8.7.08

Encontro Inflexível sob o lema “Não há acordo para a precariedade (13 de Julho às 14h. no teatro da Comuna, à Praça de Espanha, em Lisboa)


@s Precári@s INflexíveis organizam um encontro que celebra a luta contra a precariedade feita pel@s precári@s e sem a presença do mordomo Sócrates.

Vamos falar e debater sobre o que é afinal a precariedade, quais as diferenças das experiências da divisão em que o precariado se encontra e como nos juntamos no sentido de ganhar mais músculo para enfrentar os "consensos" e as "concertações" da nossa precariedade.

Haverá debates, performances, música, uns comes e uns bebes precários... e o aguardado lançamento do Livro da Selva



Programa do Encontro inflexível:

14h [Debate/Conversa] A Precariedade não vem no Dicionário
Que precariedade é esta que alguns querem tirar do léxico? Queremos falar de estágios, de bolsas, dos contratos a prazo, dos recibos verdes. Mas também da economia, dos direitos (velhos e novos), do desemprego, d@s imigrantes, d@s estudantes e de todos os fios desta meada.


16h30 [Performance] Como se preenche um recibo verde?
O grupo FERVE ajuda-nos a preencher o papelinho verde. Não, não é para prestar nenhum falso serviço. É para ver as linhas com que se cose a exploração.


17h30 [Conversa/Debate] Querem-nos isolados? Como nos organizamos?
Queremos falar das novas organizações de precári@s e de experiências que conhecemos e outras que temos que inventar. Uma conversa para passar à acção.


19h00 Lançamento do Livro da Selva vs Branqueador
Lançamento do "Livro da Selva", no pós-"Livro-Branco"-governamental... Talvez escrito de outra forma, para uma outra leitura. Lançamento simultâneo do "Livro Branqueador", porque alguns lugares comuns querem lavar mais branco a selva da precariedade.

Projecção do filme «Brad, uma noite mais nas barricadas» no espaço Musas (12/7 às 21h30, antecedido por conversa) e em Almada(no CCL, 15/7 às 18)


Projecção do filme ”Brad, Uma Noite Mais Nas Barricadas” com a presença do seu autor

Local: Espaço Musas – Rua do Bonjardim, 998 - Porto
Sábado 12 de Julho; ás 21h30


Mas antes há:
17:30 Conversa e informações sobre movimentos sociais
20:00 Jantar



Rebelião popular em Oaxaca, México, 2006: quando os paramilitares dão um tiro de fuzil no peito de Brad Will, a câmara cai, mas continua gravando.
Essa câmara passa de mão em mão, contando a história de Brad. E um pouco desse movimento de movimentos conhecido como antiglobalização. Das ocupações urbanas em Nova York, a um piquete ecologista no Oregon, à batalha de Seattle, Praga, Quebec, Gênova, Quito, Oaxaca…
Por trás da câmara estão os amigos de Brad que, como ele, se dedicam a mostrar o que não aparece na TV.




«Uma morte mais
Um mártir mais
Numa Guerra suja
Um momento mais
Pra chorar e sofrer
Uma oportunidade mais
Pra conhecer o poder e a sua feia cabeça
Uma bala mais
Estraçalha a noite
Uma noite mais
Nas barricadas »
(Brad Will, em 16/10/2006, onze dias antes de morrer,
falando da morte de um companheiro)



http://musas.pegada.net/






Dia 15 de Julho (terça-feira) – 20 horas n
o Centro de Cultura Libertária em Almada-Cacilhas

«BRAD: uma noite mais nas barricadas»
Visionamento de documentário sobre o activista do Indymedia assassinado por paramilitares durante a revolta popular de Oaxaca, seguido de conversa com o seu autor.

Já começou o Festival de Teatro Clássico de Mérida deste ano






‘Las Troyanas’ abriu a 3 de julho passado a programação teatral da 54ª edição do Festival de Teatro Clássico de Mérida, que se prolonga desde o início de Julho até ao final do mês de Agosto.





PROGRAMA

TEATRO ROMANO
21 de junio
23 h
Gala de inauguración
Orquesta y Coros de RTVE
Nuria Espert
Andreu Buenafuente y sus colaboradores habituales

TEATRO ROMANO
Esencia grecolatina
Del 3 al 6, del 8 al 10, 12 y 13 de julio
23 h
Troyanas, de Eurípides
Gloria Muñoz, Clara Sanchís, Ana Icobalzeta, Mia Esteve, Ricardo Moya y Coro de 15 actores.
Dirección: Mario Gas
Producción: Cáceres 2016, Teatro Español y Festival de Mérida


23, 24, 25, 26, 27, 30 y 31 de julio y 1, 2 y 3 de agosto
23 h
Miles Gloriosus, de Plauto
José Sancho, Pepe Viyuela, Carlos Santos, Cesáreo Estébanez, Ana Trinidad
Dirección: Juan José Afonso
Producción: Festival de Mérida y Marquite S.L.

Del 14 al 17 y del 19 al 24 de agosto
23 h
Edipo rey, de Sófocles
Ernesto Alterio, Carme Elias, Paco Lahoz , Francisco Olmo, Txema Blasco, Manolo Caro y Javier Navares
Con la colaboración especial de Juan Luis Galiardo
Coro de 15 actores y cantantes.
Concepción y dirección: Jorge Lavelli
Producción: Centro de Producción del Festival de Mérida

30 de agosto
23 h
Gala de clausura
Entrega de premios de la 54 edición
Enrique y Estrella Morente



ANFITEATRO ROMANO
Otra mirada

17, 18 y 19 de julio
23 h
Áyax, de Sófocles
Attis Theatre (Grecia)
Dirección: Theodoros Terzopoulos
Producción: Attis Theatre con la colaboración de los Ministerios de Cultura de Grecia y China
Estreno en Europa
Idioma: griego, con síntesis explicativas en castellano.


