28.6.10

Saiu o nº 2 do Pimenta Negra (versão em papel)

Saiu o nº 2 do Pimenta Negra (versão em papel, e em formato PDF para descarregamento)

A edição do 2º número do Pimenta Negra (versão em papel), correspondente ao mês de Junho, já está pronto para ser lido e descarregado via internet, e já está em circulação gratuitamente:

www.keepandshare.com/doc/2012147/pimenta-02-pdf?da=y

A versão em suporte de papel do blogue Pimenta Negra apresenta-se em tamanho A3, desdobrável em quatro páginas, e com distribuição gratuita nos centros sociais e comunitários.

O conteúdo desta edição contém textos sobre ecologia social, transgénicos, permacultura, cidades em transição, massa crítica (bicicletada) e uma citação de Gilles Deleuze. Traz ainda notícias da produção de pão rebelde e de pizzas populares, do GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental), uma extensa listagem de livros e leituras recomendadas, sobre o o horror futebolístico, e um texto do livro «A Mobilização Global, breve tratado para atacar a realidade», seguido do texto «O Estado-Guerra», do filósofo catalão Santiago López-Petit, conhecido pelo seu pensamento radical, próximo de Deleuze e Foucault

O nº 2 do Pimenta Negra ( versão em papel) abre com o seguinte «Aviso à Circulação»:

Do oceano dos dias rabisco estes signos do tempo. O seu autor é um daqueles que habita nos interstícios da dúvida, na penumbra das ruas e ataca a realidade ao som da música de Piazzola. A vitória, quando acontece, é quase sempre abandonada aos ambiciosos de poder, àqueles que aspiram viver em bicos de pés. Ao desenlace imprevisto segue-se a transpiração dos felinos sem sono, a vogarem nos destroços do destino e a rirem-se das verdades estabelecidas.

Encontro-me algures, mas gostava de também estar aí. Aí onde as coisas são sonhadas. O surpreendente é que, quando morrer, era aqui que ansiava estar. No princípio das novas coisas! De resto, a vida é um nada a desfazer-se em dias, interrompida por viagens ao desconhecido. Valha-nos isso.

Ignoro se as minhas palavras são inteligíveis. Na verdade, elas devem ser entendidas no seu sentido buñueliano, e é condição para a sua inteira compreensão, ser ácrata, beatnick (pelo menos, em pensamento), ter ultrapassado as 10.000 horas de leitura, e contar no seu currículo, pelo menos, com três abortos ( para conhecer a angústia do existencialismo, o sofrimento dos primeiros cristãos e a filosofia de Masoch); mas é preciso ainda ouvir intermitentemente a inolvidável Janis Joplin, a ecológica Melanie Safka e o grito estereofónico de Ferré («Faite l’amour»). Ter-se apaixonado meia dúzia de vezes no Piolho ( o mítico café do Porto), é igualmente uma grande ajuda. Mas obrigatório é mesmo conhecer a literatura de Rimbaud, Blake, Pessoa e da Maria José das Dores, de Cinfães-de-Baixo ( senhora , que também era muito dada aos alucinógeneos, como os supracitados poetas ingloriamente amaldiçoados).
Quanto à leitura das palavras que se seguem, basta ter olhinhos e a cabeça no seu lugar.
Com cerimónia e rebeldia, o Vosso
ET

http://pimentanegra.blogspot.com/

Um blogue sobre os movimentos sociais, a ecologia, a contra-cultura, os livros, com uma perspectiva crítica sobre todas as formas de poder (económico, político, etc)


Recorde-se que o nº 1, saído no passado mês de Abril, pode ser descarregado em:

www.keepandshare.com/doc/1886363/pimentanegra-01-938k?da=y

26.6.10

Antero de Quental e o ideal da Revolução Social

«Não é lisonjeando o mau gosto e as péssimas idéias das maiorias, indo atrás delas, tomando por guia a ignorância e a vulgaridade, que se hão de produzir as idéias, as ciências, as crenças, os sentimentos de que a humanidade contemporânea precisa»

Antero de Quental


IDEAL

Aquela, que eu adoro, não é feita
De lírios e nem de rosas purpurinas,
Não tem as formas lânguidas, divinas,
Da antiga Vênus de cintura estrita...

Não é a Circe, cuja mão suspeita
Compõe filtros mortais entre ruínas,
Nem a Amazona, que se agarra às crinas
Dum corcel e combate satisfeita...

A mim mesmo pergunto, e não atino
Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...

É como uma miragem, que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do desejo...


O PALÁCIO DA AVENTURA

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura.
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d’ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d’ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão – e nada mais!



Nocturno

Espírito que passas, quando o vento
Adormece no mar e surge a Lua,
Filho esquivo da noite que flutua,
Tu só entendes bem o meu tormento...

Como um canto longínquo - triste e lento -
Que voga e subtilmente se insinua,
Sobre o meu coração, que tumultua,
Tu vertes pouco a pouco o esquecimento...

A ti confio o sonho em que me leva
Um instinto de luz, rompendo a treva,
Buscando, entre visões, o eterno Bem.

E tu entendes o meu mal sem nome,
A febre de Ideal, que me consome,
Tu só, Génio da Noite, e mais ninguém!




Antero Tarquínio de Quental (Ponta Delgada, 18 de abril de 1842 — 11 de setembro de 1891) foi um escritor e poeta de Portugal que teve um papel importante no movimento da Geração de 70.

Nascido na Ilha de São Miguel, Açores, durante a sua vida, Antero de Quental dedicou-se à poesia, à filosofia e à política. Iniciou seus estudos na cidade natal, mudando para Coimbra aos 16 anos, ali estudando Direito e manifestando as primeiras ideias socialistas. Fundou em Coimbra a Sociedade do Raio, que pretendia renovar o país pela literatura, e
que se distinguiu pela sua oposição às obsoletas praxes académicas, bem assim pela sua posição anti-cristã, de ultraje em relação a Deus, manifestada nas noites em que ocorrem trovoadas e pela posição sarcástica, resoluta e irreverente de Antero que, numa saudação pública ao príncipe Humberto de Itália, manifesta uma posição claramente anti-monárquica.

Em 1861, publicou seus primeiros sonetos. Quatro anos depois, publicou as Odes Modernas, influenciadas pelo socialismo experimental de Proudhon, enaltecendo a revolução. Nesse mesmo ano iniciou a Questão Coimbrã, em que Antero e outros poetas foram atacados por Antônio Feliciano de Castilho, por instigarem a revolução intelectual. Como resposta, Antero publicou os opúsculos Bom Senso e Bom Gosto, carta ao Exmo. Sr. Antônio Feliciano de Castilho, e A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais.

Ainda em 1866 foi viver em Lisboa, onde experimentou a vida de operário, trabalhando como tipógrafo, profissão que exerceu também em Paris, entre janeiro e fevereiro de 1867.

Em 1868 regressou a Lisboa, onde formou o Cenáculo, de que fizeram parte, entre outros, Eça de Queirós, Abílio de Guerra Junqueiro e Ramalho Ortigão.

Foi um dos fundadores do Partido Socialista Português. Em 1869, fundou o jornal A República, com Oliveira Martins, e em 1872, juntamente com José Fontana, passou a editar a revista O Pensamento Social.

À república una e indivisível do Contrato Social (de Rousseau) opõe Antero a «república democrática federatica» ( de Proudhon). Os traços da sua consciência anarquista estão patentes no texto em que escreve:

«o mal não está tanto em ser este ou aquele quem nos governe, como no facto de sermos governados»

Ou ainda, quando declara,

«Que importa que o poder saia do seio da nação, se é sempre poder? E a tirania, porque somos nós que a criamos, deixa de pesar menos por isso, de ferir, de rebaixar a nossa dignidade de homens livres? Não é pois na substituição da ditadura de Sila à de Mário, da de Napoleão à de Robespierre, da de Espartero à de Isabel II, que está o segredo das revoluções, mas na extinção total da ditadura, fosse ela a de um santo, da tirania, fosse ela a de um deus. Ora tirania e ditadura é a unidade política, a centralização dos poderes(…)»

Leitor de Proudhon e de outros autores avançados para a época, ele constata em 1865 que o «ateísmo social-anarquia individual - é a fórmula precisa e clara das escolas mais avançadas da França e da Alemanha»

No texto «Democracia», publicado anonimamente no «Almanak para a Democracia Portuguesa» (1870), a democracia é definida como «a igualdade social e económica, tendo por instrumento a liberdade política», o que pressupões «a partilha social, entre todos os membros da sociedade, dos bens materiais, como garantia duma igual distribuição dos bens morais entre todos». A via para a Democracia é revolucionária. E Antero conclui exprimindo um desejo: «Que esta revolução se possa fazer pacificamente é o voto mais íntimo dos nossos corações».


Proclamando num outro texto o seguinte:

«Cuido pois que podemos contar ainda com 5 ou 6 anos de paz-podre, e o que nos cumpre a nós, homens da Ideia, é aproveitarmos este período, para lançarmos as bases do verdadeiro partido republicano-socialista, zurzindo entretanto sem piedade as seitas e tolas e visionárias os declamadores chatos e a corrupção geral. A crítica eis, por ora, qual deve ser a nossa ocupação. Fazer praça, limpar o terreno para a nova seara: a colher, por ora, só vejo joio e ervilhaca.»

