9.3.09

Filo-café sob o tema «O Medo à Liberdade» no centro social Aturuxo, em Boiro, na Galiza (11 de Abril). Inscrições abertas para todos os interessados


Um Filo-Café é, no essencial, um espaço público de trocas. Real. Com pessoas vivas, para lá do virtual. A partir de um tema, há uma pequena comunicação (não superior a 10 minutos) que serve para estimular a emissão do pensamento aberta a todos os presentes. No meio das trocas de pensamento surgem emissões artísticas: pequenas performances, música, poesia, etc. Isto é: a conversa é espontânea, a emissão artística é "preparada" antecipadamente. No espaço onde se realiza o filo-café há também lugar para a exposição de fotografia, pintura, escultura, instalação. É efémero. Começa às 21h30 e costuma acabar às 24h


A participação na conversa é absolutamente livre. As inscrições, livres, destinam-se às pessoas que querem apresentar algum trabalho artístico.


Inscrições Abertas:Para a sua inscrição indique nome, lugar de proveniência e área de emissão, através de
incomunidade@gmail.com ou: (00351)965817337. As inscrições estarão abertas até ao dia 05 de Abril (podendo ser fechadas antes, caso o nº de inscritos o justifique)


Áreas de Emissão: Pensamento, Fotografia, Música, Performance, Poesia, Pequenas-Comunicações, Teatro, Artesanato, Filosofia, Semiótica, Pintura, Escultura.



O medo à liberdade

Da liberdade apenas têm medo aqueles que consideram o outro como um inimigo em vez de o encararem como um cooperante.

Na verdade, ninguém é livre, pese embora no dia a dia o uso da liberdade seja quase absoluto. É assim com os tiranos, os corruptos, os indigentes, os astutos… mas também o é com os santos, os ascetas, os beneméritos e os profetas… Sartre tem razão! Nascemos condenados a ser livres.

Há liberdades individuais e colectivas e ambas têm um enquadramento específico. Nos dois campos tudo me é permitido, mas nem tudo me é aceite. Os limites para a minha acção encontram-se sempre e só na livre acção do outro.

Do ponto de vista colectivo, posso matar, roubar, extorquir, molestar… e serei castigado pelas minhas práticas na medida em que exercer sobre outrem uma acção que não me é consentida.

Do ponto de vista individual, ou seja, quando o produto da minha acção recai apenas sobre mim, nem deveria ser punido, nem agraciado pelo Estado ou pela sociedade. As leis gerais apenas se devem aplicar à regulação da vida em comum.

Não é a mesma coisa nem pode ser avaliado da mesma maneira, um atentado contra a vida de outrem ou contra a própria vida, molestar o corpo alheio, ou molestar o próprio corpo…


Paradoxalmente é em nome da liberdade que o Estado impede o exercício da escolha individual. Impõe-nos o que acha ser o melhor para a colectividade e daí extrai que também será o melhor para cada um em particular.


O uso que o poder faz da liberdade é aquele que Rousseau estabeleceu no Contrato Social ao responder à objecção de como pode o homem ser livre e ao mesmo tempo ter de se conformar com vontades que não são as suas? Eis a resposta: “O cidadão aprova todas as leis, aquelas que não obtiverem o seu acordo e até os que o punem se não as respeitar. A vontade constante de todos os membros do Estado é a vontade geral; é devido a ela que são cidadãos e livres. Quando se propõe uma lei, o que se pede a cada um não é que a aprove ou rejeite, mas se está ou não conforme a vontade geral que é também a sua: cada cidadão ao entregar o seu voto, dá assim a sua opinião e pela contagem dos votos, se exprime a vontade geral. Quando vence a opinião contrária à minha só isso prova que eu estava enganado e que o que eu considerava como sendo a vontade geral, não o era afinal”.

Fundamentalmente, este é o princípio geral da democracia que faz de cada um de nós um mero elo de um todo que é a sociedade. Mesmo que submeta a subjectividade de cada um aos princípios gerais de todos, a vida em sociedade obriga ao cumprimento simultâneo de direitos e deveres, precisamente porque a acção individual colide com o interesse geral e para garantir os princípios mínimos de funcionamento à sociedade é realmente necessário que se proceda a essa adequação. Do ponto de vista social, mesmo quando o incumprimento dos deveres seja devido à acção externa e não a uma decisão pessoal, a punição é sempre a consequência. Por exemplo: aquele que por acção alheia perde o seu posto de trabalho o qual lhe garantia os rendimentos para cumprir os contratos financeiros contraídos, deixa de o poder fazer e retiram-lhe os seus bens; aquele que rouba apenas e só para se alimentar a si e à sua família; aquele que, por motivos económicos, não possa recorrer aos serviços médicos para se tratar a si ou aos seus e de cuja falta de tratamento resulte a incapacidade ou a morte… Em nenhum destes casos a acção é livre, mas em nome do suposto interesse colectivo, as consequências que não resultam directamente da vontade individual do agente, continuam a ser avaliadas pela lei geral.
O resultado das nossas escolhas é referendado por essa voz comum que inunda a nossa vida e tolhe os nossos desejos. Para que a ordem social se mantenha, decretam que aquilo que é bom para a maioria também tem de ser bom para cada um, sem querer saber do sentido da opinião minoritária.

Ora é neste segundo ponto que o poder da maioria se exerce de forma discricionária e totalizante. O filósofo existencialista dinamarquês Kierkegaard, defensor do extraordinário poder da subjectividade individual, vincava que em cada um de nós, pese embora toda a coacção do Estado e da sociedade, residirá sempre um segredo a que ninguém mais terá acesso e que nos acompanhará até à morte. Ainda na sua análise, a nossa acção exterior é sempre subordinada a uma escolha: ou isto ou aquilo… e no momento em que escolhemos comprometemos de forma irremediável toda a nossa acção.


Desta forma, a liberdade apresenta-se-nos sempre como um absoluto e um relativo, pois se por um lado estamos condenados a ser livres, o exercício da nossa liberdade é limitado por diversas condicionantes externas e internas.

Ante a força destas constatações, somos levados a concluir que a liberdade exterior ou colectiva é algo de que se fala muito, mas que, verdadeiramente, na prática, não existe. Apenas e só a subjectividade é garante para o pleno exercício da liberdade. Só a Criação - artística, científica, literária… - se pode apresentar como o verdadeiro lugar da plena realização da Liberdade.


sarmento manso

8.3.09

8 de Março de 2009 - Dia internacional das mulheres


O Dia Internacional da Mulher é comemorado em homenagem às operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque que, em 8 de Março de 1857, entraram em greve, ocupando as instalações fabris, para reivindicarem a redução do seu horário de trabalho de mais de 16 horas por dia para as 10 horas laborais diárias. Estas operárias recebiam menos de um terço do salário dos homens e, devido à posição que tomaram, foram fechadas dentro da fábrica, onde, entretanto, deflagrou um incêndio. Cerca de 130 mulheres morreram. Em 1910 numa conferência internacional das mullheres, realizada na Dinamarca, foi decidido comemorar o Dia Internacional da Mulher nessa data de cada ano civil, em homenagem àquelas operárias


Consultar os textos já publicados neste blogue:




"Every time we liberate a woman, we liberate a man." (Margaret Mead)

"Feminism is the radical notion that women are people."


