos.

De fato, os ataques contra o Wikileaks não questionam sua veracidade, mas criticam o fato de sua divulgação, sob o pretexto de que colocam em perigo a segurança das tropas e de cidadãos. A resposta do Wikileaks: os nomes e outros sinais de identificação são apagados e são divulgados documentos sobre fatos passados, de modo que é improvável que possam colocar em perigo operações actuais. Mesmo assim, Hillary Clinton condenou a publicação sem comentar a ocultação de milhares de mortos civis e as práticas de tortura revelados pelos documentos. Nick Clegg, o vice-primeiro-ministro britânico, ao menos censurou o método, mas pediu uma investigação sobre os fatos.

Mas o mais extraordinário é que alguns meios de comunicação estão colaborando com o ataque que os serviços de inteligência lançaram contra Julian Assange, diretor do Wikileaks. Um comentário editorial da Fox News chega inclusive a cogitar o seu assassinato. E mesmo sem ir tão longe, John Burns, no The New York Times, procura mesclar tudo num nevoeiro sobre o personagem de Assange. É irónico que isso seja feito por este jornalista, bom colega de Judy Miller, a repórter do The Times que informou, consciente de que era mentira, a descoberta de armas de destruição em massa (veja-se o filme A zona verde).

Essa é a táctica mediática mais antiga: para que se esqueçam da mensagem, atacar o mensageiro. Nixon fez isso em 1971 com Daniel Ellsberg, que publicou os famosos papéis do Pentágono que expuseram os crimes no Vietnam e mudaram a opinião pública sobre a guerra. Por isso Ellsberg aparece em entrevistas colectivas ao lado de Assange.

Personagem de novela, o australiano Assange passou boa parte de seus 39 anos mudando de lugar desde criança e, usando seus dotes matemáticos, fazendo ativismo hacker para causas políticas e de denúncia. Agora está mais do que nunca na semiclandestinidade, movendo-se de um país para outro, vivendo em aeroportos e evitando países onde se procuram pretextos para prendê-lo. Por isso, foi aberto na Suécia, onde se encontra mais livre, um processo contra ele por violação, que logo foi negado pela juíza (releiam o começo do romance de Stieg Larsson e verão uma estranha coincidência). É o Partido Pirata da Suécia (10% dos votos nas eleições europeias) que está protegendo o Wikileaks, deixando seu servido central trancado em um refúgio subterrâneo à prova de qualquer interferência.

O drama apenas começou. Uma organização de comunicação livre, assentada no trabalho voluntário de jornalistas e tecnólogos, como depositária e transmissora daqueles que querem revelar anonimamente os segredos de um mundo podre, enfrenta aqueles que não se envergonham das atrocidades que cometem, mas se alarmam com o fato de que suas maldades sejam conhecidas por aqueles que elegemos e pagamos.

Wikiliquidação do Império? ( texto de Boaventura Sousa Santos)

A divulgação de centenas de milhares de documentos confidenciais, diplomáticos e militares, pela Wikileaks, acrescenta uma nova dimensão ao aprofundamento contraditório da globalização. A revelação, num curto período, não só de documentação que se sabia existir mas à qual durante muito tempo foi negado o acesso público por parte de quem a detinha, como também de documentação que ninguém sonhava existir, dramatiza os efeitos da revolução das tecnologias de informação e obriga a repensar a natureza dos poderes globais que nos (des)governam e as resistências que os podem desafiar. O questionamento deve ser tão profundo que incluirá a própria Wikileaks: é que nem tudo é transparente na orgia de transparência que a Wikileaks nos oferece.

A revelação é tão impressionante pela tecnologia como pelo conteúdo. A título de exemplo, ouvimos horrorizados este diálogo: Good shooting. Thank you, enquanto caem por terra jornalistas da Reuters e crianças a caminho do colégio, ou seja, enquanto se cometem crimes contra a humanidade. Ficamos a saber que o Irão é consensualmente uma ameaça nuclear para os seus vizinhos e que, portanto, está apenas por decidir quem vai atacar primeiro, se os EUA ou Israel. Que a grande multinacional farmacêutica Pfizer, com a conivência da embaixada dos EUA na Nigéria, procurou fazer chantagem com o procurador-geral deste país para evitar pagar indemnizações pelo uso experimental indevido de drogas que mataram crianças. Que os EUA fizeram pressões ilegítimas sobre países pobres para os obrigar a assinar a declaração não oficial da Conferência da Mudança Climática de dezembro passado em Copenhaga, de modo a poderem continuar a dominar o mundo com base na poluição causada pela economia do petróleo barato. Que Moçambique não é um Estado-narco totalmente corrupto mas pode correr o risco de o vir a ser. Que no "plano de pacificação das favelas" do Rio de Janeiro se está a aplicar a doutrina da contrainsurgência desenhada pelos EUA para o Iraque e Afeganistão, ou seja, que se estão a usar contra um "inimigo interno" as táticas usadas contra um "inimigo externo".

Irá o mundo mudar depois destas revelações? Já sabíamos que os poderes políticos e económicos globais mentem quando fazem apelos aos Direitos Humanos e à democracia, pois que o seu objetivo exclusivo é consolidar o domínio que têm sobre as nossas vidas, não hesitando em usar, para isso, os métodos mais fascistas e violentos. Tudo está a ser comprovado, e muito para além do que os mais avisados poderiam admitir. O maior conhecimento cria novas oportunidades para mobilizações de cidadãos em defesa da democracia e da transparência. Mas também cria novas exigências de análise.

Há que distinguir entre a autenticidade dos documentos e veracidade do que afirmam. Por exemplo, que o Irão seja uma ameaça nuclear só é "verdade" para os maus diplomatas que, ao contrário dos bons, informam os seus governos sobre o que estes gostam de ouvir e não sobre a realidade dos factos. Do mesmo modo, que a tática norte-americana da contrainsurgência esteja a ser usada nas favelas é opinião do Consulado Geral dos EUA no Rio. Compete aos cidadãos interpelar o governo nacional, estadual e municipal sobre a veracidade desta opinião. Tal como compete aos tribunais moçambicanos averiguar a alegada corrupção no país. O importante é sabermos que muitas das decisões de que podem resultar a morte de milhares de pessoas e o sofrimento de milhões são tomadas com base em mentiras.

Por outro lado, será cada vez mais crucial fazermos o que chamo uma sociologia das ausências: o que não é divulgado quando aparentemente tudo é divulgado. Resulta muito estranho que Israel, um dos países que mais poderia temer as revelações devido às atrocidades que tem cometido contra o povo palestiniano, esteja tão ausente dos documentos confidenciais. Há a suspeita fundada de que foram eliminados por acordo entre Israel e Julian Assange. Isto significa que vamos precisar de uma wikileaks alternativa ainda mais transparente. Talvez já esteja em curso a sua criação.

