11.4.09

O jornal Combate (que se publicou entre 1974 e 1978), pode ser agora consultado livremente na internet

O COMBATE foi um jornal não-doutrinário que pretendia relatar as ocupações e as experiências de autogestão

O jornal Combate foi publicado em Portugal, no âmbito das inúmeras iniciativas políticas e populares que se seguiram ao derrube do fascismo em 25 de Abril de 1974 e que durante um ano e meio transformaram o que começara por ser um golpe militar num ensaio de profunda reorganização social.
Apesar dos obstáculos ao desenvolvimento das lutas, e quaisquer que fossem os rumos seguidos, em todos os casos os trabalhadores conseguiram alcançar o poder suficiente para abrir as portas das empresas e para permitir que o movimento político mais amplo minasse a disciplina patronal.
Foi nestas condições que o jornal Combate surgiu e pôde subsistir. E o fim desta situação ditou o fim do jornal.
A colecção do Combate constitui um repertório indispensável para quem se interesse pelas lutas sociais em Portugal em 1974-1978 ou, mais amplamente, pelo movimento da classe trabalhadora contra todas as formas de capitalismo, tanto privado como de Estado.



Jornal Combate on-line
1974-1978 (na rede)


O nº 1 do Combate, acompanhado do Manifesto de lançamento, tem a data de 21 de Junho de 1974 e o último número, o nº 51, tem a data de Fevereiro de 1978.
Até ao nº 10, de 8 de Novembro de 1974, o Combate foi semanário.
Do nº 11, de 22 de Novembro de 1974, até ao nº 47, de 22 de Outubro de 1976, a periodicidade tornou-se quinzenal, embora com algumas falhas.
A partir do nº 48, de Fevereiro de 1977, e até ao fim o Combate reduziu o formato, adoptou um modelo de revista e não conseguiu manter uma periodicidade regular.
A iniciativa da criação do Combate deveu-se a João Bernardo, Rita Delgado e João Crisóstomo, este último já falecido.


Todos os números podem ser consultados online no seguinte endereço:



Jornal Combate
Portugal, 1974-1978

Em Portugal, depois do golpe militar de 25 de Abril de 1974, que pôs fim a meio século de fascismo e de regimes repressivos de direita, ocorreram durante um ano e meio transformações profundas, que remodelaram de cima a baixo uma grande parte da sociedade portuguesa. Os órgãos de informação de todo o mundo deram quotidianamente um grande destaque às notícias de Portugal, tanto devido à intensidade da luta como ao facto de subsistir na vizinha Espanha o regime direitista de Franco, sem que se soubesse qual seria o resultado dessas lutas e quais seriam as suas consequências à escala europeia. Afinal, Franco acabaria por morrer uma semana depois da resolução da crise portuguesa.

Na sequência do golpe militar os operários começaram a pôr em causa a autoridade no interior das fábricas, que sempre estivera estruturalmente ligada ao regime fascista, e foi neste vazio que surgiram as Comissões de Trabalhadores. Consoante o jogo de forças nas empresas, as Comissões ou se limitavam a exercer pressão sobre os patrões ou criavam uma estrutura administrativa paralela à administração patronal, acabando em muitos casos por substituí-la. Nas zonas operárias foram fundadas Comissões de Moradores, e as Comissões dirigiram quase todas as empresas e bairros até Novembro de 1975, quando um novo golpe militar reforçou a democracia parlamentar liberal e inseriu Portugal nas grandes correntes do capitalismo europeu.

Em 2006 são muito poucas as pessoas fora de Portugal a lembrar-se desses acontecimentos, já que durante a década seguinte Portugal foi paulatinamente preparado para aderir à União Europeia e à chamada democracia, e toda aquela experiência foi considerada uma tempestade num copo de água, acabando por ser convenientemente esquecida. No entanto, alguns acontecimentos recentes na América Latina, onde também existe a experiência da passagem do fascismo para a “libertação”, trouxeram um novo interesse pelo sucedido em Portugal durante a década de 1970. Podem-se considerar nesta perspectiva as rupturas ocorridas nas forças armadas, e os casos de países latino-americanos em que alguns batalhões do exército ajudaram à ocupação de fábricas ou de terras assemelham-se até certo ponto à experiência portuguesa, existindo um enorme potencial para um movimento de democracia directa da base. Na verdade, algumas das principais instituições, o exército e a polícia, estão divididas internamente, e tudo isto leva a recordar o caso português enquanto precursor de uma potencial desintegração de aparelhos de Estado ultra-repressivos. Por isso o objectivo deste site, onde todos os números do jornal Combate se encontram na íntegra, não é o de proceder a qualquer meditação ecléctica sobre o passado mas o de divulgar uma experiência com a qual ainda hoje se pode aprender.

Em 1974, depois da experiência inicial de empresas como a Sogantal e a Charminha, ocupadas e autogeridas pelos trabalhadores, que se encarregaram de todas as tarefas internas, o movimento alastrou a centenas ou mesmo milhares de fábricas. Na verdade, muitos patrões, assustados com a ousadia popular, fugiam do país, deixando as empresas abandonadas e o pessoal sem salários. Os trabalhadores começaram as ocupações como uma reacção de sobrevivência, e foi assim que tanto no sector industrial como no comercial surgiram empresas autogeridas, desde algumas muito pequenas até outras de enormes dimensões. Os latifúndios do sul do país também foram ocupados e cultivados colectivamente. Nos meados de 1975 uma porção muitíssimo considerável da economia portuguesa e da sociedade estava nas mãos dos trabalhadores e era directamente gerida por eles. Foi neste contexto que se publicou o jornal Combate. A criação deste jornal deveu-se originariamente a três membros de um antigo grupo clandestino marxista-leninista, os Comités Comunistas Revolucionários (CCRs), que resultara de uma cisão ocorrida em 1969 numa organização maoísta, o Comité Marxista-Leninista Português. A partir de 1972 alguns membros dos CCRs tinham começado a criticar o maoísmo e o modelo organizacional leninista, e cindiram dos CCRs em Abril de 1974.

O primeiro número do Combate, junto com o Manifesto inaugural, data de 21 de Junho de 1974, e o último, nº 51, data de Fevereiro de 1978. Os primeiros dez números do Combate tiveram uma periodicidade semanal e beneficiaram de uma distribuição muito ampla. Do nº 11 (22 de Novembro de 1974) até ao nº 47 (22 de Outubro de 1976) a periodicidade foi praticamente quinzenal, com algumas lacunas. O contragolpe de Novembro de 1975, destinado a estabelecer uma democracia representativa assente numa constituição, deu lugar a uma orientação política que dificultou as ocupações, e os últimos quatro números, desde o nº 48 (Fevereiro de 1977) até ao nº 51 (Fevereiro de 1978), foram cada vez mais difíceis de organizar e por isso saíram com uma periodicidade irregular.