"O grau de emancipação das mulheres é um indicador do grau de emancipação da sociedade" (Charles Fourier)


Como apareceu o Dia Internacional da Mulher ( breve cronologia)
1907
Movimento das Sufragistas pelo voto feminino nos EUA.

1907
Em Stuttgart, é realizada a 1ª Conferência da Internacional Socialista com a presença de Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo e Alexandra Kollontai. Uma das principais resoluções: Todos os partidos socialistas do mundo devem lutar pelo sufrágio feminino.

1908
Em Chicago (EUA), no dia 3 de maio, écelebrado, pela primeira vez, o Woman´s Day. A convocaçãoé feita pela Federação Autónoma de Mulheres.

1909
Novamente em Chicago, mas com nova data, último domingo de Fevereiro, é realizado o Woman ´s Day. O Partido Socialista Americano é o organizador

1910
A terceira edição do Woman’s Day é realizada em Chicago e Nova Iorque pelo Partido Socialista, no último domingo de Fevereiro. Em Nova Iorque, é grande aparticipação de operárias devido a uma greve que paralisava as fábricas detecido da cidade. Dos trinta mil grevistas, 80% eram mulheres.Essa greve durou três meses e acabou no dia 15/02, véspera do Woman’s Day.

- Em Maio seguinte, o Congresso do Partido Socialista Americano delibera que as delegadas ao Congresso da Internacional,que seria realizado em Copenhague, na Dinamarca, em agosto, defendam que a Internacional assuma oDia Internacional da Mulher. Este deve ser comemorado no mundo inteiro, no último domingo de fevereiro, a exemplo do que já acontecia nos EUA.

- Em agosto, a 2ª Conferência Internacional da Mulher Socialista, realizada dois dias antes do Congresso, delibera que: as mulheres socialistas de todas as nacionalidades organizarão (...)um dia das mulheres específico, cujo principal objetivo seráa promoção do direito a voto para as mulheres. Não é definida uma data específica.

1911
Durante uma nova greve de tecelãs e tecelões, em Nova Iorque, morrem 146 grevistas, a causa de um incêndio devido a péssimas condições de segurança. Na Alemanha, Clara Zetkin lidera as comemorações do Dia da Mulher, em 19 de março.


1914
Pela primeira vez, a Secretaria Internacional da Mulher Socialista, dirigida por Clara Zetkin, indica uma data única para a comemoração do Dia da Mulher: 8 de Março.


Ligações:
http://colectivofeminista.blogspot.com/
http://www.escueladefeminismo.org/spip.php?rubrique20 (em português)
http://www.umarfeminismos.org/index.htm
http://www.sof.org.br/marcha/ (Marcha mundial das mulheres)
http://www.cf8.org.br/
http://www.amcv.org.pt/


1001 links feministas:
http://www.lilithgallery.com/feminist/

http://www.marchamundialdelasmujeres.org/index_html/fr
http://www.redfeminista.org/index.asp
http://www.nodo50.org/mujeresred/
http://www.ciudaddemujeres.com/Matriz/Index.htm
http://www.penelopes.org/Espagnol/xhome.php3
http://www.penelopes.org/
http://www.agendadelasmujeres.com.ar/
http://www.mujeresnet.info/

http://sisyphe.org/
http://publisexisme.samizdat.net/


http://www.guerrillagirls.com/
http://feministlibrary.co.uk/
International Museum of Women
http://www.thefword.org.uk/
http://www.millionwomenrise.com/
http://www.feministactivistforum.org.uk/
http://www.grassrootsfeminism.net/cms/
http://femadlibkolektiv.blogspot.com/
http://www.anticapitalistfeminists.co.uk/
http://www.feministfightback.org.uk/
http://www.leftwomensnetwork.org/


http://revolutionarymotherhood.blogspot.com/
http://feministchildrearing.blogspot.com/

http://www.prostitutescollective.net/

http://www.anarcha.org/
http://lafk.wordpress.com/
http://www.ragdublin.blogspot.com/


http://www.antipatriarcat.org/index.php

http://www.mediterraneas.org/

Libraries and archives




Declaração da Assembleia de Mulheres
no Fórum Social Mundial de 2009, realizado em Belém do Pará, Brasil

No ano em que o FSM encontra-se com a população da Pan-Amazônia, nós mulheres de diferentes partes do mundo, reunidas em Belém, afirmamos a contribuição das mulheres indígenas e das mulheres de todos os povos da floresta como sujeito político que vem enriquecer o feminismo a partir da diversidade cultural de nossas sociedades e conosco fortalecer a luta feminista contra o sistema patriarcal capitalista globalizado.
O mundo hoje assiste a crises que expõem a inviabilidade deste sistema. As crises financeiras, alimentar, climática e energética não são fenômenos isolados, mas representam uma mesma crise do modelo, movida pela superexploração o do trabalho e da natureza e pela especulação e financeirização o da economia.
Frente a estas crises não nos interessam as respostas paliativas e baseadas ainda na lógica do mercado. Isto somente pode levar a uma sobrevida do mesmo sistema. Precisamos avançar na construção de alternativas. Para a crise climática e energética, negamos a solução por meio dos agrocombustíveis e do mercado de créditos de carbono. Nós, mulheres feministas, propomos a mudança no modelo de produção e consumo.
Para a crise alimentar, afirmamos que os transgênicos não representam uma solução. Nossa proposta é a soberania alimentar e a produção agroecológica.
Frente à crise financeira e econômica, somos contra os milhões retirados dos fundos públicos para salvar bancos e empresas. Nós mulheres feministas reivindicamos proteção ao trabalho e direito à renda digna.
Não podemos aceitar que as tentativas de manutenção desse sistema sejam feitas à custa de nós mulheres. As demissões em massa, o corte de gastos públicos nas áreas sociais e a reafirmação desse modelo produtivo afeta diretamente nossas vidas à medida que aumenta o trabalho de reprodução e de sustentabilidade da vida.
Para impor seu domínio no mundo, o sistema recorre à militarização e ao armamentismo; inventa confrontações genocidas que fazem das mulheres botim de guerra e sujeitam seus corpos à violência sexual como arma de guerra contra as mulheres no conflito armado. Expulsa populações e as obriga a viver como refugiadas políticas; deixa na impunidade a violência contra as mulheres, o feminicídio e outros crimes contra a humanidade, que se sucedem cotidianamente nos contextos de conflitos armados.
Nós feministas propomos transformações profundas e radicais das relações entre os seres humanos e com a natureza, o fim da lesbofobia, do patriarcado heteronormativo e racista. Exigimos o fim do controle sobre nossos corpos e sexualidade.
Reivindicamos o direito a decidir com liberdade sobre nossas vidas e territórios que habitamos. Queremos que a reprodução da sociedade não se faça a partir da superexploração o das mulheres.
No encontro das nossas forças, nós nos solidarizamos com as mulheres das regiões de conflitos armados e de guerra. Juntamos nossas vozes às das companheiras do Haiti e rechaçamos a violência praticada pelas forças militares de ocupação. Nossa solidariedade às colombianas, congolesas e tantas outras que resistem cotidianamente à violência de grupos militares e das milícias envolvidas nos conflitos em seus países. Expressamos nossa solidariedade com as iraquianas que enfrentam a violência da ocupação militar norte-americana.
Nesse momento em especial, nós nos solidarizamos com as mulheres palestinas que estão na Faixa de Gaza, sob ataque militar de Israel. E nos somamos a todas que lutam pelo fim da guerra no Oriente Médio.
Na paz e na guerra nos solidarizamos às mulheres vitimas de violência patriarcal e racista contra mulheres negras e jovens.
De igual maneira, manifestamos nosso apoio e solidariedade a cada uma das companheiras que estão em lutas de resistência contra as barragens, as madeireiras, mineradoras e os mega-projetos na Amazônia e outras partes do mundo, e que estão sendo perseguidas por sua oposição legítima à exploração. Nos somamos às lutas pelo direito à água.
Nos solidarizamos a todas as mulheres criminalizadas pela prática do aborto ou por defenderem este direito. Nós reforçamos nosso compromisso e convergimos nossas ações para resistir à ofensiva fundamentalista e conservadora, e garantir que todas as mulheres que precisem tenham direito ao aborto legal e seguro.
Nos somamos às lutas por acessibilidade para as mulheres com deficiência e pelo direito de ir e vir e permanecer das mulheres migrantes.
Por nós e por todas estas, seguiremos comprometidas com a construção do movimento feminista como uma força política contra-hegemônica e um instrumento das mulheres para alcançar a transformação de suas vidas e de nossas sociedades, apoiando e fortalecendo a auto-organização das mulheres, o diálogo e articulação das lutas dos movimentos sociais.
Estaremos todas, em todo o mundo, no próximo 8 de março e na Semana de Ação Global 2010, confrontando o sistema patriarcal e capitalista que nos oprime e explora. Nas ruas e em nossas casas, nas florestas e nos campos, no prosseguir de nossas lutas e no cotidiano de nossas vidas, manteremos nossa rebeldia e mobilização.
Belém, 1 de fevereiro de 2009