Jaime Batalha Reis definiu Antero «como um proudhoniano puro».

Desde 1871, Antero, com José Fontana, Oliveira Martins e Batalha Reis, envolve-se na criação da secção portuguesa da Internacional. Mas confessaria, mais tarde, em carta datada de 1873, que ajudara anteriormente a fundar em Lisboa uma «pequena igreja de trabalhadores ad majorem Revolutionis gloriam»

No nº 1 da revista O Pensamento Social ele diz que a democracia « politicamente é individualista, e põe os direitos individuais como a pedra angular do edifício político. Por isso é federalista e considera o Estado como a associação livremente debatida e livremente formulada das individualidades, em que só reside o direito. Nega a autoridade, como uma força estranha e superior aos indivíduos, e substitui à Lei, que se decreta, o Contrato que s e pactua.»


Em 1880 no jornal O Operário, do Porto, evoca a personalidade de António Pedro Lopes de Mendonça, o precursor socialista, o homem da geração de J.F Henriques Nogueira, Francisco Maria Sousa Brandão e Vieira da Silva, os românticos associativistas do Eco dos Operários, e do Centro Promotor doMelhoramento das Classes Laboriosas.

Na declaração em que aceita ser proposto como candidato do Partido Socialista, ele afirma:

«Burgueses radicais, se a vossa república do capital, assim como a monarquia dos conservadores não é mais do que a monarquia do capital, que temos, nós, Proletariado, que ver com essa estéril questão de forma? É uma questão de família entre os membros da Burguesia, nada mais»

Do seu último escrito socialista, publicado no jornal operário do Porto – O Trabalhador, revista do movimento operário, em Janeiro de 1889 – reafirmava a sua divisa de sempre «a emancipação dos trabalhadores deve ser obra dos próprios trabalhadores», que era o lema da Internacional. Nesse texto, ele defendia que o problema económico e o problema moral condicionam-se mutuamente, e as forças do espírito são as forças sociais por excelência., daí que cite o seu Proudhon quando este escreve: «o mundo só pela moral será libertado e salvo»

Antero foi o autor do opúsculo O que é A Internacional, que saiu nos finais de 1871 onde se destaca a frase de claro recorte anarquista:

«Mas nós, trabalhadores, que assistimos, espectadores enojados, à comédia tristíssima dos governos da burguesia, que sabemos a soma de baixeza, de intriga, de vilania e de corrupção que representam um parlamento, um ministério e um jornal subsidiado, deixemos que passe por nós, na sua dança macabra, toda essa corte dos milagres , que nem ao menos como a outra, tem a franqueza do cinismo, e não nos indignemos com as vaias dos histriões oficiais ou oficiosos, que, em verdade, não o merecem.

A nossa preocupação é outra, e superior à cólera, à indignação, ao desprezo até, deve ser a nossa atitude. Obreiros materiais do presente, obreiros espirituais do futuro, absorvamo-nos no nosso duplo trabalho, convencidos de que, enquanto o nosso pensamento emancipador se não tiver realizado, enquanto a reforma social não for um facto, toda a acção política não representará para nós mais do que dissipação de tempo, dispersão de forças e - o que é pior - auxílio dado aos nossos inimigos, vida emprestada por nós ao organismo fatal que nos suga a nossa substância!

O programa político das classes trabalhadoras, segundo o Socialismo, cifra-se em uma só palavra: abstenção . Deixemos que esse mundo velho se desorganize, apodreça, se esfacele, por si, pelo efeito do vírus interior que o mina. No dia da decomposição final, nós cá estaremos então, com a nossa energia e virtude conservadas puras e vivas longe dos focos de infecção desta sociedade condenada.

A todos os partidos, a todos os governos, e todos os salvadores faremos uma só pergunta: e a reforma social ? Se nos responderem com negativas ou com evasivas, tê-los-emos por inimigos - pouco importa que se chamem monarquia, constitucionalismo, ou república.

Para o povo não há senão uma República: a República Democrática Social. Essa é a dos trabalhadores, é a da Internacional: que só essa seja também a nossa! »



A poesia de Antero de Quental apresenta três faces distintas:

A das experiências juvenis, em que coexistem diversas tendências;
A da poesia militante, empenhada em agir como “voz da revolução”;
E a da poesia de tom metafísico, voltada para a expressão da angustia de quem busca um sentido para a existência.

A oscilação entre uma poesia de combate, dedicada ao elogio da acção e da capacidade humana, e uma poesia intimista, direcionada para a análise de uma individualidade angustiada, parece ter sido constante na obra madura de Antero, abandonando a posição que costumava enxergar uma sequência cronológica de três fases.


Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antero_de_Quental

24.6.10

Arte e Activismo (video-reportagem em castelhano)


Apresentação do livro A Mobilização Global, breve tratado para atacar a realidade, de Santiago Lopez-Petit(dia 26/6 às 21h na livraria-bar Gato Vadio)

Apresentação no dia 26/6 às 21h. do livro A Mobilização Global – Breve tratado para atacar a realidade, seguido do texto O Estado-Geurra, do filósofo catalão Santiago Lopez Petit , pelo jornalista Rui Pereira, que traduziu o livro para a editora Deriva, acompanhado por António Alves da Silva.

Antes será projectado o filme El Taxista Ful de Jordi Solé.

Local: Livraria-bar Gato-Vadio,
R. do Rosário, 281, Porto

"Só a rejeição total da realidade no-la pode mostrar na sua verdade. Só a rejeição total do mundo nos diz a verdade do mundo. Mas esse gesto radical de rejeição já não é o gesto moderno que, depois da destruição anunciava e preparava um novo começo. Não há começo absoluto porque a «tabula rasa» não nos deixa diante de nenhuma verdade absoluta. A rejeição total da realidade apenas nos oferece «uma» verdade da realidade. Esta é a nossa verdade."
Santiago López-Petit in A Mobilização Global

Filósofo e químico catalão, Santiago López Petit é professor de Filosofía na Universitat de Barcelona e é um dos mais interessantes pensadores actuais. Recebeu influências de autores como Deleuze e Foucault, e do marxismo italiano, por via da Autonomia Operária. Na sua obra ele propõe uma crítica radical do nosso presente. Santiago López Petit foi um dos muitos participantes das lutas autónomas que se desenvolveram nos anos 70 em várias cinturas industriais nas cidades europeias. No deserto que se seguiu após a derrota, López-Petit tem ensaiado construir uma nova filosofia, uma filosofia que, uma vez esgotadas as velhas categorias de luta operária, consiga revitalizar a política a partir de uma perspectica radical.


Este livro destina-se a uma coisa: a realidade A nossa realidade, esta realidade que coincide com o capitalismo. Dizer realidade capitalista é, portanto, redundante. Hoje, a situação tornou-se capitalista, e não deixa nada para fora. Consideramos esta realidade como um facto absoluto, na sua necessidade interior, mostrando como ela é, e como funciona. Ao revelar esta verdade ganhou inúmeros conceitos, especialmente a mobilização global é utilizado para descrever a globalização neoliberal e que é comercializado como o verdadeiro fundamento da própria realidade. Novas definições são então avançadas, tais como a democracia, enquanto articulação entre o Estado-guerra e o fascismo pós-fascismo, ou o poder como poder terapêutico. A realidade, porém, ao separar-se em sua implantação, ao sair da tautologia, mostra também suas fraquezas. Coloca, igualmente, diante de nossos olhos a nova questão social : o mal-estar
.


Ver ainda um anterior post sobre o livro,
AQUI

Consultar ainda a revista Espai en Blanc, de que o filósofo é um dos principais colaboradores:


Novíssimas guerras, espaço,identidades e espirais de violência armada,de Tatiana Moura - perspectiva feminista da guerra (apresentação do livro, 30/6)


Novíssimas Guerras - Espaço, Identidades e Espirais da Violência Armada
Tatiana Moura
Editora:
Almedina

Apresentação do livro em Lisboa:
30 de Junho, 18:00,
local: CES-LISBOA, Picoas Plaza (entrada pela rua Tomás Ribeiro, 65)
Apresentação: Pedro Krupenski, Director Executivo da Amnistia Internacional (Secção
Portuguesa)

Tatiana Moura, investigadora do Centro de Estudos Sociais de Coimbra acaba de publicar o livro Novíssimas Guerras, pela Almedina . Trata-se de um estudo não só sobre as novas condições em que se desenrolam as guerras e os conflitos armados mas um nova abordagem sobre a matéria ao colocá-la sob a perspectiva do género.

Excerto do texto:

«As décadas de 80 e 90 ficaram marcadas por profundas alterações nas referências de análise da conflitualidade internacional. As chamadas "novas guerras" (Kaldor, 1999) que ocorrem com maior incidência em Estados colapsados, vêm contrastar com um tipo de conflitualidade de matriz vestefaliana. Estas novas guerras, também apelidadas de "conflitos de baixa intensidade", guerras privatizadas ou guerras informais, têm características substancialmente distintas das guerras "tradicionais". De facto, nestas novas guerras não é fácil de estabelecer na prática a distinção entre o privado e o público, o estatal e o não estatal, o informal e o formal, o que se faz por motivos económicos ou políticos. Trata-se de guerras que atenuam as distinções entre pessoas, exércitos e governos (Duffield, 2001: 13 -14), que resultam – e ao mesmo tempo originam – um esbatimento das fronteiras (entre o interno e o externo, por exemplo) que anteriormente se consideravam rígidas e bem definidas.

