Um blogue sobre os movimentos sociais, a ecologia, a contra-cultura, os livros, com uma perspectiva crítica sobre todas as formas de poder (económico, político, etc)
CARTA-TESTAMENTO de Manuel Buíça (28/1/1908) Escrita (e reconhecida) em 28 de Janeiro, quatro dias antes do regicídio
“Manuel dos Reis da Silva Buiça, viuvo, filho de Augusto da Silva Buiça e de Maria Barroso, residente em Vinhaes, concelho de Vinhaes, districto de Bragança. Sou natural de Bouçoais, concelho de Valpassos, districto de Vila Real (Traz-os-Montes); fui casado com D.Herminia Augusta da Silva Buíça, filha do major de cavalaria (reformado) e de D.Maria de Jesus Costa. O major chama-se João Augusto da Costa, viuvo. Ficaram-me de minha mulher dois filhos, a saber: Elvira, que nasceu a 19 de dezembro de 1900, na rua de Santa Marta, número… rez do chão e que não está ainda baptisada nem registada civilmente e Manuel que nasceu a 12 de setembro de 1907 nas Escadinhas da Mouraria, número quatro, quarto andar, esquerdo e foi registado na administração do primeiro bairro de Lisboa, no dia onze de outubro do anno acima referido. Foram testemunhas do acto Albano José Correia, casado, empregado no comércio e Aquilino Ribeiro, solteiro, publicista. Ambos os meus filhos vivem commigo e com a avó materna nas Escadinhas da Mouraria, 4, 4º andar, esquerdo. Minha família vive em Vinhaes para onde se deve participar a minha morte ou o meu desapparecimento, caso se dêem. Meus filhos ficam pobrissimos; não tenho nada que lhes legar senão o meu nome e o respeito e compaixão pelos que soffrem. Peço que os eduquem nos principios da liberdade, egualdade e fraternidade que eu commungo e por causa dos quaes ficarão, porventura, em breve, orphãos. Lisboa, 28 de janeiro de 1908. Manuel dos Reis da Silva Buiça. Reconhece a minha assignatura o tabelião Motta, rua do Crucifixo, Lisboa.“
Os descendentes de Manuel Buíça foram estigmatizados e obrigados a dispersarem-se. Muitos deles esconderam o nome
Aconchega o boné de lã azul quando se lhe pergunta se conhece alguém da família de Manuel Buíça, o regicida. "Já não há ninguém", atira Álvaro David, enquanto pega num braçado de lenha para atear a fogueira. "Ontem ainda fez mais frio", comenta o octogenário convidando os jornalistas a partilharem o calor doméstico. O fim de tarde anuncia-se gélido e nas ruas da transmontana Lagarelhos pouco se afoitam, enquanto da maioria das chaminés já se solta um fumo azul-cinza que vai cobrindo os castanheiros. É nesta aldeia, a meia dúzia de quilómetros de Vinhais, que o regicida viveu com o pai, o padre Abílio Augusto Buíça, abade naquela vila. É mais uma tentativa para encontrar descendentes do homem que no dia 1 de Fevereiro de 1908, com Alfredo Costa, atirou sobre D. Carlos...
Quem nunca se sentiu incomodada com o apelido é Isabel, de 25 anos. O mais novo elemento do clã Buíça nasceu... no dia 5 de Outubro, em Bragança, para onde se dispersaram alguns ramos da família. Ela própria só descobriu a ligação familiar com Armando Fernandes através do Expresso. O avô de Isabel, José Manuel Buíça, era irmão da mãe do antigo funcionário da Gulbenkian.
A Câmara Municipal de Castro Verde vai dinamizar um programa evocativo do regícidio . A importância que a autarquia concede a estes acontecimentos relaciona-se directamente com o facto de um dos regicidas, Alfredo Luís da Costa, ser natural de Casável, freguesia do concelho.
Considerado uma etapa fundamental para a implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, e um elemento fulcral para a construção do Portugal moderno, o regicídio teve entre os seus mentores, Alfredo Luís da Costa, natural de Casével, motivo pelo qual o concelho de Castro Verde se encontra intrinsecamente ligado à história do acontecimento.
Centenário do Regicídio
31 Janeiro (Quinta-Feira) Inauguração da exposição “O Regicídio visto nos jornais da Europa em 1908”. Praça da República.
Abertura de exposição-venda de livros sobre a temática do Regicídio e da República. Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca. 19h00
Conferência “Olhar o Regicídio”, com a participação do Dr. Jorge Morais e do Dr. Luís Vaz, com a moderação da Doutora Alice Samara. Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca. 21h00
1 Fevereiro (Sexta-feira):
Lançamento do Livro “Crónica do Regicida Invisível – Alfredo Luís da Costa”, de Paulo Barriga, apresentado pelo Dr. Rui Faustino, da Biblioteca Museu República e Resistência. Fórum Municipal de Castro Verde. 18h30
Abertura da Exposição “República”, da responsabilidade da Biblioteca Museu República e Resistência. Fórum Municipal de Castro Verde. 19h30
2 Fevereiro (Sábado):
“A figura de Alfredo Luís Costa”, apresentação de Paulo Barriga. Junta de Freguesia de Casével. 15h00
Descerramento de placa evocativa de Alfredo Luís da Costa. Participação da Banda Filarmónica 1º de Janeiro. Largo de Casével. 16h00
12 Fevereiro (Terça-Feira):
Apresentação do Livro “Crónica do Regicida Invisível – Alfredo Luís da Costa”. Biblioteca Museu República e Resistência, Lisboa. 18h00
15 Fevereiro (Sexta-Feira):
Apresentação do livro: “1908: Um Olhar sobre o Regicídio”, da responsabilidade da Professora Margarida Ramalhães Ramalho. Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca. 21h30.
16 Fevereiro (Sábado):
Canções anarquistas com Vitorino Salomé. Cine-Teatro Municipal de Castro Verde. 21h30
na Biblioteca Museu República e Resistência (Espaço Cidade Universitária, em Lisboa), no dia 29 de Janeiro às 18 horas e 30 minutos,
organizada pela ASSOCIAÇÃO REPÚBLICA E LAICIDADE.
RESUMO Esta conferência assinala o primeiro centenário do movimento republicano de 28 de Janeiro de 1908, lembrando o pulsar político e social de um país então à procura de quadro institucional coerente. Atravessa o período da repressão do 28 de Janeiro e do regicídio que se lhe seguiu no quadro da ditadura de João Franco, entre outros momentos decisivos do final da monarquia.
NOTA BIOGRÁFICA Francisco Carromeu é professor, licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, autor de um muito completo «Dicionário da Carbonária» (no prelo), e doutorando da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
A Biblioteca Museu República e Resistência fica na Rua Alberto Sousa, 10 A, Zona B do Rego, em Lisboa
Nos próximos dias 8 e 9 de Fevereiro realizar-se-á, em Lisboa, para assinalar o Centenário do Regicídio (1908-2008) um colóquio que resulta de uma parceria entre Instituto de História Contemporânea e o Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX.
São coordenadores científicos do colóquio os Professores Vítor Neto e Maria Alice Samara. Este encontro, com entrada livre, decorrerá na Sala do Conselho – União de Associações do Comércio e Serviços (Rua Castilho, 14) entre as 9.30 h e as 19 h, na sexta-feira e entre as 9.30 h e as 17 h, no sábado.
