23.3.05

Erich Fromm ( autor, entre outros, do livro «Ter ou Ser»)

Nascido em 1900, em Frankfurt, Alemanha, Erich Fromm estudou Psicologia e Sociologia em Heidelberg, Frankfurt e Munich. Doutorou-se em Filosofia em Munich e recebeu sólida formação psicanalítica no Instituto Psicanalítico de Berlim. A partir de 1933, ano da ascensão de Hitler ao poder, passa a exercer o cargo de professor nos EUA, em Chicago, e, posteriormente, a exercer a clínica em Nova York. Foi professor em várias universidades, inclusive no México. Os seus livros passaram a tratar de questões humanistas que atraíram a atenção de profissionais de vários campos, como Sociologia, Filosofia e Teologia. De certa forma, muitas de suas ideias foram contemporâneas das abordagens de Carl Rogers (pedagogia anti-autoritária)
Escreveu várias obras, entre as quais se destaca “Ter ou Ser”, e “Psicanálise da Sociedade Contemporânea”
Fromm sempre se mostrou profundamente impressionado pelo que ele via como uma poda da liberdade humana, pelo modo como as pessoas se submetiam, inconscientemente, a desempenhar papeis mecânicos dentro da sociedade capitalista.
O tema central da obra de Fromm é profundamente humanista, ou eco-ético-humanista: o homem sente-se desamparado, porque se separou ou deixou de desenvolver suas qualidades, potencialidades mais propriamente humanas e deixou, por isso mesmo, de ter contacto com as mesmas potencialidades e natureza das demais pessoas. Esta situação de alienação social é uma característica trágica e que se encontra apenas entre os seres humanos, especialmente quando as condições materiais criam uma hierarquia de dominação.
Num de seus livros mais famosos, Medo da Liberdade, Fromm propõe a tese de que o homem, paralelamente à liberdade material que tem conquistado através da história, tem-se isolado cada vez mais de seus semelhantes, na busca por espaço e sucesso material. E, paradoxalmente, a mesma liberdade material torna-se uma condição que assusta, e do qual tende a escapar, refugiando-se em situações de posse e de poder, ou de submissão passiva às autoridades e/ou de conformação à sociedade, o que lhe daria a ilusão de "TER" algo, ou de "PERTENCER" a algo que lhe permita sentir-se menos só. Como opção mais saudável, haveria o reconhecimento da riqueza do "outro" e da importância da cooperação e da solidariedade, num espírito de fraternidade onde o bem-estar social deveria ter a primazia, garantindo o bem-estar individual. Neste caso, a criatividade e as potencialidades humanas seriam usadas para sedimentar a liberdade co-responsável dentro de uma sociedade equilibrada. Caso contrário, o homem construiria um novo tipo de servidão, aliás, bem conforme às ideias do neoliberalismo e da globalização, extremamente selvagem na sua ganância de lucro e anulação do homem, enquanto indivíduo criativo.
Como base nisto, Fromm aponta o fato de que somos, ao mesmo tempo, animais e humanos, com necessidades fisiológicas importantes e imprescindíveis que precisam ser satisfeitas, assim como temos consciência, razão e compaixão, que precisam de ser exercitadas. Assim, no reconhecimento do humano dentro e ao lado das necessidades básicas, levaria a sociedade madura a perceber que a solução de seus conflitos está no reconhecimento de que as nossas necessidades todas, inclusive as humanas, exigem a participação de todas as demais pessoas.

Toda a guerra tem o inconveniente de precisar de um inimigo e, se possível, ter mais que um...

Toda a guerra tem o inconveniente de precisar de um inimigo e, se possível, ter mais que um...
Sem a provocação, ameaça ou agressão de um ou mais inimigos a guerra torna-se pouco convincente. Pior que isso, a oferta de armas pode encontrar um gravíssimo problema pela frente: a contracção da procura de armamento.
Torna-se pois imperioso fabricar um inimigo. E saber alimentar o ódio ao inimigo.
Se forem seguidas estas regras, as máquinas registadoras do comércio de armamento logo começaram a debitar dividendos...

Resistir aos microfascismos

O fascismo de capacete e botas altas fez época.
O poder está em toda a parte, tendo o microfascismo substituído o totalitarismo fascista.
Ora como combater este microfascismo? Através de microresistências.
Construir individualidades esclarecidas, fortes, serenas, poderosas, decididas, voluntárias, que se sintam bem consigo mesmas, é a condição para estarmos bem com os outros.

Contra a República de Platão (fechada, totalitária, hierarquizada, racial) propomos um Jardim de Epicuro (aberto, livre, igualitário, amistoso, cosmopolita) já não confinado a um espaço arquitectural, mas nómada, móvel, irradiando a partir de si num «devir revolucionário dos indivíduos»

(Excertos de um texto de Michel Onfray publicado no Le Monde Diplomatique de Novembro de 2004)

22.3.05

A Década da Água (2005-2015)



A partir do dia 22 de Março, consagrado como dia mundial da água, tem início a Década da água por iniciativa das Nações Unidas (ONU)
Trata-se de mais um esforço para reverter o quadro dramático e progressivo de eliminação dos mananciais e deterioração da qualidade das águas do planeta Terra.

A esse objectivo há que acrescentar a luta contra a privatização e mercantilização das águas.

