13.3.11

Texto do colectivo anarquista Hipátia distribuído na manifestação de 12 de Março

Texto do Colectivo anarquista Hipátia distribuído na manifestação de 12 de Março
Falsamente sofisticada e moderna, a sociedade dos poderosos, abusiva e egoísta, empurra cada vez mais a sociedade civil para longe dos centros de decisão, porque estes são exclusivos de banqueiros, grandes empresários e políticos, e das suas clientelas.

Eles montaram o sistema, criaram a crise, e é sempre à nossa custa que a querem resolver!

Como tudo aquilo em que tocam existe apenas para realçar o seu poder e lhes permitir mais lucros, sempre à nossa custa, eles transformaram tudo em mercadoria, com um preço que escapa à precaridade das nossas vidas.

Da nossa parte não podemos esperar nada dessa máquina de governar que não tem senão como objectivo acabar com a generosidade da vida. Não podemos permitir que se agravem cada vez mais as nossas condições gerais de existência, no interesse de alguns.

Auto-organizada e solidária, a sociedade pode exigir tudo: o direito pleno de uso e acesso aos transportes, à alimentação, à educação, à saúde, à habitação, à alegria de viver…

Que cada pessoa escolha os meios de usufruir a vida, agora confiscada pela finança e o poder. Seja qual for o modelo a seguir, será sempre necessário forçar o poder, através da auto-organização popular e libertária, a abrir a mão de ferro que guarda os privilégios, essa é a premissa-base da luta nos dias de hoje, sem a necessidade e preocupação de propor um modelo já construído de antemão.

Que se multipliquem as lutas nas empresas, que se espalhem as experiências de economia solidária, que se recuse o consumo alienado que nos querem impor, que se reconquiste o espaço público que nos confiscaram na tentativa de nos impor um modo de vida telecomandado e de anular a nossa aspiração de cooperação livre e de identidade societária, afogada em futebóis e pátrias e outras amarras sempre ao serviço dos mesmos.

A máquina neo-liberal mostra cada vez mais a sua face desumana. Os profissionais da economia fazem contas, os políticos disfarçam, mentem, e aplicam reformas duplamente miseráveis para manter de pé o seu modelo perverso. Os próximos tempos são de incerteza, e aqui surgem possibilidades, o desconhecido, o que ainda não foi escrito. O tempo também foi globalizado, o que se passa aqui neste pequeno país vai acontecendo um pouco por todo o globo. E a necessidade de revolta também. Que a comunidade se reconstrua e se congregue em ataque ao poder, em experiências solidárias de cooperação e apoio mútuo!

Que cada pessoa faça a sua escolha!


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