Os acontecimentos de há cem anos serão analisados em seis campos diferentes, a saber:
I - CONJUNTURA POLÍTICA 1906-1908 II - ACONTECIMENTOS E PROTAGONISTAS III - DOUTRINAS E ORGANIZAÇÕES IV - NOTÍCIAS SOBRE O ATENTADO E COMUNIDADE INTERNACIONAL V - CONSEQUÊNCIAS POLÍTICAS VI - ANÁLISE COMPARATIVA
Conta com a intervenção de dezoito investigadores nacionais e internacionais onde se destacam: José Miguel Sardica, Miguel Sanches de Baêna e Jorge Morais, António Pedro Vicente, Fernando Catroga, António Ventura, João Madeira, António Lopes, Paulo Jorge Fernandes, Rui Tavares, Maria Alice Samara, Carlos Cordeiro, Vítor Neto, Alberto di Bernardi, Juan Avilés Farré, Steffano Salmi, entre outros.
O programa completo do colóquio pode ser consultado aqui.
Apelo para um Dia de Mobilização e Acção Global - 26 de Janeiro de 2008
Somos milhões de mulheres e homens, organizações, redes, movimentos e sindicatos de todas as partes do planeta, aldeias e regiões, zonas rurais e centros urbanos de todas as idades, povos, culturas e crenças unidos e unidas pela firme convicção que
OUTRO MUNDO É POSSÍVEL!
Com toda a nossa pluralidade, diversidade e riqueza de alternativas e propostas lutamos contra o neoliberalismo, a guerra, o colonialismo, o racismo e o patriarcado que geram violência, exploração, exclusão, pobreza, fome, desastre ambiental e negação dos direitos humanos.
Há muitos anos estamos resistindo e construindo processos inovadores, de novas culturas de organização e acção, do local ao global, em particular, através dos processos e Carta de Princípios do Fórum Social Mundial, do qual emerge este chamamento.
Conscientes da necessidade de construir a nossa própria agenda e de aumentar o impacto dessas milhares de expressões e manifestações, comprometemo-nos a reforçar a solidariedade e as convergências entre as nossas lutas, campanhas, construções de alternativas e alianças. Comprometemo-nos com uma Semana de Acção que culminará n um Dia de Mobilização e Acção Global em 26 de Janeiro de 2008.
Convidamos todas e todos que, dentro da diversidade que é nossa força, realizem criativamente nesta data acções, actividades, eventos e convergências sobre temas e em formatos que lhes sejam próprios.
Alguns Objectivos: • Contra a globalização neoliberal • Para erradicar a pobreza • Pela paz e contra o armamentismo • Pela profunda reforma do sistema de instituições internacionais • Abolição da dívida externa • Igualdade real das mulheres • Sustentabilidade ecológica • Defensa dos recursos naturais • Pela soberanía dos povos • Agricultura e alimentação fora da OMC • Reconhecimento do direito dos povos à soberania alimentar
O que é o Fórum Social Mundial
O FSM é um espaço de debate democrático de ideias, aprofundamento da reflexão, formulação de propostas, troca de experiências e articulação de movimentos sociais, redes, ONGs e outras organizações da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo. Após o primeiro encontro mundial, realizado em 2001, configurou-se como um processo mundial permanente de busca e construção de alternativas às políticas neoliberais. Esta definição está na Carta de Princípios, principal documento do FSM. O Fórum Social Mundial caracteriza-se também pela pluralidade e pela diversidade, tendo um carácter não confessional, não governamental e não partidário. Ele propõe-se facilitar a articulação, de forma descentralizada e em rede, de entidades e movimentos engajados em acções concretas, do nível local ao internacional, pela construção de um outro mundo, mas não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial. O Fórum Social Mundial não é uma entidade nem uma organização.
Carta de Princípios do Fórum Social Mundial
O Comité de entidades brasileiras que idealizou e organizou o primeiro Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre de 25 a 30 de Janeiro de 2001, considera necessário e legítimo, após avaliar os resultados desse Fórum e as expectativas que criou, estabelecer uma Carta de Princípios que oriente a continuidade dessa iniciativa. Os Princípios contidos na Carta, a ser respeitada por tod@s que queiram participar desse processo e organizar novas edições do Fórum Social Mundial, consolidam as decisões que presidiram a realização do Fórum de Porto Alegre e asseguraram seu êxito, e ampliam seu alcance, definindo orientações que decorrem da lógica dessas decisões.
1. O Fórum Social Mundial é um espaço aberto de encontro para o aprofundamento da reflexão, o debate democrático de ideias, a formulação de propostas, a troca livre de experiências e a articulação para acções eficazes, de entidades e movimentos da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo, e estão empenhadas na construção de uma sociedade planetária orientada a uma relação fecunda entre os seres humanos e destes com a Terra.
2. O Fórum Social Mundial de Porto Alegre foi um evento localizado no tempo e no espaço. A partir de agora, na certeza proclamada em Porto Alegre de que "um outro mundo é possível", ele se torna um processo permanente de busca e construção de alternativas, que não se reduz aos eventos em que se apoie.
3. O Fórum Social Mundial é um processo de carácter mundial. Todos os encontros que se realizem como parte desse processo têm dimensão internacional.
4. As alternativas propostas no Fórum Social Mundial contrapõem-se a um processo de globalização comandado pelas grandes corporações multinacionais e pelos governos e instituições internacionais a serviço de seus interesses, com a cumplicidade de governos nacionais. Elas visam fazer prevalecer, como uma nova etapa da história do mundo, uma globalização solidária que respeite os direitos humanos universais, bem como os de tod@s @s cidadãos e cidadãs em todas as nações e o meio ambiente, apoiada em sistemas e instituições internacionais democráticos a serviço da justiça social, da igualdade e da soberania dos povos.
5. O Fórum Social Mundial reúne e articula somente entidades e movimentos da sociedade civil de todos os países do mundo, mas não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial.
6. Os encontros do Fórum Social Mundial não têm carácter deliberativo enquanto Fórum Social Mundial. Ninguém estará, portanto autorizado a exprimir, em nome do Fórum, em qualquer de suas edições, posições que pretenderiam ser de tod@s @s seus/suas participantes. @s participantes não devem ser chamad@s a tomar decisões, por voto ou aclamação, enquanto conjunto de participantes do Fórum, sobre declarações ou propostas de acção que @s engajem a tod@s ou à sua maioria e que se proponham a ser tomadas de posição do Fórum enquanto Fórum. Ele não se constitui portanto em instancia de poder, a ser disputado pelos participantes de seus encontros, nem pretende se constituir em única alternativa de articulação e acção das entidades e movimentos que dele participem.
7. Deve ser, no entanto, assegurada, a entidades ou conjuntos de entidades que participem dos encontros do Fórum, a liberdade de deliberar, durante os mesmos, sobre declarações e acções que decidam desenvolver, isoladamente ou de forma articulada com outros participantes. O Fórum Social Mundial se compromete a difundir amplamente essas decisões, pelos meios ao seu alcance, sem direcionamentos, hierarquizações, censuras e restrições, mas como deliberações das entidades ou conjuntos de entidades que as tenham assumido.
8. O Fórum Social Mundial é um espaço plural e diversificado, não confessional, não governamental e não partidário, que articula de forma descentralizada, em rede, entidades e movimentos engajados em acções concretas, do nível local ao internacional, pela construção de um outro mundo.
9. O Fórum Social Mundial será sempre um espaço aberto ao pluralismo e à diversidade de engajamentos e actuações das entidades e movimentos que dele decidam participar, bem como à diversidade de género, etnias, culturas, gerações e capacidades físicas, desde que respeitem esta Carta de Princípios. Não deverão participar do Fórum representações partidárias nem organizações militares. Poderão ser convidados a participar, em carácter pessoal, governantes e parlamentares que assumam os compromissos desta Carta.
10. O Fórum Social Mundial se opõe a toda visão totalitária e reducionista da economia, do desenvolvimento e da história e ao uso da violência como meio de controle social pelo Estado. Propugna pelo respeito aos Direitos Humanos, pela prática de uma democracia verdadeira, participativa, por relações igualitárias, solidárias e pacíficas entre pessoas, etnias, gêneros e povos, condenando todas as formas de dominação assim como a sujeição de um ser humano pelo outro.