Gerir quantidades limitadas de água, aproveitar os reservatórios ainda existentes, preservar os mananciais, cuidar da qualidade das águas, serão certamente tarefas para o resto dos dias da humanidade.
Aos problemas antigos – e que, afinal, são tão recentes! - acrescentam-se outros ainda mais recentes. Assim, os últimos estudos sobre o aquecimento global mostram que os gelos milenares estão já a derreter, principalmente as do Himalaias, que alimentam os rios da China, Índia e Nepal. Estima-se que o recuo do gelo seja de dez a quinze metros por ano.
O gelo do monte Kilimanjaro, na Tanzânia derreteu pela primeira vez em toda a sua história. Esse fenómeno significa no imediato mais enchentes.
Porém, a longo prazo, significa muito mais : a perda da fonte que abastece os maiores e mais importantes do planeta.

Além do mais, significa que haverá uma mudança drástica na equação planetária da proporção entre as águas doces e águas salgadas – na actualidade, 97,6% de salgadas versus 2,4% de águas doces -, já que 2% das águas doces existentes estão exactamente nos regiões geladas.
O fenómeno converterá a água doce em água salgada - a proporção passará a ser de 99,6% de salgadas contra apenas 0,4% de águas doces – provocando a diminuição da oferta de água doce, elevando o nível dos oceanos e inundando as áreas baixas dos litorais e das ilhas com pouca altura

Milhões de pessoas privadas de água potável




Em todo o nosso planeta cerca de 1,4 biliões de pessoas são privadas de água potável, enquanto outras andam a desperdiçar este bem precioso.
A agricultura intensiva leva a um consumo incontrolado e a uma poluição sem precedentes.
Em vez de promover novos modos de vida, os governos dos países ricos lançam projectos faraónicos tais como a transferências maciças de água de umas regiões para outras

Consultar:

www.grida.no centro norueguês de informação

www.ioc.unesco.org Comissão oceonográfica intergovenamental (COI), que é a agência da UNESCO encarregada de estudar e vigiar os oceanos e os mares

www.planetebleue.info portal alternativo consagrado à probletmática da privatização da água no mundo

www.h2o.net informações sobre os conflitos regionais ligados aos recursos hidráulicos e dos cursos de água

www.iucn.org/themes/wetlands/ site da International Union for the Conservation of Nature (IUCN) desenvolve projectos sobre recursos em água nos países do Sul

www.cnrs.fr/cw/dossiers/doseau Dossier completo sobre água doce ( em francês)

A água – essência da vida



A água cai da atmosfera, na terra, onde chega principalmente na forma de chuva ou de neve. Ribeiros, rios, lagos, glaciares são grandes vias de escoamento para os oceanos. No seu percurso, a água é retida pelo solo, pela vegetação e pelos animais. Volta à atmosfera principalmente pela evaporação e pela transpiração vegetal. A água é para o homem, para os animais e para as plantas um elemento de primeira necessidade. Efectivamente, a água constitui dois terços do peso do Homem, e até nove décimos do peso dos vegetais. É indispensável ao Homem, como bebida e como alimento, para a sua higiene e como fonte de energia, matéria-prima de produção, vida de transporte e suporte das actividades recreativas que a vida moderna exige cada vez mais.
Em consequência da exploração demográfica e do acréscimo rápido das necessidades da agricultura e da indústria modernas, os recursos de água são objecto de uma solicitação crescente. Não se conseguirá satisfazê-la nem elevar os padrões de vida se, cada um de nós não aprender a considerar a água como um género precioso que deve ser preservado e utilizado racionalmente..
A água na natureza é um meio vivo, portador de organismos benéficos que contribuem para manter a sua qualidade. Poluindo a água corre-se o risco de destruir esses organismos, desorganizar assim o processo de autodepuração e, eventualmente, modificar de forma desfavorável e irreversível o ambiente vivo. As águas de superfície e as águas subterrâneas devem ser preservadas contra a poluição. Todo e qualquer decréscimo importante da quantidade ou da qualidade de uma água corrente ou estagnada pode ser nocivo para o Homem e para os outros seres vivos.
A qualidade da água deve ser mantida a níveis adaptados à utilização para que está prevista e deve, designadamente, satisfazer as exigências da saúde pública. Essas normas de qualidade podem variar conforme os tipos de utilização, tais como a alimentação, necessidades domésticas, agrícolas e industriais, pesca e actividades recreativas. Todavia, sendo a vida, na sua infinita diversidade, tributária das qualidades múltiplas das águas, deverão ser tomadas disposições para lhes assegurar a conservação das suas propriedades naturais.
Quando a água, depois de utilizada, volta ao meio natural, não deve comprometer as utilizações ulteriores que dela se farão, quer públicas quer privadas. A poluição é uma alteração, geralmente provocada pelo homem, da qualidade da água, que a torna imprópria ou perigosa para o consumo humano, para a indústria, agricultura, pesca e actividades recreativas., para os animais domésticos e para a vida selvagem. O lançamento de resíduos ou de águas utilizadas que provoquem poluições de ordem física, química, orgânica, térmica ou radioactiva não deve pôr em perigo a saúde pública e deve ter em conta a aptidão das águas para assimilar ( por diluição ou autodepuração) os resíduos lançados. Os aspectos sociais e económicos dos métodos de tratamento das águas revestem grande importância.
A manutenção de uma cobertura vegetal adequada, de preferência florestal, é essencial para a conservação dos recursos de água. É necessário manter a cobertura vegetal de preferência florestal e sempre que essa cobertura desapareça deve ser reconstituído o mais rapidamente possível. Salvaguardar a floresta é um factor de grande importância para a estabilização das bacias de drenagem e do respectivo regime hidrológico. As florestas são, de resto, úteis não só pelo seu valor intrínseco mas também como lugares de recreio.
A água doce utilizável representa menos de um por cento da quantidade de água do nosso planeta e está repartida muito desigualmente. É indispensável conhecer os recursos de águas superficiais e subterrâneas, tendo em conta o ciclo da água, a sua qualidade e a sua utilização. Entende-se por inventário a prospecção e a avaliação quantitativa dos recursos aquíferos.

