28.12.05

Serge Utge-Royo, cantor libertário


http://www.utgeroyo.com/

Serge Utge-Royo é autor-compositor-intérprete, filho de exilados anarquistas catalães, Utge-Royo canta canções de sua autoria assim como do repertório da memória social internacionalista desde temas de Ferré, Debronckart, Victor Jara, Pete Seeger, Lluis Llach, etc.
Vive em França e realiza inúmeros concertos, possuindo ainda uma já vasta discografia. Reproduzimos uma das letras da sua autoria.


Para vós, exilados, serei sempre um irmão
Nem sempre vos compreendo, mas é-me igual…
Hoje saúdo a vossa infinita paciência,
Eu que tenho papéis…e que me queimo de vergonha

Anda, canta!

«Senhor comissário, acabas de me bater…
Porque tens os direitos que te dá a profissão;
E eu, pobre imbecil, como um bom operário,
Construí a masmorra para onde me vais enviar!
É verdade, que eu sou árabe e um pouco português;
Tenho todo o sangue do mundo, excepto o de francês.

Senhores magistrados, fui condenado;
Por tão pouca coisa…Mas o exemplo é importante!
E quando imagino que os vossos carros…fui eu que os construí…
Não inteiramente, é evidente; fui apenas uma marioneta…
É verdade, que eu sou árabe e um pouco português;

Tu, madame, que me insultaste-me
E podes continuar ferindo e humilhando,
Enquanto que eu devo pagar o amor
Em sítios feitos para isso…
É verdade, que eu sou árabe e um pouco português;

O meu país é esse, onde como o pão,
Onde o amor é um fruto que sacia a minha fome…
Se o meu ventre se sente em casa, aqui, de vez em quando…
O meu olhar e a minha vida continuam sempre emigrantes…

Nós somos todos árabes, negros, estrangeiros:
Nós somos a riqueza, nós somos os operários,
Nós somos os esquecidos…»


No original:

A toujours, exilés, je serai votre frère
Je ne vou comprends pás toujours, mais c’est égal…
Aujourd’hui je salue votre infinie patiente,
Moi qui ai dês papiers…et que brûle la honte

Allez, chante!

«Monsieur le commissaire, tu viens de me frapper…
Toi, tu as tous les droits que donne ton métier;
Et moi, le pauvre com, comme un bom ouvrier,
J’ai construit la prison où l’on va m’emfermer!
C’est vrai, je suis árabe et un peu portugais;
J’ai tout le sang du monde, sauf celui de français

Messieus les magistrats, vous m’avez condamné;
Ça valait pás tant qu’ça…Mais l’exemple c’est sacré!
Et dire que vos voitures…C’est moi qui les ai faites…
Pás entièremente, bien sûr, j’étais qu’la marionnette…
Et puis… je suis árabe et un peu portugais…

Madame la Française, toi, tu m’as insulte
Et peux à ton aise blesser et humilier
Je dois payer l’amour, quand ça devient trop dur
Dans dês endroits faits pour qui ressemblent à tes ordures…
C’est vrai, je suis árabe et un peu portugais…

J’ai quitté má région où le pain n’poussait pás
Ils ne viennent plus, les colons, chez eux c’est nous qu’on va
Au lieu d’mourir là-bas…On vient crever ici
L’été on reste là, eux, ils sont au pays
C’est vrai, je suis árabe et un peu portugais…

Mon pays c’est celui où je mange le pain,
Où l’amour est un fruit que je cueille à ma faim…
Si mon ventre est chez lui, ici, de temps en temps,
Mes regards et ma vie sont toujours émigrants…

Nous sommes tous des Árabes, des Noirs, des étrangers:
Nous sommes la richesse, nous sommes les ouvriers,
Nous sommes les oubliés…»