Del 6 al 10 de agosto
23 h
Timón de Atenas, de William Shakespeare
José Pedro Carrión, Esteban G. Ballesteros, Francisco Blanco, Fermín Núñez, Camilo Maqueda, Fernando Ramos, Cándido Gómez, Jose Recio, Juan Polanco, Juan Carlos Castillejos. Coro y músicos
Dirección: Joaquim Benite
Producción: Centro de Producción del Festival de Mérida
Estreno absoluto


26, de agosto
22,30 h
Electra, de Sófocles y Eurípides
Teatrul National Radu Stanca de Sibiu (Rumanía)
Dirección: Mihai Maniutiu
Con el patrocinio del Instituto Cultural Rumano de Madrid
Estreno en España
Idioma: rumano, con sobretítulos en castellano.


27 de agosto
DOBLE PROGRAMACIÓN
22,30 h
Electra, de Sófocles y Eurípides
Teatrul National Radu Stanca de Sibiu (Rumanía)
Dirección: Mihai Maniutiu


01,00 h
Le Troiane, de Eurípides
Compagnia Teatrale Europea promossa dal NTFI
Dirección: Annalisa Bianco y Virginio Liberti
Producción: Napoli Teatro Festival Italia
Estreno en España
Idiomas: castellano, italiano, portugués y francés.

28 de agosto
DOBLE PROGRAMACIÓN
22,30 h
Electra, de Sófocles y Eurípides
Teatrul National Radu Stanca de Sibiu (Rumanía)
Dirección: Mihai Maniutiu
Idioma: rumano, con sobretítulos en castellano.

01,00 h
Le Troiane, de Eurípides
Compagnia teatrale europea
Dirección: Annalisa Bianco y Virginio Liberti
Idiomas: castellano, italiano, portugués y francés.

ACTIVIDADES PARALELAS
Producción: Centro de Producción del Festival de Mérida
FORO ROMANO

14, 15, 21, 22, 28 y 29 de julio,
4, 5, 11 y 12 de agosto
22,30 h
Prometeo, de Esquilo
Espectáculo infantil
Dirección: Charo Feria


JARDÍN DEL TEATRO ROMANO

11, 12, 25 y 26 de julio
y 8, 9, 22 y 23 de agosto
01,30 h
Vidas paralelas, de Plutarco
Compañía Apretacocretas: Francis Quirós
y Johnny Delight
Café – teatro – grecolatino
Dirección: Jesús Manchón


PASACALLES DESDE EL FORO ROMANO AL TEATRO ROMANO

21 de junio, 3 y 23 de julio
y 6, 15 y 30 de agosto
21 h
Procesiones Augustas
30 intérpretes.
Actores, zancudos, malabaristas, músicos
Dirección: Samarkanda Teatro

A poesia de Henri Michaux no bar-livraria Gato Vadio (dia 12 de Julho, às 23h30)

"Escrevo para me percorrer", Henri Michaux

“Há doenças que, quando curadas, deixam o homem sem mais nada”.Henri Michaux(1899-1984)
Tinha mais do que cinco sentidos, disse-o num dos seus poemas. “O da falta”, era um deles. Ou “seria antes uma grande floresta, daquelas que já não existem na Europa há muito tempo”?
Percorreu os territórios sensoriais e geográficos contra os incêndios que deflagram nas “florestas” mais íntimas e oclusas do ser.
Foi queimador de ópio na Ásia; foi “queimador” de charque e ayohasca na Amazónia; da morfina parisiense ou da mescalina no Cairo (experiências de pouca monta), mais do que tudo, foi um queimador de paisagens interiores. Fogos vitais a que supra-viveu; outros, nocivos e pouco fátuos, levaram-lhe partes da vida (Marie Louise Ferdière, sua mulher, Alfredo Gangotena, poeta-companheiro de viagem, Susana Soca, amiga íntima, todos morreram queimados).
Vida poética também inspirada pelo vazio (Michaux dixit), pela força furibunda do vazio. Vazio e fogo, o rastilho existencial deste homem de coração débil, “pequeno buraco no peito” do qual sobrava sempre a lavra da poesia (da sua poética), medonhamente inextinguível.
Ferida aberta que devora, tritura, aniquila aniquila, tritura, devora. É impossível a fixação dos seus textos: fugidios, escapáveis, metamorfoses furtivas, degenerativos, “meidosens”… Michaux foi sensacionista pessoano sem fronteiras e limites de heteronímia. “Tão-pouco quero reproduzir seja o que for do que já está no mundo”.
Assim jogou tudo – vida-morte, lucidez-loucura – com a sua própria pele; ajustou contas consigo e com o mundo através das suas artérias. “Escrevo para me percorrer. Pintar, compor, escrever: percorrer-me. Reside nisto a aventura de estar vivo”.