A boa gestão da água deve ser objecto de um plano cuidadoso porque a água é um recurso precioso que necessita de uma gestão racional que concilie as necessidades a curto e a longo prazo. Impõe-se, pois, uma verdadeira política no domínio dos recursos de água, que implique múltiplos ordenamentos com vista à sua conservação, regularização e distribuição. Além disso, a conservação da qualidade e da quantidade da água exige o desenvolvimento e aperfeiçoamento das técnicas de utilização, de reciclagem e de depuração.
A investigação sobre a água já utilizada, deve ser encorajada ao máximo. Os meios de informação devem ser ampliados e as trocas internacionais facilitadas, ao mesmo tempo que se impõe uma formação técnica e biológica de pessoal qualificado.
A água é um património comum, cujo valor deve ser reconhecido por todos. Cada um tem o dever de a economizar e de a utilizar com parcimónia. Cada indivíduo é um consumidor e um utilizador da água. Como tal, é responsável perante os outros. Utilizar a água inconsideradamente é abusar do património natural.
A gestão dos recursos de água deve inscrever-se no quadro da bacia natural.
As águas que correm à superfície seguem os declives e convergem para formar cursos de água. Um rio com os seus afluentes pode comparar-se a uma +arvore extremamente ramificada que serve um território que se chama bacia.
Deve ter-se em conta o facto de que, nos limites de uma bacia, todas as utilizações das águas de superfície e das águas profundas são interdependentes e que, portanto, é desejável que também o seja a sua gestão.
A água não tem fronteiras. É um recurso comum que necessita de uma cooperação internacional.

(reprodução parcial do texto da Carta Europeia da Água)



Frankenstein ou o Prometeu Moderno



Victor Frankenstein é o famoso personagem da não menos famosa obra da notável escritora inglesa do século XIX, Mary Shelley.
Ao contrário do que vulgarmente se diz o nome de Frankenstein não é o da criatura monstruosa que foi criada, mas antes o do sábio que a criou e lhe deu vida.
Foi este sábio que e construiu um ser humano a partir de diferentes cadáveres, dando vida a uma criatura sem nome, porque inqualificável, com um rosto feito de remendos.
O monstro odiento é mau não só porque está privado de companheira e de amor, mas sobretudo porque é, simbolicamente, o reflexo do exagero, da soberba e da arrogância
do seu criador.
Mary Shelley (1797-1851), educada num meio erudito, é mulher do conhecido poeta inglês Shelley. Ao observar o iluminismo e todo o racionalismo cientificista que o acompanha, Mary Shelley toma consciência que o ideal das Luzes do Século XVIII veicula um optimismo excessivo e pernicioso, hipervalorizando a razão e o progresso.
A sua obra vai ser pois um grito de alarme contra qualquer tentativa científica de (re)criar um demiurgo em nome da ciência, com desprezo do Homem e dos seres humanos.
Tal como o subtítulo nos mostra, o livro renova o mito de Prometeu ao transformar o sábio num demiurgo que tem a audácia de fazer concorrência a Deus.
Frankenstein é um personagem do orgulho e da loucura, um aprendiz de feiticeiro que verá a sua criação – a tal criatura sem nome – escapar-lhe, matar os seus próximos e, finalmente, voltar-se contra ele.
A criatura exerceu,de resto,um enorme fascínio junto dos românticos, pois conjuga vida e morte, humano e inumano, ciência e sobrenatural.

A obra foi passada ao cinema em 1931 por Whale, e recentemente, em 1995, por Brannagh.

21.3.05

52 definições de poesia para uso do século XXI

A poesia são as notícias vindas dos confins da consciência

A poesia é o grito que se dá ao acordarmos numa floresta obscura em pleno caminho da nossa vida

A poesia é um espelho que serpenteia por uma rua cheia de prazeres visuais

A poesia é a folha cintilante da imaginação. Metade dela ilumina, e outra metade ofusca

A poesia é o sol que brota por meio dos raios da manhã

A poesia são as noites brancas e as bocas de desejo

A poesia é feita de halos a perderem-se num oceano de sons

A poesia é o calão dos anjos e dos demónios

A poesia é um canapé onde se amontoam cantores cegos que abandonaram as suas bengalas brancas

A poesia é o desregulamento dos sentidos que produz sentido

A poesia é a voz da quarta pessoas do singular

A poesia são todas as coisas nascidas com asas e que cantam

Um poema deve-se elevar até ao êxtase , algures entre a palavra e o canto

A poesia é uma voz dissidente que se insurge contra o desperdício das palavras e a superabundância insensata de material impresso

