7.9.10

Contra os mega-agrupamentos e o encerramento de escolas


Face à decisão do actual Governo de encerrar 701 escolas e acelerar o processo de criação de mega-agrupamentos de escolas tem vindo a alastrar um pouco por todo o país um movimento de contestação e rejeição ao encerramento das escolas, o que significa o definhamento e a morte de aldeias e a imposição de sacrifícios às crianças e jovens que terão de se deslocar por vezes para bem longe dos seus locais de residência. Mas o próprio modelo de gestão das escolas por meio da criação dos mega-agrupamentos não deixa de ser alvo de críticas duras por importantes sectores sociais que não descortinam benefícios com a criação destas estruturas administrativo-pedagógicas, nada recomendáveis pelos bons princípios pedagógicos, e modelo esse que está a ser revisto e substituído em muitos outros países que tinham há anos atrás promovido a política dos mega-agrupamentos de escolas que só agora Portugal está a seguir.
Entretanto, a Fenprof emitiu o seguinte Comunicado:


«A forma como foi divulgada a lista de 701 escolas que, em princípio, já não abrirão em Setembro corresponde ao culminar de um processo marcado por uma atitude prepotente em que o desrespeito e a demagogia do ME e do Governo estiveram sempre presentes.

Fica claro, pela reacção de surpresa de diversos autarcas, que muitos municípios não deram o seu aval ao encerramento imposto e que, em inúmeros casos, as verbas que o governo transferirá ficam muito aquém do necessário. Exemplo disso, é o que já se conhece em Lamego, cuja câmara municipal terá de arcar com cerca de 80% da despesa acrescida com transportes.

Segundo o ME, as escolas a encerrar têm menos de 21 alunos, mas sabe-se que tal não corresponde à verdade. Só na região centro, mais de duas dezenas de estabelecimentos têm mais do que esse número de alunos.

Para que este processo fosse transparente – e não é! – a lista de escolas a encerrar deveria ter sido divulgada com diversos elementos que continuam a ser desconhecidos. Deveria, para além do nome da escola, ser referido o número de alunos, a taxa de insucesso verificada e a escola de acolhimento dos alunos. Isto, partindo-se do princípio de que, em todos os casos, havia acordo do respectivo município e dos pais, o que já se sabe não acontecer. Foram estes os dados que, há mais de dois meses, a FENPROF solicitou ao ME, mas, até hoje, não obteve resposta. Assim, em pleno mês de Agosto e a menos de 15 dias do início de um novo ano escolar, as direcções regionais de educação limitaram-se a informar quais as escolas que irão encerrar e nada mais, o que é manifestamente insuficiente.

Principais penalizadas com esta imposição, serão as mais de dez mil crianças que passarão, em Setembro a ter de frequentar outra escola, principalmente se não estiverem asseguradas deslocações de curta duração nas condições de segurança e conforto legalmente estabelecidas e se não houver uma resposta social adequada e de qualidade que assegure refeições gratuitas e ocupação dos tempos que medeiam entre o final das aulas e o regresso a casa.

Todo o discurso do ME em torno da qualificação do sistema e da promoção do sucesso, não passa de pura demagogia. Esta é uma medida que se enquadra na política economicista de um governo que decidiu encerrar serviços públicos, independentemente dos seus custos sociais e das consequências para o futuro de um país que, cada vez mais, assiste à desertificação de vastas zonas do território, como consequência desta política.

A FENPROF rejeita e reprova este encerramento de escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico, cego e em massa, e estará atenta às condições de transporte e de acolhimento dos alunos deslocados. Por entender que decisões deste tipo exigem sempre um amplo consenso dentro da comunidade educativa, estará ao lado de quantos, por não terem sido ouvidos ou ter sido desrespeitada a sua posição, decidirem protestar e lutar contra o encerramento das escolas imposto pelo Governo.»

O Secretariado Nacional da FENPROF
19/08/2010

http://www.fenprof.pt/?aba=27&mid=115&cat=399&doc=4966



Entretanto estão a multiplicar-se as tomadas de posiçao dos mais variados sectors ( professores, pais, câmaras municipais, políticos, sindicatos, etc) contra a implementação artificial dos mega-agrupamentos de escolas. Para ver apenas uma amostra dessas críticas, consultar:

http://www.fenprof.pt/?aba=27&cat=399&mid=115



Ao contrário do que se está a passar presentemente em Portugal, lá fora aposta-se no regresso a escolas mais pequenas
!

A criação de grandes agrupamentos escolares que irá começar a tomar forma em Portugal no próximo ano lectivo está em queda noutros países, que já viveram a experiência e tiveram maus resultados.

Os novos agrupamentos, que juntam várias escolas sob uma mesma direcção, terão uma dimensão média de 1700 alunos, se bem que p número limite fixado foi de três mil estudantes !!!