11. O Fórum Social Mundial, como espaço de debates, é um movimento de ideias que estimula a reflexão, e a disseminação transparente dos resultados dessa reflexão, sobre os mecanismos e instrumentos da dominação do capital, sobre os meios e acções de resistência e superação dessa dominação, sobre as alternativas propostas para resolver os problemas de exclusão e desigualdade social que o processo de globalização capitalista, com suas dimensões racistas, sexistas e destruidoras do meio ambiente está criando, internacionalmente e no interior dos países.
12. O Fórum Social Mundial, como espaço de troca de experiências, estimula o conhecimento e o reconhecimento mútuo das entidades e movimentos que dele participam, valorizando seu intercâmbio, especialmente o que a sociedade está construindo para centrar a actividade económica e a acção política no atendimento das necessidades do ser humano e no respeito à natureza, no presente e para as futuras gerações.
13. O Fórum Social Mundial, como espaço de articulação, procura fortalecer e criar novas articulações nacionais e internacionais entre entidades e movimentos da sociedade, que aumentem, tanto na esfera da vida pública como da vida privada, a capacidade de resistência social não violenta ao processo de desumanização que o mundo está vivendo e à violência usada pelo Estado, e reforcem as iniciativas humanizadoras em curso pela acção desses movimentos e entidades.
14. O Fórum Social Mundial é um processo que estimula as entidades e movimentos que dele participam a situar suas acções, do nível local ao nacional e buscando uma participação activa nas instâncias internacionais, como questões de cidadania planetária, introduzindo na agenda global as práticas transformadoras que estejam experimentando na construção de um mundo novo solidário.
Aprovada e adoptada em São Paulo, em 9 de Abril de 2001, pelas entidades que constituem o Comité de Organização do Fórum Social Mundial, aprovada com modificações pelo Conselho Internacional do Fórum Social Mundial no dia 10 de Junho de 2001.
No dia 26 de Janeiro (sábado) realiza-se, a partir das 22h, uma tertúlia sobre educação intercultural no Pinguim Café com a projecção de um episódio da Cidade do Homens (do mesmo realizador e equipa da Cidade de Deus).
Entre copos, sorrisos e algum fumo (sim pode-se fumar!) vamos conversar e brincar à volta da interculturalidade.
A noite promete ainda com a presença dos djs Sreamin Zenhas e Cabrot que nos vão dar música na onda blues & rock and roll.
Apareçam e tragam gente convosco!
SOS RACISMO - Porto
O Bar Pinguim situa-se na Rua de Belomonte nº 65 - Porto
De acordo com a sondagem realizada pela Gallup para o Fórum Económico Mundial (WEF), os professores merecem a confiança de 42 por cento dos portugueses, muito acima dos 24 por cento que confiam nos líderes militares e da polícia, dos 20 por cento que dão a sua confiança aos jornalistas e dos 18 por cento que acreditam nos líderes religiosos.
Os políticos são os que menos têm a confiança dos portugueses, com apenas sete por cento.
Os professores são os profissionais em quem os portugueses mais confiam e também aqueles a quem confiariam mais poder no país, segundo a mesma sondagem.
Relativamente à questão de quais as profissões a que dariam mais poder no seu país, os portugueses privilegiaram os professores (32 por cento), os intelectuais (28 por cento) e os dirigentes militares e policiais (21 por cento), surgindo em último lugar, com seis por cento, as estrelas desportivas ou de cinema.
A confiança dos portugueses por profissões não se afasta dos resultados médios para a Europa Ocidental, onde 44 por cento dos inquiridos confiam nos professores, seguindo-se (tal como em Portugal) os líderes militares e policiais, com 26 por cento.
Os advogados, que em Portugal apenas têm a confiança de 14 por cento dos inquiridos, vêm em terceiro lugar na Europa Ocidental, com um quarto dos europeus a darem-lhes a sua confiança, seguindo-se os jornalistas, que são confiáveis para 20 por cento. Em ultimo lugar na confiança voltam a estar os políticos, com dez por cento.
A nível mundial, os professores são igualmente os que merecem maior confiança, de 34 por cento dos inquiridos, seguindo-se os líderes religiosos (27 por cento) e os dirigentes militares e da polícia (18 por cento).
Uma vez mais, os políticos surgem na cauda, com apenas oito por cento dos 61.600 inquiridos pela Gallup, em 60 países, a darem-lhes a sua confiança. Os professores surgem na maioria das regiões como a profissão em que as pessoas mais confiam.
Os docentes apenas perdem o primeiro lugar para os líderes religiosos em África, que têm a confiança de 70 por cento dos inquiridos, bastante acima dos 48 por cento dos professores, e para os responsáveis militares e policiais no Médio Oriente, que reúnem a preferência de 40 por cento, à frente dos líderes religiosos (19 por cento) e professores (18 por cento).
A Europa Ocidental daria mais poder preferencialmente aos intelectuais (30 por cento) e professores (29 por cento), enquanto a nível mundial voltam a predominar os professores (28 por cento) e os intelectuais (25 por cento), seguidos dos líderes religiosos (21 por cento).
28 por cento dos portugueses não confiam em nenhuma classe
A Gallup perguntou “em qual deste tipo de pessoas confia?”, indicando como respostas possíveis políticos, líderes religiosos, líderes militares e policiais, dirigentes empresariais, jornalistas, advogados, professores e sindicalistas ou “nenhum destes”, tendo esta última resposta sido escolhida por 28 por cento dos portugueses, 26 por cento dos europeus ocidentais e 30 por cento no mundo.
É mesmo caso para dizer que o Estado é definitivamente um local muito mal frequentado...
Segundo Marinho Pinto: “O fenómeno da corrupção é um dos cancros que mais ameaça a saúde do Estado de Direito em Portugal. Há aí uma criminalidade em Portugal muito importante, da mais nociva criminalidade para o Estado, para a sociedade, e que andam aí impunemente e alguns deles andam aí a exibir os benefícios e os lucros dessa criminalidade. Alguns, inclusive, ocupam cargos relevantes no Estado português”
Marinho Pinto acrescentou, em declarações à rádio Antena 1, que as escolas de Direito estão transformadas num negócio e aceitam cada vez mais alunos com o objectivo de receberem mais financiamento do Estado
A foto de autoria do fotógrafo Fabian Bimmer, foi contemplada com o prémio 'Rückblende 2007' (Retrospectiva 2007) que premeia a melhor fotografia de 2007. Na imagem vêem-se alguns elementos da Clown Army, destacados para a cimeira do G8 em Rostock em Junho de 2007, em plena acção ofensiva ao lado da polícia de choque alemã
Hoje às 18:30H, no Ateneu Comercial do Porto, encontro-debate sobre os projectos para o Mercado do Bolhão
As mudanças anunciadas para o mercado do Bolhão estão a provocar receios, dúvidas e inquietações entre muitos comerciantes e utentes deste espaço emblemático da Baixa portuense. Por seu turno, alguns sectores da cidade temem a descaracterização deste edifício de importância patrimonial e puseram a circular um manifesto a alertar para a "demolição" do mercado.
Encontro esta 5ª feira (dia 24) sobre «O futuro do mercado do bolhão» - com a presença de Arq. Correia Fernandes, Arq. Anni Günther, Arq. Joaquim Massena »
Na próxima Quarta-Feira (30 de Janeiro) no Café Ceuta no Porto às 18:30H:
O Movimento Cívico e Estudantil promove a 1ª reflexão/ tertúlia, sobre o tema:
" O que melhor servirá os interesses Humanos, Patrimoniais, Artísticos e Culturais no Mercado do Bolhão"
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Artigo de José Carlos Marques publicado no Jornal de Notícias de 15 de Janeiro de 2008 a propósito dos projectos do futuro Mercado do Bolhão
Requalificação é hoje uma palavra que serve para tudo e para nada, sobretudopara confundir. Obviamente, o Mercado do Bolhão, de valor duplamentepatrimonial, pelo edifício e pela actividade em si que é um património vivo,precisava de ser conservado, restaurado e revitalizado. Mas o valor culturalfinal da operação depende do seu enquadramento mais amplo.