A poesia é o que existe entre as linhas

A poesia é feita de sílabas de sonhos

A poesia são gritos longínquos, muito longínquos, numa praia com o sol poente

A poesia é um faro que vira o seu megafone para o mar

A poesia é uma mulher em soutien Woolworth observando o seu jardim secreto por uma janela

A poesia é um árabe que arrasta tapetes coloridos e caixas de pássaros pelas ruas de uma grande metrópole

Um poema pode ser feito de ingredientes domésticos do dia-a-dia. Apesar de feito numa só página, ele pode, no entanto, encher um mundo e alojar-se no bolo de um coração

A poesia são os pensamentos sobre o travesseiro depois do amor

O poeta é um cantor de ruas que salva os gatos dos telhados do amor

A poesia é o diálogo das estátuas

A poesia é o ruído do Verão sob a chuva e o clamor de pessoas que riem atrás das janelas num rua estreita

A poesia é a inteligência lírica incomparável que se exerce sobre cinquenta sete variedades de experiências

A poesia é uma grande casa onde se ouve todas as vozes que jamais disseram algo de louco ou de maravilhoso

A poesia é raide subversivo sobre a língua esquecida do inconsciente colectivo

A poesia é um canário verdadeiro numa mina de carvão, e todos sabemos porque cabta o pássaro dentro de uma caixa

A poesia é a sombra lançada pela reverberação das nossas imaginações

A poesia é a voz no interior da voz da tartaruga

A poesia é a cara que se esconde atrás da face da raça

A poesia é feita de pensamentos nocturnos. Se ela se lança à ilusão ela não será renegada antes do alvorecer

A poesia resulta da evaporação dos risos líquidos da juventude

A poesia é um livro de luz noctívaga

A poesia é a gestalt final da imaginação

A poesia deve ser a emoção revolta da emoção

As palavras são fósseis vivos. Cabe ao poeta reconstituir o animal e pô-lo a cantar

Um poeta não é mais que a sua orelha. Tanto pior para ele se não o é.

O poeta deve ser um bárbaro subversivo às portas da cidade, questionando sem cessar a realidade e reinventando-a

Que o poeta seja um animal cantante servindo-se de intruso a um rei anarquista

O poeta fabrica cocktails a partir de alcools loucos da imaginação e se ele perpetuamente se espanta, ninguém o fará titubear

O poeta deve ser um importuno diante das tendas da existência


A poesia é o rumor das bocas de desgosto que se ouve do alto da escada do incêndio de Dante

O poeta deve ter uma visão angular. Cada olhar abraça mundo e nada é mais poético que o concreto


A poesia não é apenas a heroína, os cavalos e Rimbaud. Ela também é o murmúrio dos elefantes e as orações impotentes dos passageiros que atam os cintos para a descida final

A poesia é o verdadeiro sujeito da Prosa

Cada poema deve ser uma loucura momentânea, e o irreal ser realista


Tal como um ramo de rosas, um poema nada tem para explicar

Um poema é aomesmo tempo um Coney Island of the mind, um circo da alma, e um Far Rockaway of the heart

A poesia deve ser um tamborilar rebelde às portas do desconhecido.


Autor: Lawrence Ferlinghetti

No dia em que se celebra a Árvore



A árvore foi objecto de culto religioso desde remotos tempos. Cada uma das divindades pagãs tinha a sua árvore: Neptuno o pinheiro, Minerva a oliveira, Vénus o mirto. No jardim do paraíso terrestre dos chineses produzia-se a vida, cuja conservação dependia do fruto de uma árvore.
A história refere-as. Napoleão quis sepultura à sombra do salgueiro de Santa Helena; nos ramos do loureiro de Zubia, perto de Granada, escondeu-se Isabel a Católica, fugindo à perseguição dos mouros granadinos; a lenda quer que Freixo de Espada à Cinta deva o nome a uma destas árvores famosas. A heráldica serve-se de árvores para compor os brasões. O Direito romano punia quem cortasse furtivamente as árvores e as nossas Ordenações castigavam o corte de frutíferas com penas que podiam chegar ao degredo em África e no Brasil, após a sessão de açoites.
O culto religioso da árvore daria lugar a um amor racional, convertendo-a na grande amiga do homem. Nos Estados Unidos terá acontecido a primeira celebração anual, conduzindo as crianças ao local onde, após a explanação de carácter pedagógico, todas plantavam uma. A Irlanda instituiria a Festa da Árvore em 1904 e as crianças das escolas espanholas plantaram mais de 70.000 árvores já em 1907.
Realizada timidamente aqui e ali, Portugal promoveria oficialmente a primeira Festa da Árvore em 9 de Março de 1913, iniciativa do «Século Agrícola», suplemento semanal do extinto diário «O Século»; êxito que ficou a dever-se à adesão dos professores do ensino primário: os pequenos plantaram por todo o país milhares de árvores, ao som de um hino composto por Aboim Foios. Acusada de laicismo pelos fundamentalistas da época, viria desaparecer. Bem mais recentemente foi instituído oficialmente o Dia Mundial da Floresta, ou Dia da Árvore, que hoje se assinala por todo o país. Naturalmente não se sugere o regresso aos cortejos de meninos e meninas, marchando em filinha, todos de batinha branca, até ao local onde plantariam a sua árvore e disporiam de lauta merenda a fechar. Mas há-se ser a ainda chamada escola primária a inocular-lhes o carinho devido à tão violentada amiga do homem.