A radicalidade existencialista da vida, obra e pensamento de Simone de Beauvoir


Vanguardista e radical, venerada e contestada, Simone de Beauvoir marcou toda uma época e influenciou decisivamente o feminismo, um dos movimentos sociais que mais mudanças sociais tem introduzido nas nossas sociedades.O Segundo Sexo, a obra-prima de Simone de Beauvoir, é um estudo sobre as mulheres ao longo da história, onde se mostra que a mulher não nasce mulher, torna-se mulher, justamente por efeito da construção social e cultural dos vários papéis femininos.

Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir, mais conhecida como Simone de Beauvoir (Paris, 9 de janeiro de 1908 — Paris, 14 de abril de 1986), foi uma escritora, filósofa existencialista e feminista francesa.
Escreveu romances, monografias sobre filosofia, política, sociedade, ensaios, biografias e uma autobiografia.
Conheceu Jean-Paul Sartre na Sorbonne, no ano de 1929, e logo uniu-se estreitamente ao filósofo e ao seu círculo, criando entre eles uma relação polémica (foi uma relação "aberta", pois o casal tinha experiências amorosas com terceiros) e fecunda, que lhes permitiu compatibilizar as suas liberdades individuais com a sua vida em conjunto.
Livros:

1943 A Convidada L'Invitée romance
1944 Pyrrhus et Cinéas ensaio
1945 Les Bouches Inutiles peça de teatro (em 2 atos e 8 quadros)
1945 O Sangue dos Outros Le Sang des Autres romance
1946 Todos os Homens são Mortais Tous les Hommes sont Mortels romance
1947 Por uma Moral da Ambigüidade Pour une Morale de l'Ambiguïté ensaio
1947 L'Amérique au Jour le Jour ensaio
1948 L'Existencialisme et la Sagesse des Nations ensaio
1949 O Segundo Sexo (I e II) Le Deuxième Sexe ensaio
1954 Os Mandarins Les Mandarins romance
1955 Privilèges ensaio
1955 Deve-se Queimar Sade? Faut-il Brûler Sade? ensaio
1955 O Pensamento de Direita, Hoje La Pensée de Droite, Aujourd'hui ensaio
1957 A Longa Marcha La Longue Marche ensaio
1958 Memórias de uma Moça Bem-Comportada Mémoires d'une Jeune Fille Rangée
1960 A Força da Idade La Force de l'Age memórias
1962 Djamila Boupacha testemunho
1963 A Força das Coisas La Force des Choses memórias
1964 Uma Morte Muito Suave Une Mort Très Douce memórias
1966 As Belas Imagens Les Belles Images romance
1968 A Mulher Desiludida La Femme Rompue romance
1970 A Velhice La Vieillesse ensaio
1972 Balanço Final Tout Compte Fait memórias
1979 Quando o Espiritual Domina Quand Prime le Spirituel romance
1981 A Cerimônia do Adeus La Cérémonie des Adieux memórias
1990 Journal de Guerre memórias
1990 Lettres à Sartre (I e II) memórias
1997 Cartas a Nelson Algren Lettres à Nelson Algren memórias
2004 Correspondance Croisée (avec Jacques-Laurent Bost) memórias


A Convidada L'Invitée 1943
O primeiro romance publicado de Beauvoir narra os conflitos de uma mulher de 30 anos, Françoise (uma espécie de alter ego da autora), e seu envolvimento num trio amoroso: ela, Pierre Labrouse e a enigmática Xavière, jovem que exerce forte atração no casal. Ambientado no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, o livro disseca o amor em todos os seus meandros: ciúme, decepção, frustração, raiva, incerteza...


O Sangue dos Outros Le Sang des Autres 1945
O segundo romance de Simone retrata o conflito de um membro da Resistência durante a Segunda Guerra Mundial. Repentinamente, Jean Blomart se vê forçado a optar entre o engajamento social e o dever pessoal. De acordo com o pensamento existencialista, Beauvoir procura analisar "a maldição original que constitui, para cada indivíduo, sua coexistência com todos os outros". Um livro bastante pessoal no qual se encontra a percepção de Simone sobre a guerra.


Todos os Homens são Mortais Tous les Hommes sont Mortels 1946
Romance de tese, histórico e utópico, o livro conta a história de um homem que, no século XIII, não hesita em beber um elixir da imortalidade para tentar escapar das limitações de sua condição de mortal. Assim, o ambicioso e entusiasta conde Fosca, desafia o tempo e chega até os dias de hoje questionando tópicos inerentes à natureza humana, tais como a ambição, o poder, a imortalidade, o prazer, o destino e a transcendência.


Os Mandarins Les Mandarins 1954

Prêmio Goncourt de 1954, este livro assinala na carreira de Simone de Beauvoir seu definitivo engajamento político e literário. Romance existencialista, Os Mandarins apresenta um febril panorama da França entre 1944 e 1948: as repercussões da guerra, a agitação intelectual, a corrupção moral, os dilemas e dúvidas da esquerda e, sobretudo, "o chão coberto de ilusões desmoronadas". Para Beauvoir seu livro não era nem uma autobiografia nem uma reportagem.