O objectivo era produzir um jornal não-doutrinário que relatasse as ocupações e as experiências de autogestão. Equipas de colaboradores deslocavam-se a todo o país para entrevistar membros das Comissões de Trabalhadores e das Comissões de Moradores, frequentemente entrevistando também trabalhadores de base, e as declarações eram registadas e publicadas na íntegra. Embora isto levasse a repetições por vezes cansativas, tinha a vantagem de não podermos ser acusados de ter cortado ou excluído afirmações com que não estávamos de acordo, ainda que essas afirmações fossem discutidas. Nunca recebemos queixas de Comissões de Trabalhadores que achassem que as suas declarações tivessem sido deturpadas, e todos sentiam que aquilo que haviam dito fora reproduzido fielmente, mesmo se fosse contrário à orientação do jornal. Além disso, muitas das empresas ocupadas publicavam naquela época os seus próprios boletins ou panfletos, onde se discutiam as questões candentes no interior da empresa, e muitos destes boletins foram reproduzidos na íntegra e não apenas sob a forma de citações parciais, como era feito por outros jornais, de acordo com as suas ideologias. Os colaboradores do Combate esperavam que, através de todos estes relatos, os trabalhadores que se encontravam em situações similares aprendessem com os seus companheiros e pudessem contribuir para o avanço do movimento e para a formação de frentes comuns, ou pelo menos que se estimulasse o relacionamento entre os vários grupos de trabalhadores. Com este objectivo o Combate organizou também mesas-redondas entre trabalhadores de diversas empresas em luta. Estas discussões eram gravadas, transcritas e reproduzidas na íntegra.

O objectivo do Combate era divulgar as lutas dos trabalhadores e as suas formas de organização, tanto na indústria como no comércio e na agricultura, no norte como no sul do país, bem como as lutas nos bairros. Além disso, o Combate dava relevo a todas as lutas contra a disciplina militar, especialmente importantes num contexto em que as forças armadas estavam directamente envolvidas no governo e beneficiavam de um enorme prestígio por terem derrubado o regime fascista. O Combate também dava relevo às lutas dos trabalhadores noutros países e praticamente todos os números continham notícias acerca destas lutas.

Em todos os números se destacavam os problemas das Comissões de Trabalhadores. Por exemplo, o Combate nº 13 (Dezembro de 1974) citava um trabalhador da Setenave, os grandes estaleiros navais de Setúbal, dizendo: “A última AGT não me interessou nada, discutiram-se problemas que não interessavam aos trabalhadores, só se atacaram partidos e pessoas. – Tu és do MRPP, tu és do PRP e por aí fora... e nada de interesse para o que estava em causa. [...] Eu como trabalhador e pertencendo à oposição, entendo que as críticas devem vir única e simplesmente da parte dos trabalhadores pondo de parte qualquer partido político, e não foi como membro desse partido político que eu ataquei o CTS mas sim como trabalhador”. Outro trabalhador entrevistado salientou que a Comissão fora revocada porque “confraternizara” com a administração e disse: “Quando surja qualquer problema devem ser os trabalhadores atingidos e em conjunto com as Comissões de Base e o CTS a decidir das acções a tomar para que o CTS vá junto da Administração reivindicar e não ter que ser o CTS só a resolver.” Estes eram alguns dos problemas básicos que as Comissões enfrentavam e para os quais o Combate procurava chamar a atenção.

O movimento revolucionário português nada ficou a dever aos partidos políticos esquerdistas, que na generalidade se deixaram surpreender completamente pelos acontecimentos. O Partido Comunista, muito influente nos governos militares de 1974-1975, tentou reforçar a embrionária burocracia sindical em detrimento das Comissões de Trabalhadores e tentou pôr cobro ao movimento autogestionário e promover a sua própria modalidade de capitalismo de Estado assente em nacionalizações. Mesmo nos vastos latifúndios do sul, onde os trabalhadores geralmente apoiavam o Partido Comunista, as ocupações colectivas da terra deveram-se à iniciativa dos próprios camponeses. As palavras de ordem do Partido Comunista apelavam para um “aumento salarial”, e quando a repressão directa não resultou, o Partido Comunista recorreu à banca nacionalizada para, através do crédito, tentar dirigir e controlar as empresas e os latifúndios em autogestão. Quanto aos outros partidos da extrema-esquerda (como a UDP, o PRP, o MES e o MRPP), nenhum deles desempenhou qualquer papel preponderante no movimento autogestionário daquela época. Na realidade, estes partidos esquerdistas constituíam o braço político de certas facções militares, e a relação que mantinham com as forças armadas mostra que eles não se haviam distanciado verdadeiramente do Estado capitalista e que estavam apenas interessados nas suas próprias modalidades de capitalismo de Estado. Sem dúvida que os militantes destes partidos eram muito activos nas empresas a que pertenciam, e desempenharam um papel nas Comissões de Trabalhadores. Mas enquanto o movimento de base se manteve forte, esses militantes limitaram-se a executar as directivas das assembleias plenárias e não as ditadas pelos partidos. Em 1975 as bandeiras e faixas dos partidos estavam proibidas em muitos plenários e em muitas manifestações, e os partidos tinham sido relegados para um plano secundário. E, evidentemente, quando o movimento começou a declinar e as Comissões de Trabalhadores começaram a isolar-se, depois de Novembro de 1975, esses partidos perderam a utilidade e converteram-se em grupúsculos esquerdistas nas margens da sociedade.

Para o Combate, mais do que as reivindicações específicas feitas pelos trabalhadores, o importante eram as suas formas reais de organização espontânea, porque víamos nelas a base da democracia operária e o meio de destruir as hierarquias do capitalismo de Estado. Não pretendemos com isto subestimar as reivindicações, que resultam de situações reais, mas queremos insistir na relação dinâmica entre essas reivindicações e as formas democráticas (ou não democráticas) como elas são prosseguidas. Alguns dos boletins publicados por empresas em luta e reproduzidos no Combate estavam escritos numa linguagem e com uma lógica que sintetizavam em poucas palavras os problemas do capital e que os exprimiam espontaneamente. Lê-se num dos boletins da Efacec-Inel: “As nossas lutas são justas e a greve neste momento é uma das formas de fazer ouvir a nossa voz. É por isso que nós nos devemos organizar não só na luta contra este ou aquele patrão, nesta ou naquela fábrica, mas na luta contra o sistema capitalista”.

Foi por se ter concentrado nas lutas nas empresas, nos quartéis e nos bairros e por ter examinado as suas formas de organização que o Combate conseguiu aperceber-se muito cedo do declínio do movimento. O facto de uma Comissão ser eleita por uma assembleia de trabalhadores numa situação de democracia aberta e de, em princípio, ser responsável perante aqueles que a elegeram e poder ser substituída se a sua actuação não correspondesse às exigências da base não significava que as coisas acontecessem sempre desta maneira. Já no Combate nº 15 (17 de Janeiro de 1975) os colaboradores do jornal manifestaram a sua preocupação pela burocratização de muitas Comissões de Trabalhadores e pela ausência de uma federação de Comissões e tentaram analisar as causas profundas desta situação negativa. E em Julho de 1975, quando os comentadores eram unânimes em afirmar que se vivia “o longo Verão quente”, o editorial do Combate nº 27 diagnosticava os sintomas de um crescente desinteresse por parte dos trabalhadores de base e o isolamento crescente das Comissões de Trabalhadores, bem como a incapacidade de se formarem organismos coordenadores destas Comissões. Quando o golpe militar de Novembro de 1975 pôs termo à hegemonia do Partido Comunista no governo e destruiu o que ainda restava do processo revolucionário, os editoriais do Combate, contrariamente ao que sucedeu então com a maior parte da imprensa esquerdista, afirmaram que se tratava de um reforço da democracia capitalista e não de qualquer regresso ao fascismo. A lucidez política de que o Combate repetidamente deu provas deveu-se ao facto de manter um estreito contacto com o movimento de base e de se preocupar acima de tudo com as formas de organização espontânea dos trabalhadores.