Reprodução com a devida vénia do texto de Vale dos Passos, publicado no Jornal de Notícias de 21 de Março de 2005

A Primavera em Walden (por H.D. Thoreau)




Ao ir morar nos bosques, um dos atractivos consistia em dispor assim do vagar e da oportunidade para assistir à chegada da Primavera. No lago, finalmente, o gelo começa a encher-se de cavidades e posso enfiar nele o calcanhar conforme vou caminhando. Névoas, chuvas e sóis mais quentes vão pouco a pouco derretendo a neve; os dias já se tornam sensivelmente mais compridos e vejo que atravessarei o Inverno sem precisar de acrescentar mais lenha à minha pilha, pois já não é necessário muito fogo. Fico à espreita dos primeiros sinais da Primavera, a ouvir o canto fortuito de algum pássaro que chega, ou o pio do esquilo listrado, cujas provisões devem estar quase esgotadas, ou ver a marmota aventurar-se fora do seu alojamento de Inverno.
(…)
O primeiro pardal da primavera! É o ano a inaugurar-se com uma esperançamais jovem que nunca! Sobre os campos húmidos e parcialmente despidos de neve, ouvem-se os lânguidos e argentinos gorgeios do azulão, do pardal cantor e do tordo menor, como se tilintassem ao cair os últimos flocos do Inverno. Num momento desses o que representam histórias, cronologias, tradições e todas as revelações por escrito? Os Arroios cantam madrigais e hinos de Natal à Primavera. O gavião do charco, voando rasante sobre o prado, já está em busca da primeira vida que desperta no lodo. O som minguante da neve, derrentendo-se, invade todos os pequenos vales, e num átimo o gelo dissolve-se nos lagos. O capim flamejando pelas encostas parece o fogo da Primavera - «et pprimitus oritur herba imbribus primoribus evocata» ( «e começa a surgir a erva chamada pelas primeiras chuvas») – como se a terra irradiasse um calor interno para saudar o retorno do sol; não amarela, e sim verde, é a cor da sua chama; - é o símbolo da perpétua juventude…

Excerto sobre a Primavera retirado do livro «Walden ou a Vida nos Bosques», de Henry David Thoreau, segundo a tradução de Astrid Cabral, com revisão e adaptação de Júlio Henriques, na edição Antígona, 1999)

Sonho


Pelo sonho é que vamos
Comovidos e mudos
Chegamos? Não chegamos
Haja ou não haja frutos,
Pelo sonho é que vamos

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria,
Ao que desconhecemos
E ao que é do dia a dia

Chegamos? Não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos

(Sebastião da Gama)

Armand Gatti, poeta libertário



“Não me bato por nenhum poder, mas por uma tomada de consciência”, afirma Gatti

Gatti, o poeta, cineasta (o filme “Nós éramos todos nomes de árvores”), dramaturgo (“A paixão do general Franco”, “A coluna Durutti”, “L’enclos”, “O Labirinto”), rebelde itinerante, declara ao Le Monde Libertaire: “Não me bato por nenhum poder, mas por uma tomada de consciência. Não estou interessado em entrar nas contradições próprias dos esquerdistas ( “stals” ou estalinistas, nas palavras de Gatti – Nota de tradução) que, depois da derrota, batem em retirada, confessando que a revolução foi mais uma vez adiada. Não tenho problemas com rupturas políticas. Ao lutar por uma tomada de consciência, estou bem comigo mesmo. Aliás, é com a linguagem que eu trabalho. Se se quiser mudar o mundo, o que é necessário é mudar os seus mecanismos, e não apenas a forma económica...Ora, para mim, a linguagem é justamente portadora desses tais mecanismos. Se a linguagem mantiver a antiga forma de pensar, tal significará que todas as revoluções que se faça acabarão por apodrecer interiormente...
(...) a anarquia tal como a vivo, plena de fraternidade e de partilhas, nunca pára..

(excertos de uma entrevista dada ao Le Monde Libertaire de Mai-Juin de 1995.)

As metáforas reais

Há metáforas que são mais reais do que a gente que anda na rua. Há imagens nos recantos de livros que vivem mais nitidamente que muito homem e muita mulher. Há frases literárias que têm uma individualidade absolutamente humana. Passos de parágrafos meus há que me arrefecem de pavor, tão nitidamente gente eu os sinto, tão recortados de encontro aos muros do meu quarto, na noite, na sombra. Tenho escrito frases cujo som, lidas alto ou baixo - é impossível ocultar-lhes o som - é absolutamente o de uma coisa que ganhou exterioridade absoluta a alma inteiramente. Por que exponho eu de vez em quando processos contraditórios e inconciliáveis de sonhar e de aprender a sonhar? Porque, provavelmente, tanto me habituei a sentir o falso como o verdadeiro, o sonhado tão nitidamente como o visto, que perdi a distinção humana, falsa, creio, entre a verdade e a mentira. Basta que eu veja nitidamente, com os olhos ou com os ouvidos, ou com outro sentido qualquer, para que eu sinta que aquilo é real. Pode ser mesmo que eu sinta duas coisas inconjugáveis ao mesmo tempo. Não importa.
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Bernardo Soares, in O Livro do Desassossego