Poesia – Henri Michaux
Sábado, 12 de Julho – 23h30


Gato Vadio, rua do Rosário 281 Porto

Activistas denunciam as corridas de touros nas festas de San Fermin em Pamplona



Activistas da Peta não desistem em denunciar os maus tratos infligidos aos touros. Este ano, mais uma vez, pouco antes de começarem as famosas festas de San Fermin em Pamplona, várias activistas criaram um cenário de horror: com o corpo semi-nu, apareceram crivadas de bandarilhas que são os instrumentos de tortura usados nas touradas e nestas festas, conhecidas mundialmente pelas suas corridas de touros ao longo das ruas estreitas da velha cidade de Pamplona.

http://www.peta.org/
http://blog.peta.org/
http://www.petatv.com/
http://www.peta.org/living/


Sobre as festas de San Fermin:


Manifestações dos anos anteriores




Em busca da Revolução Perdida - coreografia radiofónica em Lisboa com a participação do povo (R.Augusta, 18h no dia 9)



Em busca da Revolução Perdida - 9 Julho - 18h
Uma coreografia radiofónica no centro da cidade de Lisboa


A Antena 2 e o Teatro LIGNA apresentam “À Procura da Revolução Perdida”

9 de Julho, às 18h00 na Rua Augusta (à esquina da R. de Santa Justa)



Na manhã do dia 25 de Abril de 1974, as rádios informavam os ouvintes para não saírem à rua, apelavam à calma, e que esperassem que os militares concluíssem a sua coperação. Mas os ouvintes não obedeceram ao apelo: Saíram de casa e participaram numa revolução. Um sonho estranho tornou-se realidade, um sonho que muita gente sonhou ao mesmo tempo com os olhos bem abertos: num dia o reino da ditadura caiu.

Por um breve momento histórico, o poder apareceu para permanecer na rua. Talvez este sonho se tenha tornado realidade apenas como muita gente o desejava, como um sonho colectivo, realizando o acto político mais radical: acordando e exigindo fazer justiça pelas suas próprias mãos, interrompendo a normalidade da vida quotidiana , constatando que subitamente um oceano de imprevisibilidades se lhes depara pela frente.

Actualmente as ruas do centro de Lisboa servem de palco para sonhos colectivos completamente diferentes: os turistas encontram aqui a beleza, que as cidades de onde vêm perderam, os comerciantes procuram agradar-lhes, satisfazer-lhes os desejos, e os polícias controlam para que tudo permaneça como está. As ruas tornam-se um lugar para a apropriação dispersa privada de acomodações sem outra qualquer possibilidade.

A revolução é História: A memória de uma bela e incontornável situação está lentamente a desvanecer-se. Mas o que acontecerá, se assim não continuar? Pode a revolução ser lembrada numa outra situação incontrolável?


No dia 9 de Julho de 2008, às seis da tarde, a rádio fará o contrário do que fez no dia 25 de Abril de 1974:

Pedirá aos ouvintes que venham para a rua e se apropriem dela durante algum tempo.


A Antena 2 convida os ouvintes a traçar a revolução na Rua Augusta pela rádio. Os ouvintes na rua constituem uma nova espécie de colectivo: dispersos como os consumidores, mas no entanto ligados pela rádio, que lhes propõe gestos, movimentos e acções.

Um estranho colectivo: à primeira vista invisível ? mas ao mesmo tempo capaz de agir de modo diferente das outras pessoas. Mesmo parar, o gesto mais comum numa rua ? realizado pelo colectivo temporal dos ouvintes de rádio, mudará a situação na rua, configurando um novo sonho colectivo de situações imprevisíveis.

Tudo o que é necessário para participar será um pequeno rádio portátil com auscultador, que será distribuído no ponto de encontro (esquina da Rua de Sta. Justa com a Rua Augusta) pelas 17h.


O Teatro LIGNA, sediado em Hamburgo (Alemanha,) é uma das apostas mais originais no âmbito da rádio interactiva a nível europeu.
Em Lisboa, o Teatro LIGNA associa-se à Antena 2 para apresentar uma narrativa em torno de episódios históricos representados ao vivo no centro de Lisboa.


O evento conta com a intervenção de centenas de participantes numa espécie de bailado colectivo e espontâneo no meio da Rua Augusta.

A iniciativa intitula-se “À Procura da Revolução Perdida” e evoca o 25 de Abril e a euforia revolucionária, mas também o furor consumista do nosso tempo, bem patente na principal artéria da baixa.

A narrativa a 4 vozes é conduzida por Carmen Dolores, uma das figuras mais respeitadas do teatro português.

O público é convidado a juntar-se a esta encenação.

A Antena 2 distribui a cada participante um aparelho de rádio portátil, uma máquina fotográfica, uma esteira, e um ramo de flores.
Através da rádio, os participantes recebem uma série de “instruções”.
De máquina fotográfica em punho, serão todos convidados a registar o evento.


O resto decorre da movimentação dos participantes, em colectivo, ao longo duma hora, pelas ruas do centro histórico lisboeta, “obedecendo” às indicações que escutam via rádio.

Esta espécie de coreografia, estreada o ano passado em Berlim, cria um notável impacto visual e auditivo no centro da cidade e na rádio.

A acção decorre no dia 9 de Julho de 2008, a partir das 18h00, com encontro marcado para as 17h00 (ou seja, uma hora antes do evento) na esquina da Rua Augusta com a Rua de Santa Justa.


“À Procura da Revolução Perdida” será transmitido na Antena 2 e ao mesmo tempo será filmado ao vivo em webcam, com imagens disponíveis em directo no site da RTP.
As fotos tiradas pelos participantes serão posteriormente disponibilizadas também no site da RTP.
Esta produção resulta duma parceria entre a Antena 2 e o Instituto Alemão com o apoio da Regojo.