As Belas Imagens Les Belles Images 1966
O livro aborda um período crítico da vida de Laurence, uma publicitária da alta burguesia aparentemente bem-sucedida que, por uma série de contingências, começa a questionar seus valores. Através do texto, Beauvoir aprofunda uma série de reflexões, levando Laurence a reavaliar a idéia básica que norteou sua vida e que rege toda sua obra: "Querer-se livre é também desejar que os outros sejam livres."


A Mulher Desiludida La Femme Rompue 1968
Contadas em forma de diário escrito pelas protagonistas, as 3 histórias do livro [A Idade da Discrição Monólogo A Mulher Desiludida] têm como temas a solidão e o fracasso, mas cada qual apresenta um enfoque específico. As mulheres desses relatos não compreendem bem o que lhes está acontecendo, um universo que até então lhes parecia seguro começa a desmoronar e, aturdidas, elas perdem até mesmo a noção de sua própria identidade.


Quando o Espiritual Domina Quand Prime le Spirituel 1979
Escrito entre 1935 e 1937 este conjunto de cinco novelas, que interligadas quase constroem um romance, se constitui na primeira obra de Beauvoir — que foi recusada sucessivamente, em 1938, pelas editoras Gallimard e Grasset.
As cinco novelas narram histórias de crise de jovens mulheres: o conflito entre as verdadeiras personalidades dos personagens e o meio em que vivem, repleto de hipocrisia e de preconceitos.

Memórias de uma Moça Bem-Comportada Mémoires d'une Jeune Fille Rangée 1958
Compreendendo o período entre 1908 e 1929, este livro dá início ao ciclo memorialístico de Beauvoir. Em sua narrativa, Simone divide com o leitor lembranças de sua infância e juventude, seus estudos, suas amizades com Zaza, Maheu e Sartre. Um livro que revela todas as esperanças de uma jovem até então bem-comportada, burguesa, católica...


A Força da Idade La Force de l'Age 1960
Integrando o conjunto de obras dedicadas às suas memórias, este segundo volume compreende um período particularmente fecundo da trajetória de Simone de Beauvoir — os anos de 1929 a 1944 —, constituindo-se num relato de fatos decisivos em sua formação literária, filosófica, política, e delimitando o período áureo do existencialismo. Neste livro, uma vez mais, Beauvoir aguça sua consciência crítica num testemunho essencial a todos os que queiram conhecer melhor as grandezas e misérias de nosso tempo.


A Força das Coisas La Force des Choses 1963
A trajetória iniciada em Memórias de uma Moça Bem-Comportada e continuada em A Força da Idade prossegue neste 3º volume autobiográfico. Numa obra em que o sangue circula e a vida brilha, sempre questionada com seriedade, Beauvoir fala de pessoas, livros e filmes que marcaram sua vida; aborda acontecimentos políticos; e faz alguns relatos de viagens, inclusive a que a trouxe, junto com Sartre, ao Brasil. O livro abrange o período entre os anos de 1944 e 1962.

Uma Morte Muito Suave Une Mort Très Douce 1964
Beauvoir narra de forma terna e sensível a angústia que envolveu a internação de sua mãe, para tratar inicialmente de uma fratura do fêmur decorrente de uma queda; e, posteriormente, de sua morte, por câncer. O relato descreve os absurdos da existência e se presta igualmente a uma interessante reflexão sobre o papel da medicina no prolongamento da vida artificial de doentes terminais.

Balanço Final Tout Compte Fait 1972
Mais um testemunho da coerência e da coragem que tornam Simone de Beauvoir uma escritora exemplar. Desvendando-se a si e à sua vida com uma autenticidade desconcertante, a autora se entrega à livre discussão de suas idéias frente à evolução psicológica, social e política do mundo contemporâneo. Os relatos contidos no livro compreendem o espaço de tempo entre os anos de 1962 a 1972.


A Cerimônia do Adeus La Cérémonie des Adieux 1981
Relato dos últimos dez anos da vida de Jean-Paul Sartre, companheiro de Simone por mais de cinqüenta anos, num tom ao mesmo tempo distante e comovente. É o "diário" de bordo de sua longa morte, um livro para se ler dividido entre o horror, a admiração e as lágrimas. No livro também constam uma série de entrevistas feitas com Sartre em agosto e setembro de 1974.


Journal de Guerre 1990
Editados por Sylvie Le Bon de Beauvoir, estes relatos, que datam do começo da Segunda Guerra (sete cadernos), se constituem apenas num fragmento do diário que Simone mantinha desde sua juventude. É necessário, portanto, considerá-lo como parte de um todo notadamente mais vasto. Sua publicação isolada pode ser observada como um complemento da correspondência de Beauvoir com Sartre. O diário compreende os anos entre 1939 e 1941.


Lettres à Sartre (I e II) 1990
Dividido em 2 volumes, o primeiro abrange os anos de 1930 a 1939; o segundo volume compreende o período entre 1940 e 1963. As cartas de Simone a Sartre foram dadas como perdidas por ocasião da publicação, em 1983, das cartas escritas por ele. Somente após a morte de Beauvoir, Sylvie Le Bon encontrou o volumoso pacote que as continha. No 1º volume constam as cartas que o casal trocou durante a guerra; no 2º, relatos de viagens e cartas ternas e amorosas.

Cartas a Nelson Algren Lettres à Nelson Algren 1997
Organizado por Sylvie Le Bon de Beauvoir, o livro reproduz a correspondência que Simone manteve com o escritor americano Nelson Algren, com quem viveu um complicado caso de amor, que se estenderia por quase vinte anos. O teor das 304 cartas (escritas entre 1947 e 1964) revela, entre muitas outras coisas, como Beauvoir dedicou-se intensamente a essa relação paralela ao seu já polêmico relacionamento com Sartre.

Correspondance Croisée (avec Jacques-Laurent Bost) 2004
Esta correspondência começa em 1937, quando Beauvoir tinha 29 anos e já vivia com Sartre havia 8 anos. Jacques-Laurent Bost, então com 21 anos, ex-aluno de Sartre, tinha vindo estudar filosofia em Paris. A moral do casal Sartre-Beauvoir pregava a transparência das relações e a liberdade dos corpos. Simone não esconde de Sartre a nova relação que rapidamente estabelece com Bost, um amor que será clandestino em virtude de Olga Kosackiewicz, então namorada dele.

Pyrrhus et Cinéas 1944
Em seu primeiro ensaio filosófico Beauvoir sustenta que, na ausência de um deus que garanta a moralidade, cabe ao indivíduo criar laços com seus pares através de ações éticas — o que requer projetos capazes de expressar e encorajar a liberdade. Este ensaio foi traduzido e publicado no Brasil, com o título de Pirro e Cinéias, em outro livro: Por uma Moral da Ambigüidade.