Flashmob de protesto das mulheres pela paz contra os negócios entre Estados Unidos e Israel

Na acção realizada no Marriott Hotel, em Oakland, no passado dia 13 de Dezembro, foram detidas 7 activistas participantes da Flashmob de protesto e denúncia pela reunião do American Israel Public Affairs Committee naquele Hotel

Women for Peace




FlashMob contra a colaboração da Motorola com o Apartheid israelita



A acção foi realizada pelo St Louis Palestine Solidarity Committee (STL-PSC)

http://www.stl-psc.org

Flashmob na Ópera de Cape Town contra a sua deslocação a Israel e contra o apartheid israelita





Palestine,
and the living ain't easy
Apartheid, and the Wall is so high
Oh, the World stands by
and the US in funding
So it's time for us people
to shout out and cry
Cape town Opera say NO
It ain't necessarily so
Apartheid could end
If you comprehend
and not just go on with the show
Boycott Apartheid, Boycott Apartheid
It's time to tell Israel NO
Boycott Apartheid, Boycott Apartheid
It's time to tell Israel NO!

Protesto dos estudantes perante a visita de uma equipa do exército ao campus da Universidade de Michigan




University of Michigan Campus

No passado mês de Outubro uma equipa do exército norte-americano realizou uma visita ao campus da Universidade de Michigan a fim de justificar as atrocidades do exército israelita. Dezenas de estudantes manifestaram-se então em silêncio em memória das crianças e dos palestinianos mortos pela ofensiva israelita.

http://www.umich.edu/~umsafe
/

Hei, trabalhadores, aqui está em Stillaquamish River o género de poder necessário para derrubar o capitalismo






Granite Falls, Washington, no verão





http://cliffmass.blogspot.com/2010/12/videos-of-nw-rivers.html

A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza (texto de Mia Couto)



A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza.

Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados. Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.

Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos". Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas.

Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados. Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lança-los a eles próprios na cadeia. Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem (...)

MIA COUTO


Texto original de Mia Couto

Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro» dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele. A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos “ricos”. Aquilo que têm, não detêm. Pior, aquilo que exibem como seu é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas. Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados.

Necessitariam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por os lançar a eles próprios na cadeia. Necessitariam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem.

O maior sonho dos nossos novos-ricos é, afinal, muito pequenito: um carro de luxo, umas efémeras cintilâncias. Mas a luxuosa viatura não pode sonhar muito, sacudida pelos buracos das avenidas. O Mercedes e o BMW não podem fazer inteiro uso dos seus brilhos, ocupados que estão em se esquivar entre chapas muito convexos e estradas muito côncavas. A existência de estradas boas dependeria de outro tipo de riqueza Uma riqueza que servisse a cidade. E a riqueza dos nossos novos-ricos nasceu de um movimento contrário: do empobrecimento da cidade e da sociedade.

As casas de luxo dos nossos falsos ricos são menos para serem habitadas do que para serem vistas. Fizeram-se para os olhos de quem passa. Mas ao exibirem-se, assim, cheias de folhos e chibantices, acabam atraindo alheias cobiças. O fausto das residências chama grades, vedações electrificadas e guardas privados. Mas por mais guardas que tenham à porta, os nossos pobres-ricos não afastam o receio das invejas e dos feitiços que essas invejas convocam.

Coitados dos novos ricos. São como a cerveja tirada à pressão. São feitos num instante mas a maior parte é só espuma. O que resta de verdadeiro é mais o copo que o conteúdo. Podiam criar gado ou vegetais. Mas não. Em vez disso, os nossos endinheirados feitos sob pressão criam amantes. Mas as amantes (e/ou os amantes) têm um grave inconveniente: necessitam ser sustentados com dispendiosos mimos. O maior inconveniente é ainda a ausência de garantia do produto. A amante de um pode ser, amanhã, amante de outro. O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu sabe que pode ser traído.

Os nossos endinheirados-às-pressas não se sentem bem na sua própria pele. Sonham em ser americanos, sul-africanos. Aspiram ser outros, distantes da sua origem, da sua condição. E lá estão eles imitando os outros, assimilando os tiques dos verdadeiros ricos de lugares verdadeiramente ricos. Mas os nossos candidatos a homens de negócios não são capazes de resolver o mais simples dos dilemas: podem comprar aparências, mas não podem comprar o respeito e o afecto dos outros. Esses outros que os vêem passear-se nos mal-explicados luxos. Esses outros que reconhecem neles uma tradução de uma mentira. A nossa elite endinheirada não é uma elite: é uma falsificação, uma imitação apressada.

A luta de libertação nacional guiou-se por um princípio moral: não se pretendia substituir uma elite exploradora por outra, mesmo sendo de uma outra raça. Não se queria uma simples mudança de turno nos opressores. Estamos hoje no limiar de uma decisão: quem faremos jogar no combate pelo desenvolvimento? Serão estes que nos vão representar nesse relvado chamado “a luta pelo progresso”? Os nossos novos ricos (que nem sabem explicar a proveniência dos seus dinheiros) já se tomam a si mesmos como suplentes, ansiosos pelo seu turno na pilhagem do país.

São nacionais mas só na aparência. Porque estão prontos a serem moleques de outros, estrangeiros. Desde que lhes agitem com suficientes atractivos irão vendendo o pouco que nos resta. Alguns dos nossos endinheirados não se afastam muito dos miúdos que pedem para guardar carros. Os novos candidatos a poderosos pedem para ficar a guardar o país. A comunidade doadora pode irás compras ou almoçar à vontade que eles ficam a tomar conta da nação. Os nossos ricos dão uma imagem infantil de quem somos. Parecem criancas que entraram numa loja de rebuçados. Derretem-se perante o fascínio de uns bens de ostentação.

Servem-se do erário público como se fosse a sua panela pessoal. Envergonha-nos a sua arrogância, a sua falta de cultura, o seu desprezo pelo povo, a sua atitude elitista para com a pobreza. Como eu sonhava que Moçambique tivesse ricos de riqueza verdadeira e de proveniência limpa! Ricos que gostassem do seu povo e defendessem o seu país. Ricos que criassem riqueza. Que criassem emprego e desenvolvessem a economia. Que respeitassem as regras do jogo. Numa palavra, ricos que nos enriquecessem. Os índios norte-americanos que sobreviveram ao massacre da colonização operaram uma espécie de suicídio póstumo: entregaram-se à bebida até dissolverem a dignidade dos seus antepassados. No nosso caso, o dinheiro pode ser essa fatal bebida. Uma parte da nossa elite está pronta para realizar esse suicídio histórico. Que se matem sozinhos. Não nos arrastem a nós e ao país inteiro nesse afundamento.

18.12.10

Charcos com Vida - campanha para descobrir e valorizar charcos a fim de defender a biodiversidade

http://www.charcoscomvida.org/
http://campus.hesge.ch/epcn/ rede europeia

A Campanha “Charcos com Vida” pretende incentivar as entidades aderentes a descobrir, valorizar e investigar os charcos e a sua biodiversidade. Para tal, as entidades são convidadas a realizar um conjunto de actividades de exploração científica e pedagógica, que visam contribuir para o conhecimento da biodiversidade e importância destes habitats, bem como sensibilizar e mobilizar a comunidade escolar e local para a preservação dos charcos enquanto reservatórios de biodiversidade e laboratórios vivos.

