18.5.10

Lukanikos, o cão grego anti-sistema


Lukanikos
(crónica de Paulo Varela Gomes, publicada no jornal Público )


Se eu fosse um qualquer dos manifestantes que, na Grécia, contestam na rua as medidas impostas pelas autoridades nacionais e internacionais, é provável que sentisse vontade de me juntar àqueles que os media chamam «anarquistas» porque a violência de que fazem uso constitui uma reacção menos resignada ao inevitável e mais apropriada à raiva e frustração que todos.

Na atitude dos «anarquistas» há muitas coisas de que não gosto mas há um aspecto que me interpela, tanto pessoalmente como enquanto português: não têm medo da polícia. Ora, sinto muitas vezes que o medo da autoridade é o traço mais vil do comportamento da maioria dos portugueses, treinados na cobardia por décadas de submissão e desengano e dotados há já demasiado tempo de dirigentes sindicais ou políticos de oposição que só sabem apelar à calma e não estão mais prontos a bater-se a sério do que aqueles que deveriam encorajar.

Quando eu era novo, os meus pais tentaram ensinar-me a não ter medo da polícia. Não se tratava tanto do facto de estarmos então sob uma ditadura e de ser necessário enfrentar a autoridade. As ditaduras ficam e passam, o Estado, a sua brutalidade, não desaparece nunca. Tratava-se de uma questão mais profunda. A minha mãe contava-nos a história de Antígona, uma tragédia de Sófocles no decurso da qual Antígona desobedece às leis da sua cidade, Tebas, para sepultar o irmão Polinices que as leis tinham banido. Antígona é condenada à morte porque se firma na convicção de que as leis dos deuses, que mandam uma irmã sepultar o irmão, são mais importantes e dignas de respeito que as dos homens. Com esta história, a minha mãe dizia-nos que a lei não é um valor absoluto, que há leis iníquas, e que é preciso resistir ao Estado e à lei sempre a moral assim o exigir. Se estivermos certos da nossa confiança em leis que são anteriores à lei, não devemos temer a polícia, os tribunais, o Estado.

Da ausência de medo por parte dos gregos, o símbolo mais eloquente (tanto que se tornou um ícone nos media) é Lukanikos, um cão vadio e rafeiro que desde 2008 aparece na frente das manifestações, arreganha o dente à polícia, e bate-se ao lado dos seus companheiros humanos.

Também no que respeita aos cães, não basta à autoridade afirmar-se para ser obedecida. Tem ainda que se justificar mostrando o seu amor, não pela lei da força mas por uma lei maior, a da justiça. Ninguém deve respeito e obediência a qualquer autoridade, seja ela qual for, justificada ou não por votos, que se baseie na razão financeira para condenar milhões de homens e mulheres que já eram pores a uma vida ainda mais pobre, deixando de fora dessa condenação os mais ricos e os mais responsáveis pela desgraça colectiva. Como Antígona, os gregos têm o direito de dizer: não obedecerei a essa autoridade e a essa lei.
Lukanikos arreganha os dentes à polícia grega simbolizando a coragem da vanguarda de um povo que é capaz de colocar a lei maior, a da justiça, acima das determinações dos vendilhões de todos os templos.

Paulo Varela Gomes






O nome dele é Loukanikos (Respeito, em grego). Um cão extremamente esperto, charmoso e cheio de graça. Seu porte altivo e elegância chamam a atenção. Seu olhar é doce e fulminante. Ele transparece segurança e confiança. Não se assusta nem foge da luta, da repressão fardada, dos gases lacrimogêneos, do fogo inimigo.

É impressionante como por detrás deste animal salta aos olhos uma imagem terna, de dignidade e rebeldia. Mais uma das tantas poesias anárquicas gregas.

Nos últimos dois anos ele foi visto em quase todas as manifestações em Atenas, tanto nos protestos dos anarquistas como nos dos trabalhadores e estudantes. Presume-se que ele pertença a um dos manifestantes. Mas é um cão livre.

E novamente, lá estava ele, firme, no meio da multidão, do lado do povo grego, participando dos protestos contra as medidas de austeridade do governo grego, FMI e União Européia.
Na edição da última quinta-feira (6), o jornal inglês The Guardian divulgou uma galeria de imagens deste cachorro, que já foi destaque em outras mídias.


Aqui galeria de imagens do The Guardian:
http://www.guardian.co.uk/world/gallery/2010/may/06/greece-protest?pictu...


Aqui um blog com várias imagens do Loukanikos:
http://www.thisblogrules.com/2010/03/dog-that-hasnt-missed-a-single-riot...


Aqui um blog que foi criado recentemente com imagens do Loukanikos:
http://rebeldog.tumblr.com/


Aqui um blog com muitas imagens, vídeos e histórias de cães rebeldes gregos, principalmente do cão Kanelos, dos “Blacks Dogs”:
http://kanelos.blogspot.com/


agência de notícias anarquistas-ana





Grémio Portuense organiza hoje, no Teatro Latino, encontro informal de leitura com o texto Histórias de Família de Biljana Srbljanovic

Grémio do Porto organiza Encontro de Grupo de Leitura
Terça-feira, 18 de Maio de 2010 às 21:30
Local: Teatro Latino
Rua Sá da Bandeira 108 - Porto

Leituras informalissimas

Leitura de HISTÓRIAS DE FAMÍLIA, de Bilijana Srbljianovic (Sérvia)

Entrada livre.