LIGNA rádio ballet

The free radio group LIGNA exists since 1995. LIGNA consists of the media theorists and radio artists Ole Frahm, Michael Hüners, and Torsten Michaelsen, who since the early nineties have been working at the “Freies Sender Kombinat“ (FSK), a public non-profit radio station in Hamburg.


In several shows and performances they have been investigating the importance of dispersal in radio as well as of the radio. One of the main focuses is to refer to forgotten and remote possibilities of radio use in order to develop new forms of interactive practices (Mental Radio Show).

Another emphasis has been placed on the development of concepts and the production of performative audio plays (Labyrinthe und Interferenzen. Ein nächtlicher Gang durch eine sterbende Stadt), in order to find out how radio can intervene in public and controlled spaces, so that its public nature reappears in the form of uncontrollable situations (Radioballett: Übung in unnötigem Aufenthalt).
On the basis of these different models the borders of (left-wing) media theory, the “white cubed” art space, and political intervention are theoretically and practically examined.

Está a decorrer o 16º festival internacional de curtas metragens de Vila do Conde (5 a 13 de Julho) que vai ter extensões no Porto, Coimbra e Figueira



A 16ª edição do Curtas Vila do Conde vem confirmar a opção há muito feita pelo Festival de apostar naquilo que a linguagem cinematográfica pode conter e inspirar: transformação, evolução, originalidade e audácia criativa. Queremos que o Curtas continue a ser um espaço de diálogo entre o cinema e os territórios que lhe são contíguos e que contamina com facilidade como as artes plásticas, o vídeo e a vídeo-arte, a música… E que continue sendo também um espaço de descoberta de novas linguagens e expressões artísticas. É esta diversidade de abordagens que continua a cativar o público que todos os anos se junta a nós nesta celebração do cinema e da liberdade criativa durante a semana que dura o Festival.

Mais uma vez, o Curtas assenta a sua programação no eixo composto pelas Competições Internacional e Nacional de curtas metragens que este ano inclui uma selecção de filmes onde se assiste a um regresso em força à arte de contar uma história, bem espelhado na quantidade de ficções de grande qualidade e originalidade que compõem esta secção.

As secções competitivas do festival não se esgotam aqui e teremos de novo o Take One!, onde os estudantes das escolas de cinema e audiovisuais portuguesas têm a oportunidade de mostrar os seus trabalhos mais recentes e também a Competição de Videoclips que mais uma vez inclui alguns nomes importantes do panorama musical e audiovisual internacional.

A secção Remixed é o nosso compromisso com propostas criativas que promovem sínteses entre criação visual, audiovisual e musical. O programa de curtas metragens da edição de 2008 do Remixed congrega 13 filmes muito recentes de carácter mais experimental, que privilegiam abordagens inovadoras da interacção entre imagem, som e música.

Para além das curtas, o Remixed incluirá um conjunto de filmes-concerto onde se destacam os Mão Morta que interpretam uma banda sonora original para os filmes da artista vanguardista norte americana Maya Deren (1917 – 1961), Legendary Tiger Man e os filmes de animação experimental do neozelandês Len Lye (1901 – 1980) e a música dos Loosers para uma selecção de curtas do prolífero realizador experimental Stan Brakhage.

Na secção In Focus, destaca-se a exposição retrospectiva da obra do artista/cineasta austríaco Martin Arnold que estará patente na Galeria Solar e será inaugurada no dia 4 de Julho. Arnold estará em Vila do Conde para apresentar uma masterclass e acompanhar o público numa visita guiada pela exposição. Na década de 90, Arnold notabilizou-se como cineasta na vanguarda austríaca através das suas composições com “found footage” mas nos últimos anos tem estado quase exclusivamente dedicado à arte e a obras que expõe em contextos museológicos.

Esta secção fica completa com a apresentação de curtas e longas-metragens do consagrado e premiado cineasta chinês Yu Lik-Wai como “All Tomorrow’s Parties”, “Love Will Tear Us Apart” e “Neon Goddesses”. Yu Lik-Wai também estará no Curtas para fazer uma masterclass e apresentar um excerto do seu mais recente filme, totalmente rodado em São Paulo, “Plastic City”.

In Progress, um espaço de programação dedicado a realizadores cujas obras já foram exibidas em Vila de Conde, acolhe de novo o aclamado cineasta taiwanês Tsai Ming-Liang, que ganhou o Grande Prémio do Curtas em 2003 com “La Passerelle Disparue”, entre outros realizadores, como Jens Jonsson, vencedor em Vila do Conde em 2004 com “Fragile”, Lars Von Trier, Bruce Labruce, o vencedor do Curtas 2007, Ken Jacobs, Lee Kang Sheng e Miguel Gomes, que apresentará em ante-estreia o filme “Aquele Querido Mês de Agosto”.

O Festival junta-se a outras homenagens já feitas ao cineasta Manoel de Oliveira e também à celebração do seu centenário com a exposição que se debruça sobre a amizade de Oliveira e José Régio, “Régio E Oliveira – Uma Amizade Que Se Cruza Na Película”. Esta exposição estará na Casa José Régio, bem perto do Auditório.

Outros motivos para acompanhar o festival e neste caso participar activamente, é o 8º Video Run Restart, uma maratona de 24 horas em que várias equipas completam um filme a apresentar durante o festival, bem como os workshops do Take One!