A verdadeira dicotomia no movimento operário daquela época era a cisão entre as Comissões de Trabalhadores e os sindicatos. Os sindicatos pouco mais eram do que um elo de ligação entre patrões e trabalhadores. Em 1974 existiam cerca de 4000 sindicatos espalhados por todo o país, organizados por profissões e totalmente desacreditados em virtude da sua anterior relação com o regime fascista. Na Lisnave (estaleiros de construção naval) havia 13 sindicatos, na Mabor (fábrica de pneus) havia 23, na TAP (companhia aérea) havia 15. Os únicos sindicatos “fortes” eram o dos funcionários bancários, que no 1º de Maio de 1973 tentara organizar uma manifestação em Lisboa, e o dos assalariados agrícolas, que formavam o eixo da Intersindical, dirigida pelo Partido Comunista. A resposta imediata dos trabalhadores foi a convocação de plenários que elegeram Comissões de Trabalhadores, representantes da base. Em Outubro de 1974 havia 2000 Comissões, difundidas por todo o sistema económico. No Combate nº 10 (8 de Novembro de 1974) encontra-se um relato dos acontecimentos na Propam (uma padaria industrial empregando cerca de 150 trabalhadores e que sob muitos pontos de vista representava a situação típica das pequenas empresas). “Nós aqui temos 20 sindicatos. [...] Ao princípio apareceu uma comissão de trabalhadores ‘ad-hoc’ que apresentou inicialmente o tal caderno reivindicativo de regalias monetárias. Após a confirmação de que [...] a luta tinha de ser encaminhada noutro sentido, [...] um plenário de trabalhadores elegeu uma comissão inicialmente composta por cinco trabalhadores, aqui da fábrica. Posteriormente os escritórios aderiram e concordaram com a comissão.” Os trabalhadores da Mabor (fábrica de pneus na Lousada) escreveram um longo manifesto (ver Combate nº 5, 26 de Julho de 1974) onde concluíam: “Hoje sabemos que a nossa luta faz parte da luta que todos os operários travam contra todos os patrões onde quer que a exploração destes se exerça sobre quem tudo produz e pouco recebe. [...] Hoje sabemos que só quando todos os explorados se unirem contra os exploradores conseguiremos vencer total e definitivamente!”.

Houve várias tentativas de constituição de uma federação unitária de Comissões de Trabalhadores, fora do âmbito dos partidos políticos, que todos eles desejavam aproveitar os acontecimentos. A Inter-Empresas, formada em Dezembro de 1974, acabou por se fragmentar em várias Inters, controladas por diversas facções políticas. Outra tentativa foi o Congresso das Comissões de Fábrica reunido na Covilhã em Setembro de 1975, onde o direito de voto dependia da dimensão da empresa (avaliada pelo número de trabalhadores) e onde os partidos políticos não tinham direito a votar. Mas este Congresso acabou por se tornar uma iniciativa do MRPP (organização maoísta com um discurso radical mas que na prática se aliava à extrema-direita contra o Partido Comunista) e foi boicotado pelo PCP. O MRPP infiltrara a Inter-Empresas originária (através de Comissões como a da Efacec-Inel) e o Partido Socialista prestou também o seu apoio, esperando com isto conseguir alguma penetração nas organizações operárias. Eram estes problemas extremamente complexos que defrontava o movimento autogestionário daquela época.

Do ponto de vista do Combate, a cisão fundamental na sociedade portuguesa após o 25 de Abril de 1974 opunha, de um lado, as várias modalidades de capitalismo de Estado e, do outro, as tentativas de reforçar o poder directo dos trabalhadores de base, sem recorrer para isso ao aparelho de Estado e desenvolvendo a autonomia organizativa e a autogestão económica. É claro que o verdadeiro poder era detido pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), responsável pelo golpe de 1974, e desde o início as forças políticas tentaram obter o controlo desta instituição. O general Spínola, um ex-fascista que havia criticado a política colonial do antigo regime, foi uma mera figura decorativa depois do golpe, até revelar as suas verdadeiras intenções no fracassado contragolpe de Setembro de 1974 e ter de se afastar.

As diversas facções no interior das forças armadas reflectiam as ambições de projectos e partidos fundamentalmente defensores do capitalismo de Estado. Uma facção do exército (baseada na 5ª Divisão) controlada por Vasco Gonçalves, que por sua vez era controlado pelo Partido Comunista, recorreu a sucessivos governos militares para instalar o capitalismo de Estado (através de nacionalizações), e os vários partidos da extrema-esquerda ou colaboraram activamente com este projecto ou pelo menos concordaram com ele. A facção do COPCON, comandada por Otelo Saraiva de Carvalho, controlava as unidades militares mais bem armadas em redor de Lisboa (RAL-1, PM, EPAM), apoiava activamente muitas ocupações de terras e de fábricas e estava aliada a partidos da extrema-esquerda como o PRP, a UDP, o MES, etc. Na prática tratava-se do maior grupo militar, e embora apoiasse em geral os projectos capitalistas de Estado dos governos comunistas, defendia também uma estratégia de “poder popular” com o objectivo de acelerar o processo. O COPCON era convocado para intermediar conflitos durante o chamado “Verão quente” de 1975, sendo então o árbitro da sociedade civil, a sua verdadeira força policial, muitas vezes apoiando activamente as manifestações e as ocupações; a 16 de Julho de 1975, por exemplo, foram enviados três carros blindados para apoiar uma manifestação da Inter-Comissões (habitantes de bairros de lata), com a declaração ‘Trabalhadores dos campos e das fábricas, soldados e marinheiros, unidos venceremos”. Todavia, a própria existência do COPCON enquanto facção de esquerda no interior do MFA reforçava a mística do MFA. “Dar armas à classe operária” era sempre para amanhã, e enquanto a maior parte dos partidos da extrema-esquerda se deixava hipnotizar por esta retórica, o COPCON constituía um verdadeiro obstáculo: enquanto ele existisse para defender a classe trabalhadora, por que razão haviam os trabalhadores de pensar em armar-se a eles mesmos? O COPCON acabaria por ser dissolvido, por ordens superiores, em 26 de Novembro de 1975, e os seus chefes nem sequer piaram.

Por seu lado, o Partido Socialista dividia-se entre aqueles que pretendiam apoiar os governos militares e o Partido Comunista e aqueles que pretendiam um capitalismo liberal de estilo europeu e que para isso conspiravam com a direita e a extrema-direita e com a embaixada dos Estados Unidos. Também eles tinham a sua facção militar, o Grupo dos Nove (cujas figuras principais eram Melo Antunes e Vasco Lourenço), e foi este grupo, sob a chefia de Ramalho Eanes, que triunfou em Novembro de 1975. Embora os sociais-democratas (o PPD) se situassem à direita do Partido Socialista, eles não ergueram grandes obstáculos aos sucessivos governos militares nem aos comunistas, mas tiveram uma certa influência em muitos quartéis e entre oficiais que nunca se haviam identificado com o MFA. Os Comandos em Lisboa eram a sua principal força operacional, mas também eram apoiados pelas chefias militares do norte e por unidades nos Açores e na Madeira. O exército, que constitui sempre a última linha de defesa do aparelho de Estado, estava dividido politicamente consoante opções ideológicas, e na época falava-se da existência de um MFA, um MFB, um MFC...

