A livraria Shakespeare and Comapany fica no número 37 da rue de la Bucherie, nas margens do rio Sena. Trata-se de um lugar apertado, repleto de livros, e dirigida por um velhinho de aparência excêntrica e sua bela filha e que vende livros majoritariamente em inglês
A Shakespeare and Co. foi aberta em 1919, noutro endereço, pela americana Sylvia Beach. Era um misto de livraria e biblioteca, com sistema de assinatura e pagamento de taxa por livros emprestados. Também era um ponto de encontro e endereço postal. Ali se organizavam leituras e dava-se aos escritores refúgio dos rigorosos Invernos de Paris.
Entre os seus frequentadores contam-se nomes como o do dramaturgo inglês Bernard Shaw, os dos poetas americano EzraPound e francês Paul Valéry, o do romancista francês André Gide e, claro, o do escritor irlandês James Joyce, além da "geração perdida" de escritores americanos, cujos maiores expoentes foram Emest Hemingway e F. Scott Fitzgerald.
Joyce foi, inclusive, o responsável indirecto pelo encerramento do negócio de Sylvia Beach. Ela continuou com o estabelecimento até um dia de 1941. Paris vivia sob a ocupação alemã. Um oficial nazi veio à livraria e quis comprar o exemplar do livro de Joyce "Finnegan's Wake" autografado pelo autor e que ficava em exposição na vitrine. Ela recusou a vendê-lo. O oficial disse que voltaria com soldados e confiscaria todos os livros do local, além de fechá-lo para sempre. Ela então chamou os amigos, tirou todos os livros dali e pintou a fachada. Algumas horas mais tarde, quando o oficial voltou acompanhado, não havia mais sinal da livraria.
Dez anos mais tarde, o também americano George Whitman, o velhinho de aparência excêntrica., mudou-se para Paris e fundou uma livraria nos moldes da de Sylvia, de quem era admirador. Chamou-a Le Mistral. Ficava ao lado da Notre Dame e serviu de ponto de encontro para toda a "geração vencida" de escritores americanos, como os beatniks que nos anos 50 tomaram de assalto a literatura dos Estados Unidos. Na Le Mistral, por exemplo, o poeta Allan Ginsberg passou algumas temporadas.
Em 1964, Whitman passou a usar o nome Shakespeare and Co.. Sylvia Beach, que era sua amiga e organizava chás literários na Le Mistral havia-lhe dado a autorização antes de morrer, em 1962, já que o espírito do empreendimento era o mesmo: ajudar dar escritores e divulgar a literatura escrita em inglês. Na sua homenagem, George deu à filha o prenome de Sylvia Beach. Ela é quem hoje cuida do local. Além de leituras às segundas às 20h, a Shakespeare and Co. também tem quartos à disposição de escritores. .
Sugestões de leitura?
"Paris é uma Festa", de Hemingway, em que há até um capítulo sobre a livraria;
"On the Road", a bíblia dos viajantes à boleia, do beat Jack Kerouac;
http://www.shakespeareco.org/index_francais.htm