Mais uma vez, o Curtas traz-nos uma quantidade e uma variedade de propostas estéticas, temáticas e artísticas que pretendem não só permitir a descoberta do que de mais novo se faz actualmente no cinema, mas também redescobrir obras esquecidas, divulgar nomes pouco conhecidos em Portugal, e reunir profissionais, cineastas e público numa semana que incentiva, desperta e consolida o simples gostar de cinema.

Competição Internacional

O Curtas Vila do Conde é um Festival em grande parte dedicado à curta-metragem, um formato menos convencional de fazer cinema com duração até 60 minutos. São filmes muito especiais que concorrem ao Grande Prémio do Festival, seleccionado entre cerca de 2500 candidatos, e que nos dão um panorama mundial da produção mais recente. Na Competição Internacional podemos apreciar filmes de géneros tão diferentes como a ficção ou o documentário, a animação ou o cinema experimental e até mesmo o vídeo musical. Provenientes dos mais variados países, estes filmes não só reflectem a diversidade da produção cinematográfica internacional como são um forte testemunho do estado actual do mundo. Na selecção dos filmes a entrar nesta competição procura-se seguir um critério geral de qualidade, atendendo também à preferência por estreias mundiais ou nacionais e por filmes cuja divulgação seja considerada de maior interesse.


Filmes Seleccionados

Competição Internacional


CHAINSAW
Dennis Tupicoff • 2007 • 0:24:00 • 35 mm • ANI • COL
Austrália / Australia

KEITH REYNOLDS
Felix Massie • 2007 • 0:06:02 • Betacam SP PAL • ANI • COL
Reino Unido / United Kingdom

RGBXYZ
David O’Reilly • 2008 • 0:12:30 • Betacam SP PAL • ANI • COL
Irlanda / Ireland

SKHIZEIN
Jérémy Clapin • 2008 • 0:13:35 • 35 mm • ANI • COL
França / France

AINA KUNNOLLINEN / ALWAYS DECENT
Katja Pallijeff • 2007 • 0:19:53 • Betacam SP PAL • DOC • COL BW
Finlândia / Finland

KAK STAT STERVOI / VIXEN ACADEMY: HOW TO BE A BITCH
Alina Rudnitskaya • 2008 • 0:29:13 • Betacam SP PAL • DOC • COL
Rússia / Russia

THE MAD MASTERS
Sascha Pohle • 2007 • 0:15:00 • Betacam SP PAL • DOC/ • COL
Holanda / Netherlands

BORGATE
Lotte Schreiber • 2008 • 0:14:00 • Betacam SP PAL • DOC/EXP • COL BW
Áustria / Austria

KUOLEMA NYKY – SUOMESSA / DEATH IN A MODERN DAY FINLAND
Antti Lempiäinen • 2008 • 0:05:00 • Betacam SP PAL • DOC/EXP • COL
Finlândia / Finland

"AH, LIBERTY!"
Ben Rivers • 2008 • 0:20:00 • 16 mm • EXP • BW
Reino Unido / United Kingdom

IF I WERE YOU - LAS VEGAS NEW YORK BLACKPOOL
Sascha Pohle • 2007 • 0:16:30 • Betacam SP PAL • EXP • COL
Alemanha / Germany

MINUIT MOINS DIX / MINUIT MOINS CINQ
Sabine Massenet • 2008 • 0:07:30 • Betacam SP PAL • EXP • BW
França / France

NIGHTSTILL
Elke Groen • 2007 • 0:09:00 • 35 mm • EXP • COL
Áustria / Austria

OBSERVANDO EL CIELO
Jeanne Liotta • 2007 • 0:19:00 • 16 mm • EXP • COL BW
EUA / USA

ODIN'S SHIELD MAIDEN
Guy Maddin • 2007 • 0:04:30 • Betacam SP PAL • EXP • BW
Canadá / Canada

PIANOFORTE
Christoph Girardet • 2007 • 0:06:00 • Betacam SP PAL • EXP • COL BW
Alemanha / Germany

SAG ES MIR DIENSTAG / TELL ME ON TUESDAY
Astrid Ofner • 2007 • 0:26:00 • 35 mm • EXP • COL BW
Áustria / Austria

SCOPE
Volker Schreiner • 2008 • 0:04:57 • Betacam SP PAL • EXP • COL BW
Alemanha / Germany

RUSSIAN CHOIR
Sebastian Fischer • 2007 • 0:02:24 • Betacam SP PAL • EXP/MV • COL
Alemanha / Germany

ALEXANDRA
Radu Jude • 2007 • 0:25:00 • 16 mm • FIC • COL
Roménia / Romania

DENNIS
Mads Matthiesen • 2008 • 0:18:00 • 35 mm • FIC • COL
Dinamarca / Denmark

JE VOUS HAIS PETITES FILLES / I HATE YOU LITTLE GIRLS
Yann Gonzalez • 2008 • 0:43:00 • 35 mm • FIC • COL BW
França / France

KAVERI / A MATE
Teemu Nikki • 2007 • 0:07:10 • 35 mm • FIC • BW
Finlândia / Finland

LA COPIE DE CORALIE / COPY OF CORALIE
NICOLAS ENGEL • 2008 • 0:21:40 • 35 mm • FIC • COL
França / France

LA NEIGE AU VILLAGE / VILLAGE IN THE SNOW
Martin Rit • 2007 • 0:49:00 • 35 mm • FIC • COL
França / France

LES FILLES DE FEU
Jean-Sébastien Chauvin • 2008 • 0:25:00 • 35 mm • FIC • COL
França / France