Os mercados de frescos e de ar livre, em geral de índole municipal, estão hoje a ser comprimidos e empurrados para uma progressiva extinção por via de um domínio exagerado das grandes superfícies e de um descuido programado. A operação prevista para o Bolhão, ao contrário das aparências dadas pela manutenção do mercado de frescos num piso intermédio, inscreve-se nessemovimento em vez de tentar revertê-lo. E isso porque esse aspecto tradicional e actual é relegado para uma fracção afinal subalterna no novoprojecto. Se de facto se quisesse manter e consolidar a função essencial e histórica, as novas actividades a introduzir deveriam circunscrever-se a umpapel complementar (a título de exemplo e sem rigidez, pode sugerir-se umterço da área), continuando o mercado de frescos a ter o papel dominante.
Não há aqui espaço para explicar por que razão a revitalização e ampliaçãode uma rede de mercados municipais de frescos, com o Bolhão como elo indispensável, é importante para o nosso futuro. Às razões de qualidade alimentar e saúde pública, junta-se o urgente apoio que os centros urbanosdevem dar à revitalização da agricultura de proximidade, através do incentivo à horticultura e policultura numa cintura de uns 50 a 80 quilómetros em torno do centro urbano, com contratos estabelecidos comvelhos e jovens agricultores segundo cadernos de encargos que garantam uma qualidade alimentar e ambiental superior à média. Iniciativas como os grupos de agricultura apoiada pela comunidade inscrever-se-iam no âmbito desse processo.
Além deste aspecto, levantam legítimas dúvidas e preocupações os trabalhos a exercer no subsolo, de que se usa e abusa hoje sem qualquer consideração pelo estado lamentável em que se vão deixando os lençóis freáticos. Asesperanças suscitadas pela reabilitação do centro histórico do Porto, cujo êxito é essencial para o futuro da cidade, são sombreadas pela tendência para trabalhos pesados no subsolo parecer estar a prevalecer sobre soluçõe sacima do solo, que são em princípio menos lesivas. Essa tendência deveria ser corrigida. Infelizmente, o Bolhão será um passo mais numa direcção errada.
No capítulo habitação, a dimensão prevista atribui um papel relativamente marginal a esta função. Em todo o caso, e dado o extenso parque de habitação degradada no centro do Porto, afigura-se contraditório introduzir habitação em edifícios que nunca tiveram essa função nem foram concebidos para a terem. Poderá ao menos esperar-se que essas fracções venham a criar um efeito de arrasto, pondo na "moda" morar nos quarteirões envolventes. Efeito que se poderia aliás talvez obter em edifícios aí existentes que sempre tiveram essa função.
É já amanhã, Sexta-feira 25, que se vai realizar mais uma Massa Crítica/Bicicletada.Veículos não poluentes irão desfilar pelas ruas de muitas cidades portuguesas e do mundo, mostrando como é fácil e agradável deslocarmos-nos de forma sustentável.
Falem com colegas, amig@s e namorad@s, porque a Meteorologia prevê temperatura quase primaveril e ausência de chuva, pelo que será também uma óptima oportunidade para passar bons momentos em convívio.
Os locais e horas de encontro são os seguintes:
Aveiro - Início de encontro na Praça Melo Freitas (perto do Rossio) a partir das 18h, saída às 18h30.
Coimbra - Concentração no Largo da Portagem, junto à estátua do Mata Frades.
Lisboa - Concentração no Marquês Pombal, no início do Parque Eduardo VII. 18h00. Saída 18h30
Portimão - Concentração no Tribunal às 18:30.
Porto - Concentração na Praça dos Leões. 18h00. Saída 18h30
A Associação dos Cidadãos pela Arrábida e Estuário do Sado vão realizar, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, uma concentração contra a co-incineração a qual vai decorrer na amanhã, dia 25, às 16 horas, no largo da Misericórdia, em Setúbal. Esta concentração contra a queima de resíduos na Secil pretende ainda ser uma manifestação “por uma política ambiental correcta” e pela “saúde e qualidade de vida dos cidadãos”, segundo os organizadores
A Associação dos Cidadãos pela Arrábida e Estuário do Sado apelou à adesão da população ao protesto contra a co-incineração.
"Gostaríamos de ter uma grande adesão da população até porque a luta contra a co-incineração de resíduos industriais perigosos não está perdida, ao contrário do que o Governo pretende fazer crer",disse Fernanda Rodrigues, da Associação de Cidadãos pela Arrábida e Estuário do Sado.
"Contamos com o apoio das três câmara municipais - Palmela Sesimbra e Setúbal -, estando já confirmada a presença dos presidentes dos três municípios", acrescentou Fernanda Rodrigues, que está confiante de que a iniciativa terá o apoio de dirigentes locais dos principais partidos, incluindo o próprio Partido socialista.
A decisão de convocar uma concentração contra a co-incineração de resíduos industriais perigosos, surge na sequência da decisão do Supremo Tribunal Administrativo, que revogou a suspensão da proibição da queima de resíduos perigosos na cimenteira da Secil, no Butão.
O advogado das três autarquias, castanheira Barros, requereu segunda-feira a nulidade do recente acórdão do Supremo Tribunal Administrativo (STA) que deu "luz verde" à co-incineração na cimenteira da Secil no Outão, Arrábida, Setúbal.
O requerimento de Castanheira Barros pretende que os pedidos sejam apreciados pela "Conferência de Juízes da Secção de Contencioso do STA", disse à Lusa castanheira Barros.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) faz hoje 24 anos de existência. O seu exemplo de luta contra a opressão e contra o latifúndio merece toda a nossa admiração e respeito.
Um movimento constituído por gente militante e comprometida com a luta por uma outra sociedade. Um movimento que pela sua tenacidade e raiz de classe tem sido alvo de assassinatos, prisões e torturas. Contudo, resiste.
Mostra, assim, a todos os povos que é possível resistir ao imperialismo e prova que os trabalhadores e seus aliados, quando unidos e armados com uma linha política independente dos interesses do grande capital, podem transformar a sociedade.
Por via do blogue O país do burro tomamos conhecimento que a queixa criminal apresentada por José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal, contra o autor do blogue Do Portugal Profundo, António Balbino Caldeira, foi mandada arquivar pelo Ministério Público por manifesta improcedência do pedido. Ou seja, não passou da fase de inquérito processual da queixa-crime, tal era o infundado da denúncia.
Recorde-se que a queixa-crime apresentada por José Sócrates não tratava da questão tão falada na opinião pública sobre o modo estranho e completamente singular como obtivera milagrosamente um curso de engenheiro na Universidade Independente. Sobre isto, nem uma palavra. Como se calcula, o silêncio é de ouro, e o primeiro-ministro português não está interessado em mexer em matéria tão incómoda que lhe poderia trazer alguns engulhos, e levar a sua reputação académica até ao nível do 12º ano do ensino secundário numa escola da Covilhã.
O motivo da queixinha de Sócrates era outro: o que o apoquentava – imagine-se - era a referência nos textos publicados no blogue Do Portugal Profundo, intitulados Rasganço domingueiro e Páscoa da cidadania, a um «centro governamental de comando e controle dos media», realidades tristes que são hoje tão reais quanto comezinhas na actividade política desde que a democracia foi apropriada pelas manobras das agências de publicidade e de propaganda, pelos consultores de imagem e de informação- já para não falar dos sempre inevitáveis seviços de informação públicos e... privados , vulgo, secretas - ao serviço dos autênticos exércitos de conquista e manutenção do poder político em que estão transformados os partidos políticos.