Por uma Moral da Ambigüidade Pour une Morale de l'Ambiguïté 1947
Com este ensaio Beauvoir tentou fazer o que os adversários do existencialismo julgavam impossível: estabelecer as diretrizes de uma moral existencialista. Simone acreditava que era possível encontrar na liberdade os fundamentos de nossas condutas. Se através de dúvidas e fracassos conseguirmos afirmar concretamente o sentido e o valor da existência, nenhum poder externo prevalecerá contra tal afirmação.

L'Amérique au Jour le Jour 1947
Ao mesmo tempo ensaio e testemunho, este livro foi escrito depois de uma temporada de quatro meses nos Estados Unidos, em 1947. No relato de Simone de Beauvoir pode-se perceber um desejo pronunciado de descobrir um novo continente, de tudo ver, de tudo conhecer e aprender.

O Segundo Sexo I - Fatos e Mitos Le Deuxième Sexe (I) 1949
Lançado numa época em que o termo "feminismo" nem sequer havia sido cunhado, este livro é considerado, hoje, como o marco inicial da prática discursiva da situação feminina. Neste primeiro volume, Simone de Beauvoir aborda os fatos e mitos da condição da mulher numa reflexão apaixonante que interessa a ambos os gêneros humanos.

O Segundo Sexo II - A Experiência Vivida Le Deuxième Sexe (II) 1949
Segundo volume do livro que examina a condição feminina em todas as suas dimensões: a sexual, a psicológica, a social e a política. Uma proposta de caminhos que podem levar à libertação não só das mulheres como, sobretudo, dos homens. Complementação de uma obra que, em escala mundial, inaugurou o debate sobre a situação da mulher.


Privilèges 1955
Uma coletânea contendo três pequenos ensaios: Deve-se Queimar Sade?, O Pensamento de Direita Hoje e Merleau-Ponty e o Pseudo-Sartrismo. Como os privilegiados conseguem pensar em sua própria situação? É a esta e outras questões que Simone tenta responder em seus ensaios. Os privilégios são sempre egoístas e torna-se inviável legitimá-los aos olhos de todos, uma vez que o pensamento sempre visa à universalidade.


Deve-se Queimar Sade? Faut-il Brûler Sade? 1955
Uma interessante análise da obra de o Marquês de Sade e de seu fracasso na busca por uma síntese impossível entre duas classes: o racionalismo dos filósofos burgueses e os privilégios da nobreza. Este ensaio foi publicado numa coletânea intitulada Privilèges.
O livro foi traduzido e publicado no Brasil na década de 60 e 70, mas com a extinção da editora responsável pela publicação ele só pode ser encontrado atualmente em sebos.


O Pensamento de Direita, Hoje La Pensée de Droite, Aujourd'hui 1955
Neste livro, Simone de Beauvoir, indica e analisa as conceituações e posições ideológicas que constituem o pensamento de direita nas artes, na ética, no jornalismo político e em vários outros campos da cultura e da atividade humana. Este ensaio foi publicado numa coletânea intitulada Privilèges.

A Longa Marcha La Longue Marche 1957
Durante uma viagem à China, em 1955, em companhia de Sartre, Beauvoir começa a redigir um longo ensaio no qual tenta desvendar a vida, a sociedade chinesa e, sobretudo, o lugar das mulheres nesta sociedade.
O livro chegou a ser traduzido e publicado no Brasil, mas com a extinção da editora responsável pela publicação ele só pode ser encontrado hoje em dia nos sebos.


Djamila Boupacha 1962
Testemunho escrito sob encomenda e em parceria com a advogada Gisèle Halimi sobre o caso de Djamila Boupacha, uma argelina de 28 anos, agente da FLN, que, acusada de um atentado a bomba, foi seqüestrada, torturada e violentada com uma garrafa quebrada por militares franceses.

A Velhice La Vieillesse 1970
Do tratamento que as sociedades primitivas davam aos idosos até conquistas e problemas existentes nas sociedades atuais, Beauvoir propõe uma mudança radical na sociedade, de forma a desmistificar as hipocrisias que cercam a velhice. Uma obra duramente criticada, mas que alcançou repercussão em todo o mundo, levantando questões e soluções para os idosos.


Les Temps Modernes 2002
Uma compilação de vários artigos políticos e culturais publicados na revista Les Temps Modernes escritos por Simone, e também por diversos autores tendo como tema a vida e obra de Beauvoir.
Criada em outubro de 1945 por Sartre e Simone, Les Temps Modernes foi durante muitos anos a mais prestigiada revista francesa de nível internacional.


Simone de Beauvoir. Não se nasce mulher
(filme-documentário realizado por Virginie Linhart)

Documentário sobre Simone de Beauvoir realizado por Virginie Linhart. 2007.
Legendas em castelhano











7.3.09

O mundo segundo a Monsanto (filme-documentário sobre o agro-negócio e os transgénicos, legendado em português)


Aterrador
Monsanto: não haverá nenhum alimento
que não seja da nossa empresa !!!



A multinacional Monsanto produz 90% dos transgénicos plantados no mundo e tem uma posição dominante no mercado global de sementes. Resultado de um trabalho de três anos de investigação da jornalista francesa Marie-Monique Robin, o livro Le Monde Selon Monsanto (O Mundo Segundo a Monsanto) e o documentário homónimo são um libelo contra os produtos e o lobby daquela multinacional.
O trabalho denuncia as acções da Monsanto para divulgar estudos científicos duvidosos de apoio às suas pesquisas e produtos, a exemplo do que fez durante muitos anos a indústria do tabaco, e relaciona a expansão dos grãos de sementes da Monsanto com os suicídios de agricultores na Índia, não se esquecendo de trazer à memória os casos de contaminação pelo produto químico PCB .
Refere-se ainda as relações políticas da empresa que permitiram a libertação do plantio de transgénicos nos Estados Unidos.
Em 2007, havia mais de 100 milhões de hectares plantados com sementes geneticamente modificadas, metade nos EUA e o restante em países emergentes como a Argentina, a China e o Brasil.
No filme fala-se por exemplo de histórias como esta:
Com o plantio de sementes patenteadas pela Monsanto, o pólen destas "contamina" outras variedades existentes na região, que passam a produzir sementes com as características das da Monsanto. Esta então PROCESSA os produtores vizinhos e EXIGE legalmente destes o pagamento de royalties à empresa, POR ESTAREM PRODUZINDO sementes que são patentes dela.
O filme conta também como a Monsanto se envolveu no Projeto Manhatan, que deu origem à bomba atómica; conta como a Monsanto participou da Guerra do Vietnam com o agente laranja; conta como a Monsanto age para calar qualquer voz que ameace falar contra algo que ela produz; conta como a Monsanto tem destruído a agricultura dos países em desenvolvimento. Enfim, conta como a Monsanto actua nos seus negócios, colocando o lucro acima de tudo e triturando tudo o que for preciso.

