As crianças que vivam nas proximidades de uma estrada com uma forte intensidade de tráfego têm um desenvolvimento pulmonar reduzido e é maior o risco para a sua saúde quando atingirem a idade adulta, segundo as conclusões de um estudo publicado na revista britânica de medicina The Lancet.
Mais de 3.600 crianças e adolescentes residentes no sul da Califórnia foram acompanhados durante 8 anos, entre os 10 e os 18 anos. As suas funções pulmonares foram medidas em cada ano. Os resultados são conclusivos: aqueles jovens que viveram a menos de 500 metros de uma estrada com forte intensidade de trânsito automóvel revelaram «défices substanciais» no desenvolvimento das suas funções respiratórias em comparação com aqueles outros que residissem a uma distância maior de 1,5 Km de uma via de trânsito intenso.
Esse défice mentem-se ao longo de toda a vida. »Quem sofra na infância de um défice nas funções pulmonares terá provavelmente pulmões menos saudável durante o resto da sua vida», afirma James Gaudeman. (University of Southern California, Los Angeles).
Ora sabe-se que uma reduzida função pulmonar na idade adulta é um factor de risco importante para as doenças respiratórias e cardiovasculares.
Crianças não-asmáticas e os não-fumadores sofreram défices significativos das suas funções respiratórias o que parece sugerir que todas as crianças que gozem de boa saúde são potencialmente afectadas pelo facto de estarem expostas ao tráfego automóvel. Tendo em conta estes resultados a conclusão é óbvia: uma redução à exposição da poluição automóvel levaria a significativas melhorias para a saúde pública. Algo que os legisladores deverão pois ter em conta quando aprovarem a regulamentação para a construção das vias e das casas.
«Estes resultados colocam importantes questões às sociedades sobre a estrutura do nosso sistema de transportes, sobre os motores, os carburantes, a combustão e a poeira das estradas dentro das áreas urbanas», declarou Thomas Sandstrom (University Hospital, Umea, Suède) no comentário acerca deste estudo e que o acompanha na última edição da The Lancet.