22.3.05

Frankenstein ou o Prometeu Moderno



Victor Frankenstein é o famoso personagem da não menos famosa obra da notável escritora inglesa do século XIX, Mary Shelley.
Ao contrário do que vulgarmente se diz o nome de Frankenstein não é o da criatura monstruosa que foi criada, mas antes o do sábio que a criou e lhe deu vida.
Foi este sábio que e construiu um ser humano a partir de diferentes cadáveres, dando vida a uma criatura sem nome, porque inqualificável, com um rosto feito de remendos.
O monstro odiento é mau não só porque está privado de companheira e de amor, mas sobretudo porque é, simbolicamente, o reflexo do exagero, da soberba e da arrogância
do seu criador.
Mary Shelley (1797-1851), educada num meio erudito, é mulher do conhecido poeta inglês Shelley. Ao observar o iluminismo e todo o racionalismo cientificista que o acompanha, Mary Shelley toma consciência que o ideal das Luzes do Século XVIII veicula um optimismo excessivo e pernicioso, hipervalorizando a razão e o progresso.
A sua obra vai ser pois um grito de alarme contra qualquer tentativa científica de (re)criar um demiurgo em nome da ciência, com desprezo do Homem e dos seres humanos.
Tal como o subtítulo nos mostra, o livro renova o mito de Prometeu ao transformar o sábio num demiurgo que tem a audácia de fazer concorrência a Deus.
Frankenstein é um personagem do orgulho e da loucura, um aprendiz de feiticeiro que verá a sua criação – a tal criatura sem nome – escapar-lhe, matar os seus próximos e, finalmente, voltar-se contra ele.
A criatura exerceu,de resto,um enorme fascínio junto dos românticos, pois conjuga vida e morte, humano e inumano, ciência e sobrenatural.

A obra foi passada ao cinema em 1931 por Whale, e recentemente, em 1995, por Brannagh.