Esta campanha é direccionada para todas as escolas nacionais do ensino básico e secundário, sendo aberta à participação de outras entidades, como associações, câmaras municipais, centros de educação ambiental e particulares. Consoante a existência de charcos nas redondezas ou a disponibilidade de terrenos próprios com condições apropriadas, as entidades aderentes poderão adoptar um charco natural em áreas próximas ou construir um nas suas instalações, segundo as instruções fornecidas.

As entidades aderentes comprometem-se a assegurar a manutenção dos charcos e a realizar actividades regulares de exploração pedagógica e de seguimento do charco, adaptadas aos diferentes anos lectivos, incluindo por exemplo:

• Localização e inventário de charcos da região;
• Identificação e monitorização da fauna e da flora associada ao charco;
• Observação da vida microscópica e seguimento de diferentes ciclos de vida;
• Avaliação da qualidade da água e experiências laboratoriais de carácter prático sobre o impacto de poluentes sobre a biodiversidade;
• Actividades e jogos pedagógicos para explorar de forma lúdica a biodiversidade destes habitats e a importância da sua conservação;
• Apresentação do charco e da sua biodiversidade à comunidade escolar e às populações locais.



O que é um charco?

Os charcos são massas de água parada ou de corrente muito reduzida, de carácter permanente ou temporário, de tamanho superior a uma poça (pequena massa de água efémera, que normalmente é possível atravessar com um só passo) e inferior a um lago (massa de água com mais de 1 hectare (ha.) de superfície e uma profundidade que permite a sua estratificação). A duração dos charcos pode ser muito variável consoante o clima e a geologia do local, mas para os objectivos deste projecto considera-se que deverão ter uma duração mínima de quatro meses.

Não existe uma definição universal sobre o termo charco, uma vez que em cada país, e mesmo dentro do mesmo país, as definições podem variar (por exemplo, no Reino Unido consideram-se como charcos massas de água até 2 ha.).

Os charcos diferenciam-se dos lagos e das lagoas pela sua baixa profundidade, penetração total da luz na água, possibilidade de ocorrência de plantas em toda a sua área e ausência de estratificação da temperatura da água e de formação de ondas.
Os lagos são massas de água de dimensões muito maiores e permanentes. Actualmente, não se formam lagos novos, dado que, os lagos existentes hoje em dia foram formados por fenómenos geológicos que ocorreram há muito tempo atrás.

Os charcos podem ser formados através de processos naturais, geológicos ou ecológicos, ou, mais vulgarmente, como resultado de actividades humanas, intencionais ou não. Estas depressões no terreno formam charcos quando conseguem reter uma quantidade suficiente de água da chuva ou proveniente de lençóis freáticos próximos da superfície.

Muitas plantas e animais evoluíram desde há milhões de anos no sentido de se adaptarem às condições de sobrevivência particulares dos charcos, sendo actualmente dependentes deste tipo de habitat para a sua sobrevivência.

Os charcos são ecossistemas frágeis e instáveis, uma vez que, devido às suas reduzidas dimensões e volume de água, pequenas alterações do meio ou do regime de chuvas podem originar grandes flutuações ou mudanças ecológicas.

Os charcos podem apresentar níveis de biodiversidade muito superiores quando comparados com grandes massas de água, como lagos e lagoas, podendo mesmo considerar-se hotspots de biodiversidade em termos locais.

Globalmente existem aproximadamente 300 milhões de massas de água de dimensões até 10 hectares, contra cerca de 5 milhões de lagos.

Charcos temporários mediterrânicos

Os Charcos Temporários Mediterrânicos são charcos de regiões quentes, nos quais existe uma alternância anual entre uma fase seca (nos meses mais áridos) e uma fase inundada (nos meses com maior pluviosidade).

As comunidades biológicas destes habitats desenvolveram estratégias adaptativas extremas à alternância entre períodos secos e alagados, tais como formas de resistência à seca ou a capacidade eficaz de migração para outros locais. Como resultado, as espécies presentes apresentam características únicas e são frequentemente raras ou exclusivas destes meios.

Por exemplo, a vegetação colonizadora de charcos temporários mediterrânicos tem uma composição florística muito particular, dominada principalmente por plantas anuais e herbáceas perenes que aparecem durante o Inverno e Primavera e que produzem um grande número de sementes que sobrevive aos períodos de seca. Muitas espécies de micro e macro-crustários produzem ovos de dormência com uma casca dura capaz de resistir no fundo do charco seco durante todo o Verão.

Devido à sua fragilidade, singularidade e riqueza ecológica, os charcos temporários mediterrânicos estão inscritos no Anexo I da Directiva Habitats como habitats prioritários em termos de conservação (habitat 3170), o que proíbe por lei a sua destruição e exige a designação de Zonas Especiais de Conservação (ZEC) para garantir a sua preservação. Apesar disso, a realidade mostra uma regressão generalizada destes habitats em toda a bacia mediterrânica.


Importância dos Charcos

O valor dos charcos é frequentemente desconhecido ou até depreciado pela população em geral, mas na verdade apresentam uma importância ecológica e funções ambientais muito relevantes.

Biodiversidade
Alguns estudos mostram que o conjunto de charcos do planeta alberga mais biodiversidade do que os rios e lagos, bem como um maior número de espécies raras e ameaçadas. Muitas plantas aquáticas e animais (como anfíbios e macro-invertebrados) estão totalmente dependentes destes habitats para sobreviver ou reproduzir-se. Ao nível microscópico, inúmeras espécies de zoo e fitoplâncton ocorrem exclusivamente em charcos. Estas massas de água proporcionam também alimento e refúgio para numerosas espécies terrestres.

Reserva de água doce
Os milhões de charcos com menos de 10 hectares do mundo inteiro representam 30% da superfície mundial de água doce, constituindo um excelente instrumento na gestão da água ao nível local.

Sumidouro de carbono
Os charcos recolhem e armazenam largas quantidades de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, ajudando a regular o clima. Estudos recentes sugerem que, devido ao seu alto número e produtividade primária, os charcos a nível mundial podem armazenar tanto carbono com os oceanos.

Produtividade primária
Os charcos apresentam uma elevada produtividade primária (quantidade de matéria orgânica produzida pelas algas e plantas a partir da energia solar), constituindo meios muito importantes de entrada e transferência de energia para os níveis tróficos superiores e os ecossistemas circundantes.

Serviços ambientais
Os charcos têm importantes funções ambientais, como a amenização do efeito de cheias, a manutenção da humidade do solo em períodos secos, a purificação da água e o abastecimento dos aquíferos subterrâneos. Além disso, têm um papel importante ao nível da produção de oxigénio (fotossíntese das algas e plantas aquáticas), do ciclo de nutrientes, e da formação do solo.

Agricultura
Nos sistemas agro-pecuários tradicionais, os charcos têm funções importantes como bebedouros para o gado e associados a sistemas de rega.

