A guerra é uma das mais nefastas consequências do espírito autoritário. Ela deriva dos apetites imperialistas, dos interesses do capital, da intoxicação nacionalista, das razões de Estado e dos objectivos próprios das castas militares.
Por outro lado, o sistema militar é um subsistema importantíssimo de salvaguarda da sobrevivência do grande sistema estatal, autoritário por essência. Protege-se por mil e uma formas, e com cuidadosas barreiras, um dos aparelhos mais anti-democráticos do Estado moderno, através de toda uma série de dispositivos desde as formas de reprodução do espírito de casta que estruturam o corpo militar, até à inculcação de valores autoritários da obediência aos chefes, como estágio socializador dos jovens antes destes abandonarem a tropa. E é sempre o Exército que “restabelece a ordem”, seja apoiando as polícias seja fazendo golpes de estado.
Por tudo isto os libertários têm sido sempre os mais consequentes anti-militaristas, mesmo naquelas ocasiões que outros lhes acenam com a pretensa alternativa da constituição de um “exército vermelho”.
Na situação internacional em que vivemos torna-se necessário um recrudescimento do activismo anti-militarista, na luta pela destruição de todas as armas de destruição maciça, e na criação de uma lógica de paz no relacionamento entre os povos. Daí ser oportuno a divulgação da objecção de consciência ao serviço militar e a todas as formas que se traduzam no uso da violência para a resolução dos conflitos internacionais. Nesta linha justifica-se ainda plenamente o estudo, recolha e promoção das técnicas de acção não-violenta que inspiram o activismo da acção directa não-violenta, assim como de toda a filosofia que serve de raiz e fundamento à luta pela justiça e fraternidade por meios não-violentos.