6.3.06

Greve Global das Mulheres (8 de Março de 2006)


Pelo fim da Pobreza, da Guerra e da Devastação do Meio Ambiente
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Investir em cuidar, e não em matar!


Porque no mundo se gastam 900 biliões de dólares anuais em orçamentos militares, a metade dos quais da responsabilbidade unicamente dos EUA. Apenas 10% disso garantiria o essencial para a sobrevivência de todas as pessoas do mundo;

Porque 86 milhões de pessoas, principalmente dos países do terceiro mundo, morreram em conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial e os EUA participaram na maioria destas guerras;

Porque as mulheres e crianças constituem a maioria das vítimas dos conflitos armados e 80% dos refugiados do mundo seguem morrendo e sendo mutilados por minas antipessoais e outras armas;

Porque o abuso sexual é utilizado de forma rotineira como arma de guerra e raramente é concedido asilo às suas vítimas;

Porque o trabalho de dar à luz e cuidar de todas as pessoas realizado pelas mulheres não é valorizado nem remunerado, ainda que o trabalho militar é remunerado e glorificado;

Porque se espera que só a metade da humanidade se ocupe do cuidado das pessoas, necessário para a sobrevivência de todas, enquanto a outra metade ‘tem coisas mais importantes a fazer’;

Porque esta desvalorização da vida e do cuidado desvaloriza tudo o que as mulheres fazem e todos os trabalhos que proporcionam cuidado; e é por isso que os salários das mulheres são mais baixos do que os dos homens e o trabalho com as crianças, o trabalho doméstico, o trabalho de hotelaria, as enfermeiras, as professoras cobram menos, ou qualquer um que os realize;

Porque a maioria dos soldados ou são conscritos ou se alistam para fugir da pobreza ou da prisão (40% dos soldados dos EUA são negros) e espera-se deles que matem aqueles que ainda possuem menos;

Porque os soldados que regressam descapacitados e traumatizados pelo terror e pela matança e/ou aqueles que voltam contaminados pelas armas são descartados pelos governos e são as suas mães, companheiras ou outras que se encarregam de cuidar deles;

Porque se financia generosamente o aparato militar à custa de salários baixos, cortes em benefícios e pensões, bolsas de estudos e serviços, e as mulheres lutam para compensá-los com salários não-remunerados;

Porque a ‘guerra contra o terrorismo’ empreendida pelos EUA para impor a dominação económica, política e militar em nome das petroleiras e outras multinacionais, já cobrou milhares de vidas e nos ameaça com a destruição de nosso clima e da vida sobre a Terra;

Porque sempre há dinheiro para poços de petróleo, mas milhões de mulheres e crianças dos países não industrializados estão condenadas a caminhar horas por dia em busca de água porque não há dinheiro para encanamento;

Porque o FMI e o Banco Mundial impõem a globalização, a privatização, a desregulação, a lei das patentes, a extracção de petróleo e outros minerais, animais gigantes e o cultivo transgênico... tomando posse das economias, corrompendo governos e obrigando a população a uma dívida que nunca contraímos;

Porque as “ajudas para o desenvolvimento” ou “empréstimos” aos países do “Terceiro Mundo” estão sempre ligadas à compras de armas dos EUA e dos países da União Europeia;

Porque a oposição, frequentemente encabeçada por mulheres, à globalização –que resulta em pobreza, no roubo de água, terras, sementes e genes, salários e condições de trabalho escravizantes, desalojamento de populações inteiras, eliminação de culturas, histórias e línguas, limpezas étnicas e destruição do meio ambiente – se combate com golpes militares, desaparecimentos e outras formas de repressão;

Porque os meios de comunicação, privados ou controlados pelo Estado, realizam o trabalho de desinformar a população e captar o nosso apoio para guerras e genocídios, censurando ao mesmo tempo nossa oposição;

Porque as mulheres, cuidadoras, somos a coluna vertebral dos movimentos anti-guerra, de direitos humanos e de justiça, porque nos negamos a permitir que nossos entes queridos sejam tachados como “danos colaterais” civis ou por baixas militares;


As reivindicações da Greve Global das Mulheres são:

· Que se pague todo trabalho de cuidar das pessoas – com salários, pensões, terra e outros recursos. O que é mais valioso do que criar meninos e meninas e cuidar dos demais? Que se invista na vida e no segurança social e não em orçamentos militares e prisões.

· Igualdade salarial para todos, mulheres e homens, no mercado global.

· Segurança alimentícia para as mães durante o período de amamentação, licença de maternidade e intervalo para amamentação pagos. Não nos penalizem por sermos mulheres.

· Que não se pague a dívida externa do terceiro mundo. Nós mulheres não devemos nada, são eles que nos devem.

· Acesso a água potável, saneamento, moradia, transporte e alfabetização.

· Energias não poluentes e tecnologias que reduzam a jornada de trabalho. Todas necessitamos de cozinhas, geladeiras, máquinas de lavar, computadores e também tempo livre.

· Protecção e asilo contra toda violência e perseguição, incluindo as que tem origem nos familiares e em gente em cargos de autoridade. Liberdade de movimento. Se o capital pode viajar livremente, por que também não podem as pessoas

· Que se acabe com a ‘guerra sem fim’, o comércio de armas e o genocídio.

· Que os mais de 900 biliões de dólares que hoje se gasta em orçamentos militares em todo o mundo sejam investido em cuidados e bem-estar das pessoas e do planeta.

· Que todo o trabalho de cuidar, hoje realizado principalmente por mulheres, seja valorizado e remunerado e que se pague uma pensão a todas aquelas cujo trabalho não foi reconhecido durante décadas.

· O cuidado com as pessoas e, portanto, a sobrevivência e o enriquecimento de cada vida e do planeta, seja o objetivo de toda a sociedade e de todo o sistema económico.


QUE SE INVISTA EM CUIDAR, NÃO EM MATAR!

fonte: aqui