31.10.07

A História do Anarquismo, por Jean Préposiet, traduzida e editada agora em português (leitura recomendada)

Jean Préposiet é um historiador da filosofia e um estudioso do pensamento de Spinoza que se interessou pelo anarquismo e neste seu livro traça um panorama muito completo do movimento anarquista desde os seus primórdios aos dias de hoje. Adoptando uma perspectiva em que privilegia os momentos mais decisivos em que o anarquismo despontou e a anarquia se revela como o fermento da história, um fermento revolucionário imprescindível, o autor mostra toda a natureza expansiva do anarquismo que supera muito a simples dimensão do político, e se tornou o oposto da lógica da luta pela conquista do poder.


Marginalizado e duramente condenado ao longo do século XIX, lançado para a sombra pelo bolchevismo vitorioso na Revolução Russa, e derrotado na Revolução espanhola, o anarquismo é e continua a ser, não obstante tudo isso, um dos movimentos mais importantes na história do pensamento político contemporâneo. Algo que a história e a luta pela liberdade não podem desconhecer, sobretudo se entendermos o conceito de liberdade como a irredutível aspiração humana de libertação dos indivíduos, e de uma mundo e uma sociedade sem opressão.

A partir da análise das filosofias e correntes de pensamento que estão na origem do espírito libertário, Jean Préposiet apresenta-nos um quadro histórico completo dos anarquismos no Ocidente. Começa por traçar o percurso político e doutrinário dos pais fundadores – Proudhon, Stirner, Bakunine ou Malatesta –, analisa o papel desempenhado pelos anarquistas durante a Revolução Russa ou na guerra de Espanha, recorda aquilo que foram os atentados anarquistas em França na Belle-Èpoque, antes de explorar os avatares e as franjas da galáxia libertária: antimilitarismo e pacifismo, niilismo e terrorismo, anarco-sindicalismo, situacionismo, ecologia, antiglobalismo, etc., propostas que continuam a mover as nossas sociedades e que colocam a eterna questão da liberdade dos homens.

O livro está dividido em 5 partes: I – Fundamentos do anarquismo, II - Nascimento e evolução do anarquismo, III - Gandes teóricos do anarquismo, IV – à margem da anarquia, V – Violência e anarquia.
Os três primeiros capítulos tratam dos princípios gerais do anarquismo, enquanto nas outras partes restantes o autor refere-se em especial a Max Stirner e Proudhon, o que é tanto mais oportuno quanto as obras destas duas figuras são mal conhecidas, já para não referir quanto as suas ideias têm sido deturpadas e vilipendiadas por quem não as conhece minimamente.



Jean Préposiet analisa nas quatrocentas páginas do seu livro o legado anarquista com perspicácia e não menos pertinência, mostrando a variedade e heterogeneidade do anarquismo. Tratando-se de uma história geral do anarquismo não são obvimante dissecados certos pormenores, mas também não era esse o seu propósito.

Nem de propósito Préposiet acaba o seu livro livro com estas palavras premonitórias à laia de alerta geral:

«Enquanto houver anarquistas…»


Na net também está disponível em português o Capítulo I da obra.

História do anarquismo, por Jean Préposiet, edições 70






«Toda a gente tem uma reserva e um fundo libertários»

Por ocasião da apresentação e debate do livro de Jean Préposiet « Histoire du anarchisme», num café perto da Livraria libertária de Paris, na Rue Amelot, escutaram-se palavras inabituais nos dias que correm, da boca daquele autor:

«A força do anarquismo é estimular»,

«Não creio no advento de uma sociedade anarquista mas o anarquismo é extremamente precioso porque é o testemunho da liberdade. Ele faz parte da humanidade, do seu património»,

«…alguns praticam o anarquismo sem o saber, tal como o Senhor Jourdain escrevia literatura sem o saber»,

« O anarquismo é o único movimento que está todo virado para o prazer, a felicidade e a liberdade. Nenhum outro movimento ou partido valoriza tanto a felicidade, pois todos os outros contêm um lado repressivo»,

«O anarquista tem um grande handicap: é que ele é sincero, ao passo que a política é o reino das mentiras e negociatas»,

«Toda a gente tem em si uma reserva libertária, que é abafado pela coerção social. Ser libertário é fazer frutificá-la»





Minha mãe, minha utopia
A filha da anarquia
Não é senão a vida
E pelo seu amor a ela, nós dizemos:
Vivei sem vos submeter
Vivei sem deus e sem senhor!

Maloya, a música de dança dos escravos da ilha Réunion

Réunion ou Reunião é um departamento francês no Oceano Índico, localizado a leste de Madagáscar. A ilha principal é uma das duas maiores Ilhas Mascarenhas, sendo o seu vizinho mais próximo a outra: a Maurícia. Reunião tem, no entanto, várias dependências, espalhadas em torno de Madagáscar, no Índico e no Canal de Moçambique. Capital: Saint-Denis.

Surgida no século XVII a Maloya era a música de dança dos escravos das plantações, tendo-se tornado actualmente numa música por excelência da ilha da Réunion


HISTÓRIA DA MÚSICA MALOYA ( 3 videos)


Parte 1




Parte 2




Parte 3





Figuras principais da música Maloya


Alain Peters – Parabolèr

Homenagem a Alain Peters no festival Sakifo na ilha Réunion, protagonizado pelos músicos discípulos do poeta : Danyel Waro, Loy Ehrlich, René Lacaille, Joël Gonthier, Tikok Vellaye !!!

"Moin pa in bo parolèr, moin jus' in parabolèr" Alain Peters.













Ziskakan

Banida durante muito tempo por ser o veículo de denúncia da opressão colonialista, a música Maloya ganhou entretanto visibilidade graças a Gilbert Pounia e ao seu grupo Ziskakan, testa de ferro da cultura creola.







Alkatraz (pou Kaya)






Paisagens da ilha Réunion com música de Ziskakan









Kiltir – grupo de música maloya, que é uma tradição nas ilha Réunion


Kiltir - Destin Maloya









Christine Salem

(Extrait du concert de Salem Tradition à l'Espace Renaudie à Aubervilliers (le dimanche 29 octobre 2006) dans le cadre du festival Villes des Musiques du Monde.)








Michel Admette no Maloya Festival

(Deux morceaux en live par Tapok: "Manapany" de Luc Donat et "Séga Bip Bip" de Michel Admette! Roulé séga! Filmé live au Ô Maloya Festival, le 7 juillet 2007, à Saint-Bernard, La Montagne)








Danyel Waro



Bibizako - Danyel Waro et Baster

«Anarquia nos Estados Unidos? Ajudaria muito o país…», afirma o realizador Lech Kowalski

Excerto do texto de entrevista de Lech Kowalski concedida ao Jornal de Notícias:

Nasceu em Londres, em 1950, de origem polaca, mas a família instalou-se em Nova Iorque, quando tinha 14 anos. Consta que começou por rodar filmes porno e esteve envolvido no movimento punk. "D.O.A.", o filme que o revelou, acompanhava de perto a digressão dos Sex Pistols pelos Estados Unidos e tem imagens nunca vistas e inacreditáveis de Sid Vicious e Nancy Spungen. Alvo de uma retrospectiva no Doc Lisboa, este nome de referência do documentarismo contemporâneo foi ainda responsável por uma masterclass.