Ao contrário das guerras tradicionais, que tinham a esfera pública como cenário da violência, nas novas guerras a sociedade civil é simultaneamente o palco e o alvo da violência organizada, que ocorre na esfera privada, privatizando a violência, os seus espaços ou territórios de actuação, os seus actores e as suas vítimas.

As unidades de combate envolvidas nestas novas guerras (públicas e privadas) que dificilmente se distinguem da população civil e que cada vez mais se caracterizam pela utilização de crianças-soldado, o uso alargado de armas ligeiras (que são mais fáceis de transportar, mais precisas e podem ser utilizadas por soldados sem formação especial), o recurso a novas tecnologias (como telemóveis e internet), os novos métodos utilizados para obtenção de controlo político, a criação e manutenção de um clima de ódio, medo e insegurança constituem algumas das principais características que distinguem este tipo de violência organizada das velhas guerras. »

(...)

«O monopólio masculino do uso e posse de armas de fogo é uma expressão da socialização em construções de um tipo de masculinidade, violenta e militarizada. E as manifestações desta masculinidade violenta, que fazem equivaler a posse e utilização de armas a uma forma de exercício de poder, constituem uma enorme fonte de ameaça e de insegurança para as mulheres.

A exacerbação da masculinidade hegemónica e militarizada é o fundo comum que une as culturas de violência presentes em todas as escalas de guerra (as "velhas", as "novas" e as "novíssimas"). »

Texto retirado de:
www.eurozine.com/articles/article_2007-06-28-moura-pt.html

Ver ainda a seguinte nota de leitura:
http://cadeiras.iscte.pt/SDir/SDir_art_nl_2009_cp.htm


Texto da contracapa do livro:
Os olhares estereotipados sobre as realidades têm resultados perversos. O facto de serem homens - e, no caso da violência armada urbana, jovens do sexo masculino - os que mais matam e mais morrem, tem levado a que se fechem os olhos a outros actores envolvidos nesta violência e aos múltiplos impactos que as armas de fogo podem ter nas vidas de diversos sectores da população. Na violência armada, entendida como uma violência de homens contra homens, a mulher tem sido o ausente social por excelência.No entanto, as manifestações dos vários tipos de violência apresentam-se em várias escalas, desde a intersubjectiva à internacional. E estas manifestações, ou fontes de insegurança, muitas vezes silenciadas, são comuns a vários contextos locais, tornando-se assim globais.

ÍNDICE

1 Introdução
1.1. A nova geografia das guerras: velhas, novas e novíssimas guerras
1.2. Masculinidades e feminilidades: entre novíssimas guerras e novíssimas pazes

PARTE I – A NOVA GEOGRAFIA DAS GUERRAS

CAPÍTULO I - Das velhas às novas guerras

1. Conflito, violência e guerra: distinções conceptuais
2. Das velhas guerras (modernas)...
3. ...Às novas guerras
4. Conclusão: novidade ou continuidade?

CAPÍTULO II - Novíssimas guerras à margem das novas guerras?

1. Das novas às novíssimas guerras
1.1. Violências em cascata: causas subjacentes às novíssimas guerras

2. Paisagens urbanas das armas de fogo: disseminação territorial das violências

3. O sexo das violências: continuuns, espirais e identidades

PARTE II - MASCULINIDADES E FEMINILIDADES, ENTRE NOVÍSSlMAS GUERRAS E NOVÍSSIMAS PAZES

CAPÍTULO III - As denúncias feministas dos silêncios das Relações Internacionais

1. O carácter sexuado da agenda da disciplina

2. Da segurança nacional às (in)seguranças individuais

3. A construção social do sistema de guerra
3.1. Estereótipos e construções
3.2. Os "nós" e as "outras" do sistema de guerra

CAPÍTULO IV - A re(des)masculinização da guerra

1. Da desmasculinização da guerra...
2. .... À remasculinização das guerras

CAPÍTULO V - Velhíssimas guerras sexuadas, novíssimas guerras armadas: o caso do Rio de Janeiro

Introdução

1. Rio de Janeiro: um exemplo de novíssimas guerra
1.2. As cidades na cidade
1.3. Da paz à guerra?
1.4. Masculinidades (in)visibilizadas

2. O feminismo, na confluência de novíssimas guerras e novíssimas pazes
2.1. Feminilidades des-padronizadas da violência armada: as outras faces
2.1.1. O glamour da violência armada
2.1.2. Feminilidades estrategicamente marginais: "As mulheres passam por cargueiras"
2.1.3. "Estranhas" feminilidades: a participação directa
2.2. Vítimas da invisibilidade: impactos diferenciados das armas de fogo na vida de mulheres e jovens do sexo feminino
2.2.1. Impactos directos: a destruição dos corpos
2.2.2. Para além dos corpos, a destruição das vidas
2.3. Feminilidades colectivas e partilhadas: sobreviventes da violência armada
2.3.1. É uma dor muito doída...
2.3.2. Quando o luto se transforma em luta...

Conclusão

Conclusão

Pontos de partida

Histórias de sobrevivência


"Tatiana Moura é investigadora permanente do Centro de Estudos Sociais e membro de Núcleo de Estudos para a Paz. Actualmente é membro do Women’s Network Working Group da IANSA (International Action Network on Small Arms), a única rede internacional dedicada as articulações entre género, direitos das mulheres, armas ligeiras e violência armada. Licenciada em Relações Internacionais pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, tem o grau de Mestre em Sociologia pela mesma Faculdade e é Doutorada em Paz, Conflitos e Democracia pela Universidade Jaume I, Espanha.
Os seus interesses de investigação centram-se em questões relacionadas com feminismo das Relações Internacionais, novas guerras e violência urbana e identidades e violência armada. Nos últimos anos tem coordenado projectos sobre o envolvimento de mulheres e jovens do sexo feminino em contextos de violência armada, em particular na América Latina, dos quais se destaca o mais recente projecto “Mulheres e violências armadas. Estratégias de guerra contra mulheres em contextos de não guerra”, um estudo sobre o Rio de Janeiro, San Salvador e Medellin, financiado pela Fundação Ford Brasil. Desde Junho de 2008 é investigadora responsável pelo projecto “Género, Violências e Segurança Pública”, uma parceria entre o NEP/CES e o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro, também com financiamento da Fundação Ford Brasil. Publicou, em 2005, Entre Atenas e Esparta. Mulheres, Paz e Conflitos Armados, Coimbra: Quarteto Editora, Rostos Invisíveis da Violência Armada. Um Estudo de Caso sobre o Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: 7Letras e Auto de Resistência. Relatos de familiares de vítimas da violência armada, em 2009. Actualmente co-coordena o Núcleo de estudos para a paz e o Observatório Género e violência Armada (OGiVA)."

http://www.ces.uc.pt/ces-lisboa/pages/pt/inicio.php

Economia dos Bens Comuns ( Curso de Formação no CES-Lisboa, 3 de Julho)

Curso de formação sobre Economia dos Bens Comuns
Organiza: Centro de Estudos Sociais(CES) e Le Monde Diplomatique/edição portuguesa
3 de Julho de 2010 (n.º limitado de vagas)

Local: CES Lisboa, Picoas Plaza (entrada pela Rua do Viriato ou Rua Tomás Ribeiro)*

Inscrição: Preço - 40€.

Coordenação: *José Castro Caldas e Ana Cordeiro Santos

Apresentação: Apesar da retórica das “harmonias económicas” que convidavam a pensar o bem comum como uma consequência espontânea da procura do bem privado por cada indivíduo, a Economia teve desde sempre de se confrontar com a necessidade de conceber o bem comum que os poderes públicos devem prosseguir e os bens comuns de que ninguém pode ser excluído ou a que todos devem poder aceder.

Em consequência da hegemonia do pensamento liberal, o que veio a predominar foi uma concepção individualista do bem comum, dos bens comuns e dos custos sociais que encara o bem comum como uma simples soma de bens individuais e olha para os bens comuns e os custos sociais a partir do pressuposto de uma tendência egoística dos indivíduos que os leva a considerar apenas o que é privado.

As concepções individualistas do bem comum cedo tiveram de se confrontar com paradoxos: os indivíduos “racionais” seriam incapazes de definir colectivamente o bem comum e mesmo que o conseguissem fazer seriam incapazes de agir em colectivo para garantir os bens que decidiram perseguir ou evitar os males que a todos afectam. Mas a realidade contradiz estas visões pessimistas: não há tomada de decisão pública que dispense justificações (contestáveis e contestadas) em termos de bem comum; a acção colectiva é precária mas existe.


Para lá das “harmonias económicas” e dos “paradoxos pessimistas” há uma Economia dos bens comuns que vai tomando forma. Isso mesmo foi surpreendentemente reconhecido com a atribuição do último prémio Nobel da Economia a Elinor Ostrom. Dar conta dos avanços neste terreno – compreensão dos processos que levam às definições do bem público e das condicionantes da acção colectiva – é o objectivo deste Curso de Formação.