Ligações:
http://www.arte.tv/lemondeselonmonsanto (website oficial do filme)
http://www.combat-monsanto.org/
http://blogs.arte.tv/LemondeselonMonsanto/frontUser.do?method=getHomePage
http://www.infogm.org/
http://sciencescitoyennes.org/ ( Fondation sciences citoyennes)
http://www.organicconsumers.org/



































O futuro dos alimentos (filme-documentário de Deborah Koons Garcia, legendado em português)

A dupla tragédia:
fome crónica no Sul
e obesidade epidérmica no Norte



O Futuro dos alimentos é um filme-documentário norte-americano realizado em 2004 sobre as mudanças que se estão a verificar na natureza da nossa alimentação, sem que muitos de nós tenhamos conhecimento do seu conteúdo nem das suas consequências para a saúde e para o planeta em geral.
Trata-se de uma profunda investigação sobre os bens alimentares geneticamente modificados, cujas sementes e características estão a ser registadas e patenteadas pelas grandes empresas multinacionais que assim passam a monopolizar cada vez o agro-negócio e a dominar em absoluto o mercado global dos produtos alimentares, com a consequente perda de biodiversidade a favor de uma monocultura promovida centralmente pelas grandes empresas transnacionais.
Desde as pradarias de Saskatchewan, Canadá, aos campos de Oaxaca, no México,este filme dá a voz aos agricultores que foram afectados por estas mudanças. Os perigos para a saúde, as políticas governamentais e os lobbies globais são algumas das razões porque muitas pessoas estão alarmadas pela introdução de alimentos alterados geneticamente.
Filmado nos Estados Unidos, Canadá e México, "The Future Of Food" analisa a complexa malha de forças políticas eeconómicas que estão a alterar o que comemos à medida que enormes multinacionais procuram controlar o sistema alimentar mundial.
O filme também explora as alternativas para a agricultura industrial, colocando a agricultura biológica e sustentável como soluções reaispara a crise agrícola actual

http://www.thefutureoffood.com/




























Cada homem rico custa centenas de seres infelizes e miseráveis ( Almeida Garret, in Viagens na Minha Terra)

Não: plantai batatas, ó geração de vapor e de pó de pedra, macadamizai estradas, fazeis caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro, para andar a qual mais depressa, estas horas contadas de uma vida toda material, maçuda e grossa como tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente do que a que hoje vivemos.

Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai.


No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos.

E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar a miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?

- Que lho digam no Parlamento inglês, onde, depois de tantas comissões de inquérito, já devia andar orçado o número de almas que é preciso vender ao diabo, número de corpos que se tem de entregar antes do tempo ao cemitério para fazer um tecelão rico e fidalgo como Sir Roberto Peel, um mineiro, um banqueiro, um granjeeiro, seja o que for: cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis.

Almeida Garrett, in 'Viagens na minha Terra'


A ideia capitalista polui o espírito

6.3.09

Por um Rendimento Universal de Cidadania (este tema vai ser motivo de conversa hoje à noite na Casa Viva, depois da hora de jantar)


Hoje, 6ª feira, dia 6 de Março, depois da hora de jantar na CasaViva (Praça Marquês do Pombal, 167 –junto à igreja do terço – metro: Marquês) vai haver um encontro para conversar sobre o Rendimento Universal de Cidadania, bem como sobre trocas. Pretende-se que a conversa seja viva e aberta a alternativas ao modelo económico dominante, e se mostre, no contexto de crise em que é suposto vivermos, a importância do Rendimento Universal de Cidadania como verdadeira condição material de ser cidadão e da cidadania.

Falar-se-á sobre o dinheiro e os seus problemas, e as diversas alternativas para trocar os bens e serviços que precisamos.


A esse propósito, pretende-se dar a conhecer a já conhecida proposta de criar um movimento a favor de um Rendimento Universal de Cidadania, como garantia material de cidadania.

A ideia será ainda divulgar o trocal e lançar a sugestão concreta de se criar uma nova moeda de troca entre os bens e serviços que necessitamos.

Para saber mais:

http://livrecidadania.blogspot.com/


O que é o Rendimento Universal de Cidadania?

O Rendimento Universal de Garantia é um rendimento garantido incondicionalmente pelo Estado a todos os cidadãos de forma individual, independente do género, dos recursos materiais de que possa dispor ou da realização de qualquer tipo de actividade remunerada.A adopção desta medida tem alcance bem maior que do que um combate estrito à pobreza, pois aponta, em primeiro lugar, para o estabelecimento, de facto, de uma sólida base material da liberdade real das pessoas, constituindo-se num verdadeiro direito básico de cidadania. Mas constitui ainda um mecanismo de redistribuição que contribuirá decisivamente para as políticas sociais necessárias numa situação de persistência de grande nível de desemprego e de precariedade do trabalho, de pobreza e de desigualdade. A concretização desta medida a ir para diante constituiria, sem dúvida, um passo decisivo para o estabelecimento da cidadania plena, num quadro de falhanço das medidas de carácter assistencial que têm vindo a ser promovidas pelos governos e outras instituições não governamentais usualmente de carácter confessional, que, antes de mais, promovem, em lugar de eliminar, a estigmatização que acompanha essas situações.E, além do mais, é perfeitamente possível concretizá-la. Haja vontade política. E relação de forças adequada.


Não seria melhor garantir o direito ao trabalho?

Vale a pena começar por examinar o que se quer dizer com “direito ao trabalho”. Será um direito legalmente estatuído, de tal modo que possa ser reclamado num tribunal? Implicaria o dever de trabalhar para toda a população apta ?

Tal direito, para ser aceitável, deveria:

1 – ser um direito a uma remuneração suficiente (e não o “direito” que já existe a trabalhar grátis) e em condições laborais dignas;
2 – ser o trabalho socialmente útil ou ético ( por exemplo, conseguir o pleno emprego através do fabrico de armas ou poluindo não parece ter grande sentido);
3 – ter algum sentido para o trabalhador (oito horas diárias a preencher envelopes…, não é propriamente algo de promissor).


O célebre direito ao trabalho teria, pois, de preencher aquelas condições, cujo cumprimento é bastante duvidoso.

A verdade é que, por um lado, é cada vez menos necessário trabalho para uma produção crescente de bens. Além disso, a criação de empregos dignos, úteis e com sentido, sairia bem mais caro, atendendo aos custos salariais, de infra-estrutura, organização e supervisão que tal medida acarretaria. Mas há ainda outras questões: que trabalhos teriam de aceitar quem reclamasse o seu direito? Poderia exigir-se mudança de residência, de profissão ou de categoria laboral? Como se determinaria a utilidade social dos trabalhos? Como seriam distribuídos os trabalhos desagradáveis mas necessários? Quais as medidas a tomar em caso de recusa dos trabalhos garantidos pelo estado? Como poderia um emprego resultado de um direito outorgado pelo estado dar reconhecimento social (supõe-se que esse é um dos objectivos do direito ao trabalho) em vez de estigmatizar (como seria o caso de um emprego caritativo ou artificial)?
Tudo bem ponderado, o Rendimento Universal de Cidadania constituiria uma via muito mais barata, eficiente e equitativa de induzir e favorecer uma melhor repartição do trabalho social – não só do emprego assalariado –, e de o fazer de uma forma não coerciva ou autoritária.