A primeira parte da obra de Lech Kowalskifoi dedicada ao movimento punk, que então vivia o seu período áureo, fazendo a ponte de Inglaterra para os Estados Unidos. O mundo da música esteve sempre debaixo da sua objectiva. Mas os temas que aborda são cada vez mais abrangentes.


Jornalista - Anarquia nos Estados Unidos, é uma boa frase para colocar numa bandeira?

Lech Kowalski - É mesmo boa. Ajudaria muito o país. A verdadeira anarquia, não a que se vive hoje.


Para ler o resto:
aqui


Para saber mais:
http://www.extinkt.com/

História do sindicalismo de acção directa em video: « Et pourtant ils existent»

«Et pourtant ils existent»(2007) é o título de um documentário realizado por Michel Mathurin sobre a história do sindicalismo de acção directa em França e que se distingue dos chamados sindicatos ditos «representativos» tal como do sindicalismo que seja tutelado por um partido ou por outra qualquer forma de tutela. O sindicalismo revolucionário atravessa todo o historial do anarco-sindicalismo.

Parte 1





Parte 2







Parte 3





Parte 4

Portugal vai ultrapassar as metas de Quioto quanto às emissões de gases com efeito de estufa

As emissões de gases com efeito de estufa em Portugal vão ultrapassar entre oito e 14 por cento a meta nacional estabelecida no Protocolo de Quioto para 2008-2012, segundo as estimativas do projecto MISP apresentadas em Lisboa.
Esta é uma das conclusões do projecto Estratégias de Mitigação das Alterações Climáticas (MISP, na sigla em inglês), que projecta as trajectórias da procura e do consumo de energia e das emissões de gases com efeito de estufa em Portugal até 2070. As conclusões são baseadas nos quatro panoramas mundiais projectados este ano pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) da ONU e aplicam-se, entre outros, aos edifícios residenciais e de serviços, transportes, indústria, agricultura, pecuária, resíduos, centrais termoeléctricas a combustíveis fósseis, centrais nucleares e energias renováveis.

De acordo com as estimativas hoje apresentadas, Portugal vai emitir até 2012 entre 4,8 a 8,5 mega toneladas de dióxido de carbono (Co2), ou seja, entre 35 e 41 por cento mais do que as emissões em 1990 (ano de referência para o cumprimento deste acordo), ultrapassando assim a meta de 27 por cento estabelecida pelo Protocolo de Quioto para 2008-2012.

Quioto impõe à União Europeia (UE) uma redução das emissões em oito por cento em relação a 1990. Para Portugal, no entanto, é permitido um aumento de 27 por cento devido a um acordo de partilha de responsabilidades.

Porém, falando na apresentação do MISP, Ricardo Aguiar, co-autor do estudo e investigador do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação, lembrou que estas previsões “excluem as florestas, o uso do solo e suas alterações [FAUS], que poderão reduzir este excesso para algo entre três e cinco mega toneladas de C02”. O vice-presidente da Quercus, Francisco Ferreira, disse que estas estimativas mostram que o Programa Nacional para as Alterações Climáticas de 2006 é “demasiado optimista em relação às previsões de curto e médio prazo [2008-2102]” e que é “urgente pôr em prática mais mecanismos do Protocolo de Quioto”.

“As previsões do MISP apontam para que a meta nacional de Quioto 2008-2012 seja ultrapassada. Isto quer dizer que nos vai sair mais caro, uma vez que o Fundo de Carbono terá de ir além dos 350 milhões de euros decididos pelo Governo”, frisou.

No entanto, o estudo também indica que Portugal vai deixar de aumentar as suas emissões de gases com efeito de estufa por volta de 2010, passando a partir daí a uma fase de redução até 2070, que será mais significativa até 2050. “Todos os cenários mostram que por volta de 2010 vamos inflectir e reduzir as emissões e isto mantém-se até 2050.

Nos vinte anos seguintes o ritmo de redução vai ser mais brando”, explicou Ricardo Aguiar. De acordo com o especialista, essa redução de emissões vai acontecer naturalmente devido “à maturidade do desenvolvimento das infra-estruturas, ao parque automóvel [em estagnação e mais preocupado com o ambiente], à redução da população portuguesa e aos fluxos entre zonas rurais e cidades, que estão prestes a terminar”.

Os dados mais recentes indicam que em 2005 as emissões de gases com efeito de estufa estavam 18 por cento acima das metas impostas pelo protocolo de Quioto e 45 por cento acima dos níveis emitidos em 1990. As estimativas do MIPS prevêem ainda que as emissões em Portugal caiam “na ordem de um por cento por ano até 2050”, o que significa que em 2020 o excesso relativamente a 1990 “andaria entre 19 por cento e 31 por cento”.

Encontros com poetas do Porto na Fundação Eugénio de Andrade

A partir do próximo dia 3 de Novembro, realizar-se-á, aos sábados, no auditório da Fundação Eugénio de Andrade (Rua do Passeio Alegre, 584 - Porto), um encontro com um Poeta do Porto, no qual se fará uma apresentação do poeta, um debate, e leitura de poemas.

As sessões realizam-se às 18h30 e a entrada é livre.

Assim, em Novembro, a Fundação recebe

Manuel António Pina (dia 3),

João Luís Barreto Guimarães (dia 10),

Fernando Guimarães (dia 17),

Jorge de Sousa Braga (dia 24).


Já em Dezembro, será a vez de

Fernando Echevarría (dia 1),

Ana Luísa Amaral (dia 8),

Albano Martins (dia 15).



“Já por mais de uma vez ouvimos falar dos “poetas do Porto” como se eles fossem necessariamente “provincianos”, ou como se não pertencessem à mesma espécie dos poetas da capital. Mas no Porto ou nos seus arredores nasceram ou viveram - ou vivem - poetas nacionais, mesmo quando falem dos costumes ou das paisagens portuenses, o que aliás ninguém lhes exige. Baste que eles falem da vida humana, e que honrem uma longa tradição que, se não começa com trovadores, começa com Diogo Brandão, e é prolongada por Tomás Pinto Brandão, Tomás António Gonzaga, Garrett, Faustino Xavier de Novais, António Nobre, António Patrício, Augusto Gil, Teixeira de Pascoais, José Gomes Ferreira, José Régio, Adolfo Casais Monteiro, Pedro Homem de Melo, Jorge de Sena, Sophia Andresen, Eugénio de Andrade, entre muitos outros já falecidos. Este primeiro ciclo de “encontros com poetas do Porto” e os seguintes (que podem até incluir poetas que há muito residem longe do Porto, como Fernanda Botelho, Ana Hatherly, Alberto Pimenta, Vasco Graça Moura...), provam que o Porto não é de modo nenhum a “terra poeticida” execrada por outro poeta portuense, Guilherme Braga, e, modestamente, querem contribuir para que não caia sobre os poetas do Porto o silêncio repugante com que geralmente os distinguem os “grandes” meios de comunicação lisboetas e até alguns meios de comunicação nortenhos, para os quais os poetas da casa não fazem os milagres da palavra viva.”
Arnaldo Saraiva