20.3.05

Pluralismo Jurídico contra o Monopólio Estatal da formação do Direito

Em todas as sociedades e comunidades existem variados tipos de normas e regras: as normas sociais, as normas de cortesia, as normas morais, as normas religiosas, as normas dos usos e costumes, as normas jurídicas, etc
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Ou seja: existem várias ordenamentos ou ordens normativas que se podem mostrar convergentes ou divergentes entre si.
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Por exemplo:
A)a possibilidade e o direito a divorciar-se, após o vínculo de casamento, pode estar na ordem jurídica mas não estar na ordem religiosa (o código canónico proíbe um segundo casamento);
B)o direito de resistência pode estar quer na ordem moral como na ordem jurídica;
C) o direito à igualdade pode estar na ordem jurídica mas não ser uma norma social. Etc,etc.
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O valor e a importância relativa destes diversos ordenamentos normativos varia conforme as épocas históricas, as sociedades e as latitudes em que nos encontrarmos.
Exemplos:
a) na Idade Média as normas religiosas eram sumamente mais importantes que as normas provenientes de outros ordenamentos normativos;
b) tradicionalmente as normas consuetudinárias ( isto é, os usos e costumes) prevaleciam face às normas estatais;
c)as normas morais ( ou seja, os imperativos de consciência) prevalecem sobre as normas legais quando alguém invoca a objecção de consciência, e o reconhecimento da primazia da consciência moral individual sobre a lei não é reconhecido por muitos Estados respectivas legislações. Etc,etc.
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Acontece que o ordenamento normativo estatal (que aprova e impõe as normas jurídicas) veio a adquirir uma importância crescente a partir da Revolução Francesa que é o acontecimento histórico que verdadeiramente dá início à época moderna e à moderna organização social e política das sociedades europeias, desde então tendo aquelas normas jurídicas adquirido quase o exclusivo senão mesmo o monopólio da função de reger e normativizar as relações sociais das nossas sociedades contemporâneas.
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Ou seja: a partir do momento em que o Estado começa a impôr-se e a assumir-se como entidade política reguladora no seio das nossas sociedades (o que aconteceu só com as sociedades modernas) muda igualmente a hierarquia e a importância relativa entre as várias ordens normativas passando as normas jurídicas ( as normas escritas com força de lei, aprovadas e impostas pelo Estado) a sobrepôr-se a todo o outro tipo de normas proveniente de qualquer outro ordenamento normativo
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Daí ao monopólio da formação estatal da formação do Direito foi um curto passo, dado sem hesitação pelas elites políticas.
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E a situação em que nos encontramos hoje é a tentativa imperialista do Estado de regular o que quer seja da vida pública e privada de cada indivíduo e tornar a sua vontade como o único critério de aceitabilidade dos comportamentos e ideias dos indivíduos e grupos sociais.
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Ao paradigma modernista da formação estatal do direito opõe-se uma outra visão que defende o pluralismo jurídico ou seja a constatação empírica que a sociedade é atravessada por outros ordenamentos normativos que escapam à rede tentacular e monopolística da vontade legislativa do Estado.
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O pluralismo jurídico apoia-se em estudos de antropologia para demonstrar a existência dessas normas conflituantes com as normas jurídicas estatais e que questionam não só o monopólio estatal da construção jurídica do direito em vigor numa sociedade como o próprio papel e função do Estado como entidade estranha às realidades sociais e culturais.
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O recente caso dos touros de morte em Barrancos pode servir de exemplo à potencial conflitualidade e divergência entre as normas sociais de uma parte do território do Estado e a própria ordem jurídica de que esse mesmo Estado pretende impôr em todo o território sob a sua jurisdição.
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Obviamente que os touros de morte são um arcaísmo atávico, mas na verdade poucos viram nisso um real factor de subversão para a pretensão totalitária do Estado de tudo submeter à sua ordem jurídica.
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E à medida que as sociedades se tornam cada vez mais sociedades multiculturais com a coexistência de diversas culturas, maior será a tendência para o pluralismo jurídico, ainda que no outro extremo possa espreitar o perigo da deriva comunitária, isto é, aquelas situações em que as comunidades culturais se fecham em si mesmas e rejeitam o cosmopolitismo.
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Restará então defender o multiculturalismo cosmopolita, a diversidade e a miscigenação cultural que não seja o resultado de um decreto legislativo do Estado mas da vontade esclarecida, tolerante e emancipadora dos indivíduos, cidadãos do mundo.