Um estudo elaborado há uns anos pelo EPPI-Centre, de Londres, com base nas experiências dos países da OCDE, concluía que os alunos tendem a sentir-se menos motivados nas escolas maiores e que os professores se sentem menos felizes com o ambiente vivido nestas.

Na Finlândia, quase não existem escolas com menos de 21 alunos, mas 40 por cento têm menos de 50 estudantes e são apenas três por cento as que vão além dos 600. Outra norma obrigatória: para chegar à sua escola, as crianças não podem ser obrigadas a deslocar-se mais do que cinco quilómetros. Por cá, serão cada vez mais os alunos que terão de percorrer uma distância quatro vezes superior a esta


Excertos de um texto publicado sobre o assunto no jornal Público

A Insurreição que vem, do comité invisível, já tem tradução em português nas edições antipáticas


Está já disponível graças às Edições Antipáticas a tradução para português do livro L´Insurrection qui vient do colectivo francês Comité Invisible e que foi oriiginalmente editado pelas Editions La Fabrique

“Este livro é assinado com o nome de um colectivo imaginário. Os seus redactores não são os seus autores. Limitaram-se a pôr um pouco de ordem nos lugares-comuns da época, naquilo que se sussurra nas mesas dos bares, por detrás das portas fechadas dos quartos. Não fizeram mais do que fixar as verdades necessárias, cujo recalcamento universal enche os hospitais psiquiátricos e os olhares de mágoa. Fizeram-se escribas da situação. É um privilégio das circunstâncias radicais que o rigor conduza logicamente à revolução. Basta falar daquilo que temos à frente dos olhos e não nos esquivarmos às conclusões.”


O livro integral em ficheiro PDF: AQUI
http://fr.wikipedia.org/wiki/L

Como se faz um povo - seminário em Lisboa no dia 8 de Setembro com Tony Negri


SEMINÁRIO - Como se Faz um povo
MUSEU DA ELECTRICIDADE
Avenida Brasília Central Tejo
1300-598 LISBOA
8 SET - 08 SET 2010

Como se Faz um Povo é o tema de um Seminário integrado na exposição “Povo-People”, que se realiza a poucos dias do encerramento da exposição, é a oportunidade para apresentar e discutir os resultados dos trabalhos realizados e dar início a futuros debates.

Com:
António Guerreiro
Antonio Negri
Bruno Peixe Dias
Diana Andringa
Fernando Oliveira Baptista
João Pinharanda
José Manuel dos Santos
José Neves
Manuela Ribeiro Sanches
Nuno Nabais


PROGRAMA

10h15 Recepção dos inscritos

10h30 VISITA GUIADA À EXPOSIÇÃO
Com João Pinharanda e José Manuel dos Santos, respectivamente comissário artístico e comissário coordenador da exposição.

11h30 Debate: A HISTÓRIA E O POVO
Trinta e dois investigadores, entre os quais historiadores, antropólogos e sociólogos, realizaram trabalhos em torno das representações e práticas populares na História Contemporânea de Portugal. Esses trabalhos são ponto de partida para um debate que contará com as intervenções de Fernando Oliveira Baptista e de Manuela Ribeiro Sanches, assim como dos autores que participaram no livro Como se Faz um Povo – Ensaios em História Contemporânea de Portugal. A moderação do debate estará a cargo de José Neves, coordenador do livro e comissário científico da exposição.

Intervalo de Almoço

15h Conversa: O POVO FILMADO
A exposição “Povo-People” implicou um trabalho de pesquisa em arquivos de imagens em movimento que, do documentário à televisão, permitisse dar conta da história das práticas populares a nível da política, do trabalho ou dos lazeres, e de caminho permitisse questionar as mudanças nos modos de filmar o povo. Esse trabalho é o mote para uma conversa com Diana Andringa, comissária da exposição para o audiovisual e coordenadora da equipa que realizou os filmes.

16h15 Debate: A POLÍTICA DOS MUITOS
Na sua dimensão política, a palavra povo convoca o debate em torno dos sujeitos colectivos. A partir do livro A Política dos Muitos – Povo, Classes e Multidão, que reúne textos de autores como Eric Hobsbawm, Michel Foucault, Giorgio Agamben, Antonio Negri ou Jacques Rancière, António Guerreiro e Nuno Nabais intervêm num debate moderado por Bruno Peixe Dias, organizador do livro, juntamente com José Neves.

18h15 Conferência de Encerramento: ANTONIO NEGRI – ENTRE POVO E MULTIDÃO, O COMUM.
Nascido em Pádua em 1933, Antonio Negri é autor de inúmeros livros, tendo publicado recentemente Commonwealth. Com este livro, e depois de Império, uma das obras políticas que alcançou maior impacto no novo século, e de Multidão, Negri completou uma trilogia escrita em parceria com Michael Hardt e na qual os dois autores procuram construir uma nova gramática política, reactualizando experiências políticas e sociais dos anos 60 e 70 à luz dos actuais processos de globalização. Com tradução simultânea.