LES PARADIS PERDUS
Hélier Cisterne • 2008 • 0:30:00 • 35 mm • FIC • COL
França / France

LOVE YOU MORE
Sam Taylor-Wood • 2007 • 0:15:00 • 35 mm • FIC • COL
Reino Unido / United Kingdom

MIDNIGHT LOST AND FOUND
Atul Sabharwal • 2007 • 0:18:30 • Betacam SP PAL • FIC • COL
Índia / India

MOMPELAAR
Win Reygaert/Marc Roels • 2007 • 0:22:00 • Betacam SP PAL • FIC • COL
Bélgica / Belgium

MURO / WALL
Tião • 2008 • 0:18:00 • 35 mm • FIC • COL
Brasil / Brazil

THE ADVENTURE
Mike Brune • 2007 • 0:22:00 • 35 mm • FIC • COL
EUA / USA

THREE OF US
Umesh Kulkarni • 2007 • 0:14:00 • 35 mm • FIC • COL
Índia / India

TRAIN TOWN
Keith Bearden • 2007 • 0:14:50 • Betacam SP PAL • FIC • COL
EUA / USA

UDEDH BUN / (UN)RAVEL
Siddharth Sinha • 2007 • 0:21:00 • 35 mm • FIC • COL
Índia / India

VSAKDAN NI VSAK DAN / EVERYDAY IS NOT THE SAME
Martin Turk • 2008 • 0:12:10 • 35 mm • FIC • COL
Eslovénia / Slovenia

SENKO / SPARK
Yuki kawamura • 2008 • 0:37:00 • Betacam SP PAL • FIC/DOC • COL
Japão/França / Japan/France

CIEL ETEINT! / SKY'S BLACK OUT
F.J. Ossang • 2008 • 0:23:00 • 35 mm • FIC/EXP • BW
França/Rússia / France/Russia

Extensões

Depois do encerramento do 16º Curtas Vila do Conde, o Festival prossegue nas extensões ao Porto e a Coimbra, com uma selecção dos filmes premiados nas secções nacional e internacional.
A 16 de Julho, 4ª feira, último dia de itinerância no Porto, o Curtas organiza uma festa no Passos Manuel, Porto, com os dj's Miguel Dias e Vicente Abreu, e Inasoda.

Cinema Passos Manuel, Porto
15 e 16* de Julho, 22:00
* Festa do 16º Curtas Vila do Conde

Teatro Académico Gil Vicente, Coimbra
18 Julho, 18:00 e 21:30

Forte de Sta. Catarina, Figueira da Foz
15 e 29 de Agosto, 22:30

«G8 à mesa - um mundo à fome» eram os dizeres de uma faixa colocada no alto da embaixada do Japão em Lisboa por activistas anti-G8


Na passada 6ª feira, 4 de Julho, um grupo de activistas tomou o edíficio onde se situa a embaixada do Japão em Lisboa, e munidos de uma faixa de 6 metros onde se lia “G8 à mesa – um mundo à Fome”, com o objectivo de denunciar as consequências da política anti-democrática neo liberalista do G8, e as suas falsas receitas para as crises actuais. alimentar, climática e social.

Bloqueando-se suspensos numas escadas de emergência durante mais de três horas, estendendo uma faixa de 18 m2 em frente ao andar da Embaixada do Japão, os activistas responderam à chamada internacional da Via Campesina, para assinalar o dia de luta pela “Soberania Alimentar”, juntando-se assim à contestação global ao G8, que verá as principais cidades do mundo, palco de dezenas de acções directas anti-globalização.

Esta acção directa, consistia em denunciar as desonestas acções do G8, em especial à política de produção de comida, entregando o comunicado de imprensa ao público à volta e à Embaixada do Japão.

Enquanto a segurança em conjunto com a polícia, lograva retirar os actvistas da plataforma, outros activistas informavam o público e a imprensa do motivo desta acção. Apesar das negociações para descer da platforma terem falhado, o documento chegou a ser entregue em mão a membros da Embaixada. No final, apesar da resistência possível, os seguranças do edíficio conseguiram jogar as mãos à faixa rasgando-a e pondo assim um ponto final a esta acção – os activistas foram apenas identificados e o proprietário decidiu não apresentar queixa.

Os orgãos de imprensa, após chamados ao local, foram impedidos de fazer o seu trabalho, defendendo-se o proprietário e a polícia do estatuto de propriedade privada. (Viva o Indymedia!) No entanto foi com surpresa, que a acção foi notciada em outros meios de comunicação social! Qual será a atenção que os media darão aos acontecimentos que rodeiam o G8 no Japão nos próximos dias?

Embora o discurso do G8 possa soar promissor, na verdade, os resultados destas reuniões têm-se traduzido em acordos bilaterais com países fragilizados, por séculos de colonização e desastres naturais. Em troco de perdões da sua dívida externa (já paga há muitos anos pela usurpação dos recursos naturais desses mesmos países) são obrigados a: retirar as taxas alfandegárias que protegem a sua economia local e a abrir mão dos seus campos agrícolas para monoculturas para exportação e agrocumbustíveis. Campos esses, que de outra forma seriam usados como sempre foram: para a subsistência alimentar das comunidades. Este direito à produção dos nossos próprios alimentos, pode parecer garantido na Europa, mas é um pouco por todo o mundo, o maior ataque às comunidades rurais que dependem da agricultura para a sua sobrevivência.