Voltaire e os perigos da Leitura

Era comum entre os homens de letras da França do século XVIII, para se esquivarem da censura e do olho inquisidor do clero, fazerem-se passar por viajantes orientais, ou situarem suas histórias em meio a sultões, cádis, odaliscas e dervixes em algum cantão qualquer da Ásia Menor para assim melhor criticarem as opressões a que estavam submetidos. Montesquieu atingiu a celebridade imediata com suas Lettres persanes (Cartas persas, 1721), uma corrosiva exposição dos costumes franceses.
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Voltaire seguiu-o mais tarde, entre outros, com um pequeno artigo intitulado De l´horrible danger de la lecture (Do horrível perigo da leitura) para satirizar os que perseguiam a Encyclopédie e o partido dos filósofos. Para tanto, explorou os arraigados preconceitos que os europeus tinham em relação ao Império Turco-Otomano, velho inimigo dos cristãos e símbolo, segundo eles, da aliança do despotismo com o obscurantismo.
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O Parecer do Mufti Cherébi
Tudo começa, na historieta de Voltaire, quando Joussouf Cherébi, mufti do santo Império Otomano, dá a resposta, numa data imprecisa, a uma solicitação interrogante feita por um ex-embaixador da Sublime Porta na França. O dignatário viera do Ocidente, maravilhado pela presença da imprensa, e queria saber dos grandes sábios do reino turco a opinião deles sobre aquele invento. Consultaram-se então os irmãos cádis e os imãs da cidade imperial de Istambul, sobretudo os faquires ("conhecidos por seu zelo contra o espírito", disse Voltaire), que não demoraram em propor a condenação, proscrição e anatematização do infernal engenho.
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Os Argumentos dos Sábios Otomanos
1. Ela, a imprensa, é perigosa porque facilita a comunicação dos pensamentos, tendendo evidentemente a dissipar a ignorância que, afinal, é a guardiã e a salvaguarda dos Estados bem policiados.
2. É especialmente temível que cheguem, entre os livros que aportam vindos do Ocidente, alguns que tratem da agricultura e sobre os meios de aperfeiçoar-se as artes mecânicas, obras que podem, a longo prazo (o que não agradaria a Deus), revelar o gênio dos nossos cultivadores e dos nossos manufatureiros, exercitando-lhes a indústria, aumentando-lhes a riqueza, inspirando-lhes assim a elevação das suas almas e um certo amor ao bem público, sentimentos que são opostos à sã doutrina.
3. Chegará por fim o tempo em que teremos livros de história descomprometidos com o maravilhoso, o que sempre entreteve a nação numa feliz estupidez: haverá nesses livros a imprudência de fazer justiça às boas e às más acções e de recomendar a equidade e o amor à pátria, o que é visivelmente contrário aos nosso direitos locais.
4. Logo chegará a vez dos miseráveis filósofos que, sob pretextos especiosos, mas puníveis, irão querer esclarecer o homem comum e tentar fazê-los melhores, ensinando-lhes virtudes perigosas as quais o povo jamais deve tomar conhecimento.
5. Argumentando que têm enorme respeito por Deus, eles, os pensadores, terminarão imprimindo escandalosamente, fazendo por diminuir os peregrinos a Meca, provocando um grande detrimento da saúde das suas almas.
6. Sem dúvida chegará o momento em que, à força de ler os autores ocidentais que tratam das doenças contagiosas e da maneira de preveni-las, ficaremos infelizes por nos garantirem contra as pestes, o que seria um grave atentado contra a Providência.
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Recomendações do Mufti Cherébi
Em vista do exposto, o mufti então propõe que, para edificar as fidelidades e pelo bem geral das almas, jamais alguém leia um livro, sob pena da danação eterna. Que evite-se por todos os meios a tentação diabólica dos pais desejarem ensinar seus filhos a ler e a escrever, pois nós os defendemos deles tentarem pensar. Além disso, sugere que os crentes sejam mobilizados a denunciar à oficialidade qualquer vizinho que consiga falar quatro frases seguidas que tenham algum sentido, que sejam claras e inteligíveis. Ordenemos, encerra o mufti, que toda a conversação deve servir-se de expressões e termos que nada signifiquem, tal como é o antigo uso na Sublime Porta.
(adaptação de um texto retirado da net)

19.3.05

Espectacular acção pública de denúncia contra a Zara



O colectivo de mulheres galegas «Mulheres transgredindo» levou a cabo em Santiago de Compostela uma acção de rua a fim de denunciar o grupo económico da Inditex ( constituído pelas empresas e marcas Zara, Stradivarius, Oysho, Pull& Bear, Bherska, Massimo Dutti, Kiddy’s, …)

Sabias que a roupa da Zara não se coze sozinha?

Sabias que essa roupa é cozida pelas mãos de mais de 60.000 mulheres?

Sabias que estas mulheres fazem jornadas de trabalho de mais de 12 horas?

Sabias que não ganham mais de 200 horas/mês?

Sabias que trabalham em instalações sem luz suficiente e mal ventiladas?

Sabias que não autorizadas a separar-se da Máquina de cozer nem sequer para ir aos lavabos?

Sabias que perdem o emprego se engravidarem?

Sabias que a maioria trabalha com contratos a prazo?

Sabias que isto ocorre na Galiza em 2005?

Sabias que em países como Marrocos, China, Índia…trabalham crianças de 8 anos como escravas para a Inditex?

Compreendes agora, então, como é que Amâncio Ortega ( o patrão do Grupo Inditex) se converteu em poucos anos num dos homens mais ricos do mundo?

Informações:
Para ver reportagem fotográfica da espectacular acção de rua:

As bicicletas entram no quotidiano das cidades peninsulares.


As bicicletas tornam-se pouco a pouco no meio de transporte urbano por excelência. Não contamina, é silencioso, não ocupa muito espaço e ajusta-se à fisionomia de muitas necessidades.
Nas cidades do Estado espanhol o uso da bicicleta está em crescendo. Façamos uma pequena resenha.