Controlo de pragas
Algumas espécies que ocorrem em charcos, como os anfíbios e libélulas, ajudam a controlar pragas agrícolas ou insectos vectores de doenças.

Valor paisagístico
Os charcos e lagoas têm um importante valor estético e paisagístico, criando espelhos de água, que constituem espaços de contemplação e constituem elementos imprescindíveis nos parques e jardins modernos.

Valor educativo
Os charcos são importantes recursos educativos e no contexto do eco-turismo, pois permitem a realização de numerosas actividades de carácter lúdico-científico, como a observação de aves, anfíbios e outros animais, etc.

Valor científico
Os charcos são locais de estudo de excelência para numerosas áreas da ciência, como a biologia, geologia e hidrologia. Além da biodiversidade dos charcos e sua ecologia, dos ciclos de nutrientes, etc., também os sedimentos dos charcos podem fornecer informações importantes sobre a história do meio ambiente (registo de pólen e reconstituição do clima dos últimos séculos ou até milénios, vestígios arqueológicos, etc.).



Ameaças

Degradação e destruição de charcos
A degradação e destruição física das zonas húmidas estão associadas a alterações do uso dos solos, devido à expansão de áreas urbanizadas, plantações florestais exóticas (eucaliptais), agricultura intensiva, barragens, vias de comunicação e outras infra-estruturas. O abandono da agricultura tradicional tem igualmente levado ao desaparecimento de inúmeros charcos e tanques associados a este modo de produção.

A drenagem de zonas húmidas para fins agrícolas ou florestais tem igualmente impactos significativos sobre a sua biodiversidade, podendo levar à perda ou degradação de charcos e terrenos alagados.

A perda física de charcos tem consequências graves para a biodiversidade. A redução do número de charcos na paisagem tem também como consequências a fragmentação e o aumento da distância entre as massas de água existentes, dificultando a capacidade de dispersão e de colonização dos organismos.

Poluição
Os charcos são particularmente vulneráveis aos vários tipos de poluição, devido ao baixo volume de água que conseguem armazenar, resultando numa reduzida capacidade para diluir os poluentes.

A principal fonte de poluição química destes habitats provém de agro-químicos utilizados na agricultura. Os adubos sintéticos, pesticidas e herbicidas chegam aos charcos por escorrência da água da chuva ou de rega, contaminando os solos, água superficial e aquíferos. O aumento da concentração de nutrientes, como fosfatos e nitratos, altera toda a dinâmica ecológica das massas de água, levando à sua eutrofização, resultando na proliferação de microalgas e redução da restante biodiversidade, incluindo plantas macrófitas, zooplâncton, macro-invertebrados e anfíbios. Os agro-químicos possuem também uma elevada toxicidade, podendo originar fenómenos de mortalidade massiva ou malformações em espécies mais sensíveis, nomeadamente de anfíbios.

A poluição orgânica causada por descargas de efluentes pecuários ou domésticos degradam a qualidade da água, levando a uma redução do oxigénio dissolvido e aumento da turbidez da água. A elevada concentração de microrganismos pode também representar um potencial risco para a saúde pública.

A deposição ilegal de resíduos sólidos e a colmatação dos charcos com lixo é outra ameaça frequente. A deposição de lixo em locais não autorizados, além de ser ilegal e sujeito ao pagamento de coima, provoca impactos sobre a biodiversidade, estética da paisagem e segurança.

Espécies exóticas
A introdução de animais e vegetais exóticos em charcos ou outras massas de água causa frequentemente impactos importantes na biodiversidade nativa (autóctone). Os impactos da introdução de qualquer espécie de peixe ou de animais exóticos, como o lagostim-vermelho-da-Louisiana, a tartaruga-da-Flórida e incluem a predação, a competição pelo alimento ou local de reprodução e a introdução de doenças. Algumas plantas exóticas invasivas, como o jacinto-de-água e a azola, ocupam toda a superfície de água, impedindo a entrada de luz e diminuindo a quantidade de oxigénio na água.

Práticas de gestão incorrectas
Algumas práticas de gestão incorrecta acarretam impactos importantes na biodiversidade das massas de água. Alguns dos erros mais comuns praticados nestas zonas húmidas incluem:
• A destruição da vegetação marginal e remoção de plantas aquáticas diminuem a biodiversidade vegetal e os locais de abrigo disponíveis para as espécies faunísticas que habitam nestes locais.
• A remoção de sedimentos através da dragagem com finalidade de limpar ou aprofundar o charco pode alterar a dinâmica do charco e a sua biodiversidade, destruir uma grande quantidade de organismos (plantas, sementes, invertebrados e suas formas de resistência, etc.) e promover a introdução de espécies exóticas.
• A introdução de espécies exóticas efectuada com fins estéticos ou para pesca é uma das piores ameaças para os charcos, devendo ser evitada a todo o custo.

Alterações climáticas
A alteração dos regimes de pluviosidade e o aumento da temperatura e dos períodos de seca podem levar a uma menor disponibilidade e duração da água (hidroperíodo) dos charcos. Tal facto apresenta consequências graves para a biodiversidade, levando nomeadamente à inviabilização da reprodução de diferentes espécies dos anfíbios e outros grupos. Além disso, a redução de profundidade de massas de água aumenta a exposição dos ovos e girinos dos anfíbios aos raios UV, podendo provocar mutações genéticas e deficiências do sistema imune, aumentando a sua mortalidade e vulnerabilidade a doenças.

17.12.10

Tolstoi - leituras e conversa a propósito do centenário da sua morte na livraria-bar Gato Vadio ( dia 18 de Dez. às 17h.)



Tolstoi – Leituras e conversa a propósito do Centenário da sua morte (1828 – 1910)

Sábado, 18 de Dezembro, 17h
Livraria-bar Gato Vadio
Rua do Rosário, 281
Assinala-se em 2010 o centenário da morte de Lev Tolstoi, escritor, ensaísta, pedagogo, cristão, pacifista russo e um dos mais reconhecidos anarquistas.

A Gato Vadio propõe uma tarde de leitura livre de textos de Tolstoi que suscitem uma troca de ideias sobre o escritor russo e o seu pensamento.

Colocaremos à disposição daqueles que queiram ler algumas passagens dos livros do autor, obras como Guerra e Paz, Anna Karenina, A morte de Ivan Ilitch, Ressurreição, Babine, o parvo. Quem quiser trazer de casa livros de Tolstoi ou outros escritos que contribuam para abordar o seu pensamento social e político, estão convidados a fazê-lo.

“Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo”. Lev Tolstói

Orquestra LGT mexe com o Bairro Lagarteiro no dia 18 de Dezembro. Apareçam

ORQUESTRA LGT - MEXE c/ o NATAL no Bairro do Lagarteiro (Porto)

Dia 18 de Dezembro, sábado, entre as 10.30h e as 11.30h juntem-se à Orquestra LGT_MEXE!!

Tragam tachos, testos, colheres de pau, bacias, garrafões, bidons ... e venham MEXER connosco!

Local: Bairro do Lagarteiro, no Porto
Encontro na Escola EB 1 do Lagarteiro pelas 10.30h.