O Japão, anfitrião desta reunião dos 8 que se julgam os senhores do mundo, foi ainda recentemente na 9ª convenção da Biodiversidade das Nações Unidas, o fórum que engloba quase todos os países do mundo (fora por vontade própria: EUA, Argentina, Austrália, Canadá - maiores produtores de OGM´s!), o maior bloqueador de um consenso que se encontrava praticamente acordado. A conclusão seria um protocolo comparável ao de Quioto, onde os países se comprometeriam a tomar medidas necessárias e pouco ambiciosas, numa tentativa imperativa de travar já a dramática perca de Biodiversidade. A conclusão destas negociações (COP9) ficou adiado devido ao bloqueio do Japão e de uma pequena minoria de outros países que serviram de porta-vozes aos interesses comerciais representados por países como EUA e Canadá.

Esta foi uma acção de solidariedade com as lutas que movimentos sociais, como a Via Campesina, travam no dia-a-dia pela sobrevivência no meio rural contra a industrialização da agricultura, a monocultura do modelo de exportações imposto, a privatização do património natural por multinacionais.

Em solidariedade também com 13 activistas italianos que enfrentam uma acusação nos tribunais que pode levá-los a cumprir penas de 50 anos! São acusados de tomarem parte nas organizações do G8 em Génova 2001. A sua liberdade está em risco por lutarem por um mundo mais justo, democrático e transparente onde a liberdade seja genuína.
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Apelo da Via Campesina
«G8 à mesa é um mundo à fome»

Pela soberania alimentar - um pedido de reviravolta no sistema global de produção de comida.

“A Soberania Alimentar é o direito dos povos, das comunidades e dos países de definirem as suas próprias políticas agrícolas, pastorais, laborais, piscatórias, alimentares e territoriais, que se adeqúem às suas circunstâncias ecológicas, sociais, económicas e culturais. Inclui o direito genuíno à alimentação e à produção alimentar, o que significa que todas as pessoas possuem o direito a comida segura, nutritiva e culturalmente apropriada, aos recursos para produzir alimentos e ainda à capacidade de auto-sustentarem-se a si e as suas sociedades.”
in Declaração do Fórum para a Soberania Alimentar, Roma, Junho 2002

Nos dias 7 a 9 de Julho 2008, os oito países mais ricos do mundo vão reunir em Hokkaido, Japão, para discutir as actuais crises alimentar, petrolífera, climática e financeira.

Para eles chegou o momento mais propício de sempre para implementar o que a autora Naomi Klein intitulou ‘capitalismo do desastre’ (1) . Com o mundo incrédulo perante o colapso dos mercados, e com mão-cheia de argumentos cuidadosamente preparados e disseminados há meses, os representantes destes países e os seus aliados intergovernamentais, o Banco Mundial, o Instituto Financeiro Mundial e a Organização Mundial do Comércio, para além do lobby das grandes empresas transnacionais, vão insistir em replicar a receita que envenenou o planeta: mais liberalização do comércio, a eliminação de qualquer réstia de política de protecção do mercado interno por parte dos países em desenvolvimento, a promoção intensificada de fertilizantes e sementes industriais, a aceleração da incursão de organismos geneticamente modificados, a industrialização da agricultura africana e um pouco mais de ajuda alimentar como paliativo para a exclusão crónica dos mais pobres do sistema alimentar.

Os espantosos aumentos dos preços de cereais estão no entanto completamente dissociados dos problemas apontados pelos governantes e analistas: uma agricultura insuficientemente industrializada, o aumento da procura de comida em países em crescimento, as alterações climáticas, o aumento da população e mesmo a produção do etanol. A produção de cereais conheceu um recorde absoluto o ano passado (2), o suficiente para alimentar o mundo mais de duas vezes se distribuído equitativamente (3), os biocombustíveis, certamente uma ameaça a breve prazo, ainda só representaram 5% da produção de cereais em 2007 (4); a produção de carne consome de facto um terço dos cereais e monopoliza as terras agrícolas e a água, mas só tinha aumentado 3% (6) e a procura de cereais para consumo aumentou exactamente um porcento desde 2006 (6).

Os cereais estão mais caros não porque há mais bocas para alimentar, mas porque há mais dinheiro a competir por eles, em mercados de futuros onde se aposta numa escassez vaticinada. A crise alimentar é o resultado de políticas nefastas implementadas desde os anos setenta pelos países ricos e não de uma falta de produtividade: as pessoas morrem à fome não porque não há comida, mas porque não a podem pagar.

Os G8 e seus aliados instalaram um sistema de produção e distribuição alimentar de alcance global que deu primazia ao lucro sobre as necessidades humanas e correu milhões de produtores das suas terras, minou irremediavelmente a produtividade do solo enquanto envenenou o ar e a água e condenou perto de mil milhões de pessoas à fome crónica e malnutrição. Fez depender 70% (7) dos países em desenvolvimento das importações de produtos subsidiados do Norte, enquanto retirou o apoio às agriculturas locais, arrasando assim os mercados dos pequenos agricultores, favorecendo as monoculturas para exportação e eliminando eficazmente a auto-suficiência de dezenas de países na produção de comida. Ao abrigo dos acordos bilaterais e das políticas impostas em troca do saneamento da sua dívida, os países em desenvolvimento ficaram à mercê das empresas transnacionais, sendo as suas políticas agrícolas e tarifas aduaneiras completamente desmanteladas. A auto-suficiência foi substituída por um sistema verticalmente integrado de produção, distribuição e especulação de comida, inteiramente privatizado e patenteado e nas mãos de poucas dúzias de empresas gigantes.