30.10.07

Pobreza: a causa do mal e as lutas analgésicas

Texto de José Mário Branco

retirado de:

Com grande destaque nas televisões e jornais, realizaram-se em 17 de Outubro diversas acções, em Portugal e no resto do mundo, no âmbito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza promovido pelas Nações Unidas. Em Portugal, a Campanha Pobreza Zero – apoiada por organizações como a Amnistia Internacional, Médicos do Mundo, Oikos e Quercus – mobiliza dezenas de milhares de portugueses em acções diversas de protesto e sensibilização, em escolas, bairros, empresas e na via pública.
O manifesto da Campanha (www.pobrezazero.org) declara que “a persistência da pobreza e da desigualdade no mundo de hoje não tem justificação. Apesar dos esforços realizados durante décadas, a desigualdade entre ricos e pobres continua a aumentar. Hoje, mais de 3 mil milhões de pessoas carecem de uma vida digna por causa da pobreza. Fome, sida, analfabetismo, discriminação de mulheres e meninas, destruição da natureza, acesso desigual à tecnologia, deslocação maciça de pessoas devido aos conflitos, migrações provocadas pela falta de equidade na distribuição da riqueza a nível internacional… São as diferentes facetas do mesmo problema: a situação de injustiça que afecta a maioria da população mundial”.

As iniciativas humanitárias do género “Pobreza Zero” decorrem de uma generosidade genuína de muita gente, mas, além destas iniciativas que chamam a atenção para problemas humanos graves e pungentes, é preciso mobilizar consciências para a erradicação da sua verdadeira causa. Não basta lutar para aplacar as dores da humanidade, é preciso curar a doença que as provoca. Denunciar os abusos e fazer exortações aos poderosos para minorarem as injustiças, é como receitar só analgésicos. Ai de nós se os médicos trabalhassem assim!

A miséria e a pobreza não são “exageros” nem “erros” nem “distracções” da sociedade em que vivemos. São a consequência natural e lógica de um sistema que assenta na busca do lucro, na concorrência impiedosa, na desumanização da vida. E, para isto, a alternativa definitiva é mudar pela base o sistema de produção e distribuição da riqueza.

Decorre na Galiza o simpósio internacional sob o título «Pobre Mundo Rico»


«A pobreza é a pior forma de contaminação»

Está a decorrer em várias cidades da Galiza um ciclo de colóquios e debates subordinados ao tema «Pobre Mundo Rico». Trata-se de uma iniciativa com carácter interventivo dirigida à comunidade internacional de fala hispana e lusófona.


Programação
(consultar para mais info:
www.pobremundorico.org/blog/?page_id=2/lang-pref/gl/)

OCTUBRE

Día 2 Vigo
19:00 CONFERENCIA INAUGURAL
19:30 Conferencia CARMELO GARCÍA, director de IEPALA (Instituto de Estudios Políticos para América Latina y África). “Países pobres: nacen o se hacen?”

Día 3 A Coruña
17:00 MESA: “Las ONGs en la lucha contra la pobreza”. BLANCA RGUEZ. (de Implicad@s no desenvolvemento), CARLOS SÁNCHEZ PARDO (Solidaridad Internacional) y JOSÉ MANUEL PÉREZ (Ayuda en Acción)
20:00 Conferencia: CARMELO GARCÍA, director de IEPALA (Instituto de Estudios Políticos para América Latina y África). “Países pobres: nacen o se hacen?”

Día 4 Santiago
17:00: Mesa: “La cooperación, cosa de mujeres?: MARÍA REIMÓNDEZ (Presidenta de Implicad@s no Desenvolvemento), XOSÉ Mª TORRES (Presidente de la Coordinadora Galega de ONGsD), DOLORES GALOVART (Vicedefensora del Pueblo en Galicia), y PAULA CIRUJANO (doctora en Sociología, especialista en Cooperación Internacional con perspectiva de género y políticas de igualdad)· 20:00: Conferencia ESTEBAN BELTRÁN (director en España de Amnistía Internacional): “La pobreza y la justicia”


Día 8 Vigo· 20:00: Conferencia: PIERRE SCHORI, director general de FRIDE (Fundación para las Relaciones Internacionales y el Diálogo Exterior) “”Misiones de Paz de la ONU. El ejemplo de Costa de Marfil”.


Día 9 Pontevedra
17:00: Mesa: “Huyendo de la pobreza… ¿a la desigualdad?”: LUIS NIETO (Omal), IBRAHIMA NIANG (Aida), BLANCA RUIZ (Red Acoge), EUGENIO CORRAL (Confederación de Empresarios de Galicia)
19:30: Conferencia: CARLOS GÓMEZ GIL, doctor en Sociología por la Universidad de Alicante y licenciado en CC. Políticas y Sociología por la UCM . “El debate sobre el papel de las ONG: límites y contradicciones”

Día 10 Ferrol 19:30: Mesa: “África y América Latina: potencialmente ricos, oficialmente pobres”. ERIKA GONZÁLEZ (Omal –Observatorio Multinacionales de América Latina); ARKAITZ LÓPEZ GORRITXO (Paz y Solidaridad, Euskadi), ALEJANDRO QUIÑOÁ (Asamblea de Cooperación Por la Paz, ACPP)

Día 11 Santiago
19:30: Conferencia: JOAQUÍN GARCÍA ROCA, director de CeiMigra (Centro de Estudios para la Integración Social y la formación de Inmigrantes)

DÍA 15 Santiago
17:00: CARLOS ESTÉVEZ, (periodista, director y realizador de cine y TV) director de la serie documental de tv “Voces contra la globalización. Otro mundo es posible), y PASCUAL SERRANO (de la página alternativa Rebelión.org), habla de la prensa digital alternativa.

Día 16 Vigo
17:00: Mesa: “Ver, oír y no callar”, con CARLOS ESTÉVEZ (periodista, director y realizador de cine y TV), MARGARITA LEDO (cineasta, escritora y profesora de Comunicación Audiovisual USC), MANUEL GARCÍA SERRANO (productor y director de cine)
19:30: Conferencia: FERNANDO SALGADO, secretario xeral de Comunicación da Xunta de Galicia: “Las cunetas de la globalización: ¿neoliberalismo sin fronteras?”

Día 17 Lugo· 19:30: Conferencia: ENRIQUE DE CASTRO (filósofo, teólogo –cura de Vallecas-) “La iglesia y la pobreza: ¿justicia?”·
20:15: Conferencia: “Pobreza y derechos humanos”: JOSÉ MANUEL PUREZA, Investigador del Centro de Estudios Sociales en Coimbra, donde coordina el Núcleo de Estudos para la Paz.