Programa:
3 de Julho 2010
9.30-10.30 Definir o bem comum e agir colectivamente (José Castro Caldas, CES)

Bem comum e bens comuns
A possibilidade e a desejabilidade da acção colectiva

10.30-11.00 Debate


11.15-12.15 Acção Colectiva: o que nos ensina a experiência (Ana Cordeiro Santos , CES)

Casos de (in)sucesso na produção de bens comuns
Cooperação e/ou interesse próprio

12.15-12.45 Debate


14.30-15.30 Bens Privados e Custos Públicos (Vítor Neves, FEUC/CES)

As externalidades como problema colectivo
Soluções privadas vs. soluções públicas

15.30-16.00 Debate

16.15-17.15 Descobrir os bens que realmente procuramos (Laura Centemeri, CES)*

Dos bens comuns aos Bens Comuns
Que pluralismo nos Bens Comuns?
A democracia participativa e a “arte da composição”

17.15-17.45 Debate

Cooperativa Outro Modo
Rua Rodrigues Sampaio, n.º 19, 2º A, 1150-278 Lisboa
Telefone: 213 536 054


Convocatória para a realização da Assembleia Mundial dos Habitantes, em Dakar, Senegal, em 2011

Convocamos a Assembleia Mundial dos Habitantes (FSM Dakar, 2011), espaço comum e necessário para a conquista do Direito à Cidade.

Em todas as cidades e no campo enfrenta-se uma crise estrutural, decorrente da implementação de políticas urbanas subordinadas ao capital transnacional, que se expressa em uma infinidade de problemas: a perda da função social das cidades; a mercantilização dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais; o aprofundamento das desigualdades sociais, económicas e de género; a anulação da participação da sociedade e ausência de democracia na tomada de decisões de interesse público; o aumento da criminalidade, apesar do aumento da violência policial e militar; o aumento exponencial do despejos forçados como um pilar do urbanismo capitalista; a criminalização dos movimentos sociais e a marginalização das boas práticas de construção social do habitat; a degradação ambiental, levando os pobres a viver em áreas de risco; o abandono dos governos em estabelecer marcos regulatórios na defesa do direito à moradia estabelecidos a nível nacional e internacional; a ineficácia da ONU-Habitat, ocupada em fortalecer sua burocracia, abrindo espaço para o capitalismo especulativo responsável pela bolha imobiliária.

Diante dessa situação, surgem em todo o mundo iniciativas de organizações sociais, redes de habitantes que resistem heroicamente ao despejos, combatem as privatizações e a liberalização do sector da habitação, ocupam imóveis urbanos vazios e terrenos baldios, defendendo solidariamente o direito à habitação e à cidade. Também constroem alternativas que prefiguram diversos modelos passíveis de se converterem em políticas públicas urbanas e rurais, para alcançar um desenvolvimento humano sustentável; muitas dessas experiências são acompanhadas e fortalecidas por governos locais, por académicos e profissionais comprometidos.
Isso demonstra a extraordinária capacidade e a maturidade dos movimentos sociais urbanos de participar, de forma criativa, eficaz e solidária, na busca de soluções para os diversos problemas urbanos e rurais.

No Rio de Janeiro, no âmbito do Fórum Social Urbano, essa gravíssima situação foi analisada por organizações de habitantes de África del Sur, Argentina, Bangladesh, Brasil, E.U, Gana, Haiti, Itália, México, Nigéria, Peru, República Dominicana, Rusia, Senegal, Uganda, Venezuela, Zimbábue e las redes AIH, Jubileo Sur, HIC e CCS.

Partilhando os princípios reconhecidos, entre outras, na Carta do FSM e na Carta de São Salvador, na Assembleia Mundial dos Habitantes (México, outubro de 2000) e na Assembleia Mundial dos cidadãos para um mundo solidário e responsável (Lille, outubro de 2001); fundamentando esta proposta na Chamada para a unidade dos movimentos sociais urbanos, os habitantes democráticos e comprometidos com a sociedade demos um passo decisivo para superar as declarações definindo estratégias e ações coletivas, o que implica dotarmo-nos de um programa, uma forma de organização e fortalecimento de alianças que garantam o sucesso da nossa luta.

Este é o sentido mais profundo de convocar a ASSEMBLEIA MUNDIAL DOS HABITANTES em Dakar em 2011, no âmbito do FSM como espaço comum e necessário para trocar as nossas experiências, partilhar análises e definir estratégias conjuntas de lutas e alternativas, desenvolver e adoptar uma plataforma e um plano de acção que unifique os nossos esforços para contribuir para a conquista do Direito à Cidade, assumindo um papel de liderança na defesa de nossos ideais e interesses. Ou seja, em direção à VIA URBANA.

Com base nessa análise acordamos em:
• integrar o Comité Promotor Unitário Global y constituir em toda parte os Comités Promotores Unitários Nacionais e Regionais da Assembléia Mundial dos Habitantes, Dakar 2011;
• estender a convocatória a outros movimentos sociais, ONGs, instituições académicas, governos democráticos do mundo;
• instituir uma plataforma internacional em defesa de todos os nossos direitos;
• definir mecanismos de coordenação, informação e comunicação, possibilitando o desenvolvimento desse processo democrático;
• promover a presente Chamada em espaços alternativos, especialmente em Fóruns Sociais regionais e temáticos que acontecerão até Dakar 2011.

Finalmente, reafirmamos nossa convicção de consolidar a unidade e convocamos à solidariedade entre todas as organizações, respeitando a diversidade, o multiculturalismo e a sua autonomia.

HABITANTES DO MUNDO UNIDOS PELO DIREITO À CIDADE!

Promotores:
África do Sul: Abalhali
Argentina: Federación de Villas, Centro Integral Comunitario, Ex AU3
Bangladesh: Shelter for the Poor
Brasil: CONAM, MNLM, CMP
EU: PPEHRC, Aliança dos Habitantes dos EU
Gana: Women Land Access Trust
Haiti: PAPDA
Itália: Union de Inquilinos
México: Unión Popular Valle Gómez, UCISV-Pobladores AC, Coordinadoras de Colonias Unidas, MUP-CND, COPEVI
Nigéria: National Tenants Union
Peru: FOVELIC, CENCA
República Dominicana: Coophabitat
Rússia: Union of Coordinating Soviets
Senegal: CERPAC
Uganda: Womens Trust Access Land
Venezuela: Red Metropolitana de Inquilinos
Zimbábue: AMH Promotor
AIH, HIC, Jubileo Sur, Programa Regional de Vivienda y Hábitat del CCS.

Aprovada pela plenaria do Forum Urbano Social (Rio de Janeiro, Brasil, 25 de março de 2010)
info: http://www.habitants.org/info@habitants.org

As organizações e redes de habitantes, de cooperativas, sindicatos de inquilinos, centros comunitários, de povos originários e comités de luta pelo direito à moradia de todos os países fazem um amplo chamado pela unidade dos movimentos sociais urbanos que lutamos para fazer realidade nossos direitos económicos, sociais e culturais, especialmente o direito à moradia e à cidade em todo o mundo.

Subscreva a apelação!

Considerando que:
1. A globalização neoliberal imperante, baseada na exclusão e na desigualdade, causa uma crescente violação ao direito à moradia, que deixa como resultado concreto mais de mil milhões de pessoas que vivem sem moradia ou mal alojados, ameaçadas por desalojamentos, discriminados por guerras ou por catástrofes, porque são migrantes, mulheres, pobres, populações discriminadas como, por exemplo, os Dalit e os Rom;
2. A UN-Habitat prevê que sejam mais de 1,7 mil milhões em 2020 em todo o mundo, ou seja, que aumentarão em 70%;
3. O reembolso da dívida externa exigido pelo Banco Mundial e pelo FMI, é impossível e arbitrário o cumprimento da meta n° 7 das Metas do Milênio estabelecidas pelas Nações Unidas, que prevê melhorar as condições de moradia de 100 milhões de pessoas até 2015;
4. A cada dia surgem iniciativas em todo o mundo, organizações sociais, redes de habitantes, que resistem heroicamente aos desalojamentos, combatem as privatizações e a liberalização do setor de habitação, ocupam imóveis vazios e terrenos baldios urbanos e defendem solidariamente o direito à moradia;
5. Nestas lutas cotidianas, surgem alternativas diferentes a partir das comunidades, bairros, colônias, favelas, que configuram não apenas um mas vários modelos que estão prontos a converter-se em políticas públicas urbanas e rurais, assim como em alternativas reais de desenvolvimento humano sustentável;
6. Com estas experiências populares e sociais demonstra-se a capacidade extraordinária e a maturidade dos movimentos sociais urbanos por agregar-se de forma criativa, eficaz e solidária na solução das diferentes problemáticas urbanas e rurais;
7. Estes movimentos são diversos, tanto por sua origem, sua cultura e sua localização geográfica, mas compartilham princípios comuns de solidariedade e estão caracterizados por ter uma forte tradição social e o interesse comum de construir outro mundo possível, afirmando que outras cidades são possíveis.
Por tudo o que foi mencionado anteriormente, consideramos ser necessário reivindicar nosso papel de atores sociais e retomar nossa palavra e iniciativa de articulação global a partir das organizações de habitantes, com um forte desdobramento de alianças com outros atores e movimentos sociais, poderes locais, personalidades, e todo aquele que compartir conosco os pricípios do direito à moradia e à cidade.

