5.1.06

Morreu o poeta António Gancho


O poeta António Gancho, de 66 anos, faleceu na Casa de Saúde do Telhal, onde se encontrava internado desde o ano de 1967. O seu falecimento foi em consequência de um ataque cardíaco ocorrido no passado 1 de Janeiro, dia em que se cumpria 39 anos que se encontrava internado naquela instituição de saúde mental no concelho de Sintra.

A sua obra não é vasta, mas não deixa de ser valiosa na recente literatura portuguesa. Esteve ligado ao grupo dos poetas surealistas, com quem privou no mítico café do Gelo.
António Gancho era natural de Évora, indo depois para Lisboa onde fez tertúlia com o poeta António Charrua e o pintor Álvaro Lapa.
A Assírio & Alvim publicou recentemente dois dos seus livros: «As dioptrias de Elisa» e «O ar da manhã» (reunião de quatro livros escritos entre 1967 e 1985).


http://www.cidadevirtual.pt/up-arte/dois/gancho-p.html

geocities.yahoo.com.br/poesiaeterna/poetas/antoniogancho.htm



Reproduzimos uma das suas poesias:

Noite Luarenta


Noite luarenta
Noite a luarar
Noite tão sangrenta
Noite a dar a dar
Na chaminé da planície
a solidão a cismar
na chaminé da planície
noite luarenta a dar a dar
Noite luarenta
noite de mistério
noite tão sangrenta
solidão cemitério
Na chaminé da planície
o Alentejo a solidar
noite luarenta que o visse
noite luarenta a dar a dar
Noite luarenta
noite luarol
na chaminé da planície
o temor e o tremor
O cavalo a luarar
a lua a fazer meiguice
noite luarenta a luarar
noite luarenta a luarice.

António Gancho

O emprego mata mais que a guerra


4 mortes por minuto.
Os acidentes laborais e as doenças do trabalho provocam em cada ano mais vítimas que os conflitos armados, segundo afirma a Organização Internacional do Trabalho (OIT) num texto redigido recentemente a propósito do Dia internacional da saúde e da segurança no trabalho

Os chimpanzés não toleram injustiças

Chimpanzés Não Toleram Injustiças... se vierem da parte de estranhos
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Os chimpanzés têm o sentido da justiça, como os humanos?
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Pode um chimpanzé sentir-se ofendido por um companheiro receber uma recompensa, enquanto ele fica a ver navios, apesar de ter feito algo que merecia pelo menos uma coçadela nas costas, à laia de obrigado?
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Os primatólogos Sarah Brosnan e Frans de Waal dizem que sim, mas tudo depende da força dos laços sociais que os unem - tal como acontece entre os seres humanos, afinal. Num artigo publicado na revista "Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences", os cientistas da Universidade de Emory e do Centro de Investigação de Primatas de Yerkes (Atlanta, EUA) relatam experiências feitas com chimpanzés que mostram que estes grandes primatas podem tolerar injustiças se o companheiro que a protagonizar for um velho amigo, com quem mantêm bom relacionamento no grupo.
Se for um estranho, ou se se conhecerem há pouco tempo, a injustiça dificilmente será perdoada. "A variação na resposta dos chimpanzés dependia do grupo social a que pertenciam", explicou Sarah Brosnan à Reuters.
"Isto é interessante porque os psicólogos sociais descobriram que os seres humanos apresentam a mesma variabilidade de resposta com base na qualidade das suas relações sociais."
Frans de Waal, que é holandês mas vive nos EUA há muitos anos, escreveu vários livros sobre chimpanzés e outros primatas. O primeiro chamava-se "Chimpanzee Politics" (política de chimpanzés, numa tradução literal), e ilustra bem a linha de investigação que ainda segue. Como director do Centro Living Links, na Universidade de Emory, estuda a evolução humana através da investigação das nossas semelhanças genéticas, anatómicas, cognitivas e comportamentais com grandes primatas como os chimpanzés - que, geneticamente, são pelo menos 98 por cento idênticos aos humanos.
O sentido da justiça é algo que consideramos muito humano mas, ao que indicam estas experiências, está longe de ser exclusivamente humano. Em 2003, Sarah Brosnan e Frans de Waal publicaram na revista "Nature" um estudo em que afirmavam que os macacos capuchinhos mostravam ter sentido da justiça (ver "Capuchinhos têm sentido da justiça", PÚBLICO de 18 de Setembro de 2003). Experiências mostravam que estes macacos da América Central e do Sul ("Cebus apella") recusavam-se a aceitar uma recompensa menor, se os cientistas lhes davam pepino em vez das uvas de que estavam à espera, e viravam as costas a quem lhes fazia a proposta desonesta.
"É a primeira vez que se descobre o sentido da justiça noutro animal que não um ser humano", explicava Brosnan. "O sentido de justiça é, provavelmente, universal (...). Mas não somos a única espécie em que há cooperação, pelo que a aversão à desigualdade pode não ser uma característica unicamente humana", escreviam os investigadores.
O estudo com os capuchinhos mostrava que o sentido de justiça podia existir em dois primatas que partilharam o último antepassado comum há cerca de 40 milhões de anos - os capuchinhos e os humanos, que são igualmente cooperantes.
Os chimpanzés e os humanos seguiram uma evolução distinta há apenas cinco a sete milhões de ano, portanto poderiam ser modelos mais próximos para perceber este processo. "As decisões humanas costumam ter uma fundamentação emocional e variam, consoante as pessoas envolvidas", explica Brosnan, citada num comunicado e imprensa da sua universidade.
Essa fundamentação emocional parece ser partilhada com os chimpanzés: uma vez que os que recebiam pepinos em vez de uvas como recompensa em troca de uma tarefa só reagiam mal se o companheiro que recebia as desejadas uvas era alguém com quem conviviam há pouco tempo, os cientistas concluem que o sentido da justiça se desenvolveu como uma resposta adaptativa. "Não há uma resposta certa para cada situação, tudo depende do ambiente social."
Assim sendo, o sentido da justiça pode ser um processo de adaptação evolutiva antigo: "As respostas dos capuchinhos, bem como as dos chimpanzés, que são a espécie mais próxima da dos humanos, podem representar fases da evolução de respostas complexas à injustiça que são comuns aos seres humanos e podem ajudar a compreender por que é que tomamos certas decisões", conclui Brosnan.
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"Numa sociedade em que existe muita cooperação, como as dos humanos e dos chimpanzés, cada indivíduo precisa de avaliar os seus próprios esforços, comparando-os com os dos outros, bem como as recompensas, para evitar que alguém se aproveite", disse Frans de Waal, citado pelo "site" noticioso da revista "Nature" ( http://www.nature.com/news ). Por isso, a cooperação pode ter evoluído como um contraponto à aversão à desigualdade, conclui.