No final do Verão de 1975, em 21 de Agosto, algumas centenas de soldados e de oficiais de baixa patente reuniram-se num pinhal nas imediações de Braga, uma cidade do norte do país, para criar uma organização de base, os SUV (Soldados Unidos Venceremos). Ainda hoje se pode discutir até que ponto se tratou de uma acção camuflada da organização de extrema-esquerda UDP ou de uma iniciativa espontânea, mas o certo é que ficava patente a ruptura praticamente total da espinha dorsal do aparelho de Estado.

Naquela época o Combate considerava que o capitalismo de Estado representava um perigo maior do que o capitalismo privado, e esta era a orientação principal tanto em termos de actividade prática como de análise política. Se bem que hoje se possa ver que o neoliberalismo e a economia de mercado se converteram na ideologia hegemónica na classe dominante portuguesa (e mundial), a situação era diferente em 1974-1975. Surgia aqui um certo risco de criticar apenas os partidos de esquerda e de considerar a direita como meramente “repressiva”. Nunca devemos esquecer que o capitalismo de esquerda foi terrível historicamente, mas é igualmente certo que o reformismo de direita também é terrível, embora talvez de uma maneira diferente. É interessante observar que o mesmo tipo de clivagens das forças militares está actualmente (2006) a ocorrer na América Latina, onde se confrontam facções de esquerda e de direita, e provavelmente muito se pode aprender através do estudo da experiência portuguesa. Existem grandes semelhanças entre a forma como Chavez e também Morales pretendem recuperar o movimento de base e a forma usada pelo COPCON.

O Combate não tinha membros profissionais, e qualquer pessoa podia colaborar desde que estivesse de acordo com os princípios gerais do seu Manifesto. As tarefas eram distribuídas igualmente entre todos e não existiam cargos directivos; o nome do director, que aparece no cabeçalho do jornal, era fictício e destinava-se unicamente a cumprir um preceito legal. Quem quer que estivesse presente nas reuniões podia dar a sua opinião, e podia votar com a condição de se encarregar de uma tarefa. Se bem que existisse um grupo estável de colaboradores, que se reunia pelo menos uma vez por semana, havia outros que colaboravam só esporadicamente ou que estavam presentes quando se discutiam certas lutas. Existia um grupo no sul (em Lisboa) e outro no norte (no Porto). Sucedia também que trabalhadores de uma dada empresa aparecessem para discutir a sua própria luta e que, assim, ajudassem a preparar o número seguinte do jornal.

Das oito páginas do Combate, sete tratavam das lutas nas fábricas, nos campos, nos quartéis e nos bairros, e uma página era consagrada ao editorial. Embora o editorial fosse discutido por todas as pessoas presentes, é provável que o procedimento tivesse podido ser mais democrático, mas é claro que com as pressões do momento, as circunstâncias políticas em mutação permanente e a necessidade de executar as tarefas e de cumprir os prazos, era só uma pessoa (geralmente a mesma) a encarregar-se da redacção. Retrospectivamente, parece-nos que teria sido preferível pedir a alguns grupos de operários para participarem mais e talvez mesmo para escreverem os seus próprios editoriais acerca dos acontecimentos. De qualquer modo, se a experiência alguma vez se repetir de uma ou outra forma, valerá a pena considerar esta questão.

Até Novembro de 1975, apesar dos obstáculos erguidos ao desenvolvimento das lutas, os trabalhadores tiveram a força suficiente para manter abertas as portas das empresas e para permitir que um vasto movimento político minasse a disciplina patronal. Foi nestas circunstâncias que o Combate nasceu e pôde viver. A queda do movimento operário levou também à queda do jornal, no meio das recriminações internas que são comuns em tais circunstâncias e com alguma (não demasiada) amargura. Com o fim do Combate, cada um dos colaboradores seguiu caminhos diferentes. O importante aqui não é deter-nos neste fracasso colectivo (um fracasso colectivo que talvez fosse previsível, dada a fraqueza da economia portuguesa e as pressões do capitalismo mundial), mas deter-nos nos aspectos positivos de uma experiência muito rica, que aqui expomos para que outros possam aprender com ela. O importante aqui é o movimento operário e não os egos feridos de alguns poucos entre os colaboradores do Combate. Para todos os colaboradores do jornal, tratou-se de uma das primeiras e mais ricas experiências de história oral (se bem que restrita à palavra escrita), além de ser algo em que participaram activamente.

O Combate foi um produto da sua época, quando a internet não existia, as câmeras de vídeo eram raras e não havia telemóveis, por isso em muitos aspectos ele parece antiquado e fora de moda. E é claro que o é. No mundo de hoje o vídeo, a internet e o SMS facilitam a comunicação (como sucedeu com as lutas em França em 2006), mas estes meios não estavam disponíveis no Portugal da década de 1970. Deve ainda dizer-se que desde o seu primeiro número (o último foi copiografado) o Combate não teria sobrevivido sem a ajuda da Comissão de Trabalhadores da tipografia Mirandela e, em seguida, dos trabalhadores em autogestão da tipografia a que ironicamente chamaram Cooperativa Gráfica Confusão, onde o jornal foi impresso.

No início de 1975 os colaboradores do norte abriram no Porto uma livraria chamada Contra a Corrente e começaram a editar pequenos panfletos, tanto impressos como copiografados. A livraria não só era um lugar de reunião para os colaboradores do Combate mas era também posta à disposição, sem quaisquer condições, de outros grupos de tendência libertária ou autonomista. Em Outubro de 1975 os colaboradores de Lisboa abriram também uma livraria, igualmente chamada Contra a Corrente, que tinha os mesmos objectivos. Foram publicados 31 panfletos em língua portuguesa, e ainda alguns em inglês e em francês.

O certo é que ao longo dos 51 números do Combate se encontra um reportório de tudo o que sucedeu no movimento operário em 1974-1975. É um tesouro para os pesquisadores bem como para todos os que se interessam pelo movimento operário daquela época, provavelmente uma das maiores experiências do final do século XX. É nesta perspectiva que apresentamos aqui o jornal, por enquanto só em português. Uma colecção do Manifesto e dos editoriais do Combate até ao nº 20 (28 de Março de 1975) foi publicada em 1975 (Capitalismo Privado ou Capitalismo de Estado Não É Escolha!, Porto: Afrontamento). E convém chamar a atenção para o facto de o livro Portugal. The Impossible Revolution? (Londres: Solidarity, 1977, agora disponível também na internet, e traduzido em português com o título Portugal: A Revolução Impossível?, Porto: Afrontamento, 1978), da autoria de Phil Mailer, um dos vários colaboradors estrangeiros do Combate, que participou activamente no jornal até ao último número, conter numerosas referências e citações do Combate.