Arquivada a sua queixa-crime pelo Ministério Público, José Sócrates arrisca-se agora a ser acusado de ser um autor material de um crime de calúnia, mais propriamente por denúncia caluniosa, pelo autor do blogue Do Portugal Profundo, e a ser condenado a pagar uma indemnização pelos danos causados pela seu acto tresloucado de andar a fazer queixinhas não só na praça pública como nos tribunais, aumentando o trabalho dos senhores juízes, já tão assoberbados com as ilegalidades do costume, praticadas pelos chicos-espertos que não olham a meios para fazerem vingar as suas qualidades competitivas.
Pois nenhuma pessoa é ilegal, nem deve estar presa sem culpa formada.
23 DE JANEIRO Das 18h30 às 22h.
VÍGILIA JUNTO AO CENTRO DE INSTALAÇÃO TEMPORÁRIA DO PORTO. Unidade Habitacional de Santo António Rua Barão de Forrester, 186
Pela calada da noite, o Governo começou a expulsar os 23 imigrantes marroquinos que chegaram a Portugal. Do seu país estes imigrantes foram expulsos pela pobreza, no nosso foram recebidos como criminosos, presos num centro de detenção, privados da liberdade para novamente serem expulsos para o país de onde tiveram de sair. Estes imigrantes são vítimas das redes de tráfico e procuram apenas uma vida melhor. Como muitos portugueses procuraram e continuam a procurar noutros países.
Esta expulsão condena os imigrantes à miséria e a arriscar a vida novamente. Devolvê-los às redes de tráfico e de imigração ilegal que estes imigrantes ajudaram a denunciar é uma atitude criminosa do Governo e é uma forma cruel de os tratar, que incentiva estas redes ilegais.
Contra a crueldade da Lei
Pelos Direitos Humanos
Contra as redes clandestinas
Associações que convocam a vigília: AACILUS, CASA VIVA, GAIA, OLHO VIVO, QUE ALTERNATIVAS, SOLIM, SOS RACISMO, TERRA VIVA!aes
Seis dos 23 imigrantes marroquinos que desembarcaram em Dezembro no Algarve já foram deportados, sem que qualquer anúncio tivesse sido feito, nem mesmo aos advogados que estão a acompanhar o caso. A constatação foi feita pelo deputado José Soeiro ao visitar a Unidade Habitacional de Santo António, onde os cidadãos marroquinos estão detidos. Associações de Imigrantes têm marcada para sábado uma manifestação no Porto contra a detenção dos marroquinos, pedindo que lhes seja atribuída autorização de residência por motivos humanitários. A visita de José Soeiro encontrou todo o tipo de entraves por parte do SEF, que de início negou a entrada do deputado, alegando que não tinha chegado a autorização do director nacional do SEF, porque o pedido fora feito tarde. Segundo o deputado, o Bloco de Esquerda comunicou ("porque não precisa requerer") segunda-feira ao director nacional do SEF, com conhecimento da directora da Unidade Habitacional, que iria visitar os imigrantes. José Soeiro salientou que os deputados não podem ser impedidos de aceder a instalações do Estado, a menos que sejam invocadas "grandes razões de segurança, o que não é o caso". Horas depois, porém, a autorização chegou e o deputado pôde visitar os cidadãos marroquinos detidos. Foi logo à entrada que ele constatou, em conversa com os imigrantes, que seis deles já foram deportados, e quatro deverão sê-lo a qualquer momento. O próprio Soeiro informou do sucedido uma advogada que defende alguns dos imigrantes, um dos quais consta da lista de deportados. "Ela não tinha sido informada de nada e ficou revoltada, até porque o SEF não podia executar um acto administrativo sem a avisar, o que não foi feito", relatou Soeiro. O deputado do Bloco suspeita que os entraves para a sua entrada no local estejam ligadas com o facto de as expulsões terem sido feitas às escondidas. "Não me espantaria que a intenção do SEF fosse expulsar todos antes de sábado, para esvaziar a manifestação." José Soeiro encontrou os cidadãos marroquinos muito desiludidos. "Disseram-me que lhes deram falsas esperanças, para que é que era preciso detê-los este tempo todo se afinal iriam ser expulsos". Muitos deles têm familiares em Espanha que os aguardavam. O deputado do Bloco relatou que os imigrantes estão muito temerosos do tratamento que vão receber em Marrocos e garantem que, mesmo cientes de que correm risco de vida e que conhecem muitos casos de mortes na tentativa de travessia do estreito, vão voltar a tentá-la. "Não somos criminosos, só queremos trabalhar, era o que diziam o tempo todo", concluiu Soeiro.
Vidas por um Canudo é uma grande reportagem de Maria Augusta Casaca com montagem e sonorização de Mésicles Helin.
Uma doutorada em biologia marinha a vender propriedades, uma arquitecta a servir às mesas num café, um licenciado em física em busca da "química" do primeiro emprego. São milhares os jovens que, concluída a formação superior, esbarram na realidade do mercado de trabalho.
Uma doutorada em biologia marinha a vender propriedades, uma arquitecta a servir às mesas num café, um licenciado em física em busca da "química" do primeiro emprego. São milhares os jovens que, concluída a formação superior, esbarram na realidade do mercado de trabalho.
Colocam os sonhos em banho-maria e lançam-se aos anúncios de jornal, enviam currículos, visitam os centros de emprego. A vontade de organizar a vida, sair de casa dos pais, constituir família acaba por falar mais alto e aceitam trabalhos para os quais têm demasiadas qualificações. Estudaram alhos mas são os bugalhos que lhes permitem pagar as contas.