LGT_MEXE é um projecto de arte comunitária e desenvolvimento social através da arte, desenvolvido no Bairro do Lagarteiro (Porto).
É uma parceria PELE e Iniciativa Bairros Críticos, do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), que tem como objectivo combater a estigmatização social deste Bairro e promover a inclusão social dos seus membros através de linguagens artísticas.

Abaixo-assinado pela redução dos preços da electricidade - Não mais incêndios e mortes por causa dos cortes de energia eléctrica

ABAIXO OS PREÇOS DA ELECRICIDADE!
NÃO MAIS INCÊNDIOS E MORTES POR CORTES NA ENERGIA ELECTRICA !

À Administração da EDP
À Câmara Municipal do Porto e à Junta da Área Metropolitana do Porto
Ao Governo Central


OS MORADORES ABAIXO ASSINADOS DA ZONA HISTÓRIA DO PORTO E DE OUTRAS ZONAS DA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO, CONSIDERANDO QUE:

1- Recentemente e desde há mais de dois anos, os incêndios que têm ocorrido em prédios degradados da Zona Histórica do Porto e noutras zonas , nomeadamente durante o Inverno, têm origem no facto de os habitantes desses prédios TEREM TIDO O FORNECIMENTO DE ENERGIA ELECTRICA CORTADO POR NÃO PODEREM PAGAR AS FACTURAS ,

2- Que esse facto, por sua vez , origina o uso generalizado de VELAS, CANDEEIROS A PETRÓLEO e BRAZEIROS para se iluminarem de noite e para se aquecerem – já que o gás é igualmente incomportável para os parcos recursos de que dispõem;

3- Que as últimas medidas de CORTES NOS APOIOS SOCIAIS aos sectores da população mais fragilizados (desempregad@s de longa duração, beneficiári@s do RSI, famílias com pessoas doentes a cargo, etc.) por parte do Governo, vieram agravar ainda mais esta situação, tendo cada vez mais moradores e famílias da Zona Histórica do Porto e de outros locais de prescindir de um bem essencial como a ELECTRICIDADE, recorrendo a outras formas mais primitivas de se alumiarem - velas ou fogareiros a madeira ou carvão;

4- Que a situação de antiguidade e semi-ruína de muitos dos prédios da Zona Histórica do Porto e de outras localidades , torna-se assim um perigo potencial para que hajam mais INCENDIOS e MORTES ;

5- Que é INADMISSÍVEL que em pleno século XXI os Gestores da EDP, com a complacência do GOVERNO CENTRAL e das AUTARQUIAS LOCAIS, a pretexto das novas fontes de energia renovável ( parques eólicos, parques de captação de energia solar, etc…) não só NÃO REDUZAM o preço da energia eléctrica ou criem tarifas especiais mais baixas para os sectores da população mais atingidos pela “crise”, como SE PREPAREM PARA AUMENTAR AINDA MAIS AS FACTURAS MENSAIS DO FORNECIMENTO DE ENERGIA ELECTRICA PARA O ANO DE 2011 ( conforme já foi alertado pela DECO);

6- Que os avultados lucros da EDP e os altos ordenados dos seus gestores e técnicos superiores, bem como os ordenados e mordomias de políticos profissionais do Estado central e autarcas das várias Câmaras municipais do Distrito do Porto justificariam bem, quer uma redução substancial dos preços de fornecimento de energia eléctrica aos sectores mais carenciados da população, quer o envolvimento decidido e empenhado de políticos e autarcas a favor de uma tal redução de preços;

EM CONSEQUÊNCIA, @S ABAIXO-ASSINAD@S , VÊM POR ESTE MEIO – ENTRE OUTROS QUE VENHAM A DELIBERAR SE ESTE NÃO BASTAR – EXIGIR:

1-CONGELAMENTO E ARQUIVAMENTO DE DÍVIDAS DE FACTURAS DE ELECTRICIDADE ÀS FAMÍLIAS E PESSOAS SINGULARES EM SITUAÇÃO DE EXTREMA CARÊNCIA ECONÓMICA E/OU DESEMPREGAD@S DE LONGA DURAÇÃO E UTENTES DO RSI , de PENSÕES DE REFORMA EQUIVALENTES AO ( OU MENORES QUE O ) SUBSÍDIO SOCIAL DE DESEMPREGO OU AUFERINDO DE UM SALÁRIO MÍNIMO POR FOCO FAMILIAR ;

2-CONGELAMENTO DOS PREÇOS DA ELECTRICIDADE E REDUÇÃO SUBSTANCIAL DAS VÁRIAS TAXAS A ELE INERENTES ( taxas de uso de aparelhos electrónicos cobrados muitas vezes a quem não os tem, etc…);

3-RESPOSTA PÚBLICA POSITIVA A ESTAS REIVINDICAÇÕES, ATRAVÉS DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL , ANTES DO FIM DO ANO DE 2010, TANTO POR PARTE DOS GESTORES DA EDP COMO POR PARTE DOS AUTARCAS DA CÃMARA MUNICIPAL DO PORTO, DA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO E DO GOVERNO CENTRAL

Porto,___de Dezembro de 2010

MOVIMENTO POPULAR “ABAIXO OS PREÇOS DA LUZ!” -

UNID@S E AUTO-ORGANIZAD@S NÓS DAMOS-LHES A “ CRISE” !


ASSINATURA--------------NOME LEGÍVEL-------------------Nºde CC ou BI




Pede-se a máxima difusão deste abaixo-assinado, e solicita-se que nos façam chegar à sede da Associação Terra Viva, sito na Rua dos Caldeireiros, 213 -4050 141 PORTO, ATÉ AO DIA 28 de Dezembro, os abaixo assinados devidamente preenchidos, em PAPEL (e apenas nos espaços com linhas, a seguir ao texto, e com os nºs de BI ou CC correspondentes a cada assinatura.

http://terraviva.weblog.com.pt/

15.12.10

Apelo para uma Tempestade de Papel ( Operation Paperstorm) no dia 18 de Dez. em protesto contra a perseguição a Wikileaks


Apelo para uma tempestade de papel ( Operation Paperstorm) no dia 18 de Dez. em protesto contra a perseguição a Wikileaks

Foi lançado a nível mundial um apelo para uma operação de protesto sob a designação de OPeration Paperstorm ( Tempestade de Papel) para o próximo dia 18 de Dezembro como forma de protesto contra a perseguição que o governo dos Estados Unidos da América está a mover à organização Wikileaks que tem difundido informação sobre as comunicações entre as embaixadas norte-americanas e os procedimento ilegais do governo norte-americano.

Apela-se para que no dia 18 de Dezembro sejam afixados e postos a circular milhares de papéis por todas as cidades do mundo em defesa da Wikileaks e da liberdade. Alguns dos flyers encontram-se e podem ser descarregados
AQUI





It’s time to hit them in their own world.
Spread the information to everyone in all places.
They can no longer stand or lie to us.
Run, run and run, spread it in your city, town or street!
And together, we shall give them a Christmas that shall never, ever be forgot.