Grémio Portuense
Um espaço aberto a discussão de ideias e sugestões
Travessa Monte Louro 102 2º esq.
Porto, Portugal
Telefone:
917084301



Iniciativa integrada na Variação da Cultura

Encontro com Jaddu el Hay, deputada do Parlamento da República Árabe Saharaui Democrática, na Biblioteca Municipal de Montemor-o-Novo (hoje, às 18h30)



Encontro com Jaddu el Hay, deputada do Parlamento da República Árabe Saharaui Democrática, na Biblioteca Municipal Almeida Faria em Montemor-o-Novo, dia 18 de Maio às 18 e 30m


O povo do Sahara Ocidental vive suspenso há cerca de 17 anos na realização de um referendo e refugiado há mais de trinta anos num canto esquecido do Sul da Argélia vivendo apenas com ajuda humanitária.

Para perceberem a situação deste povo pode-se fazer a associação ao que se passou com Timor, o Sahara Ocidental foi colonizado por Espanha e quando este se retirou do território, o exército marroquino invadiu a região norte do Sahara. Assim como a Indonésia invadiu Timor.

Em 1981 Marrocos iniciou a construção de um muro com cerca de dois mil quilómetros, dividindo ao meio o território do Sahara Ocidental. Para o reino marroquino ficou a zona ocidental, com o Atlântico e as minas de fosfatos. Para a República Árabe Sarauí Democrática ficou um oceano de areia.

Estes dois países (Sahara Ocidental e Marrocos) estiveram em guerra cerca de 15 anos.

Em 1991 Marrocos concordou em efectuar um referendo para saber se o povo saharaui pretende a independência ou ficar sobre o controlo do poder marroquino.

Desde essa altura cerca de 160 mil pessoas vivem em acampamentos com condições mínimas e esquecidos pela maioria dos europeus, pois países como França, Espanha e também Portugal tem muitos acordos comerciais com Marrocos e não pretendem entrar em conflitos...

A República Árabe Saharaui Democrática está reconhecida actualmente por 80 países, nenhum Europeu.

Muitos de nós comem as sardinhas que são pescadas nos bancos de pesca do Sahara Ocidental, os refugiados saharauis não comem muitas vezes sardinhas, nós podemos ajudar a mudar isto. Divulguem aos vossos amigos esta situação. Informem-se.

Em Abril de 2009 o Movimento Democrático de Mulheres integrou uma caravana de solidariedade com o povo saharaui e teve contacto com as condições muito precárias em que vive este povo.

Os refugiados nos acampamentos vivem da ajuda internacional que é cada vez mais deficiente e a economia é zero. As condições são precárias devido ao clima e à ausência de infraestruturas; não têm água, energia eléctrica, nem saneamento básico.

Os que vivem nos territórios ocupados por Marrocos são discriminados, perseguidos, sequestrados, sujeitos a prisões arbitrárias e torturas.

O Reino de Marrocos que não se notabiliza por práticas democráticas para com o seu próprio povo, trata os saharauis que vivem nos territórios ocupados como pessoas sem direitos.

Os relatórios da Amnistia Internacional, da Human Rights Watch e de outras organizações de defesa dos Direitos Humanos, sistematicamente acusam o Reino de Marrocos de violações sobre os cidadãos saharauis.

Esta situação teve recentemente alguma notariedade devido à greve de fome protagonizada por Aminetu Haidar em Novembro do ano passado, quando esta, destacada activista dos Direitos Humanos, viu negada a sua entrada nos territórios ocupados do Sahara Ocidental, onde reside, por ter recusado a nacionalidade Marroquina. Detida no aeroporto de L’Aaiún pelas autoridades marroquinas, foi sujeita a interrogatório e isolamento de quase 24 horas, sendo de seguida obrigada a embarcar num avião que a conduziu ilegalmente a Lanzarote sem passaporte, qualquer outra documentação ou pertence. O único direito que Aminetu reclamou era o de a de poder viver na sua pátria, como saharaui, sem aceitar a nacionalidade marroquina, aliás de acordo com as inumeras resoluções das Nações Unidas.





Fatma Mehdi, Secretária-Geral da União Nacional de Mulheres Sarauís, e uma deputada do Parlamento Saharaui, Jaddu el Hay vieram a Portugal para participar no 8º Congresso do MDM (15 e 16 de Maio, Voz do Operário em Lisboa).

No seguimento deste encontro é com muita alegria que a deputada virá até Montemor-o-Novo a convite do núcleo do Movimento Democrático de Mulheres para um momento de convívio no dia 18 de Maio de 2010, às 18 e 30m na Biblioteca Municipal, e onde poderá divulgar e esclarecer os montemorenses sobre a situação actual do povo saharaui.