«Poucas têm sido, na verdade, as obras que sacodem as almas e alargam o horizonte dos espíritos lusitanos. O Guardador de Retretes está seguramente entre essas poucas. Porque vem apresentar-nos e falar-nos de textos tradicionais marginais, tradicionalmente marginalizados, ocultados, recalcados pela cultura dominante; porque vem propor uma visão do homem português (ou simplesmente: do homem) que de modo algum coincide com a de nobres livros escritos por nobres sujeitos» Arnaldo Saraiva
Vulgo As Elucubrações Filosóficas em redor de uma nova e risocrónica sciência: A Retretologia, ou, mais vulgo ainda, preciosa recolha de inscrições espalhadas pelas portas e paredes das retretes dos cafés e de outros lugares públicos do género. Uma recolha e um espólio espantoso sob a forma de ensaio. Mas que, infelizmente, só carreou para o autor chatices e graves consequências. E de tal monta elas foram que, quando o autor apresentou tese de dissertação à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, com um ensaio sobre Pirandelo, teve em desfavor cobrar uma bola preta, para espanto e escândalo da Universidade e do seu apadrinhador, que se havia deslocado da Itália para o efeito. Foi coisa que fez correr muita tinta, que envolveu o Ministério, mais, dizem, as maçonarias, branca e negra, enfim, um agregado de forças que se serviu do acto para hostilizar parceiros de confraria diferente e com as quais o subscritor da tese nada tinha a ver. Segundo outros, porém, o caso da bola preta esteve directamente relacionado com a temática de O Guardador de Retretes, escrito que um mui digno académico não perdoou ao autor. Não, não estou a cometer nenhuma inconfidência – é só consultar os jornais da época… Dir-se-á que são coisas da vida! – entendendo-se esta expressão como amostra de pulhices humanas. Se calhar, são! Mas há coisas da vida que eu nunca entendi. Por exemplo, o facto de Pedro Barbosa ter abandonado o curso de Medicina, no antepenúltimo ano, creio, para ingressar no de Letras! Amor louco pela literatura? Parece que sim. Em particular pelo teatro. E pela poesia. E ainda pelo vocabulário infantil, que estudou e comparou com aspectos de linguagem automática gerada por computador, melhor, da ciberliteratura. De forma que Pedro Barbosa, hoje licenciado em Letras pela Universidade de Coimbra e doutorado em Ciências da Comunicação (Semiótica) pela Universidade Nova de Lisboa, professor no Instituto Politécnico do Porto e na Universidade Fernando Pessoa, é seguramente um pioneiro de investigação no âmbito da arte gerada por computador e com tais resultados que as suas conclusões são já objecto de estudo em universidades da Itália, Brasil e Estados Unidos! Mais de trinta anos decorridos sobre a primeira edição, eis que o «Guardador de Retretes» regressa à tona do presente, como quem iça das águas um barco naufragado... Trata-se de uma metáfora que convém descodificar. Em sua crónica secreta, esta obra teve dezenas ou centenas de exemplares lançados ao rio Douro, mas que o rio devolveu em grande parte, depositando-os nas margens, para desespero de quem às águas os lançou... Da metáfora passo à parábola do autor, que no Prefácio a dá passada num casarão que um dia:
“...foi assaltado por um magote de ratos empreiteiros: queriam reconstruir o casarão velho e fazer dele um casarão novo. Os ratos velhos, que o habitavam desde tempos imemoriais, conservando-lhe o mofo, refugiaram-se todos no sótão, espavoridos à luz súbita das portadas escandalosamente abertas para o dia. Escondidos, silenciosos, camuflados com as sombras entre as teias de aranha dos velhos forros, quase ninguém dava por eles... Mas ainda as obras iam no início e já os ratos novos começavam a desentender-se (...) E entretidos com lutas intestinais, puseram-se todos a chiar uns para os outros (...) Entretanto as obras pararam. E os ratos velhos, sorrindo de ronha sabida ante a distracção dos ratos novos, foram descendo do sótão sorrateiramente e, pé ante pé, começaram a fechar de novo cautelosamente as janelas e as portas dos andares de cima, reassenhoreando-se das suas trevas. Quando os ratos novos deram por isso, era já tarde demais: encurralados no rés-do-chão, suspenderam o alarido e puseram-se à escuta, os bigodes murchos e as patinhas ansiosas no ar. Ouviram-se então pela primeira vez, a arranhar o tecto, as garras carcomidas dos ratos velhos que se banqueteavam trancados todos nos andares de cima: as portadas fechadas como dantes, aos pinotes, festejavam de novo a sua secular Solenidade das Trevas...” – após o que o autor indaga: “Fazemo-nos entender?”
Claro que sim! O casarão é a universidade e os ratos velhos são os catedráticos instalados em cima, com o poder suficiente (bola preta) para fecharem o acesso aos ratos novos... Este livro foi publicado no tempo dos ratos novos (1976), época em que o seu autor, para não destoar, usava não só barbas a preceito, como se subscrevia do seguinte modo: “Eu, cão vadio, viralatas intelectual e guardador de retretes, tenho a honra de ser, para vos servir (com a gratidão de uma esmola), ASOBRAB ORDEP” – que é o anagrama de Pedro Barbosa. Logo no primeiro tempo de leitura deste texto se vislumbra a atitude burlesca de parodiar a seriedade do saber ensaístico pela sua aplicação na análise da outra paródia das estrofes, ditirambos, elegias, epístolas, epitáfios e outras liberdades poéticas, a par de máximas e asserções de carácter licencioso, político e social, inscritas nas portas das retretes, quer em Portugal, quer no estrangeiro! Neste jogo burlesco ao redor de textos marginais, apresentados sob a fórmula de “A Retretelogia e Seus Parâmetros Oníricolíricológicoscientíficosóficos”, Pedro Barbosa fez obra inédita e singularmente divertida, mas também séria na desconstrução que realiza sobre o saber académico “que só arrisca conhecer aquilo que já é conhecido”. Nesta perspectiva, Pedro Barbosa não só arriscou trazer a público matéria jamais referenciada, como a dotou de personalidade própria ao exercer sobre ela uma atenção ensaística segundo os cânones académicos... Com isto, digamos que duplicou o carácter burlesco dos textos que apresenta, misturando, porventura, a teoria do prazer do texto (Barthes) com o outro prazer da defecação (“Aqui se caga / O que se aprende”; “Cago, logo existo”), paredes meias com a liberdade em sua mais genuína expressão, só comparável aos primórdios do nosso cancioneiro medieval, à marginalidade das cantigas de escárnio ou maldizer, ricas em heróis truanescos, desaires eróticos, vícios sociais, etc., tudo através de uma linguagem realista hoje considerada obscena (“Quando aqui vieres cagar / Não te esqueças do papel / Não faças do cu tinteiro / Nem dos dedos um pincel”; “ Ou te cagas ou te fodes / Lá dizia o velho Herodes / Mas como Herodes morreu / Quem se fode sou eu”; “Com camisa ou sem camisa / Seja vestido ou nu / O que a gente quer é vir-se / Seja na cona ou no cu”; “A diferença entre Portugal e uma lata de merda é só na lata”; “Cuidado com o cu / caiu um caralho à retrete!” E por exemplos me quedo nestes... Mas não sem antes reproduzir o texto que se apresenta sob a forma de convite para o lançamento do título, quanto mais não seja porque me evita o registo da Ficha do mesmo:
“As Edições Afrontamento têm o prazer de convidar V.Exa. para o não-lançamento da 4ª edição do livro “O Guardador de Retretes”, de Pedro Barbosa (com posfácio de Manuel Frias Martins). A sessão terá lugar no dia 30 de Novembro, pelas 21,30 horas, em sítio nenhum. Ninguém fará a apresentação da obra: o livro apresentar-se-á a si mesmo nas livrarias.”