Día 18 Santiago
17:00: Mesa: “Los problemas de la sanidad en los países pobres. ¿Son Genéricos?”: MIGUEL JARA, periodista y escritor, autor del libro “Traficantes de salud”, FELIPE NOYA (Médicos del Mundo), XOSÉ Mª TORRES (Farmacéuticos Mundi), JULIÁN ZABALA PINO, director Comunicación de FARMAINDUSTRIA.
19:30: Conferencia: JESÚS MARÍA ALEMANY (Presidente de la Fundación “Seminario de Investigación para la Paz” de Zaragoza): “Nuevos conflictos y pobreza. Propuesta para una Agenda de Paz”.

Día 23 Pontevedra
17:00: Mesa: “Informar, alarmar, concienciar: a qué juegan los medios?”. BRU ROVIRA (Periodista, La Vanguardia), MANOEL SANTOS (director Suplemento Altermundo, de Galicia Hoxe), ALOIA ÁLVAREZ (Revista Pueblos), CARLOS MARTÍNEZ (de Rebelión.org).
19:30: Conferencia: CARLOS TAIBO. Profesor de Ciencia Política en la UAM. “La globalización capitalista: paraíso fiscal”

Día 24 Ourense
19:30: Conferencia: MARIANO AGUIRRE, (Codirector y Coordinador, Programas de Paz y Seguridad y de Derechos Humanos, FRIDE): “Crisis de Estado, pobreza y globalización”
20:15: Conferencia: ROBERT MATTHEWS (Investigador Asociado de FRIDE): “Conflictos, narcotráfico y pobreza en América Latina”.

Día 25 Santiago
17:00: Mesa: “Banca para ricos, Banca para pobres”. GUILLERMO BREA (Director Obra Social Caixanova), CARLOS BENDITO (director de Desarrollo de Negocios de Tríodos Bank), RAÚL ASEGURADO (Asociación de Interés Solidario “O Peto”), y FERNANDO LUCANO (director ejecutivo de Latin American Challenge Investmen Fun –LA-CIF- de Perú)
19:30: Conferencia: MARIANO AGUIRRE, (Codirector y Coordinador, Programas de Paz y Seguridad y de Derechos Humanos, FRIDE): “Crisis de Estado, pobreza y globalización”


Día 30 Vigo
17:00: Mesa: “La fuga da industria a los países subdesarrollados: ¿pan para hoy y hambre para mañana?”. XOSÉ MANUEL BEIRAS (catedrático de Estructura Económica), ROBERTO MANSILLA (Investigador Igadi –Instituto Galego de Análise e Documentación Internacional), FERNANDA COUÑAGO (ONG Amarante), y representante de la Confederación de Empresarios de Galicia.
19:30: Conferencia: CARMEN VELASCO (directora de ProMujer Bolivia): “Microfianzas: un instrumento para o desenvolvemento”


Día 31 A Coruña
19:30: Conferencia: JORGE MOLINERO (Ingeniería Sin Fronteras): “Agua, pobreza y desarrollo humano. ¿Crisis hídrica?”
20:15: Conferencia: CARMEN VELASCO (directora de ProMujer Bolivia): “Microfianzas: un instrumento para o desenvolvemento”


NOVIEMBRE

Día 6 Vigo
17:00: Mesa: “Influencia del cambio climático en la pobreza. Alternativas”: RAMÓN FDEZ. DURÁN (Ecologistas en Acción), JUAN LÓPEZ DE URALDE (director en España de Greenpeace) y CARLOS VALES (CEIDA. Consellería Medio Ambiente e Desenvolvemento Sostible)
19:30: Conferencia: MARCOS ARRUDA (Coordinador general del Instituto de Políticas Alternativas para el Cono Sur, Brasil, PACS): “Riqueza, pobreza y ecología”

Día 7 Ferrol
17:00: Mesa: “Transnacionales energéticas: desarrollo o destrucción”. PEDRO RAMIRO (OMAL –Observatorio Multinacionales de América Latina), y GEMMA GINER, directora de Marketing y RSC de Unión Fenosa
19:30: Conferencia:
MARCOS ARRUDA (Coordinador general del Instituto de Políticas Alternativas para el Cono Sur, Brasil). “Riqueza, pobreza y ecología”, y BERNARD CASSEN, fundador de ATTAC y director general de Le Monde Diplomatique: “Cómo la clase mundial de super-ricos está destruyendo el planeta”

Día 8 Santiago
19:30: Conferencias: ALFONSO DUBOIS (Hegoa -Instituto de Estudios sobre Desenvolvemento e Cooperación Internacional- en Euskadi) y LUIS DE SEBASTIÁN, (Profesor Honorario de ESADE). “Pensar en otra globalización: el desarrollo humano como alternativa”

Día 13 Vigo
17:00: Conferencia: “Pobreza, Política, Economía y Exclusión”, JOSÉ LUIS QUINTELA (delegado en Galicia de Intermón-Oxfam), MARIO MADRIZ (Pte. Fundación Masaya contra la Pobreza. Nicaragua), y ANTONIO VAAMONDE, Catedrático Univ. Vigo, Estadística e Investigación Operativa.
19:30: Conferencia: JOSÉ Mª TORTOSA (Catedrático de Universidad de Sociología, Departamento de Sociología II, Universidad de Alicante, desde 1991): “Factores que determinan la pobreza de los países”

Día 14 A Coruña
19:30: Conferencias: MBUYI KABUNDA, Profesor de Relaciones Internacionales de la Universidad de Basilea y miembro del Instituto de Estudios Africanos de la Universidad Autónoma de Madrid. “La paradoja de África: un continente rico poblado de pobres”, e OLIVIER BONFOND, Secretario General del CADTM en Bélgica.


Día 15 Santiago
19:30: Conferencias: AMÉLIE GAUTHIER, Investigadora, programa de Paz y Seguridad, FRIDE. “Punto de mira: Las mujeres en Haití”, y MBUYI KABUNDA, Profesor de Relaciones Internacionales de la Universidad de Basilea y miembro del Instituto de Estudios Africanos de la Universidad Autónoma de Madrid. “La paradoja de África: un continente rico poblado de pobres”

Día 20 Pontevedra
17:00: Mesa: “La educación: un deber, por derecho”: LUCÍA RODRÍGUEZ (Entreculturas), y VIRXINIA ROMERO (vicedirectora del IGADI), y MANUEL DIOS
19:30 Conferencia: ARCADI OLIVERES, presidente de la Comisión General de Justicia y Paz: “Las injustas relaciones Norte-Sur como responsables de la pobreza”

Día 21 Lugo
19:30: Conferencias:
MERCEDES SANTANA, de la Fundación Maquita Coshunchic Comercializando como Hermanos (MCCH) de Ecuador, “Cultivar contra la pobreza” IDALICE NUNES del Movimiento de los Sin Tierra, de Brasil.
19:30: Conferencias:
XOSÉ MANUEL BEIRAS (Catedrático de Estructura Económica): “Miseria de la globalización”.