Ligações de interesse sobre o tema:

5.3.09

Café zapatista na Casa Viva ( dia 6 de Março às 22h. com café de Chiapas e filme sobre os índios tzeltales)


http://casa-viva.blogspot.com/

Praça Marquês de Pombal, 167 . Porto

Não ao apagamento da memória das últimas vítimas da PIDE

O inadmissível aconteceu:
retiraram a placa afixada no edifício da antiga PIDE (polícia política da ditadura fascista de Salazar e Caetano) que recordava as últimas vítimas daquela polícia
Texto de Jorge Martins (*),


Primeiro, transformou-se a sede da PIDE/DGS em condomínio de luxo, em pleno coração do Chiado, obliterando a história do edifício quanto ao negro passado da polícia política da ditadura Salazar-Marcelista. Agora, tudo se prepara para que a placa evocativa das últimas vítimas da PIDE, assassinadas no dia 25 de Abril de 1974, desapareça para sempre da fachada do edifício.

Em Outubro do ano passado ainda se podia ver a marca deixada pela placa, como a foto comprova. Hoje já se pode antever que destino espera a placa: o caixote do lixo da história. Se é que já não está no caixote do lixo de um qualquer empreendedor de condomínios de luxo. Quem lá passar agora não encontrará rasto da placa naquelas paredes imaculadas.

Com a fachada limpa dos sinais dos tempos, designadamente dos crimes da PIDE e do regime que sustentou, podem muito bem dormir tranquilos os novos inquilinos da rua António Maria Cardoso. Os outros, os milhares que por lá passaram e sofreram os horrores da tortura, sentir-se-ão de novo seviciados, com a conivência dos novos dirigentes do regime democrático, edificado pelo sacrifício e abnegação de muitos antifascistas, que estão incrédulos e ofendidos com o que se está a passar. Não foi para isto, seguramente, que lutaram muitos democratas. É este o sinal que deixamos às novas gerações? Não basta dedicar umas miseráveis 11 linhas à PIDE nos programas de História? Vamos todos discutir as mulheres de Salazar e esquecer os seus crimes? Vamos apagar as parcas memórias que nos restam?

Sem dúvida que o Estado não demonstra a mínima vontade política para preservar a memória dos crimes da ditadura e da resistência antifascista. Depois da transformação da sede da PIDE em condomínio de luxo, da projectada construção de uma pousada na fortaleza de Peniche e, mais recentemente, da anunciada construção de um hotel de charme no Tribunal Boa Hora, não restam dúvidas de que, para além das palmadinhas nas costas, dos sorrisos de circunstância, das palavras inconsequentes e de resoluções vazias de vontade política de dar passos no sentido do seu cumprimento, não há o mínimo sinal de que o farão. Bem pelo contrário, os sinais são preocupantes. Como se sabe, a Câmara Municipal de Lisboa sancionou o projecto do condomínio na António Maria Cardoso e agora o actual presidente confirmou o pior em relação à Boa Hora, ao afirmar que «não se vive de memórias, vive-se de presente e de futuro». Os sinais do ministério da Cultura não são mais optimistas, face às notícias que alegam a possibilidade da entrega aos privados a exploração do nosso património histórico. Ficámos a saber com quem podemos contar: com a determinação dos que não desistem de denunciar este estado das coisas do Estado.

É imperioso exigir que o promotor imobiliário do Paço do Duque respeite a memória daqueles que lhe permitem hoje enriquecer sobre os escombros da sede da PIDE. Para além de ter apagado, no site oficial, da história do edifício esse facto incontornável, prepara-se agora para deixar cair no esquecimento a placa evocativa das últimas vítimas da PIDE, que dizia:



(*) Biografia de Jorge Martins

O 8 de Março, dia internacional da mulher, é dedicado este ano à mulher imigrante: igualdade, cidadania e direitos para tod@s

Várias entidades, da área do feminismo e do associativismo imigrante, chamam à realização de uma jornada de acção –reinvindicativa e de confraternização- para o próximo 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, a decorrer na Alameda Afonso Henriques, em Lisboa, a partir das 12h.

Pretendemos que a reivindicação deste 8 de Março, dia de luta pelos direitos das mulheres, seja focada este ano especialmente nas imigrantes.

No evento irá ser construída conjuntamente uma manta, símbolo da luta pela igualdade de direitos entre mulheres e homens e por um mundo mais justo, sem violência, solidário e livre.
Tod@s aquelas/es que partilhem estes princípios poderão levar o símbolo da sua associação ou entidade para ser costurado à manta ou poderão escrever lá lemas e apelos, em tecido que também irá fazer parte da confecção.
Na iniciativa, que desejamos abrangente, toda bandeira, símbolo ou palavra de ordem, desde que concordante com os valores da igualdade e da justiça – entre mulheres e homens e entre os povos e nacionalidades diferentes – será bem-vinda, venha de entidades colectivas ou de pessoas individuais.
Queremos que a peça artístico-reivindicativa reflicta a grande diversidade de actoras e de actores envolvid@s neste amplo movimento.

No evento, de carácter reivindicativo mas também lúdico e de convívio, haverá um pique-nique, animação musical e performances.
Convidamos tod@s @s cidadãs/ãos e as organizações da sociedade civil a comparecerem e participarem no encontro, podendo levar também comes e bebes, para partilhar, e os seus próprios instrumentos musicais (ou outras ideias!) para colaborar na animação. Poderão ser instaladas bancas com material das associações (devendo, as que assim o desejarem, levar as mesas e cadeiras necessárias para o efeito).

Há quase um século -desde 1911- que os movimentos sociais, em particular o movimento feminista, vêm celebrando o 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher, jornada de acção em prol dos nossos direitos. Em 1975, a ONU reconheceu esta data “para comemorar a luta histórica por melhorar a vida da mulher”.
O direito ao voto, a mobilização contra as guerras, a luta pela conquista de direitos laborais, a legalização do aborto … foram algumas das importantes batalhas travadas pelas mulheres, muitas vezes com a colaboração entre o feminismo e outros movimentos sociais. As convergências continuam e são muito necessárias no actual momento. Achamos particularmente urgente reforçar a imbricação entre movimentos sociais, nomeadamente, entre os movimentos imigrante, feminista e sindical.

As mulheres imigrantes devem ser objecto de especial atenção nas nossas reivindicações, contando com o protagonismo das próprias nesta luta. Os dados mostram que as mulheres sofrem comummente mais abusos laborais do que os seus companheiros varões. As trabalhadoras imigrantes, nomeadamente quando lhes é negada a possibilidade de regularizarem a sua situação documental, sofrem também mais violações de direitos do que as nacionais. Uma parte muito significativa delas trabalha em sectores como o serviço doméstico e o cuidado de pessoas dependentes, actividades de grande relevância para toda a sociedade, embora pouco reconhecidas e onde são frequentes as situações de abusos laborais e de isolamento social.

São muitas as conquistas, mas também são ainda muitas as vitórias que estão por atingir para acabarmos com a desigualdade e a discriminação em função do género ou da nacionalidade. A violência doméstica, a feminização da pobreza, o reduzido número de mulheres em postos decisores, os entraves colocados à regularização d@s estrangeir@s -que alimentam a exploração laboral e a exclusão social- os grandes retrocessos civilizacionais verificados na Europa, em matéria de direitos humanos d@s imigrantes (Directiva do Retorno, Pacto Sarkozy)… são algumas das questões que estão no centro das nossas preocupações.