capa da 2ª edição do livro nas edições & etc
Excerto do posfácio de Arnaldo Saraiva à 2º edição do livro O Guardador de Retretes, de Pedro Barbosa, lançada pela editora & etc, 1978 que fomos retirar aqui
ESCREVER / DEFECAR
A “diarreia da verborreia” que atacou tantos intelectuais ou nem isso depois do 25 de Abril não os levou apenas às retretes públicas ou privadas de comícios e de gabinetes: levou-os também às tipografias. Daí uma produção (evacuação) livresca e jornalística incríveis num pequeno país com cerca de 30 % de analfabetos, fora os outros. E daí também o fedor de boa parte dessa “literatura” em que o arrivismo, o narcisismo, o saudosismo, o abranhismo, o obscurantismo, em vão se escondeu atrás da entoação heróica, da veemência ideológica, da linguagem didáctica, testemunhal ou coloquial. Alguns dos best-sellers de hoje entrarão pelo cano daqui a 3, 4, 5, 6, 7 semanas. Poucas têm sido, na verdade, as obras que sacodem as almas e alargam o horizonte dos espíritos lusitanos. O Guardador de Retretes está seguramente entre essas poucas. Porque vem apresentar-nos e falar-nos de textos tradicionais marginais, tradicionalmente marginalizados, ocultados, recalcados pela cultura dominante; porque vem propor uma visão do homem português (ou simplesmente: do homem) que de modo algum coincide com a de nobres livros escritos por nobres sujeitos. De repente, a gente pergunta-se como é que tais textos puderam ser ignorados pelos etnógrafos, antropólogos, folcloristas, filósofos, linguistas e críticos portugueses. De repente, a gente vê como e onde se fomentam e se fundamentam belas teorias. Será a Igreja, mesmo a latina, mais frequentada do que a latrina? Será o escritório mais útil do que o cagatório? Será o palacete concebível sem a retrete? Os textos recolhidos (alguns forjados, decerto) e “comentados” (ironicamente) em O Guardador de Retretes são exactamente textos de retretes, geralmente portuguesas, e até Portoguesas, mas também espanholas, francesas, inglesas e italianas. O que os caracteriza é antes de mais isso mesmo: o serem textos necessariamente produzidos mas destinados a serem consumidos num lugar próprio (que alguns dirão impróprio – impropriamente). Isso os aproximará de outros textos existentes em espaços fechados (tabernas, corredores, túneis, salas), que, manuscritos ou não, levam o “autor” a evitar toda a (auto)censura, e exigem maior intimidade e proximidade do leitor do que os textos existentes em lugares abertos (graffiti, reclames, anúncios). Em segundo lugar, trata-se de textos breves, redutíveis a formas ou fórmulas usadas na comunicação rápida, didáctica, simples e surpreendente: provérbios, aforismos, máximas, quadras, anedotas, piadas, adivinhas. Em terceiro lugar, trata-se de textos sobre suportes especiais, que por isso mesmo exigem uma escrita e uma leitura invulgares: paredes, portas, cimento, madeira, azulejos, etc.; o modo de escrita aproxima-se por vezes da inscrição ou da incisão, o suporte está disposto verticalmente, os olhos estão como regra ao nível do texto ou são obrigados a “levantar-se”. Em quarto lugar, trata-se de textos que tendem para o funcionamento bidimensional: como linguagem e como imagem. Textos-graffiti, mas não só: o desenho, sobretudo o icónico ou o indicial, complementa a mensagem verbal, por vezes reduzida ao mínimo. Em quinto lugar, trata-se de textos anónimos ou colectivos; o que interessa não é o anonimato real (ou a assinatura heteronímica, por prudência ou por paródia), mas o anonimato conferido pelo leitor, que recebe o texto como subcorrente da doxa ou como anti-doxa, texto de um que é muitos, talvez até ele próprio, ou de muitos que são representados por um. O mesmo fenómeno se passa com os slogans e com os provérbios, que até podem ter autores individualizáveis. Em sexto lugar, trata-se de textos abertos, in progress, que se sabe(m) provisórios incessantemente criticados, rasurados, refeitos, actualizados, acrescentados, amputados, apagados: as portas ou as paredes são verdadeiros palimpsestos. Ou são verdadeiros átomos de um Iivro-mosaico, infinito. Em sétimo lugar, trata-se de textos nitidamente integráveis no “sermo humilis”, tão bem definido num estudo de Auerbach, que mostrou como ele se pôs na Idade Média ao serviço da luta antifeudal: temas “baixos”, personagens “pobres”, estruturas frouxas, grafias inseguras, “plebeísmos”, coloquialismos, aproximam tais textos de uma velha literatura culta e carnavalesca hoje mais divulgada, mas durante séculos e séculos clandestina: a de cómicos romanos, trovadores satíricos (de escárnio e maldizer), Rabelais, Bocage, etc. Em oitavo lugar, trata-se de textos que privilegiam certos temas ou certos campos semânticos: o fescenino e o libertino, o político-social, o escatológico e, curiosamente, o literário ou metaliterário. Qualquer deles deu já origem a pequenas obras-primas, que passam ou deviam passar pelos textos clássicos no género. Vejamos alguns exemplos, numa estrutura típica, a da quadra:
a) Com camisa ou sem camisa Seja vestido ou nu O que a gente quer é vir-se Seja na cona ou no cu
b) Entre um pato e Salazar Há uma diferença bruta O pato é filho da pata Salazar é filho da puta
c) A cagar fiz um cigarro A cagar o acendi A cagar fumei-o todo A fumar caguei pra ti
d) És o poeta da merda E de merda foste feito Escolhe outra profissão Que pra rimas não tens jeito
Por estes exemplos, que até nem são dos mais violentos ao nível da poética ou da psicossociologia, se vê que uma outra característica deve ser apontada a esses textos: a de provocarem o cómico, ou de se valerem dos ingredientes estilístico-semânticos que o produzem, e que não devem ser dissociados da situação em que se dão a ler (que, como já foi sugerido, pode não ser aquela em que eles foram criados, ou a única em que existem). Estabeleceu-se assim uma relação entre defecar / rir, que apela necessariamente para outra: corpo / espírito. Mas essa relação, simultaneamente grotesca e trágica, não é a única que a literatura das retretes estabelece de uma forma tensa. Haverá que falar sobretudo, já que de literatura tratamos, da relação entre escrever / defecar. Em tão poucos textos nos aparece o cagatório como escritório, e o acto de expulsar as fezes identificado com o da expulsão das palavras. Actos de libertação, de catarse, de esvaziamento, eles implicam no entanto uma operação suja e fedorenta. A retrete (a escrita) transforma-se assim no lugar do convívio entre duas oposições que reciprocamente se suportam, se ironizam e se anulam. A escrita da merda confunde-se com a merda da escrita. O que disso resulta é a consciência maior do humano sem privilégios, logo a vitória sobre o tabu sócio-económico disfarçado em tabu estético ou em tabu moral. Mas, abolindo o tabu, esta literatura representa uma verdadeira luta não só contra a censura, as censuras políticas, mas contra todas as censuras e contra todos os infantilismos político-sociais, e não só sexuais, sejam aqueles que não vêem o corpo, sejam aqueles que só vêem o corpo. O Guardador de Retretes tem o mérito de não só coligir textos marginalizados mas também de ironicamente os justificar e os contrapor a toda uma literatura “nobre” que não ironiza menos – a começar logo pelo título parodiado do mestre Alberto Caeiro. Pedro Barbosa, ao contrário do vulgar turista, substituiu o museu pela retrete. Criou assim a desordem de que há abundantes imagens figuradas no seu livro, que é pena não se valha da fotografia e não tenha recolhido textos retretológicos em versões femininas. Pedro Barbosa vem, assim, inesperadamente, alargar o honzonte do sentido português, e repetir de uma forma tão clara e portuguesa o que já Adorno deixou dito na sua Estética: que até hoje nada na humanidade foi verdadeiramente nobre. … Ou que tudo é nobre: inclusive defecar. Inclusive escrever, e ler, na retrete.»
[in Arnaldo Saraiva (Porto, 1976), posfácio a Pedro Barbosa, O Guardador de Retretes: Lisboa, 2.ª ed., & etc, 1978]
Apresentação pública dos objectivos do Comité de Solidariedade com a Palestina na Biblioteca- Museu República e Resistência ( 25 de Janeiro às 21h.)
Debate com Randa Nabulsi, delegada geral da Palestina em Portugal
Filme O Muro de Ferro, de Mohammed Alatar
Biblioteca-Museu República e Resistência, Espaço Cidade Universitária Rua Alberto Sousa 10 A, Lisboa (Metro Entrecampos ou Cidade Universitária)
O «Comité» está aberto a qualquer pessoa que defenda o fim da ocupação israelita na Palestina e que esteja solidária com a luta dos palestinos contra a colonização e a repressão de que são alvo, como definido na sua declaração de princípios.
Endereço: CSP, Campo Pequeno 50 – 2.º Esq., 1000-082 Lisboa
O cancro do colo do útero é causado pelo papilomavírus humano e representa a segunda causa de morte por cancro na Europa em mulheres entre os 15 e 44 anos.
Em Portugal morre uma mulher por dia devido ao cancro do colo do útero e são diagnosticados por ano cerca de 950 novos casos.
Podemos fazer muito mais para prevenir este cancro.
Informe-se. Consulte o seu médico. E depois, passe a palavra.
O que é o cancro do colo do útero? Ao contrário de muitos outros cancros, o cancro do colo do útero é causado por um vírus.