Apareçam para este encontro e aproveitem a oportunidade única de esclarecer dúvidas e conhecer esta realidade que está muito próxima de nós.


Núcleo do Movimento Democrático de Mulheres de Montemor-o-Novo

Há festa na Horta (23 de Maio)


http://horta-popular.blogspot.com/


Projecto Horta Popular
As hortas em meio urbano são uma realidade em muitos países do Mundo, nas vertentes comunitária, de lazer ou de suporte ao rendimento familiar. A sua presença embeleza os bairros que as acolhem e ajuda a criar um espírito de amizade nos que regularmente se encontram para cultivar os frutos da terra, estimulando uma partilha de saberes.


Horta Popular - O que é?

De uma forma simples, uma horta popular ou comunitária é um espaço verde onde as pessoas se encontram e cultivam vegetais ou flores, num terreno comum ou dividido em pequenos talhões para cada hortelão. Ao contrário de outros espaços verdes da cidade, a sua manutenção é feita pelos próprios utilizadores do espaço e não por profissionais.


Para que serve?

As valências de uma horta popular são muitas e variadas, com benefícios tanto em termos ecológicos como sociais. O aumento do sentimento de pertença a uma comunidade, das relações de vizinhança e de conexão com a natureza são alguns dos efeitos sentidos por aqueles que cultivam os seus vegetais ou flores numa horta popular. De uma forma um pouco mais sistematizada, temos como efeitos benéficos:

- melhoria da qualidade de vida;
- desenvolvimento das relações de vizinhança e de comunidade, estimulando a interacção social;
- aumento do sentimento de auto-estima;
- embelezamento do bairro;
- produção de comida nutritiva e redução das despesas familiares com alimentos frescos;
- criação de oportunidades para recreação, lazer, exercício físico, terapia e educação;
- aumento das oportunidades para inter-relacionamento entre gerações, idosos e crianças;
- criação de habitats para espécies animais e vegetais;
- funciona como regulador da ilha de calor urbano;
- ajuda na regulação do ciclo hidrológico e na prevenção de cheias, ao ser local de infiltração de águas;
- diminuição da quantidade de lixo, ao reaproveitar resíduos alimentares domésticos para composto.


O caso específico da Freguesia da Graça – onde se situa a Horta Popular?

Na intersecção da Calçada do Monte com a Rua Damasceno Monteiro, freguesia da Graça, existe um terreno que se apresenta abandonado há largos anos. Durante algum tempo houve alguns moradores que lá cultivavam os seus legumes, mas há quase uma década que essa actividade desapareceu. É nesse local, com excelente exposição solar, que está a nascer a Horta Popular, aproveitando também as árvores já existentes para criar agradáveis espaços para contemplação do casario e do rio, leitura ou conversa.


Que objectivos temos?

No projecto que estamos a desenvolver, pretendemos incentivar alguns saberes e conhecimentos específicos junto da população do bairro, a saber:

1. Como fazer adubo orgânico a partir de restos de alimentos vegetais;
2. Como criar plantas aromáticas e hortaliças sem recorrer ao uso de pesticidas tóxicos e adubos sintéticos;
3. Ensinar às crianças do bairro como crescem alguns dos alimentos que elas todos os dias consomem, restabelecendo a ligação entre o ser humano e a terra que o alimenta;
4. Criar um agradável espaço comunal, onde seja possível não apenas cultivar a terra mas partilhar saberes através de conversas descontraídas, reforçando laços de vizinhança e sentimentos de pertença ao bairro.


Como poderá o espaço da horta ser organizado?

A horta localiza-se numa vertente exposta a Sudoeste, com muito boa exposição solar. Distinguimos três zonas na horta. Uma zona plana com três pinheiros mansos, na parte superior. Esta é a parte mais indicada para a colocação de algumas plantas aromáticas e flores, mesas, cadeiras e eventualmente um baloiço. Local preferencial para realização de piqueniques, conversas, contemplação do casario do bairro, do Castelo de S. Jorge e do Rio Tejo.
A segunda zona é a da horta propriamente dita, onde se cultivam diversas variedades hortícolas em vários talhões comunais. É a zona de inclinação intermédia, o que ainda assim não dispensa a construção de pequenos socalcos.
Por fim, identificámos uma terceira zona, a que apresenta o declive mais acentuado, que pensamos utilizar como pomar. Dado que está a norte da parte hortícola, não existe problema com a projecção de sombra das árvores de fruto sobre as hortícolas.
Transversal a estas três zonas, pensámos em algumas infraestruturas de apoio, como uma casinha para sementes e ferramentas, uma casa-de-banho e um mini-bar.
À medida que o nosso conhecimento sobre o terreno fôr aumentando, pequenos ajustes surgirão necessariamente.


Compatibilização com usos actuais do espaço

Recuando um pouco atrás, é necessário admitir que o espaço não está totalmente abandonado. É utilizado como latrina de cães dos moradores. Como é importante que os animais tenham um local onde defecar, para manter os passeios adjacentes em boas condições higiénicas, definimos igualmente um local para servir como casa-de-banho para cães.