Día 22 Santiago
17:00: Conferencia: IGNACIO SOLETO (Director del Centro de Estudios para América Latina y la Cooperación Internacional (CeALCI) de la Fundación Carolina. “La nueva agenda internacional de la cooperación: ¿sirve para luchar contra la pobreza?”
19:30: Mesa: “ConSumo Derroche”:
XOÁN HERMIDA (Amarante), ISIDRO JIMÉNEZ (ConsumeHastaMorir), CLARA Mª RAPOSO (A Cova da Terra)

Día 23 Ourense
19:30: Conferencias:
MERCEDES SANTANA, de la Fundación Maquita Coshunchic Comercializando como Hermanos (MCCH) de Ecuador “Cultivar contra la pobreza”, y IDALICE NUNES representante del Movimiento de los Sin Tierra, de Brasil.

Día 27 Vigo
19:30: Conferencia: J. W. BAUTISTA VIDAL (Ingeniero Civil. Físico. Presidente del Instituto del Sol, Brasil): “Cultivar contra la pobreza. Energía vegetal”.
20:15: Conferencia: FRANÇOIS HOUTART (director Centro Tricontinental). “La construcción anti-imperialista y antineoliberal”

Día 28 Ourense·
19:30: Conferencia: J. W. BAUTISTA VIDAL (Ingeniero Civil. Físico. Presidente del Instituto del Sol, Brasil): “Cultivar contra la pobreza. Energía vegetal”.
20:15: Conferencia: FRANÇOIS HOUTART (director Centro Tricontinental). “La construcción anti-imperialista y antineoliberal”

Día 29 Santiago.
19:30: Conferencia: FRANÇOIS HOUTART (director Centro Tricontinental). “La construcción anti-imperialista y antineoliberal”.
20:00: Conferencia: FREI BETTO (fraile Dominico y escritor): “Pedagogía de la liberación”. 21:30: ACTO DE CLAUSURA


Locais:
Vigo: AUDITORIO DEL CENTRO SOCIAL CAIXANOVA. Policarpo Sanz 24/26.
Santiago: AUDITORIO FACULTAD CIENCIAS COMUNICACIÓN. Campus Norte. Avda. Castelao s/n.A
Coruña: CENTRO SOCIAL CAIXANOVA. Avda. da Mariña, esquina Fama.
Pontevedra: SALA DE CONFERENCIAS DEL CENTRO SOCIAL CAIXANOVA. c/ Augusto González Besada nº 2.
Ferrol: ATENEO FERROLÁN. Rúa Magdalena 202-204.
Lugo: CÍRCULO DE LAS ARTES. Plaza Mayor 23.
Ourense: SALA DE CONFERENCIAS DO CENTRO SOCIAL CAIXANOVA. Avda. de Pontevedra 9.

Curso de Agrofloresta no Tibá (RJ, de 15 a 18 de Nov)


http://www.tibarose.com/port/home.htm

Tibá significa em Tupi “lugar onde muitas pessoas se encontram” e é um projecto fundado por Johan van Lengen, autor do “Manual do Arquiteto Descalço” e mestre da Bio-Arquitetura

Tibáé um lugar de encontros, criado em 1987 por Rose e Johan van Lengen, e voltado para a realização de uma consciência ambiental mais plena.
Através da integração entre arte e ciência, intuição e lógica, razão e sentimento, a comunicação será enriquecida. A cada individuo se dá a possibilidade de trocar suas próprias experiências, de fazer parte de um coletivo verdadeiro, usando comunicação e criatividade em grupo.
O TIBÁ se dispõe em toda a extensão de seus programas, atendendo comunidades e organizações, por exemplo, nas áreas de bio-arquitetura, agroecologia e no planejamento de ecovilas. Mantém ainda convênios e intercâmbios com instituições, grupos e pessoas direcionadas para os mesmos fins.
Pesquisamos e desenvolvemos protótipos de moradias saudáveis e de sistemas agroflorestais. Também produzimos materiais didáticos, na forma de cartazes, documentários, jogos, manuais e livros.

Ver ainda: http://walfridoneto.wordpress.com/2007/06/09/69/




CURSO DE AGROFLORESTA

No curso serão abordadas as técnicas dos princípios do sistema agroflorestal a serem aplicadas na recuperação de áreas degradadas, criando agroecossistemas parecidos aos ecossistemas naturais e originais com o cultivo consorciado de plantas anuais, bianuais e perenes. Criação de florestas compostas por espécies produtoras de sereais, frutas e produtos florestais, ao longo do manejo do SAF, possibilitando produção a curto, médio e longo prazo.Também serão abordadas técnicas ecológicas de manejo do solo, como o reaproveitamento sistemático de matéria orgânica e manejo permanente.

Palavras de Ernst Götsch: "Estou tentando criar, em cada parte do mundo onde intervenho como agricultor, agroecossistemas que sejam parecidos, na sua estrutura e na dinâmica, ao ecossistema natural e original do lugar. Ao mesmo tempo, tento deixar como resultado de todas as minhas intervenções, algo positivo no balanço de vida e de energia complexificada em carbono, tanto no sub-sistema da minha intervenção, quanto no macroorganismo Planeta Terra, do qual somos apenas parte, e não mais importantes do que todas as outras espécies."

Tópicos do Curso:
• Princípios de Sistema Agroflorestal dirigidos pela sucessão natural
• Recuperação de áreas degradadas, criando agroecossistemas parecidos aos ecossistemas naturais e originais ao dos locais das nossas intervenções
• Plantio intensivo e diversificado
• Cultivo consorciado das anuais e bianuais como criadores de complexas florestas compostas por espécies frutíferas e florestais
• Planejamento do SAF a curto, médio e longo prazo
• Incorporação de vários estratos (plantas herbáceas, rasteiras, arbustivas e arbóreas de vários portes e estágios)
• Análise de espécies de plantas presentes como indicadoras
• Análise do estágio de sucessão das espécies
• Reaproveitamento sistemático de matéria orgânica
• Plantio direto com sementes e estacas
• Colheita e manejo permanente
O curso será prático, com algumas aulas teóricas
.

LOCAL
TIBÁ em Bom Jardim - RJ.

Fonte de informação:
http://ecologiaurbana.blogspot.com/


Anamnesis, encontro de cinema,som e tradição oral em Vimioso(1 a 4 de Nov)


Destinado a um leque variado de públicos, este Encontro terá uma variedade significativa de filmes, dança popular, histórias de burros, Cante Alentejano, narrativas e barragens, Tocadores do Brasil, pastores e o mais que se verá…



Apresentação

“Enquanto fenómeno físico, o som está inscrito em concepções culturais e, no que diz respeito à música, ele pode ser visto como “som humanamente organizado”, para usar uma expressão de John Blacking . Acreditamos, como Alan Lomax, que “há uma relação evidente entre estrutura social da sociedade e padrão de expressão musical” e apontamos, como exemplo, a musicologia portuguesa: no planalto transmontano vigoram ainda formas de vida muito antigas, fechadas, arcaizantes e pastoris. A gaita de foles, ainda que espalhada por outras regiões do pais, assume aqui algumas características particulares, acompanhando alvoradas, procissões e pauliteiros. No Minho as populações são mais conviventes, abertas a várias influências e naturalmente mais progressistas, embora inseridas no seu contexto tradicional. Instrumentos como o cavaquinho ou a viola braguesa acompanham rusgas e chulas, representando o carácter regional das danças e cantares. Compreender estes lugares passa também por escutar as performances musicais aí produzidas, por vezes persistentemente, por vezes fazendo confluir diversas tradições. Alguns destes exemplos estão ameaçados de extinção, seja pelo êxodo nos sítios mais esconsos, seja pela globalização imposta pelos media, que pouco a pouco vai espalhando os seus tentáculos por todo o planeta.”
Raquel Castro


A tradição oral nesta luta contra a extinção, passa também, pela carga emocional que carrega. O lado interpretativo de cada som, melodia ou mesmo cantiga, traz consigo uma forma muito pessoal e reveladora da forma em que se está na vida. As senhoras isoladas nas aldeias do planalto Mirandês ou da serra da Arada, são autoras e simultâneamente interpretes de cantigas e histórias; que algumas vem com os seus pais e com os seus avós e outras que aprenderam no outro dia; o que as torna singular é a sua visao única e pessoal daquele som, ou daquela história. Ora nas artes visuais é a mesma coisa, o cinema de autor, o documentário de autor é também a interpretação única de um tema ou de uma realidade.