Papilomavírus Humano é um vírus frequente? O Papilomavírus Humano é muito frequente, facilmente transmissível e pode passar totalmente despercebido a qualquer leigo. O Papilomavírus Humano afecta tanto as mulheres como os homens, e a maioria de nós tem contacto com este vírus pelo menos uma vez na vida. Qualquer pessoa que tenha tido alguma forma de contacto genital com um portador de Papilomavírus genital pode estar infectada. Isto significa que não é necessário ter relações sexuais para haver infecção1. Um único parceiro com Papilomavírus é suficiente para se ser infectada.
Ficou demonstrado que a maioria das pessoas contrai o Papilomavírus Humano na adolescência
Quando é que o governo português fará o mesmo perante as deslocalizações das multinacionais instaladas em Portugal?
O Governo alemão e vários líderes políticos declararam "guerra" à Nokia, um dos maiores fabricantes de telemóveis do mundo. Em causa está a decisão da Nokia de deslocar para leste a fábrica de Bochum, no Oeste da Alemanha, onde trabalham 2300 pessoas.
Jürgen Rüttgers, presidente da região, pede explicações à Nokia: "É inconcebível receber 60 milhões de euros de subsídios regionais e 28 milhões das autoridades federais, em termos de ajuda à pesquisa e depois, mal acaba o prazo legal, dizer obrigado, vamos embora." O banco estatal da Renânia do Norte-Vestefália estuda a hipótese de pedir, em tribunal, a devolução dos 60 milhões de euros pagos em subsídios à Nokia.
A contestação já levou mesmo a alguns governantes a pedirem o boicote à Nokia. "Celulares da Nokia não entrarão mais em minha casa", afirma o presidente do Partido Social-Democrata, Kurt BeckBeck, citado pela imprensa alemã.
O ministro de Consumo, Agricultura e Pesca, Horst Seehofer, também anunciou que mudará o seu telemóvel em solidariedade com os trabalhadores de Bochum. Seehofer confirmou ainda que o seu ministério estuda a possibilidade de substituir todos os telefones oficiais. O ministro das Finanças, o social-democrata Peer Steinbrück, qualificou de "capitalismo de caravana" a decisão da empresa finlandesa.
As críticas fazem sentir-se nas ruas de Bochum. Diz um homem: "Se a Nokia vai agora para a Roménia e para a Hungria, ficam também com os subsídios comunitários que são pagos lá. É o cúmulo!"
Quanto aos subsídios comunitários que a Nokia recebeu, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, já disse que não vê qualquer irregularidade. No entanto, o Governo alemão vai pedir a Bruxelas para investigar o caso.
António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 68. Vive em Vilar do Pinheiro. É Licenciado em Sociologia. Com Rui Soares, publicou o livro de poesia, “Gritos. Murmúrios” (Grémio Lusíada, 1988), seguiu-se “à mesa do homem só”, (Silêncio da Gaveta, 2001); sexo noitadas e rock n’roll, (Edição de Autor, 2004); Declaração de Amor ao Primeiro Ministro, (Objecto Cardíaco, 2006); Sallon, (Edições Mortas, 2007) e recentemente, Um poeta a Mijar, (Corpos Editora, 2007).
Voz da Póvoa – Um Poeta a Mijar, continua a fazer declarações de amor ao primeiro ministro?
António Pedro Ribeiro – O surrealismo e o dadá continuam presentes e até a linha Beatnick. O poeta a mijar é no fundo um poeta que observa, está no mundo mas está deslocado do mundo de uma forma muito critica. Por um lado está a mijar e está-se a cagar, mas por outro está preocupado com um mundo que é feito de economicismos, materialismos e de castrações. O poeta coloca-se um pouco à margem, na posição de um certo voyeur, mas é aí que observa.
V.P. – Este livro continua a assumir o lado crítico na linha dos anteriores?
A.P.R. – O livro, Declaração de Amor ao Primeiro Ministro, tinha mais poder e era mais directo, mas penso que este é mais abrangente, porque vai buscar coisas que não estavam nos outros livros. Não sendo tão directamente politizado, acaba por ser mais critico porque vai buscar a fundo o que está mal na sociedade e até o amor continua presente, talvez menos por uma mulher como no Sallon, já o lado místico, como lúcifer, deus, o céu, continua muito presente.
V.P. – Nos livros aparecem sempre poemas que hibernavam nas gavetas?
A.P.R. – A escrita tem destas coisas, por vezes passo por certos períodos de espera e de silêncio e depois há outros em que escrevo bastante. Há também poemas que vão esperando por um livro que os acolha, mas nem sempre é assim, por vezes ficam esquecidos ou perdidos num qualquer sítio e depois por obra do acaso vão sendo recuperados à luz do dia que são os livros por onde passam a morar.
V.P. – O poeta volta a ser candidato, desta vez à Câmara do Porto...
A.P.R. – É uma forma de bombardear o sistema, é puro terrorismo poético. Não há qualquer inocência nesta candidatura, nem a intenção é provocar por provocar, é o tal lado surrealista que exige uma postura radical, que se tem mantido na minha escrita e que é coerente com a minha pratica. Depois a velha ganga marxista já não se aplica à sociedade de hoje, é preciso procurar outros caminhos, como o sentido de humor por exemplo.
V.P. – Pensa que este é um momento em que se exige uma viragem na sociedade?
A.P.R. – Já fui comunista, marxista-leninista e só marxista. Agora já não tenho a propor um modelo de sociedade, tenho é a certeza que este modelo não serve e portanto devo tentar ridiculariza-lo ao máximo. Neste momento estou afastado dos partidos e não acredito neles nem nos seus projectos. Não tenho uma solução para o problema, mas sei que isto não serve e o que posso fazer é escrever sobre isto e dizer que nada disto vai ao encontro da felicidade do homem.
V.P. – O poeta era capaz de escrever um livro em oposição a tudo o que escreveu?
A.P.R. – Se fizesse uma selecção de poemas de amor que nunca publiquei, alguns mesmo antigos, era capaz de ser diferente, não completamente porque o amor acaba por estar sempre presente em todos os meus livros. Este fala muito do palco, ou tudo o que se vive enquanto lá está, o declamador de poesia, o cantor ou o performer. Um palco onde Jim Morrison ou Ian Curtis eram feiticeiros que conseguiam transportar o publico para outra dimensão, é esta a minha homenagem.
O aumento do salário mínimo em 5,7%, acima da inflação esperada para este ano de 2008, parecia ser uma boa notícia para Maria G., mas depois de feitas as contas, rapidamente chegou à conclusão que esse aumento apenas lhe dará mais de 77 cêntimos mensais.
«O aumento do salário mínimo em 23 euros, é o maior de sempre», afirmou o primeiro-ministro José Sócrates, mas para a família de Maria, operária da indústria gráfica, que passará a ganhar 426 euros por mês, ele será praticamente absorvido pelas actualizações previstas para os preços dos bens e serviços.
A família vive no Pinhal Novo e o marido de Maria trabalha na zona de Loures, pelo que, «com os horários que tem e com a falta de ligações tem de utilizar o automóvel».
É necessário um apertar de cinto constante para fazer face às despesas mensais de uma família de quatro pessoas, onde os únicos «luxos» são o dinheiro gasto com a internet, um bem já indispensável para a educação dos filhos.
Apesar das dificuldades diárias, Maria G. não abdica da educação dos filhos, o mais novo a frequentar o 6º anos e o mais velho a frequentar o 9º anos de escolaridade. «Para que não fiquem como nós e tenham um futuro melhor», afirma. É por essa razão e face ao apertado orçamento familiar, sem grandes margem para extras, que a operária teve de recorrer à mãe em Setembro para conseguir comprar os livros escolares.
O marido trabalha na construção civil, em Lisboa e tem um ordenado de 600 euros, dos quais gasta quase 200 em combustível e portagens.
Os gastos mensais desta família passam este ano para 985,23 euros face a um rendimento global de 1026 euros.
Texto retirado do Diário de Notícias de 21 de Dezembro de 2008