Os Municípios mais conscientes do problema da mobilidade urbana já ultrapassaram a fase que bastava construir km de vias reservadas para as bicicletas. Hoje, qualquer edil sabe que um Plano de ordenamento urbano, transporte e mobilidade não dispensa a bicicleta como meio de deslocação dentro das cidades, nem hesita em dar prioridade aos peões e às bicicletas. Neste domínio as cidades mais avançadas são Barcelona, Vitória, Córdoba e Donostia.
Consultar:
www.conbici.org
www.ciclismourbano.org


Barcelona
Estima-se em 40.000 utilizadores diários de bicicletas que percorrem os 127 Kmde vias reservadas às bicicletas, a que acrescem os 60 na Ronda Verde.
www.bcn.es/bicicleta
www.amicsdelabici.org


Donostia (San Sebastian)
Na Praia da Concha a via para automóveisfoi convertida para as bicicletas. Os 45 km de vias existentes ligam os principais locais da cidade. O Pacto Cívico pela Mobilidade dá prioridade absoluta ao peão e a bicicleta. Criou-se igualmente um Observatório de ciclistas urbanos.
www.donostia.org
www.kalapie.org



Córdoba
Tem, desde 1997, um Plano Director de Bicicletas que tornou Córdoba como a cidade andaluza melhor dotada de vias para bicicletas. Está apetrechada com 30 Km de via que ligam os seus principais locais, excepto o centro histórico .
www.platabicicordoba.org
www.andaluciaporlabici.org


Valência
A extensão das vias reservadas às bicicletas é de 68 Km, mas existe uma descontinuidade na rede
www.uv.es/universitatenbibi


Madrid
Os 80 Km de vias para bicicletas estão mais pensadas para o ócio que para ligar locais e serviços. Aguarda-se a execução do Plano Director da Mobilidade Ciclista.
www.pedalibre.org


Corunha
Os escassos 8,5 Km de via para as bicicletas no passeio marítimo revelam o pouco apoio que as bicicletas tem recebido nas cidades galegas ( Vigo não tem um único Km reservado para as bicicletas)
www.lacorunaenbici.es.vg


Valladolid
Conta com 50 Km de vias para bicicletas fora do centro urbano, com um trejaco descontínuo e bastantes erros e insuficiências. A Asamblea Ciclista de Valladolid denuncia a falta de apoio para a bicicleta.
www.au.uva.es/asciva

A Declaração de Independência dos Estados Unidos proclamou em 1776 que «todos os homens nascem iguais».

Não obstante essa Declaração, e depois dela, durante muitos anos, meio milhão de negros continuaram a ser escravos e as mulheres continuaram a não ter qualquer direito. Só muito mais tarde, com Martin Luther King, as coisas pareceram que iriam mudar no diz respeito aos direitos cívicos dos negros. Mas será que mudaram?

Hoje, tal como então, fala-se em democracia e em liberdade, mas para quantos homens e mulheres estas palavras não têm qualquer sentido?

O mesmo se passava, de resto, na democracia ateniense cujas regras não se aplicavam nem aos escravos nem às mulheres.

Conclusão:
O que se diz não é o que escreve.
Nem o que se escreve é o que se diz.
Parece ser este o lema da democracia do Faz de Conta!!!!

Abolição dos Exércitos



Abolir os Exércitos é uma necessidade vital.
Recorde-se que na Suíça em 1999 o Grupo por uma Suíça sem Exército conseguiu promover um referendo pela supressão do Exército. Então por que não um Portugal sem Exército?

Hoje, mais do que nunca, quando os mercenário militares andam atarefados em matar o máximo possível, com a ajuda das tecnologias produzidas pelas indústrias e pelos negociantes da morte, é necessário levantar bem alto o grito pelo desarmamento militar e contra os negócios do complexo militar-industrial.

A Humanidade precisa de bens de primeira necessidade, e não de aparelhos sofisticados de morte e destruição.

É Fácil militarizar um Civil
Mais difícil é civilizar um militar



Informações:

www.unionpacifiste.org

www.demilitarisation.org

Não ao militarismo!



A guerra é uma das mais nefastas consequências do espírito autoritário. Ela deriva dos apetites imperialistas, dos interesses do capital, da intoxicação nacionalista, das razões de Estado e dos objectivos próprios das castas militares.
Por outro lado, o sistema militar é um subsistema importantíssimo de salvaguarda da sobrevivência do grande sistema estatal, autoritário por essência. Protege-se por mil e uma formas, e com cuidadosas barreiras, um dos aparelhos mais anti-democráticos do Estado moderno, através de toda uma série de dispositivos desde as formas de reprodução do espírito de casta que estruturam o corpo militar, até à inculcação de valores autoritários da obediência aos chefes, como estágio socializador dos jovens antes destes abandonarem a tropa. E é sempre o Exército que “restabelece a ordem”, seja apoiando as polícias seja fazendo golpes de estado.
Por tudo isto os libertários têm sido sempre os mais consequentes anti-militaristas, mesmo naquelas ocasiões que outros lhes acenam com a pretensa alternativa da constituição de um “exército vermelho”.
Na situação internacional em que vivemos torna-se necessário um recrudescimento do activismo anti-militarista, na luta pela destruição de todas as armas de destruição maciça, e na criação de uma lógica de paz no relacionamento entre os povos. Daí ser oportuno a divulgação da objecção de consciência ao serviço militar e a todas as formas que se traduzam no uso da violência para a resolução dos conflitos internacionais. Nesta linha justifica-se ainda plenamente o estudo, recolha e promoção das técnicas de acção não-violenta que inspiram o activismo da acção directa não-violenta, assim como de toda a filosofia que serve de raiz e fundamento à luta pela justiça e fraternidade por meios não-violentos
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