Julho 2006

João Bernardo
José Elísio Melo e Silva
José Paulo Serralheiro
Phil Mailer
Rita Delgado

Versão do texto em inglês:
After the military Coup of the 25th of April 1974, in Portugal, and the overthrow of nearly 50 years of fascism and right-wing repressive regimes there followed a year and a half of profound social transformation, which challenged much of Portuguese society, from the bottom up, becoming headline news, almost on a daily basis, in the world media. This was due both to the intensity of the struggle as well as the fact that the right-wing Francoist regime was still in power in neighbouring Spain and there was uncertainty as to how these struggles were to pan out and what effect they could have on Europe in general. In the end, Franco died just a week after the Portuguese crisis would be resolved.

In the aftermath of the coup, workers began to question the authority inside the factories, an authority that had always been structurally related to the fascist regime and it was in this vacuum that the Workers’ Committees came into being. Depending on the balance of forces inside the factories these Committees either limited themselves to exerting pressure on the bosses or else set up a parallel management structure alongside the boss’s administration, in many cases substituting it. In working-class areas Neighbourhood Committees were set up and Committees ran almost all factories and neighbourhoods for the period up to November 1975 when another military coup reinforced liberal parliamentary democracy and would bring Portugal into the mainstream of European capitalism.

In 2006, very few people outside Portugal can even remember these events given that Portugal was slowly groomed for entry into the European Union within the decade and brought into the so-called democratic fold and the whole experience was deemed a storm in a teacup and is conveniently forgotten. However, recent events in Latin America, where there is the experience of going from fascism to ‘liberation’, has revived an interest in Portugal in the 1970s. These involve the splits in the army where some army battalions throughout Latin America assist in factory and land takeovers etc and parallel to some degree the Portuguese experience and there is a huge potential for a direct democratic grassroots movement. Indeed some of the main institutions, the army and the cops, are split - all of which point to Portugal as some early indication of the process and the potential disintegration of the ultra-repressive state apparatus. So, in putting up this website, which reproduces all the issues of the Newspaper Combate we are not just interested in some eclectic experience of mulling over the past but it is meant to put that experience out there as something to be learned from.

In 1974, after the initial experiences of such companies like Sogantal and Charminha where factories were occupied by the workers and self-managed, the workers taking on all tasks inside the factory, the experience spread to hundreds if not thousands of factories. Actually, many bosses afraid of the boldness of the popular wave fled the country, leaving the factories abandoned and the staff without pay. The occupations started off as a survival mechanism for the workers. It was in this way that in industry and commerce self-managed companies came into being, from tiny units to large enterprises. Large estates (latifúndios) in the south were occupied and cultivated collectively. By mid 1975, a huge part of the Portuguese economy and society were directly in the hands of the workers and run by the workers. It was in this background that the newspaper Combate was published. The initial initiative to set up Combate came from three members of a former clandestine Marxist Leninist group, the Revolutionary Communist Committees (CCR) which resulted from a split in 1969 of a Maoist organisation, the Portuguese Marxist Leninist Committee. From 1972 some of the members of the CCR had begun to criticise Maoism and the Leninist organizational model, and split from the CCR in April 1974.

The first issue of Combate, along with the inaugural Manifesto is dated 21st June 1974 and the last number, Nº 51 is dated February 1978. The first 10 numbers of Combate were published weekly and widely distributed. Nº 11 (Nov 22, 1974) to Nº 47 (Oct 22, 1976) was almost fortnightly with some gaps. The counter coup of November 1975 which sought to establish constitutional representative democracy brought in policies which made occupations more difficult and the last four issues Nº 48 (dated Feb 1977) to Nº 51 (Feb 1978) became more and more difficult to organise and therefore more irregular.

The idea was to produce a non-doctrinaire newspaper that would publish reports about these occupations and experiences of self-management. Teams visited localities throughout the whole country, interviewing members of the Workers’ Committees or Neighbourhood Committees, frequently interviewing ordinary people involved and what they said was written out and published in full. While this led to certain repetitions and sometimes long-windedness as people reiterated points already made, it was considered useful since it was not up to us to make cuts or omit things that we didn’t agree with, although such things were discussed. There were never any complaints from Workers’ Committees about misrepresentation and all of them felt that what they said, even if it went against the orientation of the newspaper, was always faithfully reproduced. Also many of the occupied factories at this time, were producing their own bulletins and broadsheets discussing the issues that were at stake inside the factory and many of these bulletins were reproduced in their entirety and not just quoting certain sections, as other newspapers were doing, in keeping with their own ideologies. The members of Combate hoped that, through all of these reports, workers in similar situations could learn from their comrades and could contribute to more advanced experiences and form united fronts or at least stimulate relations between the various workers’ groups. With this aim Combate also organised various round table discussions between workers of various factories in struggle. These discussions were taped, transcribed and reproduced in full.

The aim of Combate was to publicize the struggles of the workers and their forms of organisation, whether in industry or commerce as well as the struggles in agriculture, both north and south of the country, as well as the Neighbourhood struggles. Also, Combate focused in on all struggles against military discipline which were especially important given the context that the armed forces were directly involved in the government and enjoyed enormous prestige for having overthrown the fascist regime. Combate also focused in on worker’s struggles in other countries and almost all issues contained news of these struggles.

The problems of the Workers’ Committees were highlighted in all issues. An example from Combate Nº 13 (Dec 1974) quoted a worker from Setenave, the big ship building company from Setúbal, south of Lisbon as saying “The last General Assembly had no interest for me. It just discussed a load of matters that had nothing to do with the problems at hand. Parties attacked parties, you’re MRPP, you’re PRP and so on…It shouldn’t be as a member of a political party that one attacks the Committee but as a worker.” Another worker interviewed pointed out that the Committee was recalled for “fraternising” with the management and said, “More members of the base committee must go on the Workers’ Committee. Everyone should know someone on the Workers’ Committee”. These were some of the nitty-gritty problems which faced the Committees and which Combate tried to call attention to.

The Portuguese revolutionary movement in any case, owed nothing to the leftist political parties, which on the whole were taken totally by surprise by events. The Communist Party, very influential in the military governments of 1974-75, tried to build up the embryonic trade union bureaucracies at the expense of the Worker’s Committees and tried to halt the self-management movements in a way that wanted to promote its own brand of State Capitalism based on nationalisations. Even in the large estates in the south where workers were generally supportive of the Communist Party the collective occupations of land came from the initiative of the farm-workers themselves. The Communist Party slogans were ‘for an increase in wages’ and where direct repression couldn’t work they tried to use the nationalised banking system to run the companies and estates in self-management through the granting of credit facilities and in this way control them. None of the other extreme left parties (like UDP, PRP, MES or MRPP) had any preponderant role in the self-management movement at the time. In reality, these leftist parties were the political arm of certain military factions, and this relation to the armed forces showed that they had not really separated themselves from the Capitalist State and were really only interested in their own brands of State Capitalism. Certainly the militants of these parties in the factories where they were present were very active and played a role in the Workers’ Committees. But at long as the workers’ movement remained strong these militants were confined to carry out the directives of the General Assemblies and not those dictated by the parties. Party banners were forbidden in many Assemblies and demonstrations by 1975 and the parties were relegated to a secondary position. And, of course, when the movement began to decline and the Workers’ Committees became more isolated, after November 1975, these parties too lost their usefulness to become mini-leftist organisations on the margins of society.

