Quando é que o governo português fará o mesmo perante as deslocalizações das multinacionais instaladas em Portugal?
O Governo alemão e vários líderes políticos declararam "guerra" à Nokia, um dos maiores fabricantes de telemóveis do mundo. Em causa está a decisão da Nokia de deslocar para leste a fábrica de Bochum, no Oeste da Alemanha, onde trabalham 2300 pessoas.
Jürgen Rüttgers, presidente da região, pede explicações à Nokia: "É inconcebível receber 60 milhões de euros de subsídios regionais e 28 milhões das autoridades federais, em termos de ajuda à pesquisa e depois, mal acaba o prazo legal, dizer obrigado, vamos embora." O banco estatal da Renânia do Norte-Vestefália estuda a hipótese de pedir, em tribunal, a devolução dos 60 milhões de euros pagos em subsídios à Nokia.
A contestação já levou mesmo a alguns governantes a pedirem o boicote à Nokia. "Celulares da Nokia não entrarão mais em minha casa", afirma o presidente do Partido Social-Democrata, Kurt BeckBeck, citado pela imprensa alemã.
O ministro de Consumo, Agricultura e Pesca, Horst Seehofer, também anunciou que mudará o seu telemóvel em solidariedade com os trabalhadores de Bochum. Seehofer confirmou ainda que o seu ministério estuda a possibilidade de substituir todos os telefones oficiais. O ministro das Finanças, o social-democrata Peer Steinbrück, qualificou de "capitalismo de caravana" a decisão da empresa finlandesa.
As críticas fazem sentir-se nas ruas de Bochum. Diz um homem: "Se a Nokia vai agora para a Roménia e para a Hungria, ficam também com os subsídios comunitários que são pagos lá. É o cúmulo!"
Quanto aos subsídios comunitários que a Nokia recebeu, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, já disse que não vê qualquer irregularidade. No entanto, o Governo alemão vai pedir a Bruxelas para investigar o caso.
Noticia retirada dos jornais