Com este encontro, procuramos fomentar uma interacção real destes dois exemplos, durante quarto dias podemos ver, discutir, observar, criar e principalmente ouvir. A ideia é simples, nada inovadora, mas também nada frequente, convidamos realizadores, com percursos e formas de trabalhar diferentes e levamo-los a trás os montes, a Vimioso, um dos concelhos mais desertificados da Europa, não para filmar mas para conviver, para virem falar do que fazem e ouvirem as pessoas daqui a contar o que fazem, o que faziam, aquilo de que se lembram etc. Ao mesmo tempo vemos filmes em que o som e a tradição oral, sejam uma escolha estética ou formal e discutimos o uso artistico das recolhas, ouvimos palestras sobre identidade Sonora e aprendemos a desconstruir e a recriar com novas tecnologias os sons e as imagens que nos passam à frente dos olhos e dos ouvidos. Quatro dias para sentir uma região, ouvindo as suas gentes e deixar o desejo de voltar mais vezes… e ouvir mais coisas




Quinta Feira 1-11-2007

20h30 Teatro Municipal de Vimioso
Recepção dos convidados
Apresentação do Encontro

21h30 Teatro Municipal de Vimioso
Arritmia
45’, (2007), (Portugal)
de Tiago Pereira + Conversa com o Realizador
Em «Arritmia» ouvem-se os ritmos primeiros do coração, os ritmos dos ofícios, os ritmos das celebrações religiosas os ritmos da cidade grande ou os ritmos do desejo amoroso (alguém diz, com saber, ser a dança uma representação vertical de um desejo horizontal). Qual foi a primeira dança, pergunta-se. E, sem resposta imediata, ficamos a saber de bailes populares nas aldeias, dos ranchos folclóricos, da recuperação - e reavaliação e reinvenção - das danças tradicionais portuguesas e de outras partes da Europa ou das danças africanas escondidas num berimbau...
Conversa com o Realizador – Como foi feito o som de Arritmia? (A banda Sonora foi criada e montada totalmente antes da imagem)



Sexta Feira 2-11-2007

10h00 Teatro Municipal de Vimioso
Filme Educativo - Narradores de javé
de Eliane Caffé
100’, (2003), (Brasil)
Somente uma ameaça à própria existência pode mudar a rotina dos habitantes do pequeno vilarejo de Javé. É aí que eles se deparam com o anúncio de que Javé pode desaparecer sob as águas de uma enorme barragem hidro-elétrica. Em resposta à notícia devastadora, a comunidade adopta uma estratégia ousada: vão preparar um documento contando todos os grandes acontecimentos heróicos de sua história, para que Javé possa escapar da destruição. Como a maioria dos moradores são analfabetos, a primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias.

10h00 Casa da Cultura de Vimioso
Introdução – Reunião inicial

11h00 Casa da Cultura de Vimioso
Apresentação filme/palestra de Raquel Castro: Som e Identidade Sonora
"Soundwalkers"
um documentário sobre o mundo sonoro
de Raquel Castro

Sinopse ou breve nota de motivação:
Alguns princípios são fundamentais para construirmos uma sociedade acusticamente saudável, onde possamos viver dentro dos sons da vida. O respeito pela voz e pela palavra, a consciência sonora, o despertar da audição. Preservar os sons que tendem a desaparecer, mas ter abertura para os sons que nascem com cada novo passo tecnológico. Construir uma linguagem sonora que interprete o seu simbolismo. Aceitar o silêncio, impondo-o nas alturas certas. E, acima de tudo, ouvir.

Palestra:
"Significados e implicações de uma Ecologia Acústica"
A ideia de uma ecologia acústica está hoje muito associada à ideia de poluição sonora, referência por excelência das consequências no universo aural da crescente tecnologização do mundo. No entanto, como nova área de estudo, a mensagem deste movimento tem muito mais para oferecer. Em primeiro lugar, porque tem em conta a forma como os seres se
relacionam através do sentido da audição: os estudos de paisagens sonoras centram-se no acto de escutar, um processo que inclui todos os aspectos sobre a forma como a informação é extraída do ambiente acústico, como é classificada e como afecta o comportamento
subsequente, incluindo o próprio processo de escuta. Em segundo lugar, porque os sons têm uma função simbólica que reforça a proposição de que cultura é comunicação.
Por último, porque existe uma relação directa entre o ambiente acústico e o funcionamento saudável da sociedade. A ecologia acústica defende que nos devemos questionar sobre o que ouvimos e porque estamos a ouvir. Uma vez que as coisas vivas e sonantes estão implicadas na vida de todos, o bem estar colectivo depende, então, do desenvolvimento de uma acústica ecológica.


14h30 Casa da cultura de Vimioso
Workshop Mspinky ( Media live act / Vjing narrativo )
Hoje em dia, o documentário debate-se com uma questão, onde está a proximidade, se filmamos pessoas, onde cabemos nós? As tecnologias podem ajudar-nos a combater a cine tirania das salas fechadas de luzes apagadas, é possivel o realizador estar lá e apresentar o filme com luz, com a sua presença e ir mudando a história conforme a reacção das audiências, como algumas tribos africanas, isso muda tudo, o vj passa a realizador e vice versa, as potencialidades criativas aumentam e o lado humano fica mais próximo, quem fez o filme está lá bem perto do público e ele faz parte da criação. O mspinky é um desses sistemas, com a vantagem de se poder alterar o som que está sempre sicrono com a imagem e misturá-lo fazendo do realizador um manipulador de medias, dando assim espaço a outros artistas para colaborarem com ele, vjs, músicos etc.

18.00 Teatro Municipal de Vimioso
Chá da terra
de Gonçalo mota
27’,(2007), (Portugal)
Este video foi realizado no âmbito de uma exposição sobre “Rezas e Mezinhas”, patente no Museu da Terra de Miranda, sendo apenas uma parte desta exibição museológica.
O conceito subjacente ao vídeo é que funcione como uma aula de campo, na qual os detentores dos saberes comunicam directamente com os visitantes, desvelando o encontro etnográfico. De certo modo é um manifesto sobre as possibilidades fílmicas e didácticas que podem advir, se outras práticas e conhecimentos locais forem registados e divulgados de forma participativa.