For Combate, it was the actual forms of spontaneous organisation of the workers rather than the particular demands made by them that were more important, since we saw this as the basis of workers’ democracy and the means to destroy the hierarchies of State capitalism. This is not to lessen the actual demands, which arise out of real situations, but to focus in on the dynamic between these demands and the democratic (or not) forms with which they were pursued. Some of the strike bulletins reproduced in Combate were written in a language and logic that put the problems of Capital in a nutshell and spontaneously expressed it. An Efacec-Inel strike bulletin wrote, “Our struggles are just and if we strike we shall be heard. This is why we must organise not only against this or that boss, in this or that factory, but against the capitalist system as a whole”.

By concentrating on the factory, barracks and neighbourhood struggles and examining its organisational forms, Combate was able, from very early on, to see the decline of the movement. The fact that a Committee was elected by a body of workers in an assembly in open democracy and that it had to, in principle, answer to those who elected it and could be substituted if their actions did not meet the demands of the base didn’t mean that things always happened this way. In Combate Nº 15 (17th Jan 1975) the members of the newspaper were already worried about the bureaucratisation of many Workers’ Committees and with the lack of a Federation of these Committees and tried to analyse the root causes of this negative situation. And in July 1975 when commentators were unanimous that we were living “the long hot Summer” the editorial of Combate Nº 27 pointed out the growing symptomatic signs of disinterest on the part of ordinary workers and the growing isolation of the Workers’ Committees and their inability to join up these Committees. When the military coup of November 1975 ended the hegemony of the Communist Party in the government and destroyed what remained of the revolutionary process, the editorials of Combate, unlike most of the leftist media at the time, said that this was a reinforcement of capitalist democracy and not a return to fascism. The political clarity, which Combate repeatedly demonstrated, was due to the fact that it was in close contact with the grassroots of the workers’ movement and cared most of all about the validity of its spontaneous forms of organisation.

The real dichotomy in the Worker’s Movement at this time was the split between the Workers’ Committees and the trade unions. The unions were little more than a conduit between the bosses and the workers. In 1974, there were some 4000 unions across the country, organised by trade and totally discredited by past links with the fascist regime. In Lisnave (shipbuilders) there were 13 unions, in Mabor (the tyre plant) there were 23, in TAP (the airlines) there were 15. The only ‘strong’ unions were the Union of Bank Employees, which, on May 1st 1973 had attempted to demonstrate in Lisbon, and the Union of Farm-Workers, which formed the backbone of the PCP led Intersindical. The immediate response by the workers was the General Assembly (or Plenário), which elected a Workers’ Committee to represent them. By October 1974, some 2000 such committees existed across the Portuguese economy. In Combate Nº 10, (Nov 8th 1974) there is a report from Propam (an industrial bakery employing some 150 workers and in many ways typical of the smaller companies). “Our demands were for the sacking of management…here we have 20 unions. The office workers at first agreed but then set up their own Committee.” The Mabor workers (a tyre factory in Lousada) wrote a long manifesto (see Combate Nº 5, July 26, 1974) in which they concluded, “Today we know that our struggle is part of the struggle of all workers against the bosses, wherever they impose their exploitation on those who produce everything and receive next to nothing…Today we know that only when the exploited unite against the exploiters can we win totally and finally.”

There were various attempts to forge a unitary organisation out of these Committees outside the political parties which clearly all wanted a piece of the action. Inter-Empresas, formed in December 1974, was to fragment into various Inters controlled by different political factions. Another attempt was the Congress of Factory Committees in Covilhã in September 1975, which elaborated voting rights dependent of the size of the Company (i.e. number of workers) with the political parties having no right to vote. This turned out to be a MRPP (a Maoist organisation of radical discourse but in practice allied with the extreme-right against the Communist Party) front and was boycotted by the PCP. The MRPP had infiltrated the original Inter-Empresas organisation (through such Committees as Efacec-Inel) and the Socialist Party was also supportive, hoping to gain some inroad into workers’ organisations. Such were the very difficult problems facing the self-management movement at the time.

The fundamental split in Portuguese society, for Combate, after the 25th April 1974 coup was between the various modalities of State capitalism and the attempt to increase the direct power of the workers from the bottom up, without recourse to the state apparatus, while developing organisational autonomy and economic self management. Of course, real power remained in the hands of Armed Forces Movement (MFA), which had carried out the coup of 1974. From the beginning, political forces tried to gain control of this influential body. General Spínola, the ex-fascist general who had criticised the former regime’s colonial policies, was only used as a convenient figurehead in the aftermath of the coup. But he had shown his hand in a September 1974 failed right wing counter-coup and resigned.

What remained were various factions within the armed forces, which mirrored the ambitions of the mainly State Capitalist political projects and parties. There was the faction of the army (based around the 5th Division) which was controlled by Vasco Gonçalves who himself was controlled by the Communist Party and through which successive military governments had installed State Capitalism (through nationalisations) and the various extreme leftist parties either actively collaborated with this project or at least went along with it. There was the COPCON faction, under Otelo Saraiva de Carvalho, which controlled the most heavily armed units around Lisbon (RAL-1, PM, EPAM) and were actively supporting many of the occupations of land and factories and were allied to extreme left political parties, like the PRP, UDP, MES etc. In practise this was the biggest military group and while they supported the state capitalist projects of the Communist governments generally, they also embraced a strategy of “popular power” which sought to speed up the process. It was COPCON who were called in to manage disputes and in the so-called “hot summer” of 1975 were the arbiters of civil society, its real police force at the time, often actively supporting demonstrations and occupations, like for example when three armoured cars turned up on July 16th, 1975 to support a demonstration of Inter-Comissões (shanty town dwellers) and declared that “Workers of field and factory, soldiers and sailors, united we shall win”. However, COPCON’s very existence as a left tendency within the MFA reinforced the whole MFA mystique. The “arming of the working class” was muted but it was always for tomorrow and while most of the left wing parties were mesmerised by the rhetoric, COPCON was a real obstacle; while it existed to defend the working class why should the workers even begin to think of arming themselves? COPCON would be disbanded, on military orders from above, on November 26th 1975 without as much as squeak from its leading personnel.

The Socialist Party, on the other hand, was divided between those who wanted to go along with the military governments and the Communist Party and those who wanted a European style liberal capitalism and thus conspired with the right and extreme right and with the United States Embassy. They too had their military faction, the Group of Nine, (centred on Melo Antunes and Vasco Lourenço), and it was this group under Ramalho Eanes who won out in November 1975. The Social Democrats (the PPD) while situated to the right of the Socialist Party did not raise huge obstacles to the successive military governments or the Communists but had an influence in many army barracks and amongst those officers who had never identified with the MFA. The commandoes in Lisbon were their main strike force but it also could muster support from the northern commands and amongst units in the Azores and Madeira. The army, which is always the final defence of the State apparatus, was politically divided along ideological lines and people at the time spoke of an MFA, an MFB and MFC.

By late summer of 1975, SUV (Soldiers United Will Win), a rank and file soldiers’ organisation came into being when some hundreds of soldiers and lower officers met in a pine forest, on August 21, near the northern town of Braga. How much this was the behind the scenes work of the extreme-leftist UDP party and just how spontaneous it was is still open to interpretation but it certainly showed the near total fissure of the backbone of the State apparatus.