Por isto convocamos e apoiamos:

• a unidade dos movimentos sociais urbanos, para construir um espaço comum, global e solidário de encontro para o intercâmbio de experiências, debate, elaboração de propostas, impulsionar iniciativas mobilizadoras de ação conjunta, um espaço baseado no reconhecimento da diversidade cultural, mas também de complementariedade e equilíbrio, em respeito a nosso direito de organizarmo-nos de maneira autônoma como movimento urbano internacional;
• a participação no encontro dos movimentos sociais urbanos no Fórum Social Mundial de 2005 em Porto Alegre para continuar o intercâmbio de experiências, o debate e estabelecendo uma agenda comum a nível regional e global, começando pela luta:
• pela segurança e a dignidade da moradia e desalojamento zero;
• pelo controle popular sobre o pagamento da dívida social e a anulação da dívida externa;
• pelo relançamento de políticas públicas urbanas e de moradia e contra as privatizações.

Um dos principais desafios atuais ante a globalização neoliberal são nossa coordenação e nossas convergências, só assim estaremos em condições de construir outro mundo possível e outras cidades possíveis.

Nem mais uma luta isolada!



Promotores:
·
Aliança Internacional de Habitantes
· Vincenzo Simoni Unione Inquilini,Italia
· Giuseppe la Biunda, Cooperativa Coralli, Italia
· Jean Baptiste Eyraud
Droit au Logement, França
· Sidiki Daff,
CERPAC, Senegal
· Penda Ndiaye, Réseau des Femmes pour l'Acces au Foncier et a l'Habitat, Senegal
· Hameye Timbaleck Traore, Assistance Reconversion Developpement, Mali
· Ibrahima Diop, Reseau des Habitants pour le developpement de Medina Gounass, Senegal
· Rajeev John Gorge
National Forum for Housing Rights, India
· Guillermo Rodriguez Curiel
Frente Continental Organizaciones Comunales
· Padre Daniele Moschetti, Kutoka Parish Network, Nairobi, Quenia
·Cristina Almazan, UCISV-Pobladores, Xalapa, Mexico
· Cheri Honkala
Poor People's Economic Human Rights Campaign, USA
· Francisco Caño
Federación Regional de Asociaciones de Vecinos de Madrid, Espanha
· Jennifer Cox
Kensington Welfare Rights Union, USA
·Anselmo Schwertner
Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Brazil
· German Lomtev, All-Russian Housing, Moscou, Russia
·Raul Alayon
Movimiento Uruguayo de los Sin Techo, Uruguai
·Abu Rayhan-Al-Beeroonee
Shelter for the Poor, Bangladesh
. Juan Martinez, Consejo de Unidad Popular, Republica Dominicana
·Union de Vecinos de Valle Gomez, Mexico
· Foro Ciudadano por la Ciudad que Queremos, Xalapa, Veracruz, Mexico
· Socrates Orlando Peguero, Frente Progresista Caletero, Republica Dominicana
· Ernesto Jiménez Olin, Unión Popular Valle Gómez, Mexico D.F., Mexico
· Marina Ragush, Association of tenants "Habitat", Serbia-Montenegro
· Santos Mota, CODECOV, República Dominicana





O que é a Aliança Mundial dos Habitantes (AIH)

A AIH (International Alliance of Inhabitants) é uma rede global de organizações e de movimentos sociais de habitantes, comunidades, inquilinos, proprietários de moradias precárias, sem teto, ocupantes de barracas, cooperativas,povos indígenas e bairros populares.

É um movimento intercultural, includente, autónomo, independente, auto-gerido, solidário e aberto à coordenação com outras organizações irmãs que perseguem os mesmos fins. O objetivo é a construção de outro mundo possível começando pela conquista do direito à moradia e à cidade sem fronteiras...

A constituição
Em 12 de setembro de 2003 os representantes de associações e movimentos sociais urbanos de diferentes regiões do mundo se encontraram em Madrid para discutir como fazer uma frente comum às consequências perversas da exclusão, da pobreza, da deterioração do meio ambiente, a exploração, a violência, os problemas de transporte, de serviços públicos, de moradia, de estabilidade e da governabilidade urbana produzida pela globalização neoliberal.
A constituição da Aliança Internacional de Habitantes (AIH) foi decidida sobre a base de uma Carta de Principios Fundadores que enfatiza a importância de fortalecer a voz dos sem-voz como instrumento estratégico para construir e consolidar os laços de solidariedade indispensáveis para proteger o direito dos habitantes a ser construtores e usuários da cidade.
A AIH nasce então como uma rede global de organizações e de movimentos sociais de habitantes, comunidades, inquilinos, proprietários de moradias precárias, sem teto, ocupantes de barracas, cooperativas, povos indígenas e bairros populares. É um movimento intercultural, includente, autônomo, independente, auto-gerido, solidário e aberto à coordenação com outras organizações irmãs que perseguem os mesmos fins. O objetivo é a construção de outro mundo possível começando pela conquista do direito à moradia e à cidade sem fronteiras.

A AIH pauta-se pelos processos promovidos pela Assembléia Mundial de Cidadãos por um Mundo Responsável e Solidário e pelo Fórum Social Mundial, sobre a base do lema “Outro Mundo é Possível”.

A AIH é composta de associações e movimentos sociais de moradores, comunidades, inquilinos, donos de casa própria, favelas, colônias, cooperativas, povos indígenas e bairros populares de diversas regiões do mundo.

Cinema comunitário na Casa Viva ( dia 25 de Junho às 22h.)


Cinema Comunitário na Casa Viva (Prala do Marquês, 167, Porto)
6ª feira, 25 junho 22h00
entrada livre


Death in Gaza, de James Miller (80')
Documentário, Inglaterra, 2004
Árabe, Inglês e Hebraico, com legendas em Português

Documentário que retrata o terror(ismo) do conflito que perdura na faixa de Gaza, através dos olhos de algumas crianças. Premiado com um Emmy em 2004, começa em WestBank mas continua a acção em Gaza e, eventualmente, estabelece-se em Rafah. É sobre Rafah que mais se debruça e concentra-se principalmente em três crianças, Ahmed (12 anos), Mohammed (12 anos) e Najla (16 anos). O filme segue-as em diferentes aspectos das suas vidas, incluindo a vivência na vizinhança de forças militares.

James Miller, realizador/produtor deste documentário, foi morto por um soldado israelita enquanto rodavam as suas gravações, durante a noite, quando se tentavam aproximar de um APC (tanque) israelita. Audível e visualmente, mostravam a sua neutralidade enquanto jornalistas, usando capacetes e coletes marcados "TV", acenando uma bandeira branca e caminhando lentamente em campo aberto. Segundos depois de um primeiro tiro de aviso e de mais uma vez um dos membros da equipa de rodagem reafirmar a sua neutralidade gritando "We are British journalists" (Somos jornalistas britânicos), outro tiro é disparado, atingindo mortalmente James Miller no pescoço. Isto acontece enquanto a equipa de rodagem estava a filmar a actividade militar da casa de uma das crianças em Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

Festival ao Largo 2010 ( de 26 de Junho a 27 de Junho, no largo de S.Carlos)


FESTIVAL AO LARGO 2010
de 26 de Junho a 27 de Julho 2010
29 espectáculos
entrada livre
Lisboa
Largo de São Carlos, ao Chiado

Música // Teatro // Dança
em ambiente urbano
sempre às 22h00

O Festival ao Largo realiza-se de 26 de Junho a 27 de Julho, no Chiado, coração da cidade de Lisboa, mais especificamente no Largo de São Carlos, em frente ao Teatro Nacional de São Carlos. Espectáculos às 19h e às 22h. A entrada é livre.

PROGRAMA


26, 27,28 JUNHO - 22h00 C.N.C.D. MOÇAMBIQUE
COMPANHIA NACIONAL DE CANTO E DANÇA DE MOÇAMBIQUE*

EM MOÇAMBIQUE O SOL NASCEU
Uma rapsódia de danças tradicionais
Coreografia: David Abílio

Este espectáculo concebido por David Abílio, em 1985, foi distinguido no mesmo ano pelo Governo de Moçambique com o Prémio 10º Aniversário da Independência de Moçambique e resulta de um trabalho de pesquisa do património cultural dos diferentes grupos étnicos de Moçambique, procurando assim espelhar a Unidade e diversidade deste País.

Através das danças e cantares inclusas neste espectáculo bastante alegre e colorido, subjaz a simbologia da manifestação de alegria sentida por todo o Povo pela conquista da Independência e o renascimento de uma nova Nação – "O SOL NASCEU". As danças guerreiras do Sul de Moçambique como o Xigubo, fruto da miscigenação das etnias Ngunis/Zulos e Rongas no início do século dezanove, servia de preparação dos guerreiros para a luta, e também de celebração das suas vitórias militares. Neste espectáculo, entrosam-se com as danças do Centro e do Norte do País, tais como o Semba – "Dança de Amor" neste caso adaptado para o contexto actual em que uma grande parte de Jovens estão sendo contaminados com o HIV/SIDA, pelo que esta dança que simbolizava os primeiros contactos amorosos entre os Jovens, hoje está impregnado de mensagem de prevenção contra a terrível pandemia. Ao Norte de Moçambique, trazemos principalmente do Niassa, a Dança N’ganda, uma invenção espectacular das populações do Lago Niassa, que na 1ª Guerra Mundial serviram de faxinas nas fileiras do exército da Marinha Britânica que ocupava Niassilândia hoje Malawi. Esses soldados, quando desmobilizados e regressavam às suas povoações, queriam mostrar o aprumo e a exuberância das marchas militares, e inventaram esta dança, substituindo as cornetas por calabaças. Estes, são alguns exemplos das danças que perfilam neste espectáculo, todas elas impregnadas de conteúdos profundos, quer no sentido de história quer no sentido de usos e costumes. Este espectáculo, foi já apresentado em mais de cem cidade espalhadas pelos cinco continentes que a CNCD já actuou.