LEVÊ LEVÊ NON CABA UÉ
de Raquel Castro
21', (2007), (Portugal)
Dois turistas no paradisíaco Ilhéu das Rolas, em São Tomé e Príncipe, acabam por passar as suas férias a registar a vida de uma comunidade de pescadores que ali vive há muito tempo, mas que hoje é obrigada a sair pelo resort que se instalou no ilhéu.


21.30 Teatro Municipal de Vimioso
Tocadores – Brasil Central
de Lia Marchi
25’, 2003, (Brasil)
O documentário revela nas falas e imagens de violeiros, rabequeiros, foliões o rico quotidiano desta gente, seu amor pelo instrumento que tocam e muitas vezes constroem, suas relações familiares, devoções, a lida com a terra, e outros elementos que compõe as raízes culturais da música de tradição oral do Brasil Central (Minas Gerais, Goiás e Entorno do Distrito Federal).


O Espírito do Lugar
de Patrícia Poção
60’, (2006), (Portugal)
Video-documentário sobre a construção da peça teatral, Por Detrás dos Montes, levada ao palco pelo Teatro Meridional.


Remix - O povo que Canta
de Michel Giacometi
Publicamente e ao vivo convidam-se os interessados a desconstruir, remixar partes do Povo que Canta, através do sistema Mspinky. Também se convidam músicos a intervirem tocando em simultâneo e construindo uma enorme jam session.


Sábado 3-11-2007

10h00 Caçarelhos
Visitaremos a aldeia de Caçarelhos, para conhecer um pouco da sua vida.
De forma a não tornar a visita à aldeia numa excursão turística, oferecemos uma série de actividades informais*, que poderão proporcionar uma troca mais intensa e espontânea durante este dia.
Imiscuir-se no ciclo da terra, nos movimentos quotidianos, na partilha dos elementos. O fogo no coração das casas, o fabrico do pão, os trabalhos agrícolas, a descoberta dos cogumelos na floresta, passar o dia com um pastor no monte, ou simplesmente ouvir a fala da gente...
*(Algumas das actividades desta visita, estão condicionadas pela disponibilidade dos nossos anfitriões e pelas condições climatéricas)


16h00 Teatro Municipal de Vimioso
O rap é uma arma
de Kiluanje Liberdade
30’, (1996), (Portugal)
Recebeu o Prêmio de Melhor Primeira Obra no Festival de Cinema Documental de Lisboa (Malaposta), debate-se sobre rap e identidade nos bairros periféricos de Lisboa.


18h00 Teatro Municipal de Vimioso
International Lucky People Center
de Johan Söderberg
85’, (1998), (Suécia)
Lucky People Center International leva-nos numa viagem à volta do mundo, navegando pelo interior das pessoas que o constituem. O uso pulsante da música e ritmo no filme, é reminiscente das ferramentas estéticas dos videos musicais, e providencia uma abordagem refrescante ao documentário. A equipa do filme, passou dois anos a viajar pelo mundo procurando pessoas e modos de vida reflectindo o estado do mundo na sua aproximação ao ano 2000.
O filme mostra-nos diferentes modos de ver e viver num mundo em contínua mudança.

21.30 Teatro Municipal de Vimioso
Os Narradores de Javé
de Eliane Caffé
100’, (2003), (Brasil)


Domingo 4-11-2007


10h00 Casa da cultura de Vimioso
Mesa Redonda
Realizadores: Graça Castanheira, Eva Ângelo, Ricardo Rezende e Miguel Clara Vasconcelos, Tiago Pereira,
Etnomusicólogos: Domingos Morais e Ana Carrapato
- Apresentação dos intervenientes.
- Discussão em volta das recolhas e da sua utilização artística através do cinema.
- De que forma organizamos e transformamos a experiência crua do quotidiano numa forma estética (narrativa, abstracta, documental ou ensaística). Considerando o cinema como uma ferramenta de apreensão e expressão, com ênfase na exploração pessoal, na performance e na critica social.
-As tecnologias hypermedia emergentes detêm um enorme potencial para a antropologia e para a prática artística, na sua capacidade única de combinar e justapor palavras e imagens. O que se ouve e o que fica por dizer. O fotográfico e o cinemático, o analógico e o digital, o linear e o não-linear, e talvez o mais crucial de tudo, o icónico e o simbólico.
-O sistema de representação do vídeo e do filme explora o movimento, a audição e a visão, evocando a experiência subjectiva: emoções, linguagem gestual e movimentos. Porque a cultura humana é manifestamente somática antes de ser semiótica e simbólica, é pela acção que vive a cultura, e pela performance que a cultura oral é transmitida, uma canção, uma história, um ritual são sempre intervenções performativas que asseguram a vitalidade de uma cultura.
- Segundo Peter Greenaway, é necessário transgredir a velha ideia de estar sentado no escuro durante duas horas a assistir passivamente a uma narrativa linear. É urgente quebrar fronteiras e pensar um fenómeno pós cinema, não narrativo e interactivo “ desenvolvendo uma linguagem que equaciona mais com a experiência humana nas suas interacções entre realidade, memória e imaginação” Peter Greenaway, Cinema Militans Lecture, 2003

-Conclusão do encontro

18.00 Teatro Municipal de Vimioso
11 Burros caem no estômago vazio
de Tiago Pereira
28',(2006), (Portugal)
No planalto mirandês, Tiago Pereira encontrou histórias de burros e cantigas. "Uma espécie de surrealismo popular sobre como as pessoas vivem no norte de Portugal, a sua relação com burros e a forma como vivem com isso. São tão musicais que é possível manipular sem nunca perder a sua essência..."


Tocadores – Litoral Sul
de Lia Marchi e L.M. Stein
25’, (2003), (Brasil)
O homem simples do campo, seu amor pela música, pelos instrumentos, pela terra e pelas tradições são os condutores para um registo poético e leve que retrata artistas e artesãos da música de tradição oral dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, onde acontece o fandango, baile rural da região.


21.30 Teatro Municipal de Vimioso
Ainda há Pastores
de Jorge Pelicano
72’, (2006), (Portugal)
Há lugares que quase não existem.
Casais de Folgosinho nem sequer é um lugar. Não há luz eléctrica, não corre água canalizada, não há estradas. Perde-se no silêncio de um vale entre as montanhas da Serra da Estrela.Em tempos foi um autêntico santuário de pastores...Com dezenas de famílias e milhares de cabeças de gado. Hoje, os mais velhos vão morrendo e os novos fogem da dura sina de ser pastor.365 dias por ano.Herminio, 27 anos, contraria o fim.



Ver ainda para mais informações:
http://associartecine.blogspot.com/2007/10/programa.html


Este governo é uma nódoa...