Combate, at this time, considered State capitalism to be a bigger danger than private capitalism and this was the main emphasis in terms of its practical activity as well as its political analysis. This was the situation at the time and while, in hindsight, neo-liberalism and market economics have become the dominant ideology in the Portuguese (and world) ruling class, this was not the situation in 1974-75. There was a danger here of only criticising the left parties and regarding the right as being purely “repressive”. While one must never forget how horrific left capital has been historically it is necessary to see a rightist reformism that is equally horrific, though perhaps in a different way. It is interesting to note than similar types of splits in the military forces are taking place across Latin America these days (2006), with left and right groups in confrontation and there is probably much to be learned from a study of these experiences in Portugal. There are strong similarities to the way now used by Chavez and also by Morales to that then used by COPCON to absorb the grassroots.

Combate did not have any paid up members; it was open for anyone to attend as long as they adhered to the general principals of the Manifesto. Tasks were distributed equally and there were no management roles, even the name of the director which appeared at the head of the newspaper was fictitious and merely a requirement by law. All who were present could give their opinion and when it came to voting, anyone could do so on the condition that they took on some task. While there was a core group, who met at least once a week, there were others who drifted in and out or came along when certain struggles were being discussed. There was a group in the south (in Lisbon) as well as a group in the north (Oporto). Sometimes workers from a particular factory would turn up to discuss their own struggle and then would get involved in preparing the next issue.

Seven of the eight pages of Combate dealt with the ongoing struggles in the factories, on the land, the Army barracks and in the neighbourhoods and one page was devoted to an editorial. Although this was discussed by all present there probably could have been more democracy here but of course in the heat of the moment, the constantly changing political environment and the need to get something out, deadlines etc, meant that someone (usually the same person) took on this task. It might have been better, in retrospect, had we asked some of the workers groups to participate more and possibly write their own editorials on what was happening. In any case, if the experience is ever repeated in some form or another this is something worth considering.

Up to November 1975, despite the barriers put in the way of developing the struggles, the workers were able to muster up enough force to open up the factory gates and allowed a vast political movement to undermine the boss’s discipline. It was in these circumstances that Combate arose and could survive. When the workers’ movement collapsed Combate also collapsed amidst internal recriminations, which are usual in these matters and a certain amount (though not much) of bitterness followed. However, it can be said that on the collapse of Combate, the members all went our separate ways and followed separate paths. What is important here is not to dwell on this collective failure (a collective failure which was probably foreseeable anyway, given the weakness of the Portuguese economy and the pressures of world capitalism), but to dwell on the positive aspects of the experience which was a rich one and one which we offer here in retrospect so that others can learn from it. It is the workers’ movement that is important here and not the hurt egos of a few of Combate’s members, for whom the movement was one of the first and richest oral history experiences (albeit restricted to the written word), as well as being something they actively participated in.

Combate was a product of its time, there was no Internet, few video cameras, no mobile phones, and in many respects it seems old-fashioned and out-moded. And of course, it is. In today’s world, video and Internet and SMS may be a better means of communications (as in the French struggles in 2006) but in the Portugal of the 70s this was not available. However, it should be said that from the first issue (and the last one was a stencilled effort) Combate would not have survived without the help of the workers’ committee of the Mirandela print company and the self-managed workers in the printing press they ironically named Cooperativa Gráfica Confusão (The Graphic Cooperative Confusion) where it was published.

At the start of 1975 the northern members opened up in Oporto a bookshop called Contra A Corrente and started editing small pamphlets, either printed or stencilled. The bookshop was a meeting place for members of Combate but was also used by other groups of a libertarian or autonomist tendency without conditions. In October 1975 the Lisbon members also opened a bookshop, also called Contra a Corrente with the same objectives. Some 31 pamphlets were published in Portuguese as well as some in English and French.

What is certain is that in the pages of the 51 issues of Combate there is a repertory of all that happened within the workers’ movement in 1974-75. It is a goldmine for researchers and for anyone interested in the workers’ movement of this time, probably one of the great experiences of the end of the 20th century. It is in this vein that we put out these issues, in Portuguese only at the moment. A collection of Combate Manifesto and editorials, up to Nº 20 (Mar 28, 1975), was published in 1975 (Capitalismo Privado ou Capitalismo de Estado Não É Escolha!, Porto: Afrontamento, 1975). And it is worth noting that the book Portugal. The Impossible Revolution? (London: Solidarity, 1977; also now available on the internet, which was translated into Portuguese as Portugal: A Revolução Impossível?, Porto: Afrontamento, 1978), by Phil Mailer, one of the various foreigners who were directly involved in Combate right up to the end, contains many references and quotes from Combate.
Informação obtida por via do blogue:

O nº 8 da revista electrónica marxista «O Comuneiro» já saiu


O nº 8 da revista electrónica ‘O Comuneiro’ está já disponível em linha, no seu endereço habitual: www.ocomuneiro.com

Apresentação da revista


Em Wall Street as expectativas crescem. Há fusões de grandes conglomerados e mais despedimentos massivos em perspectiva. As armadilhas da liquidez. Grandes aluviões de dinheiro – fictício, esbulhado, prometido - cachoam enlouquecidos, como manadas de bisontes em pânico. Flexibilidade, polivalência, just in time. Os ritmos aceleram para os sobreviventes da empregabilidade. Os nervos crispam-se no esforço. A TV vomita as suas obscenidades quotidianas. A terra está seca. Os peitos das mães acusam silenciosamente. Torrentes de humanidade “excedentária” afluem continuamente às megapólis de lata. As chuvas são ácidas. O barril do ‘brent’ está cotado em alta. Erguem-se novamente as cabeleiras rubras da guerra. De todos os cantos do mundo se levanta um mesmo clamor de revolta.


‘O Comuneiro’ pretende ser, dentro do mundo da língua portuguesa, um pequeno laboratório de pesquisa na busca de um propósito articulado nesta revolta. Para isso, serve-se dos instrumentos da crítica ao universo do capital forjados há cento e cinquenta anos e temperados desde então em milhões de lutas, grandes e pequenas, certas e equivocadas. Trabalho necessário, mais-valia, D-M-D’. Como do sangue, suor e fezes das grandes multidões laboriosas se foram amassando as riquezas acumuladas nas mãos dos poucos, reproduzindo-se o ciclo incessantemente com uma regularidade cega e brutal. Até que a rotativa da valorização entra em panne mortal. O velho red doctor, nas insónias do Soho, viu tão bem e tão longe que só hoje começamos a compreendê-lo verdadeiramente. Ou só hoje as duras esquinas do real parecem obstinar-se a preencher e cumprir fielmente os seus conceitos.


Que um outro mundo é possível, ninguém o duvida. Menos que todos os ideólogos estipendiados para o negar, que são as únicas vozes autorizadas no novo Leviatã totalitário da “globalização”. Mas os futuros possíveis arrancam do que é presente, do que se compreende a si próprio como movimento e razão. O nosso desígnio é pois tornar esse movimento e essa razão presentes a si próprios. Para que, de entre os miasmas em decomposição do mundo mercantil (e seu bailado de fetiches), se ergam as novas vozes prontas a reclamar e fazer sua a própria vida. Em comum. Saltando as cercas. Rasgando a mãos juntas os velhos protocolos da exclusão e do enclausuramento proprietário.