30 JUNHO - 19h00 CONCERTO DE METAIS
ENSEMBLE DE METAIS OLISSIPO

30 JUNHO - 22h00 NOITE STRAUSS
ORQUESTRA DO ALGARVE

1 JULHO - 22h00 AS QUATRO ESTAÇÕES
AS DAMAS DE SÃO CARLOS

2 JULHO - 19h00 CONCERTO PIAZZOLLA
QUARTETO DE CORDAS E ACORDEÃO

2 JULHO - 22h00 NOITE TCHAIKOVSKY
ORQUESTRA GULBENKIAN

3 JULHO - 19h00 CONCERTO MENDELSSOHN
ELEMENTOS DA ORQUESTRA SINFÓNICA PORTUGUESA

3 JULHO - 22h00 NOITE TCHAIKOVSKY
ORQUESTRA GULBENKIAN

4 JULHO - 19h00 FADO EM QUINTETO DE CORDAS
LUSITÂNIA ENSEMBLE

4 JULHO - 22h00 DE VIENA À BROADWAY
CORO DO TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS

5 JULHO - 22h00 NOITE BRASILEIRA
CAMERATA VIANNA DA MOTTA

6 JULHO - 22h00 NOITE MOZART
ORQUESTRA METROPOLITANA DE LISBOA

7 JULHO - 22h00 VILANCICOS NEGROS
CORO GULBENKIAN

9 JULHO - 22h00 SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO
ORQUESTRA SINFÓNICA PORTUGUESA & CORO DO TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS

10 JULHO - 22h00 SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO
ORQUESTRA SINFÓNICA PORTUGUESA & CORO DO TEATRO NACIONAL DE SÃO
CARLOS

13 JULHO - 22h00 NOITE JUVENIL
ORQUESTRA SINFÓNICA JUVENIL & JOVENS VOZES DE LISBOA

14 JULHO - 22h00 NOITE DONIZETTI : TRAÍDOS & TRAIDORES
JOVENS INTERPRETES DO TEATRO NACIONAL DE SÃO CARLOS

15 JULHO - 22h00 NOITE GERMANA TÂNGER
GERMANA TÂNGER, JOÃO GROSSO

17 JULHO - 22h00 NOITE VERDI (NOITE EDP)
ORQUESTRA SINFÓNICA PORTUGUESA & CORO DO TNSC

Hoje há jantar popular e cinema fora da estrada no centro social do GAIA na Mouraria




JANTAR POPULAR - Ementa: Salada de Lentilhas com Pimentos
E CINEMA FORA DA ESTRADA - "The yes men fix the world!"
entrada livre

24 de junho de 2010 - QUINTA-FEIRA às 20h.
Local:CENTRO SOCIAL DO GAIA NA MOURARIA
Tv da Nazaré, 21, 2º - M: Martim Moniz

Esta quinta-feira, o GAFFE junta-se ao jantar popular do GAIA e mostra um filme!
Vem juntar-te a mais um “Cinema Fora da Estrada”!

Os “Yes Men”, Andy e Mike, passam o tempo a disfarçar-se de executivos, a criar websites e nomes falsos e a infiltrar-se em todo o tipo de eventos para desmascarar e expor ao ridículo as grandes empresas e os responsáveis por crimes contra o planeta. Com estes embustes recheados de humor, denunciam os poderosos e as tragédias que eles provocam em nome do dinheiro.

O documentário (que ganhou o prémio do público no Festival de Berlim 2009) é um óptimo pretexto para dois dedos de conversa, no fim do filme, sobre activismo e humor, acção directa e criatividade, e o que mais nos apeteça.

Até lá!
Grupo A Formiga Fora da Estrada
(trailer do filme:
http://theyesmen.org/movies )

Mais informação:
http://blogdogaffe.blogspot.com/



O que é o Jantar Popular?

- Um Jantar comunitário vegano e livre de transgénicos que se realiza todas as Quintas-feiras no Grupo Desportivo da Mouraria

- Uma iniciativa inteiramente auto-gerida por voluntários do Centro Social do Jantar. Para colaborar, cozinhar, montar a sala basta aparecer a uma Quinta-feira a partir das 16h30.

- Um projecto autónomo e auto-sustentável. As receitas do Jantar Popular representam o fundo de maneio do Centro Social do GAIA que mantém assim a sua autonomia.

- Um jantar onde ninguém fica sem comer por não ter moedas e onde quem ajuda não paga. O preço normal são 3 euros.

- Um exemplo de consumo responsável, com ingredientes que respeitam o ambiente, a economia local e os animais.

- Uma oportunidade para criar redes, trocar conhecimentos e pensar criticamente.

23.6.10

O advogado e a advocacia popular como prática contra-hegemónica do Direito (comunicação no CES em Coimbra, dia 28/6)


Advocacia Popular: práticas no uso contra-hegemônico do direito

Por Flávia Carlet, Universidade de Brasília

28 de Junho de 2010, 17:00, Sala de Seminários do CES, Coimbra

Entrada livre - Atribuição de certificado de participação


http://www.ces.uc.pt/eventos/evento237.php

Apresentação
A atividade consistirá na apresentação e discussão do projeto de investigação sobre os advogados populares no Brasil atuantes na defesa dos movimentos sociais de luta pela terra. A partir de suas percepções e vivências busca-se analisar os elementos caracterizadores desta pratica jurídica e suas especificidades, bem como compreender em que medida a advocacia popular tem contribuído para o uso contra-hegemônico do direito.


Nota biográfica
Mestranda em Direito pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade de Brasília - enfoque na linha de pesquisa “O Direito Achado na Rua”. Integrante da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (RENAP).


RENAP - Rede nacional de Advogados e Advogadas Populares


A RENAP é uma rede descentralizada, autônoma, organizada em nível nacional ( no Brasil) que congrega advogados e advogadas engajados ou próximos às causas dos movimentos sociais. Eles atuam de forma horizontal, sem hierarquia entre seus participantes, não havendo distinção de raça, sexo e religião, com o objetivo de prestar assessoria jurídica aos movimentos sociais, especialmente àqueles vinculados as questões de terra.

Os membros da RENAP não aceitam o sistema capitalista como modelo econômico opressor, nem o liberalismo burguês exacerbado como sistema sócio-político. Combatem as injustiças sociais sofridas por grande parte da população e lutam pela democracia, entendida como a concretização das liberdades individuais e materialização da igualdade de oportunidades

A advocacia popular está voltada, portanto, para os segmentos subalternizados e enfatiza a transformação social a partir de uma atuação profissional que humaniza o indivíduo, politiza a demanda jurídica e cria estratégias de luta e resistência, encorajando a organização coletiva

Sobre a figura do advogado popular a socióloga Mandach refere:«Ao mesmo tempo em que é um profissional e um opositor do sistema político vigente no exercício de sua atividade, ele atua dentro do sistema judiciário, conhecendo as regras do jogo e a utilização do ordenamento jurídico e suas práticas informais.

O advogado popular deve priorizar a defesa dos direitos e deveres coletivos, enfatizando os direitos e garantias fundamentais sustentados na Constituição Federal. Ao mesmo tempo em que se empenham na auto-aplicação de direitos garantidos pela Constituição, os advogados populares também recorrem aos Códigos Legalistas, ressalvando que o direito não tem seu fim exclusivamente na lei, se utilizando também das diversas relações humanas existentes na sociedade. Portanto, à medida que o advogado popular se apropria da linguagem do poder, atuando no campo jurídico e compartilhando valores de justiça social com grupos sociais marginalizados, fazendo valer direitos fundamentais, individuais e coletivos e conquistando agentes do sistema judiciário para aplicar estes direitos, se torna um importante mediador entre diferentes realidades e lógicas .

A RENAP congrega, hoje, centenas de profissionais da advocacia que atuam em todo o Brasil. A maioria deles está ligada aos movimentos de luta pela terra, embora existam também aqueles que atuam em movimento indígena, de mulheres, de proteção e defesa da criança e do adolescente, movimento de sem-teto, movimento sindical, etc. Os advogados populares ligados à RENAP são os que melhor representam o ideal “justiceiro” de advogados que atuam como intelectuais orgânicos da transformação social.

Esta rede não tem personalidade jurídica, possui coordenação informal e é constituída por
articuladores espalhados pela maioria das regiões do país, reunindo, anualmente, a maioria dos seus profissionais. A denominação Rede foi inspirada no fato de que os profissionais do Direito que a integram sentiam a necessidade de uma instrumentação ágil, como a do computador, para que, em tempo real, como é sempre o das demandas que solicitam os seus serviços, pudessem trocar entre si informações sobre os problemas que estivessem enfrentando, no sentido de melhor promoverem e assegurarem os direitos e interesses daqueles que procuram seus serviços

A Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (RENAP) apresenta-se como um importante mecanismo na construção de estratégias para a efetivação dos direitos humanos e sociais, atuando na proteção dos direitos civis e políticos, principalmente quando da sua violação resultarem profundas injustiças sociais.

