24.1.08

Queixinha de Sócrates contra autor de um blogue foi arquivada, e agora o primeiro-ministro arrisca-se a ser condenado pelo crime de calúnia

Por via do blogue O país do burro tomamos conhecimento que a queixa criminal apresentada por José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal, contra o autor do blogue Do Portugal Profundo, António Balbino Caldeira, foi mandada arquivar pelo Ministério Público por manifesta improcedência do pedido. Ou seja, não passou da fase de inquérito processual da queixa-crime, tal era o infundado da denúncia.

Recorde-se que a queixa-crime apresentada por José Sócrates não tratava da questão tão falada na opinião pública sobre o modo estranho e completamente singular como obtivera milagrosamente um curso de engenheiro na Universidade Independente. Sobre isto, nem uma palavra. Como se calcula, o silêncio é de ouro, e o primeiro-ministro português não está interessado em mexer em matéria tão incómoda que lhe poderia trazer alguns engulhos, e levar a sua reputação académica até ao nível do 12º ano do ensino secundário numa escola da Covilhã.


O motivo da queixinha de Sócrates era outro: o que o apoquentava – imagine-se - era a referência nos textos publicados no blogue Do Portugal Profundo, intitulados Rasganço domingueiro e Páscoa da cidadania, a um «centro governamental de comando e controle dos media», realidades tristes que são hoje tão reais quanto comezinhas na actividade política desde que a democracia foi apropriada pelas manobras das agências de publicidade e de propaganda, pelos consultores de imagem e de informação- já para não falar dos sempre inevitáveis seviços de informação públicos e... privados , vulgo, secretas - ao serviço dos autênticos exércitos de conquista e manutenção do poder político em que estão transformados os partidos políticos.

Arquivada a sua queixa-crime pelo Ministério Público, José Sócrates arrisca-se agora a ser acusado de ser um autor material de um crime de calúnia, mais propriamente por denúncia caluniosa, pelo autor do blogue Do Portugal Profundo, e a ser condenado a pagar uma indemnização pelos danos causados pela seu acto tresloucado de andar a fazer queixinhas não só na praça pública como nos tribunais, aumentando o trabalho dos senhores juízes, já tão assoberbados com as ilegalidades do costume, praticadas pelos chicos-espertos que não olham a meios para fazerem vingar as suas qualidades competitivas.