A comida é demasiado crucial para ser uma comodidade sujeita à volatilidade do mercado liberalizado, tal como a agricultura é demasiado essencial à governância do nosso planeta para ser gerida como uma fábrica de produção em série.
Em solidariedade com La Via Campesina, com aquela metade do nosso mundo que vive na ruralidade, e em nome da humanidade, subscrevemos as seguintes medidas de inversão do rumo traçado pelos G8:

-Um regresso à independência e auto-suficiência dos povos em matéria de produção alimentar com o direito de determinarem as suas próprias politicas agrícolas.
-Uma nova governância das terras que inclui sobretudo os que as trabalham.
-O fim da dependência dos químicos, monoculturas e de sistemas de produção intensivos.
-A desprivatização dos recursos naturais como o solo, a água e as sementes, proibindo os assaltos ao solo fértil e à biodiversidade, a bio-pirataria e as patentes sobre as formas de vida.
-O fim das politicas intergovernamentais que entreguem o controlo sobre a agricultura a empresas transnacionais.
-O cancelamento imediato da obrigação de importar 5% do consumo interno e das cláusulas de acesso desprotegido aos mercados dos países em desenvolvimento.
-Retirar a negociação sobre a produção e distribuição alimentar do foro da Organização Mundial do Comércio, do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, regulamentando o comércio alimentar dentro de mecanismos internacionais genuinamente democráticos, respeitando a soberania alimentar de cada país.
-O fim da especulação em torno da comida.

O mundo seria capaz de se alimentar a si próprio desde que as políticas alimentares e agrícolas se baseassem em factos e não em mitos. Chegou o momento dos países mais ricos assumirem a responsabilidade pela crise que geraram. Chegou o momento da soberania alimentar.

(1) Naomi Klein, “The Shock Doctrine”, 2007
(2)
FAO, Abril 2008
(3) ‘How we could feed the world’ – World Socialist Movement, 2006
(4)
FAO, Abril 2008
(5) World Watch Institute
(6) FAO, Abril 2008
(7) Katarina Wahlberg, “Are we approaching a global food crisis?”, World Economy & Development in Brief, Global Policy Forum, 3 March 2008

Outras fontes:

“Getting out of the food crisis’’- Revista GRAIN, Maio 2008

“Making a killing from hunger” – Revista Grain, Abril 200

Unnatural roots of the food crisis” - Gonçalo Oviedo in BBC news, Junho 2008

“Food Aid or Food Sovereignty? Ending World Hunger in Our Time” - Frederic Mousseau, Oakland Institute, 2005

Sites

Vídeo BBC World Debate: Food, who is paying the price?

Artigos

“Getting out of the food crisis’’- Revista GRAIN, Maio 2008

“Making a killing from hunger” – Revista Grain, Abril 2008

Unnatural roots of the food crisis” - Gonçalo Oviedo in BBC news, Junho 2008

“Food Aid or Food Sovereignty? Ending World Hunger in Our Time” - Frederic Mousseau, Oakland Institute, 2005

“How we could feed the world” – World Socialist Movement, 2006

Can Organic Farming Feed Us All?” – WorldWatch Institute, 2006

Zizek em Lisboa: precisamos de uma nova revolução cultural contra o capitalismo cultural que transforma os bens culturais em mercadorias


"Já lá vai o tempo em que a esquerda pensava estar a bordo do comboio da História, e que a questão era saber qual a melhor direcção que ele deveria tomar", disse o filósofo esloveno Slavoj Zizek. "Hoje sabemos que o comboio está a ir a caminho da catástrofe, e a nossa única opção é detê-lo", defendeu, acrescentando que o que o mundo precisa é de uma revolução cultural, não no sentido maoísta da expressão, mas no de uma mudança cultural radical. Slavoj Zizek foi o principal orador do primeiro dia do "1001 Culturas", organizado pelo Grupo da Esquerda Unitária do Parlamento Europeu na Fábrica de Braço de Prata, em Lisboa

Para Zizek, há 30 anos debatia-se qual seria a forma social do futuro, se capitalista, se socialista, e que tipo de socialismo, mas aceitava-se que a vida do planeta iria continuar. Hoje debatem-se as catástrofes que ameaçam o mundo num futuro não muito distante, mas já ninguém fala do fim radical do capitalismo. Num estilo acutilante e provocador, Zizek disse que enquanto a esquerda dos países desenvolvidos parece erigir como tópico principal a cultura e não o capitalismo, este desenvolve-se cada vez mais na direcção do capitalismo cultural.

"O capitalismo cultural não é só o facto de se assistir ao fenómeno de 'marketização' da cultura", defendeu, apontando que há o outro lado do mesmo fenómeno: "a culturalização dos próprios bens de consumo, não só no sentido de produtos culturais, como o cinema e a cultura popular, mas num sentido mais lato, de coisas que associamos à cultura, como o sentido da vida, a filosofia... tudo isto está a tornar-se uma mercadoria para vender".

Para ele, "mesmo os próprios bens de consumo são cada vez mais vendidos não apenas como bens de consumo ou símbolos de 'status' mas como coisas para nos fazerem sentir bem culturalmente".

Um exemplo é a rede de cafés da cadeia norte-americana Starbucks, que anuncia que os seus copos de café são recicláveis, revelando preocupações ambientais, e promove campanhas segundo as quais 5% do valor pago pelo café será canalizado para educar os pobres da Guatemala".
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