Assim, vimos pela presente convidar a vossa associação a participar nesta iniciativa, unindo-se às entidades organizadoras. Contamos com a vossa presença e colaboração. Somos precis@s muit@s para o sucesso desta acção. Tod@s somos imprescindíveis nesta luta, necessária e urgente, em prol da igualdade, da cidadania e dos direitos humanos para tod@s, sem exclusão: mulheres ou homens, nacionais ou estrangeir@s.

Entidades promotoras (até a data): Associação Caboverdeana de Lisboa, Casa do Brasil de Lisboa, Ela por Ela – Editora Feminista, GAFFE – Grupo A Formiga Fora da Estrada, Marcha Mundial das Mulheres, Não te prives – Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais, Solidariedade Imigrante, SOS Racismo, UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta

Semana internacional contra o apartheid israelita vai ser assinalada em Lisboa com uma sessão na faculdade de ciências (dia 6 de Março às 15h.)

Está a decorrer a partir do dia 1 de Março a semana internacional contra o apartheid israelita. A iniciativa partiu em 2005 da Universidade de Toronto, no Canadá, e rapidamente se converteu numa campanha internacional.

Em 2009, com a recordação do massacre de Gaza ainda fresca, começa bem, com o cancelamento dos intercâmbios de estudantes entre a Universidade de São Paulo e a Universidade de Tel Aviv. O secretário do PT brasileiro para as relações exteriores, Valter Pomar, justificou o cancelamento afirmando que “seria adequado aplicar ao governo israelita o mesmo tratamento que o governo de apartheid da África do Sul recebeu”.
Por outro lado, as universidades canadianas de Ottawa e de Carleton vão ter de justificar-se por terem proibido, na semana passada, um poster representando uma criança palestiniana diante dum bombardeiro israelita. A semana anti-apartheid começa aí com a crítica de estudantes que vêem na proibição “uma violação da liberdade de expressão de estudantes que falam sobre direitos humanos”.

Semana internacional contra o apartheid israelita
Sessão na 6ª feira, 6 de Março, 15 horas,
na sala 6.4.30, Edifício C6, 4º andar
na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa,

Com a participação de
John McDermott, professor universitário canadiano

Projecção do filme
Wadi Fukin, a aldeia cercada (17 min), de Chris den Hond

Organização do COMITÉ DE SOLIDARIEDADE COM A PALESTINA e núcleo da Fac. de Ciências

http://palestinavence.blogs.sapo.pt/23089.html


http://apartheidweek.org/


Documentário de 2009 de apresentação da Semana sobre o Apartheid israelita


Documentário de 2008 de apresentação da Semana sobre o Apartheid israelita

1º aniversário da Associação Renovar a Mouraria é comemorado com diversas iniciativas ao longo do mês de Março

A Associação Renovar a Mouraria comemora 1 ano de existência no dia 19 de Março. Para o efeito foi organizado um interessante Programa:

Dia 1 de Março:
16:00 - Inauguração da Exposição de fotografia e poesia popular A Mouraria dos Anos 40, de Fernando Baguinho
Até 31 de Março

18:00 - Tertúlia de Fado Mouraria com o trio de João Penedo: contrabaixo, Marco André: voz e guitarra, Ricardo Rocha: guitarra portuguesa, e muitos fadistas convidados…

Local: Forno do Alfarrabista, Beco dos Cavaleiros, 7-13 (Ao lado da Rua dos Cavaleiros)



Dia 7 de Março:

17:00 – Conferência Falando de Fado, com Adalberto Alves

Seguido de excerto do espectáculo "Papoila de Odiana", Dançar a Poesia de Almutâmide,
com Elsa Shams, Eduardo M. Raposo, Tiago Bensetil, Nuno Faria


Local: Galeria Colorida, Rua Costa do Castelo, 63 (Entrada pela Esc. Marquês Ponte de Lima 1-A)


Dia 10 de Março:
18:30 - Percurso pelos Azulejos do Metro do Martim Moniz, com Gabriela Carvalho


Dia 11 de Março:
19:30 – Exibição do Filme A Severa, de Leitão de Barros (Organização conjunta com a Cinemateca Portuguesa)
Cinemateca Portuguesa, Rua Barata Salgueiro, 39


Dia 14 de Março:
16:00 – Ronda das Tascas: as mais típicas tascas da Mouraria serão revisitadas neste passeio que será acompanhado por músicos da Associação Gaita-de-Foles, fadistas e muitos convidados…



Dia 21 de Março:
22:30 – Há Tertúlia na Mouraria, com música, poesia e muitas conversas soltas sobre a Mouraria
Local: Bar Anos 60, Largo do Terreirinho, 21


Dia 24 de Março:
18:30 - Visita ao Colégio de Santo Antão-o-Novo, com Gabriela Carvalho


Dia 28 de Março:
15:00 – O Centro Mário Dionísio abre as portas para mostrar o seu futuro espaço

Casa da Achada, Rua da Achada, 11-B

16:00 – Projecção de um documentário sobre Mário Dionísio
Projecção de quadros e leituras de poemas de Mário Dionísio
Espectáculo musical com Diana e Pedro

Largo da Achada


Dia 29 de Março:
11:00 – Atelier para crianças com leitura de contos e desenhos
Casa da Achada, Rua da Achada, 11 - B

Jantar caboverdeano promovido pelo Solim (Solidariedade Imigrante) no Sábado(7 de Março, às 20h. em Lisboa)


Apareçam para curtir o som do funana do Arlindo e da sua banda, e a cachupa da Milena!

4.3.09

Mais uma notável crónica de Manuel António Pina sobre o tempo em que vivemos...

Noticia o JN que está marcado para o dia 20 de Abril, no Tribunal da Maia, o julgamento de um homem que, em 2007, terá arrombado um galinheiro e furtado duas galinhas no valor de 50 euros.

A Justiça tarda, mas chega. O criminoso andou mal e merece justa punição, quer pela mediocridade de fins quer pela ruralidade de meios.

Gente como ele, que pilha galinhas em vez de fundar um banco e pilhar as contas dos depositantes, ou como aquela septuagenária que não pagou uma pasta de dentes num supermercado em vez de pedir uns milhões à Caixa, comprar o supermercado na bolsa e igualmente não o pagar, vendendo-o depois à Caixa através de um "offshore" pelo dobro do preço (ou vendendo-lho mesmo antes de o ter comprado), não tem lugar no Portugal moderno e empreendedor.

Ainda por cima, deixou-se apanhar. Se calhar, até confessou, em vez de invocar lapsos de memória. E aposto que nem se lembrou de se divorciar antes de ser preso, pondo os 50 euros a salvo na partilha de bens.

Não queria estar na pele do seu advogado, não há Código de Processo Penal que valha a um caso destes. É condenação mais que certa.


Texto de Manuel António Pina, em crónica publicada no Jornal de Notícias sob o título «Crime e Castigo»