Edital do nº 8 da revista O Comuneiro


A crise geral do capitalismo vai cozendo em lume brando. O sistema vai-se sustentando inercialmente a si próprio, deslizando suavemente sobre o caos, porque no mundo não há qualquer exterior a ele. Para usar uma expressão popular portuguesa, o capital não tem onde cair morto. É ele próprio “too big to fail”. Nestas últimas semanas, as bolsas até têm apresentado alguma recuperação e a CNN já apregoa “the way to recovery”. Obama pegou no microfone e concita os seus fiéis ao optimismo. A cimeira do G-20 auto-proclamou-se um sucesso. Vem aí mais do mesmo FMI.

Mas não há recuperação possível para este capitalismo, tal como o conhecemos. O que o futuro nos reserva é algo de muito pior, dentro do mesmo declive a que nos conduziu o império do lucro. Ou será algo de radicalmente novo. Algo para o qual temos ainda que inventar o conceito e reunir o sujeito transformador.

Ecossocialismo é o conceito que nos propõe Michael Löwy, num ensaio seu já um tanto antigo, que não dá conta, por exemplo, de trabalhos e investigações mais recentes – de John Bellamy Foster e de Paul Burkett – a partir dos quais a questão passou a entender-se não tanto como sendo a de “esverdear Marx” ou elaborar uma boa síntese verde-vermelho, e muito mais como a de recuperar o genuíno verde original dos fundadores do marxismo. O movimento ecossocialista é já uma realidade política internacional vibrante, tendo recentemente publicado na ‘Declaração de Belém’ uma importante síntese de propósitos, que publicamos neste número de ‘O Comuneiro’.

Também em Belém, mas agora na própria Assembleia dos Movimentos Sociais do Fórum Social Mundial foi aprovado uma outra Declaração, que nos parece ser um claro avanço político em relação a outros documentos similares de eventos anteriores. Oxalá não nos enganemos. Para referência, publicamos também uma primeira tradução em português da ‘Declaração de Bamako’ (2006), que nos parece ser o documento político mais completo até hoje aprovado em qualquer instância do movimento alterglobalizador.

De Daniel Bensaïd e Olivier Besancenot publicamos ‘Um plano de urgência para sair da crise’, concebido claramente dentro de uma estratégia transicional anti-sistémica, com referência à realidade política europeia e ao Novo Partido Anticapitalista em gestação em França. Do nosso colaborador João Esteves da Silva publicamos uma reflexão própria sobre os direitos humanos e também a tradução de um ensaio de Jean-Claude Michéa sobre a mesma questão, recheados ambos de motivos de interesse e debate. De Ronaldo Fonseca publicamos um olhar sobre a actualidade e o método próprio da luta revolucionária anticapitalista mundial. Ângelo Novo noticia e reflecte sobre a brutal agressão perpetrada pelo Estado de Israel sobre o povo palestiniano de Gaza, enquanto Nadine Rosa-Rosso nos interroga sobre as razões de tanta hesitação, tergiversação e clamorosa recusa no apoio devido à resistência árabe (Hamas, Hezbollah) por parte da esquerda europeia.


Índice do nº8



Planet Caravan: mostra de fotografia, pintura e desenho do Fórum Cultural de Ermesinde


Está patente no Forum Cultural de Ermesinde uma mostra colectiva de fotografia, pintura e desenho de Ângela Berlinde, César Taíbo e valter hugo mãe denominada "PLANET CARAVAN".
O projecto expositivo apresenta-se como uma reflexão em torno das várias linguagens artísticas: a fotografia, a pintura o desenho, da forma como cada linguagem se revela particular no seu meio através do seu discurso próprio e como se inter-relacionam".
Patente até 31 de Maio


Fórum Cultural de Ermesinde
Parque Urbano Dr. Fernando Melo
Rua Fábrica da Cerâmica
4445-428 Ermesinde
Tel.: 22 978 33 20
Fax: 22 978 33 29
E-mail:
cmagalhaes@cmvalongo.net


Revestindo a forma de estreia, Ângela Berlinde, César Taíbo e valter hugo mãe apresentam, pela primeira vez no Fórum Cultural de Ermesinde, uma mostra colectiva designada PLANET CARAVAN, na qual decidem abordar os quadrantes da irrealidade da viagem, enquanto fugaz sedução de um mundo que perde peso e adquire a leveza do paraíso.


As obras surgem num espaço poético que combina as viagens cinematográficas de Ângela berlinde, com os reflexos da pintura “comics abstraction” de César Taíbo e a luminosidade esdrúxula das mulheres, nos desenhos valter hugo mãe.

No universo denso de viagens de PLANET CARAVAN cruzam-se imagens captadas em inúmeras realidades, a poética da viagem no espaço equilibra-se com o entusiasmo e o espanto da navegação quer no espaço, quer nas oscilações entre o real e o sonho. Trata-se da aglutinação de várias viagens numa só viagem: a do devaneio. É uma viagem liberta da fatalidade do tempo cíclico, apenas aberta à renovação.
Uma mostra de trabalhos que nos projectam para um ameno veludo intocável.


Ângela Berlinde
Ângela Berlinde (Ângela Mendes Ferreira) nasceu no Porto, em 1975. Licenciou-se em Direito e exerceu advocacia em Braga. Escolheu o nome Ângela Berlinde quando optou pela carreira artística em 2003, tendo efectuado o mestrado em Fotografia na Utrecht School of Arts School of Art, Amsterdam. Começou a expor em 1998, tendo publicado obras sobre a Índia Portuguesa e sobre os Índios do Brasil.
Ângela Berlinde reside em Braga e lecciona no Porto na Escola Superior Artística do Porto, onde dirige o Curso Superior em Artes Visuais-Fotografia. Mais info em
www.angelaberlinde.com


César Taíbo
César Taíbo, nascido em Moçambique em 1971, regressa a Portugal durante a "Revolução de Abril" e anos mais tarde ingressa no Liceu onde estuda Desenho, deslocando-se nas férias de Verão, todos os anos, a Moçambique, onde assimila o "Surrealismo-Negro" (Malangatana, Chissano) que o marcará até à actualidade.
Estuda posteriormente Pintura na Universidade de Belas Artes do Porto, cria a revista literária Aguasfurtadas e a Editora Labirinto. Publica dezenas de livros com desenhos de sua autoria e expõe individualmente e colectivamente desde os anos 90. Actualmente está a desenhar banda desenhada e a pintar. O seu trabalho a nível da pintura a acrílico de grandes dimensões insere-se na nova corrente de Abstracção do pós 11 de Setembro denominada COMICS-ABSTRACTION. Devido ao seu interesse pela BD, o seu trabalho tem reminiscências da Pop-Art, (Fauvismo e Cubismo), onde a narrativa e a crítica psico-social é vital e importante, estando sempre patente nas suas representações plásticas


valter hugo mãe
valter hugo mãe é escritor, autor dos romances «o apocalipse dos trabalhadores», «o remorso de baltazar serapião» (Prémio José Saramago), «o nosso reino». A sua poesia está reunida no volume «folclore íntimo». É licenciado em Direito e pós-graduado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea. Não é exactamente um artista plástico e aceita ser visto como um naïf demasiadamente urbanizado.
Estas e outras informações sobre o autor podem ser encontradas em