*Lotação limitada
Inscrições em:
fundacaoedp@edp.pt
210028130

BIOS
António Guerreiro é crítico literário e tradutor. Escreve semanalmente no semanário Expresso. Encontra-se a realizar uma tese de doutoramento na Faculdade de Letras sobre Walter Benjamin.

Antonio Negri é um investigador independente e autor de uma vasta obra, na qual se destacam a recente trilogia escrita com Michael Hardt (Empire, Multitude e Commonwealth), os estudos sobre Maquiavel, Espinosa e Marx, e os textos políticos dos anos 60 e 70

Bruno Peixe Dias é investigador da Númena – Centro de Investigação em Ciências Sociais e Humanas e do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa.

Diana Andringa é jornalista e autora de vários documentários, o mais recente dos quais Tarrafal.

Fernando Oliveira Baptista é professor no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa e autor de vários livros sobre sociologia e economia rurais, entre os quais A Política Agrária do Estado Novo.

João Pinharanda é professor na Universidade Autónoma de Lisboa, consultor artístico da Fundação EDP e foi Director Artístico do Museu de Arte Contemporânea de Elvas, entre 2007 e 2010. Tem publicado vários textos sobre a História da Arte em Portugal.

José Manuel dos Santos é director cultural da Fundação EDP, colunista do jornal Expresso e Comissário Coordenador da Exposição “Povo-People”.

José Neves é professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigador do Instituto de História Contemporânea da mesma universidade. É autor de Comunismo e Nacionalismo em Portugal – Política, Cultura e História no Século XX.

Manuela Ribeiro Sanches é professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigadora no Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Recentemente organizou o volume Portugal não é um país pequeno. Contar a Império na pós-colonialidade.

Nuno Nabais é professor na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigador do Centro de Filosofia da Ciência da Universidade de Lisboa. É fundador e coordenador da Fábrica de Braço de Prata e autor de A Metafísica do Trágico. Estudos sobre Nietzsche.


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EXPOSIÇÃO POVO - People
A Fundação EDP associa-se às comemorações do Centenário da República com a exposição internacional POVO - People.

A pergunta, «O que é o povo?» serviu de linha orientadora a esta exposição que propõe ao público/povo de hoje várias respostas possíveis através de uma nova reflexão visual, estética, simbólica, sociológica e política sobre a génese e a evolução do conceito de POVO.

o povo é sereno; o povo é quem mais ordena; ganharás o pão com o suor do teu rosto; casas do povo; se isto não é o povo, onde é que está o povo? ; queres fiado, toma… são alguns dos slogans e dizeres que grafitam os espaços do Museu da Electricidade, nos quais se exploram arquivos de som e de imagem, obras de pintura, escultura, desenho, fotografia, vídeo e cinema, textos literários, memórias e testemunhos populares e eruditos. Através do recurso a novas tecnologias, a exposição assume as características de uma «instalação» em permanente interactividade com o PÚBLICO – POVO. A Kameraphoto, colectivo de fotógrafos independentes, foi convidada a criar um mural dinâmico de fotografia.

POVOpeople oferece enquadramento para um projecto editorial, em parceria com a Tinta da China Edições, que se traduz no lançamento de três livros:

– Como se faz um povo Ensaios originais de investigadores portugueses acerca das práticas e representações populares, com apresentação de José Neves.

– A política dos muitos Antologia de textos teóricos de autores universais sobre os temas dos sujeitos colectivos (do POVO às «massas», entre outros).

– O que é o povo? Respondem… depoimentos de artistas, políticos, empresários, gestores, jornalistas e desportistas a propósito do conceito de POVO. À pergunta colocada respondem, entre outros, Aníbal Cavaco Silva, Frei Bento Domingos, Eduardo Lourenço, Jorge Sampaio, Marcelo Rebelo de Sousa, Mário Soares, Paulo Teixeira Pinto, Vasco Graça Moura. Para além dos 40 depoimentos recolhidos, esta publicação contará com a participação de conceituados ilustradores. São eles Alice Geirinhas, João Fonte Santa, Henrique Cayatte, Luís Afonso e Cristina Sampaio.


A equipa de comissários reúne José Manuel dos Santos, Director Cultural da Fundação EDP (coordenação), José Neves, investigador do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa (comissariado científico), Diana Andringa (comissária para o audiovisual), e João Pinharanda, historiador e crítico de arte (comissariado artístico).
Destinados a vários públicos e envolvendo diversas abordagens, este momentos serão essenciais para entender do que se fala quando se fala de POVO. E, é claro, para perceber melhor a forma como esta exposição pretende que façamos a viagem pelos múltiplos sentidos deste conceito e da palavra que o nomeia.