Fonte da informação:
www.nepe.ufsc.br/controle/artigos/artigo78.pdf

20.6.10

Ecotopia Biketour 2010 começa no próximo dia 26 de Junho sob o lema da Justiça Climática





http://www.ecotopiabiketour.net/

O que é o Ecotopia Biketour?
É uma eco-comunidade móvel que se desloca em prol da sensibilização e defesa do ambiente. Este ano o lema é a justiça climática. Para saber mais:
http://www.ecotopiabiketour.net/about

Rota do Ecotopia Biketour de 2010:
A rota começará no northern Yorkshire, England ( a 26 Junho), atravessará o país de Gales para, depois, chegar ao continente europeu por via marítima, prosseguindo por França, Bélgica, Holenda até chegar ao destino, Colónia, na Alemanha, num total de 1500 Km ao longo de dois meses.


Para ver as datas e inciaitivas ao longo do percurso, consultar:
Junta-te a nós este verão: Vamos pedalar pela Justiça Climática!

Não estamos preocupados com as nuvens de cinza de vulcão se meterem no nosso caminho: vamos pedalar de North Yorkshire (Reino Unido), via Oxford, Bristol, Caen, Le Havre, Calais, Ostende e Bruxelas até Cologne (Alemanha). O percurso, de 1800km, irá seguir mobilizações pela Justiça Climática e demorará mais de 2 meses: de 26de Junho a 31 de Agosto de 2010.
Se te queres juntar a (uma parte) da biketour, estás convidado!
Preenche o formulário de registo aqui!

A Ecotopia Biketour não é apenas uma viajem a pedal por panoramas pitorescos, é também preenchida por acções e campanhas por mais justiça ambiental e social!

Vamos participar em campanhas em vários dos locais que passarmos: apoiar comunidades na linha da frente da reivindicação de terras contra industrias poluidoras; acabar com os mitos sobre a energia nuclear; participar em acções directas contra as industrias de carvão e petróleo; assinalar alternativas às expansões de auto-estradas; apoiar a transição para cidades livres de carros; ao mesmo tempo organizando nós mesmos a forma como queremos que problemas globais sejam resolvidos. Cada semana poderá haver workshops, discussões e (sem duvida) diversão e jogos.

As duas paragens mais longas serão no Climate Camp Francês em Julho e no Climate Camp Alemão em Agosto. Por todo o caminho espera conhecer, visitar e aprender das comunidades locais que agarram o desenvolvimento sustentável pelas suas próprias mãos: feito em casa, produção local, permacultura, energias renovaveis, reciclagem, preservação de reservas naturais... E vai haver muito mais: a Ecotopia Biketour é o que fizermos dela.

Junta-te a nós se:
A)consegues pedalar pedalar uma media de 50 km por dia (provavelmente com alguns dias a chover!)
B)Justiça social e ambiental interessam-te
C)e queres fazer parte de um grupo onde se usa o consenso como processo de decisão e
queres ajudar nas tarefas diárias tais como preparar refeições, limpar e arrumar os locais de descanso e puxar os atrelados.


Para participares tens de ler tudo sobre a Biketour no nosso website e preenche o formulário de registo logo que possas:
http://www.ecotopiabiketour.net/join-us/registration
Depois: descobre se precisas de um visa para algum dos países em que passamos: Reino Unido [uma zona de visa] e França, Bélgica, Holanda e Alemanha [zona de visa "Shengen"]. Contacta-nos, para sabermos como te podemos ajudar a pedir o teu visa.

Se usas o facebook, podes juntar-te ao evento aqui e à nossa página no facebook aqui... seguir-nos no Twitter é também possível!

Cada pessoa paga uma cota diária de 4 a 8 euros por dia (aqueles com uma situação económica melhor talvez um bocado mais do que aqueles com menos dinheiro). Esta cota deve ajudar a cobrir tudo - esforço para organização, vários eventos, acções, workshops, três refeições vegetarianas por dia e um sitio para montar a tenda.

Se te juntares ao inicio: vamo-nos encontrar na manhã de 25 de Junho em Londres.
À tarde podemo-nos juntar à Massa Critica Londrina.

O inicio a pedal da Biketour 2010 será em North Yorkshire na tarde de 26 de Junho, a localização exacta será anunciada em breve (quando encontrarmos um local apropriado para acampar dia 26 à volta de 100km a norte de York).

Podes também juntar-te a nós em qualquer outro ponto da nossa rota - mas por favor avisa-nos com antecedência onde e quando podemos esperar encontrar-te. O nosso itinerário está a ficar mais estável a cada dia que passa.

Há bastantes dicas e conselhos que podiamos dar para te preparares para a biketour, mas para manter este convite com um tamanho decente, é melhor tu entrares e pesquisares no nosso website e wiki para ver toda a informação que já está por lá.

Se tens alguma questão, pergunta!
Esperamos ver-te em breve!


Kaos no jardim é o tema deste ano do festival internacional de jardins de Ponte de Lima (28 de Maio a 31 de Outubro)

“O caos é impensável, já que a mistura é uma ordem e não há para o espírito do homem, ou no espírito do homem, nada que não seja relação. O que acontece é que chamamos desordem à ordem que nos não agrada, ao conjunto de relações em que não entendemos ou não aceitamos a relação connosco”. Agostinho da Silva



O Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima exibe, na edição de 2010, onze projectos subordinados ao tema “Kaos no Jardim”, tendo recebido 77 propostas provenientes de 15 países. A selecção final recaiu em projectos oriundos de Portugal (2), Áustria, Brasil, Espanha (2), França, Holanda, Irlanda, Itália e Sérvia.

O tema arrojado convida à concepção vanguardista dos 11 jardins seleccionados que formam um conjunto inovador que irá contribuir para novas percepções e entendimentos no que concerne às muitas formas de intervir nos espaços.

O certame já atingiu um nível de qualidade superior e que, para além do vanguardismo citado, apresenta um alto grau de criatividade e abordagens artísticas e conceptuais da mais elevada escala, como atestam os títulos das intervenções: Blank Garden (Portugal), Dark Rift / Fenda Escura (França), The Garden of Global Warning / O Jardim do Aviso Global (Irlanda), At The Beginning There Was... / E no princípio houve... (Áustria), El Kaos del Universo / O Kaos do Universo (Espanha), Kaleidoscope Garden / Jardim Caleidoscópio (China), EarthQuake / Terramoto (Espanha), The Butterfly Experience / A Experiência Borboleta (Holanda), O Jardim das Incertezas (Brasil), So That Tomorrow Might Be Not Looking Like Today / Para Que Amanhã Possa Não Parecer Hoje (Itália), Butterfly Effect / Efeito Borboleta (Sérvia) e Kaos Suspenso (Portugal).

http://www.festivaldejardins.cm-pontedelima.pt/


Os três labirintos que se inserem na zona do Festival procuram acrescentar um pouco mais de simbolismo a todos estes jardins, ao mesmo tempo que estimulam a criatividade.
As três formas diferentes dos labirintos têm cargas imaginativas distintas.

Labirinto do Conhecimento

Trata-se do primeiro labirinto com que o visitante se depara e que, ao percorrê-lo, terá a surpresa de poder visualizar o conjunto dos jardins a partir da torre mirante - e a partir daqui ter o conhecimento que lhe permite decifrar os enigmas destes espaços.

Labirinto da Sabedoria

O labirinto da sabedoria acumulada após a visita aos doze jardins. A descoberta deste caminho será também a descoberta da felicidade? Ou da angústia da realidade que construímos à nossa volta?
Serão os labirintos desenhos? Criações infantis? Estarão no nosso imaginário infantil como locais a desvendar, onde podemos vaguear e descobrir um rumo? Serão os labirintos flores desenhadas por crianças?

Pede-se a uma criança: Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase que não resistiu.
Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era de mais.
Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: Uma flor!
As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor!
Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor; e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!

José de Almada Negreiros
A Invenção do Dia Claro - A Flor


Labirinto de Ariadne

O labirinto de Ariadne remete-nos para a mitologia Grega e para a lenda do minotauro, ou seja, para a história mitológica. É fundamental conhecer o passado para sabermos construir o nosso futuro de forma mais equilibrada e socialmente justa. Falta-nos muitas vezes este fio de Ariadne para conseguirmos ganhar as lutas do nosso quotidiano.
As roseiras deste labirinto tem os espinhos como carga simbólica principal.

Quando Teseu chegou a Creta para lutar com o Minotauro, Ariadne, filha de Minos e de Pasífae, viu-o e sentiu por ele um violento amor. Para lhe permitir descobrir o caminho no labirinto, onde se encontrava o Minotauro, deu-lhe um novelo de fio, que ele desenrolou, e que lhe indicou o cal7Jinho de regresso. Depois, fugiu com Teseu, para escapar à cólera de Minos. Contudo, não chegou a Atenas. Tendo feito escala na ilha de Naxos, Teseu abandonou-a, adormecida,ao mar. As explicações que se dão desta traição variam segundo os autores; Ou terá sido porque Teseu amava outra mulher que ele abandonou deste modo Ariadne ou, então, terá sido por ordem dos deuses, pois os destinos não lhe concediam que a desposasse. Mas Ariadne, quando acordou de manhã e avistou, desaparecendo ao longe, as velas da embarcação do seu amante, não se abandonou por muito tempo à dor. Logo de seguida, chegaram Dionísio e o seu séquito. Fascinado pela beleza da Jovem, o deus desposou-a e levou-a para o Olimpo. Como presente de núpcias deu-lhe um diadema de ouro, obra de Hefesto... Este diadema tornou-se depois uma constelação.