Step1: Print a logo, manifest or whatever you want to be visible and striking.
Step2: Use the darkness, you are invisible.
Step3: Race through the streets and distributes your message.
Step4: Forget previous steps (just ideas).
Step5: IMPROV!

We are anonymous.
We are legion.
We do nor forgive.
We do not forget.
Expect us.






Dear citizens of the internet,

This saturday - the 18th of december - ANONYMOUS invites you to come out and play!

Take up your personal responsibility!

Organize flash-mobs, gatherings, sit-ins, peaceful protests - and any other event you could possibly imagine!

Show the world some loving and be ANONYMOUS!

ANONYMOUS does not exist!

You are ANONYMOUS!


http://www.operationprotest.com/
http://anonnews.org/


Para que todo o mundo acorde, e abra os olhos às patifarias dos poderosos




Para que todo o mundo acorde, e abra os olhos às patifarias dos poderosos!

Para que todos saibam quem são
...os responsáveis pelas guerras (o complexo militar-industrial),
...das crises financeiras ( os banqueiros, especuladores e os jogadores-investidores da economia-casino global)
... e da corrupção do governo e do Estado ( os políticos carreiristas e seus acólitos)

III Festival de Cultura Tradicional das Terras de Miranda de 28 a 30 de Dezembro em Miranda do Douro


Decorrerá de 28 a 30 de Dezembro, o "GEADA 2010 - III Festival de Cultura Tradicional das Terras de Miranda", uma organização dos Pauliteiros da Cidade de Miranda do Douro e da Associação Recreativa da Juventude Mirandesa.

Nesta 3ª edição, prometemos guiar os visitantes numa pequena viagem pelas tradições de inverno do planalto mirandês, ao som de alguns dos melhores grupos de música tradicional do nosso país. Galandum Galundaina, Sebastião Antunes, Karrossel, Ogham, Uxukalhus, e Roncos do Diabo são os destaques do GEADA 2010.

Em Paralelo decorrerão diversas actividades como: a "Mirarte - III Exposição Artística da Juventude Mirandesa, arruadas, uma volta pelas adegas típicas, palestras, oficinas de danças tradicionais, oficinas de pauliteiros, oficinas de escrita e oralidade de língua mirandesa.

Programa:

Dia 28 – VOLTA às ADEGAS

14h00 – Arruada

16h00 – Inauguração da “MIRARTE – Exposição Artística da Juventude Mirandesa”

22h00 – VOLTA às ADEGAS

00h00 – Gaitas à Solta




Dia 29

14h00 - Arruada


15h00 - Língua Mirandesa: oficina de escrita e de oralidade, com Alfredo Cameirão
17h00 – Oficina de Danças Mirandesas, Susana Ruano

18h00 – Oficina de Danças Europeias, Diana Azevedo

22h00- Baile Tradicional


Las Çarandas

SEBASTIÃO ANTUNES


KARROSSEL

GALANDUM GALUNDAINA

LSD


Dia 30

14h00 - Arruada


15h00 - Perspectivas actuais e futuras da música mirandesa, com Mário Correia
16h00 – Da língua à música tradicional Mirandesa, com Domingos Raposo

17h00 – Oficina de Pauliteiros

22h00 - Baile Tradicional

Coro Infantil de Miranda do Douro

OGHAM

UXU KALHUS

RONCOS DO DIABO


Animação Permante: IPUM, Pauliteiros da Cidade de Miranda do Douro e Mirandanças

Mais informações:
http://festivalgeada.blogspot.com

Contacto:
festivalgeada@gmail.com
915088034 - Fernando Silva


GEADA 2010
VAMOS DERRETER O GELO!
BAMOS DERRETIR L CARAMBELO!

Pauliteiros da Cidade de Miranda do Douro
Rua da Terronha, nº4
5210 - 198 Miranda do Douro
Telemóvel - (+351) 938537399 / 938680425
E-mail: Pauliteiros@gmail.com
Blogue:
http://agarramestespalos.blogspot.com

13.12.10

Resistência à agressão publicitária - Guerrilha não-violenta contra os novos painéis-espiões de publicidade




RESISTÊNCIA À AGRESSÃO PUBLICITÁRIA

Guerrilha não-violenta contra os nos painéis-espiões de publicidade

Em Paris vários activistas realizaram uma acção de denúncia contra os novos painéis-espiões publicitários instalados no Metro da cidade e que contêm uma tecnologia-vídeo que consegue analisar as reacções e os comportamentos dos indivíduos que passam por perto.
Trata-se de uma tecnologia capaz de determinar o sexo, a idade e de seguir o olhar do transeunte. Esta nova tecnologia está ainda preparada para enviar mensagens publicitárias para os nossos telemóveis e pode constituir um eventual perigo para a saúde.
Os activistas cobriram 118 painéis em toda a rede de metropolitano.

http://www.danger-ecranpub.tk/

http://www.antipub.org/


Um dos autocolantes que foram colados na accção realizada:


Este painel-espião de publicidade


que tem por missão condicionar-vos nas vossas decisões


custa 20.000 euros


O que é a publicidade?

A publicidade é aquele discurso ideológico que leva a não se ver as realidades da vida, os valores da vida, as dimensões do ser, e os próprios seres, senão como mercadorias que são produzidas para serem vendidas (François Brune)





Lançamento do audio-livro Bacocos e Bicharocos de Thomas Bakk no dia 15 de Dezembro às 21h.



Lançamento do audio-livro «Bacocos e Bicharocos» de Thomas Bakk no dia 15 de Dezembro às 21h na livraria Salta Folhinhas, na Rua António Patrício, 50

AMIGOS SÃO AQUELES POUCOS,
QUE ESCOLHEMOS OS MAIS LOUCOS.
E SÃO ELES QUE EU CONVIDO
...PRÓS "BACOCOS E BICHAROCOS".

(Thomas Bakk)

Debate sobre a Wikileaks e o Império na livraria-bar Gato Vadio no dia 16 de Dez. às 22h.


Wikileaks, o Império, a seita e o liberalismo
Debate
Rui Pereira (jornalista e professor universitário)
Manuel António Pina (Escritor e cronista)
HacklaViva (Grupo activista)


Quinta-feira, dia 16 de Dezembro, 22h
Entrada Livre
Gato Vadio
Rua do Rosário 281
http://gatovadiolivraria.blogspot.com/



Wikileaks, o Império, a seita e o liberalismo
Notas breves e de partida para uma discussão


Nas últimas semanas, a Wikileaks e Julian Assange ficaram com a cabeça a prémio por meio de um consórcio oligárquico e global que viu cair na praça pública mais um pedaço da máscara da mentira, do ódio e do terror que constitui o seu fito e o seu modo operandi.

Como alguém já afirmou, o segredo é a alma do negócio do poder Estatal e dos consórcios supra-estatais que o controlam e lhe gizam a estratégia. É paradoxal que o liberalismo ideológico, que enforma a legitimação e o marketing das oligarquias financeiras e governativas, se tenha implantado um dia como o primado do que é e deve ser público e democrático contra aquilo que é segredo e anti-democrático, a seita.