Pierre Grimal
Dicionário da Mitologia Grega e Latina.

2ª Okupação do coreto do Jardim da Estrela (26 e 27 de Junho)



2ª OKUPAÇÂO DO CORETO DO JARDIM DA ESTRELA
Sábado, 26 de Junho de 2010 desde as 15:00 até Domingo, 27 de Junho de 2010 às 23:00
Local: Jardim da Estrela em Lisboa


Música, convívio, e muito mais...num ambiente informal e descontraído

Seminário sobre O direito e as lutas pela terra no Brasil e no México (22 e 29 de Junho no CES em Coimbra)

Este ciclo temático no CES visa apresentar, a partir de investigações empíricas, o papel do direito e as dinâmicas das lutas agrárias e indígenas no Brasil e no México. O programa contempla dois seminários. O primeiro seminário procura dialogar sobre a possibilidade emancipatória do direito, com a participação de Boaventura Sousa Santos, Mariana Trotta Quintans, Fernanda Maria Vieira, Orlando Aragón Andrade e Maria Paula Meneses. No outro seminário, Angus Wright fala-nos sobre as diferentes formas de luta dos trabalhadores agrícolas face ao uso massivo de pesticidas que comprometem a sua saúde, ambiente e futuro económico. O ciclo destina-se a investigadores, estudantes e público em geral.

Programa

22 de Junho de 2010, 15:30, CES

Pode o direito ser emancipatório? Análises de continuidades e mudanças nas justiças criminal, agrária e indígena a partir de estudos do Brasil e do México
Procurando dialogar com a proposta de Boaventura de Sousa Santos, sobre as situações em que o direito pode jogar um papel emancipatório, este seminário apresenta os resultados de pesquisas empíricas em curso no Brasil e no México. As análises estarão centradas nas possibilidade do uso do direito como instrumento de emancipação social, para a promoção da cidadania e da participação.

Maria Paula G. Meneses, CES
Mariana Trotta Quintans (CES e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)
Fernanda Maria Vieira (CES e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)
Orlando Aragón Andrade (CES e Universidad Autónoma Metropolitana, Mexico)
Boaventura de Sousa Santos (CES)


Programa

15h30 – Apresentação - Maria Paula G. Meneses, CES

15h40 - Os conflitos de terra no judiciário na região norte do Brasil- Mariana Trotta Quintans (CES e CPDA/UFRRJ)

A América Latina é palco de fortes conflitos pela posse da terra. Para mediar estes conflitos, alguns países criaram estruturas específicas junto ao Poder Judiciário, como o Tribunal Agrário e os Juizados de Terras no Peru em 1969, o Tribunal Agrário na Venezuela em 1976, ou ainda os Juizados Agrários na Costa Rica, em 1982. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu no art.126 a criação de varas agrárias pelos Tribunais de Justiça para “dirimir conflitos agrários”. Diante desta previsão legal, a partir de 2001, o Tribunal de Justiça do Estado do Pará começou a aprovar a criação de varas agrárias em diferentes municípios do Estado. Atualmente, o Estado se divide em cinco regiões agrárias, possuindo cada uma destas sedes a sua vara agrária (municípios de Altamira, Redenção, Marabá, Santarém e Castanhal). A primeira vara agrária foi instalada em 2002, na região sudeste paraense, na cidade de Marabá. A pesquisa de doutorado investiga a relação do poder judiciário e dos conflitos de terra no Brasil através do estudo destas vara especializada no sudeste paraense. Na pesquisa procura-se estudar como se dá a mediação dos conflitos coletivos pela posse da terra nesta nova esfera do judiciário, atráves de entrevistas com os atores sociais envolvidos nos conflitos de terra, da análise dos processos judiciais relativos a estes casos e da observação do funcionamento da vara agrária (com a participação em audiência). Esta apresentação dá conta dos resultados parciais desta investigação e os acúmulos teóricos e metodológicos apreendidos no estágio doutoral junto ao CES.

16h10 - O Sistema Judicial e a Criminalização da Luta pela Terra - Fernanda Maria Vieira (CES e CPDA/UFRRJ)

Em 2007, a partir de um dossiê elaborado pelo Batalhão da Polícia Militar, que se propunha a investigar as ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST e seus vínculos com as FARC na região Norte do Rio Grande do Sul, uma série de ações jurídicas foram desenvolvidas. Estas ações apontam para um conflito que ultrapassa a disputa entre os proprietários da fazenda e o MST, contando com a atuação significativa dos Judiciários Estadual e Federal de Carazinho e do Ministério Público Estadual e Federal, onde se destacam a ação penal com base na Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7170/83) - lei esta do regime de exceção-, e Ações Civis Públicas para impedir desde o funcionamento das escolas itinerantes do MST até o impedimento da permanência de acampamentos nos acostamentos das estradas públicas. O resgate da história, bem como a análise do discurso jurídico que gestou a ação penal (nº ação nº 2007.71.18.000178-3) com base na Lei de Segurança Nacional, revelam não apenas uma trajetória judicial, mas o conflito entre dois movimentos antagônicos (MST X FARSUL) e a rede complexa de poder que vai se estruturando na disputa pelo território.
Esta pesquisa recuperou a trajetória de vida dos agentes judiciais que atuaram nesses processos. Pretendemos assim apresentar no seminário uma análise parcial da fala dos operadores a partir dos marcos teóricos apreendidos nos seminários realizados no CES.


16h40 – Discussão

17h00 – De los jueces de tenencia a los jueces comunales. Transformaciones en el campo jurídico de las justicias indígenas en Michoacán, México - Orlando Aragón Andrade (CES e Universidad Autónoma Metropolitana, Mexico)

El proceso de oficialización de las justicias indígenas en México comenzó a partir de 1992, cuando por primera vez la constitución mexicana reconoció explícitamente la existencia de los pueblos indígenas. A partir de ese momento se desencadenaron una serie de reformas legales en los Estados de la República que tuvieron como finalidad materializar los nuevos derechos de los pueblos indígenas, entre ellos él de aplicar “su propia justica”. La forma en que la inmensa mayoría de las entidades federativas procesaron tal reconocimiento fue a través de la creación de juzgados incorporados y dependientes (tanto administrativa, como jurisdiccionalmente) de los distintos poderes judiciales y de la producción de marcos legales para la regulación de dichos juzgados y de la justicia que en ellos se aplica. Esta transformación ocurrió en Michoacán en 2007 con el establecimiento de los juzgados comunales y la desaparición de los juzgados de tenencia que hasta ese momento funcionaban, de facto, como la instancia de justicia indígena en la entidad, aunque no tuvieran reconocido legalmente el carácter de “indígena”. En este trabajo evalúo este proceso de mudanza y las implicaciones que tiene para la reconfiguración del campo de las justicias indígenas en Michoacán, México.

17h30 – Discussão

18h00 – Comentários Finais – Boaventura de Sousa Santos (CES)





29 de Junho de 2010, 15:00, CES
Seminário do Núcleo de Estudos do Trabalho e Sindicalismo
Sindicalismo, movimentos sociais e meio ambiente no Brasil e no México

Angus Wright, Universidade Estadual de Califórnia

Os trabalhadores e pequenos produtores agrícolas enfrentam graves problemas relacionados com o uso de tecnologias que afectam a saúde e a das suas famílias. Estas tecnologias, tais como o uso indiscriminado de pesticidas, são danosas à própria terra e consequentemente comprometem o futuro económico das comunidades que vivem dela. O desempenho do sindicalismo para enfrentar este desafio tem sido fraco. Para melhorar a situação, o sindicalismo rural no Brasil e no México, como em muitos outros países, tem que examinar suas próprias raízes ideológicas, a relação com o Estado, as alianças políticas, assim como a atitude em relação à tecnologia e identificar formas alternativas de luta. Entre os dois países obviamente existem semelhanças mas também diferenças significativas. Nesta conferência, serão enfatizados sobretudo os traços comuns. Apresenta-se também uma comparação entre o modo de actuação, as visões e as tácticas dos sindicatos rurais e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra no Brasil. Este movimento oferece uma experiência alternativa em todos os aspectos mencionados, apesar de não ser um sindicato.


Nota Biográfica
Angus Wright é historiador e Professor Emérito de Estudos sobre o Meio Ambiente da Universidade Estadual de California, Sacramento. É autor de The Death of Ramon Gonzalez: The Modern Agricultural Dilemma (2005 2nd ed., University of Texas Press), co-autor, com Wendy Wolford, de To Inherit the Earth: The Landless Movement in the Struggle for a New Brazil (2003, Food First! Books) e, com Ivette Perfecto and John Vandermeer, de Nature’s Matrix: Connecting Conservation, Agriculture, and Food Sovereignty (2009, Earthscan). Como historiador e cidadão, trabalha questões que interligam o meio ambiente, a reforma agrária, os trabalhadores agrícolas, e os movimentos sociais no campo.