Ao fim ao cabo, o que o evento Wikileaks revela não é a monstruosidade da lógica das milícias económicas e militares que controlam os Estados – essa monstruosidade já lá estava e todos a conheciam. A novidade é que deixamos – um nadinha mais… – de ter razões para fingir que ignorávamos essa monstruosidade. A novidade é que perdemos um pouco mais a nossa legitimidade liberal de assobiar para o lado enquanto uma elite destrói o mundo e a vida humana. Mais do que tirar as sobejamente visíveis máscaras das oligarquias do poder, máscaras cadavéricas e decrépitas, é incomensuravelmente mais decisivo para construir outra ideia de sociedade, que se retire os argumentos àqueles que ainda encobrem a realidade que fingem ignorar.

Provam-no também o facto de que nenhum governante ou secretário do poder visado pelas revelações tenha negado (tenha sequer sentido a necessidade de negar), as suas práticas acima da lei, a sua lógica destrutiva e criminosa (exige a precisão que se mencione a excepção, muitas revelações e implicados depois, do presidente de Moçambique que negou as sua implicações com o narcotráfico reveladas pelos ficheiros da Wikileaks divulgados pela Imprensa). O que preocupa o poder não é o mal, mas a transparência do mal. O que o preocupa é que se desvenda o segredo como alicerce do seu despotismo e da sua hegemonia; o que o preocupa é que se esboroe a sua política de marketing e de controlo do imaginário. Aquilo que o preocupa é que se quebre a magia da sua seita.

Assim, outra face da moeda, correm os secretários do poder não a refutarem o seu fascismo, mas a retocar a cosmética operativa: a política de segredo é um estatuto acima da lei a que o poder recorre para salvaguardar a segurança dos cidadãos e defender o primado da lei… política de segredo posta especialmente em prática, para se violar a lei e a segurança dos cidadãos.

E o teatro é isto: censure-se, condene-se, persiga-se, criminalize-se, a divulgação de documentos que a oligarquia do poder forjou, ao mesmo tempo que se silenciem os crimes, as ilegalidades, as violações constitucionais, que a oligarquia do poder forjou nesses documentos.

E desse teatro resulta a profundidade e a qualidade da democracia em que vivemos: é condição da sua sobrevivência a mentira, a falsificação, o espectáculo permanente.

E este tipo de teatro só foi possível com a hegemonia, da esquerda à direita, do liberalismo ideológico.


Liberalismo e hegemonia da seita


A experiência do liberalismo, tal como o socialismo-de-Estado nos regimes de Leste, é incompatível com a ideia de sociedade, se entendermos sociedade por aquilo que é construído em colectivo.

O liberalismo – dogma quase perfeito e bem mais perigoso para a criação da democracia (falamos, claro, da participativa, directa e colectiva, autónoma, crítica, horizontal) do que a própria ideia base do capitalismo, transformar em lucro a exploração de recursos, humanos e naturais – é aquilo que fez crer a milhões de mulheres e homens que o foro de toda a sua vida pública acaba na sua vida privada. Que todo a sua esfera de influencia e poder relacional acaba na sua “vida privada”.

É aquele patético slogan copo-de-leite: a minha liberdade acaba onde começa a liberdade do outro. Como se a “liberdade-privada” de um recibo-verde num call-center só por estar lá não representasse um poder relacional com o outro, com o espaço público. Como se inextrincavelmente, ao estar lá, não estivesse condenado a reproduzir a lógica da humilhação, da opressão, do individualismo, do salve-se quem puder. Ou seja, condenado a intervir na vida pública. A incrementar uma relação humana com o outro. O/a recibo-verde do call-center é o império. A eficiência e a mentira do império. Produzem e vulgarizam a verdade, a subjectividade do império. E esse poder de socialização do império é o que mais abunda, é a sofisticação, é a invisibilidade pela saturação. E nenhuma solidariedade e transmutação dos valores podem começar sem o reconhecermos. Sem reconhecermos, na sociedade Ocidental da abundância, o esbanjamento humano e espiritual de uma geração a quem nunca faltou o pão e a roupa lavada. Geração, que não só desperdiçou a sua ficção humana, a sua potência para a autonomia, a sua liberdade colectiva, a sua cultura contra a submissão, como está a um passo de viver o espectro de perder o pão. (O pão falsificado, entenda-se).

O ser humano é por excelência a espécie condenada a ser-social, a ser-sociedade (sem dúvida, uma das mais inábeis para viver sem sociedade) – nenhuma definição do humano pode definir-se sem o social. O liberalismo aniquila o ser humano com a instituição do indivíduo – e o indivíduo é aquele a quem se tolera que pense, escreva, fale sobre a vida pública desde que a sua acção seja inconsequente. Pior do que tolerar o seu pensamento, o liberalismo vigia-lhe a sua ficção (os limites e a forma dessa ficção) sobre o que é e pode ser o pensar, o escrever, o falar. Factos são factos, a maioria daqueles que pensam, escrevem, falam, não acreditam na consequência daquilo que pensam – consequência na sociedade e na sua própria vida.

A falácia do liberalismo é um dos cristos a cair do pedestal para quem deseja construir outra sociedade, outro mundo de relações.


Hackers

Um grupo de activistas chamado Anonymous levou a cabo algumas acções de sabotagem contra sites e blogues oficiais de entidades que cancelaram os seus serviços com a Wikileaks ou com Jualian Assange. Os hackers argumentaram que as acções contra a Wikileaks são um precedente perigoso para a liberdade de expressão na Web.
Desta feita, a página de um banco suíço, o site da empresa de cartões de crédito MasterCard, ou o blogue da Paypal, foram eficazmente afectados pelo grupo de activistas.
A questão que se deve colocar não é, por que é que eles atacaram, mas por que é que eles não atacam?

Os liberais não têm o que temer: “estes” hackers não querem libertar aquilo que foi privatizado pela lei, limitam-se a tentar impedir que a linha de destruição de tudo o que era social, colectivo, público, não avance mais um milímetro. Neste sentido, estes ataques são uma manifestação política clássica – entra no jogo do simbólico, da troca, do contra-poder –, e se num primeiro olhar nos espantam, vemos que nada ali existe de “organizadamente” abalador do liberalismo. O que deveras é novo é a eficácia política destes ataques, onde por todo o lado as respostas contra o poder das oligarquias e o terror do Estado são neutralizadas, controladas e ridicularizadas.

A prova de que estes ataques foram eficazes, traduz uma realidade: poderiam constituir-se como um contra-poder (passando por cima do facto de que um contra-poder reconhece a legitimidade de um poder e gira à volta dele). Mas quanto mais pontuais, marcados pela agenda, forem os ataques dos hackers, mais políticos eles se tornam…



Media de Massa


Vemos à saciedade não apenas o que alguns opinion-fakers fariam se ocupassem as cadeiras do poder moribundo, mas também o que podem fazer com a informação quando a submetem ao mesmo princípio de segredo informativo em nome da Segurança Mediática. A Segurança Mediática pressupõe sempre pensar com o sistema que o legitima e controla, o que equivale, no essencial, a deixar de pensar além do círculo do sistema, do poder das oligarquias que controlam o Estado, da Agenda, dos limites que a política pobre do staus quo aceita como politicamente correcto ou politicamente incorrecto (o politicamente incorrecto já faz parte do espectáculo).

Já não se trata de vigiar tudo o que deve cair na esfera de controlo político-estatal do Estado-Guerra, trata-se de normalizar essa vigilância, de tornar admissível o abate da Wikileaks, como se tornou admissível o abate de um/uma afegã ou de um/uma iraquiana.

(Quem depois disto quiser tapar a sombra com o preservativo que se rompeu que tenha a coragem de defender o coito interrompido como ideia crítica face ao mundo do império).

12.12.10

Carta-Manifesto dos Anonymous, os activistas que têm atacado os sites inimigos do Wikileaks




Carta-Manifesto dos Anonymous, os activistas que têm atacado os sites inimigos do Wikileaks

We are fighters for internet freedom.




As elites políticas procuram por todos os meios calar o mensageiro quando este expõe os golpes sujos dos Estados

As elites políticas dos Estados manipulam, mentem e intoxicam a opinião pública, mas quando os seus golpes sujos são revelados e expostos tentam por todos os meios calar o mensageiro.

Leitura imperdível do artigo de John Naughton no jornal inglês The Guardian


Live with the WikiLeakable world or shut down the net. It's your choice

Western political elites obfuscate, lie and bluster – and when the veil of secrecy is lifted, they try to kill the messenger

Never waste a good crisis" used to be the catchphrase of the Obama team in the runup to the presidential election. In that spirit, let us see what we can learn from official reactions to the WikiLeaks revelations.

The most obvious lesson is that it represents the first really sustained confrontation between the established order and the culture of the internet. There have been skirmishes before, but this is the real thing.

And as the backlash unfolds – first with deniable attacks on internet service providers hosting WikiLeaks, later with companies like Amazon and eBay and PayPal suddenly "discovering" that their terms and conditions preclude them from offering services to WikiLeaks, and then with the US government attempting to intimidate Columbia students posting updates about WikiLeaks on Facebook – the intolerance of the old order is emerging from the rosy mist in which it has hitherto been obscured. The response has been vicious, co-ordinated and potentially comprehensive, and it contains hard lessons for everyone who cares about democracy and about the future of the net.

There is a delicious irony in the fact that it is now the so-called liberal democracies that are clamouring to shut WikiLeaks down.

Consider, for instance, how the views of the US administration have changed in just a year. On 21 January, secretary of state Hillary Clinton made a landmark speech about internet freedom, in Washington DC, which many people welcomed and most interpreted as a rebuke to China for its alleged cyberattack on Google. "Information has never been so free," declared Clinton. "Even in authoritarian countries, information networks are helping people discover new facts and making governments more accountable."

She went on to relate how, during his visit to China in November 2009, Barack Obama had "defended the right of people to freely access information, and said that the more freely information flows the stronger societies become. He spoke about how access to information helps citizens to hold their governments accountable, generates new ideas, and encourages creativity." Given what we now know, that Clinton speech reads like a satirical masterpiece.

One thing that might explain the official hysteria about the revelations is the way they expose how political elites in western democracies have been deceiving their electorates.

The leaks make it abundantly clear not just that the US-Anglo-European adventure in Afghanistan is doomed but, more important, that the American, British and other Nato governments privately admit that too.

The problem is that they cannot face their electorates – who also happen to be the taxpayers funding this folly – and tell them this. The leaked dispatches from the US ambassador to Afghanistan provide vivid confirmation that the Karzai regime is as corrupt and incompetent as the South Vietnamese regime in Saigon was when the US was propping it up in the 1970s. And they also make it clear that the US is as much a captive of that regime as it was in Vietnam.

The WikiLeaks revelations expose the extent to which the US and its allies see no real prospect of turning Afghanistan into a viable state, let alone a functioning democracy. They show that there is no light at the end of this tunnel. But the political establishments in Washington, London and Brussels cannot bring themselves to admit this.

Afghanistan is, in that sense, a quagmire in the same way that Vietnam was. The only differences are that the war is now being fought by non-conscripted troops and we are not carpet-bombing civilians.

The attack of WikiLeaks also ought to be a wake-up call for anyone who has rosy fantasies about whose side cloud computing providers are on. These are firms like Google, Flickr, Facebook, Myspace and Amazon which host your blog or store your data on their servers somewhere on the internet, or which enable you to rent "virtual" computers – again located somewhere on the net. The terms and conditions under which they provide both "free" and paid-for services will always give them grounds for dropping your content if they deem it in their interests to do so. The moral is that you should not put your faith in cloud computing – one day it will rain on your parade.

Look at the case of Amazon, which dropped WikiLeaks from its Elastic Compute Cloud the moment the going got rough. It seems that Joe Lieberman, a US senator who suffers from a terminal case of hubris, harassed the company over the matter. Later Lieberman declared grandly that he would be "asking Amazon about the extent of its relationship with WikiLeaks and what it and other web service providers will do in the future to ensure that their services are not used to distribute stolen, classified information". This led the New Yorker's Amy Davidson to ask whether "Lieberman feels that he, or any senator, can call in the company running the New Yorker's printing presses when we are preparing a story that includes leaked classified material, and tell it to stop us".

What WikiLeaks is really exposing is the extent to which the western democratic system has been hollowed out. In the last decade its political elites have been shown to be incompetent (Ireland, the US and UK in not regulating banks); corrupt (all governments in relation to the arms trade); or recklessly militaristic (the US and UK in Iraq). And yet nowhere have they been called to account in any effective way. Instead they have obfuscated, lied or blustered their way through. And when, finally, the veil of secrecy is lifted, their reflex reaction is to kill the messenger.

As Simon Jenkins put it recently in the Guardian, "Disclosure is messy and tests moral and legal boundaries. It is often irresponsible and usually embarrassing. But it is all that is left when regulation does nothing, politicians are cowed, lawyers fall silent and audit is polluted. Accountability can only default to disclosure." What we are hearing from the enraged officialdom of our democracies is mostly the petulant screaming of emperors whose clothes have been shredded by the net.

Which brings us back to the larger significance of this controversy. The political elites of western democracies have discovered that the internet can be a thorn not just in the side of authoritarian regimes, but in their sides too. It has been comical watching them and their agencies stomp about the net like maddened, half-blind giants trying to whack a mole. It has been deeply worrying to watch terrified internet companies – with the exception of Twitter, so far – bending to their will.

But politicians now face an agonising dilemma. The old, mole-whacking approach won't work. WikiLeaks does not depend only on web technology. Thousands of copies of those secret cables – and probably of much else besides – are out there, distributed by peer-to-peer technologies like BitTorrent. Our rulers have a choice to make: either they learn to live in a WikiLeakable world, with all that implies in terms of their future behaviour; or they shut down the internet. Over to them.