Imagem retirada de http://arremacho.blogspot.com/

28.10.07

Necrocombustíveis : vamos alimentar carros e desnutrir pessoas? (texto de Frei Betto)

O prefixo grego bio significa vida; necro, morte. O combustível extraído de plantas traz vida? No meu tempo de escola primária, a história do Brasil dividia-se em ciclos: pau-brasil, ouro, cana, café etc. A classificação não é de todo insensata. Agora estamos em pleno ciclo dos agrocombustíveis, incorrectamente chamados de biocombustíveis.

Este novo ciclo provoca o aumento dos preços dos alimentos, já denunciado por Fidel Castro [ver Fraternizar n.º 166]. Estudo da OCDE e da FAO, divulgado a 4 de Julho, indica que “os biocom¬bustíveis terão forte impacto na agricultura entre 2007 e 2016.” Os preços agrícolas ficarão acima da média dos últimos dez anos. Os grãos deverão custar de 20% a 50% mais. No Brasil, a população pagou três vezes mais pelos alimentos no primeiro semestre deste ano, se comparado ao mesmo período de 2006.

Vamos alimentar carros e desnutrir pessoas. Há 800 milhões de veículos automotores no mundo. O mesmo número de pessoas sobrevive em desnutrição crónica. O que inquieta é que nenhum dos governos entusiasmados com os agrocombustíveis questiona o modelo de transporte individual, como se os lucros da indústria automobilística fossem intocáveis.

Os preços dos alimentos já sobem em ritmo acelerado na Europa, na China, na Índia e nos EUA. A agflação – a inflação dos produtos agrícolas – deve chegar, este ano, a 4% nos EUA, com¬parada ao aumento de 2,5% em 2006. Lá, como o milho está quase todo destinado à produção de etanol, o preço do frango subiu 30% nos últimos doze meses. E o leite deve subir 14% este ano. Na Europa, a manteiga já está 40% mais cara. No México, houve mobilização popular contra o aumento de 60% no preço das tortillas, feitas de milho.

O etanol made in USA, produzido a partir do milho, fez dobrar o preço deste grão em um ano. Não que os ianques gostem tanto de milho (excepto pipoca). Porém, o milho é componente essencial na ração de suínos, bovinos e aves, o que eleva o custo de criação desses animais, encarecendo derivados como carne, leite, manteiga e ovos.

Como hoje quem manda é o mercado, acontece nos EUA o que se reproduz no Brasil com a cana: os produtores de soja, algodão e outros bens agrícolas abandonam seus cultivos tradicionais pelo novo “ouro” agrícola: o milho lá, a cana aqui. Isso repercute-se nos preços da soja, do algodão e de toda a cadeia alimentar, considerando que os EUA são responsáveis por metade da exportação mundial de grãos.

Nos EUA, já há lobbies de produtores de bovinos, suínos, caprinos e aves pressionando o Congresso para que se reduza o subsídio aos produtores de etanol. Preferem que se importe eta¬nol do Brasil, à base de cana, de modo a evitar-se ainda mais a alta do preço da ração.
A desnutrição ameaça, hoje, 52,4 mi¬lhões de latino-americanos e caribenhos, 10% da população do Continente. Com a expansão das áreas de cultivo votadas à produção de etanol, corre-se o risco dele se transformar, de facto, em necrocombustível – predador de vidas humanas.
No Brasil, o governo já puniu, este ano, fazendas cujos canaviais dependiam de trabalho escravo. E tudo indica que a expansão dessa lavoura no Sudeste empurrará a produção de soja Amazónia adentro, provocando o des¬ma¬tamento de uma região que já perdeu, em área florestal, o equivalente ao território de 14 estados de Ala¬goas.
A produção de cana no Brasil é historicamente conhecida pela super-exploração do trabalho, destruição do meio ambiente e apropriação indevida de recursos públicos. As usinas se caracterizam pela concentração de terras para o monocultivo voltado à exportação. Utilizam em geral mão-de-obra migrante, os bóias-frias, sem direitos trabalhistas regulamentados. Os trabalhadores são (mal) remunerados pela quantidade de cana cortada, e não pelo número de horas trabalhadas. E ainda assim não têm controle sobre a pesagem do que produzem.
Alguns chegam a cortar, obrigados, 15 toneladas por dia. Tamanho esforço causa sérios problemas de saúde, co¬mo caibras e tendinites, afectando a coluna e os pés. A maioria das contratações dá-se por intermediários (trabalho terceirizado) ou “gatos”, arregi¬mentadores de trabalho escravo ou semi-escravo. Após 1850, um escravo costumava trabalhar no corte de cana por 15 a 20 anos. Hoje, o trabalho excessivo reduziu este tempo médio para 12 anos.

O entusiasmo de Bush e Lula pelo etanol faz com que usineiros alagoanos e paulistas disputem, palmo a palmo, cada pedaço de terra do Triângulo Mineiro. Segundo o repórter Amaury Ribeiro Jr, em menos de quatro anos, 300 mil hectares de cana foram plantados em antigas áreas de pastagens e de agricultura. A instalação de uma dezena de usinas novas, próximas a Ube¬raba, gerou a criação de 10 mil empregos e fez a produção de álcool em Minas saltar de 630 milhões de litros em 2003 para 1,7 bilhão este ano.
A migração de mão-de-obra desqualificada rumo aos canaviais – 20 mil bóias-frias por ano - produz, além do aumento de favelas, o de assassinatos, tráfico de drogas, comércio de crianças e de adolescentes destinados à prostituição.

O governo brasileiro precisa livrar-se da sua síndrome de Colosso (a famosa tela de Goya). Antes de transformar o país num imenso canavial e so¬nhar com a energia atómica, deveria priorizar fontes de energia alternativa abundantes no Brasil, como hidráulica, solar e eólica. E cuidar de alimentar os sofridos famintos, antes de enriquecer os “heróicos” usineiros.
Retirado daqui

Morreu António Cabral, uma das figuras mais destacadas da cultura transmontana


António Cabral morreu no passado dia 23 de Outubro. Autor de uma das mais significativas obras produzidas em Trás-os-montes, com incidêndia física no Douro e em Vila Real, o seu lirismo objectivo andou sempre distante das modalidades de voga. Cantado por José Afonso ou Francisco Fanhais, Antonio Cabral, poeta, romancista, ensaista, animador cultural, ainda participou há cerca de um mês, em Vilar, Boticas, n' Os Dias da Criação, sublinhando a sagesse popular como mosto da sua obra que, não raro, dialogava com António Nobre ou Camões, com uma vertente lúdico-irónica-dramática cujas afinidades electivas talvez possamos encontrar em Jacques Prévert.



Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura:
Vai formosa e não segura.

Se tivesse umas chinelas
iria melhor...mas não:
co dinheiro das chinelas
compra um pouco mais de pão.
Virá o dia em que os pés
não sintam a terra dura?
Leonor sonha de mais:
vai formosa e não segura.

Formosa! Não vale a pena
ter nos olhos uma aurora
quando na vida - que vida!
o sol já se foi embora.
Se os filhos se alimentassem
com a sua formosura...
Leonor pensa de mais
vai formosa e não segura.

Há verduras pelos prados,
há verduras no caminho;
no olmo ao pé da fonte
canta livre um passarinho,
Mas ela não canta, não,
que a voz perdeu a doçura.
Leonor sofre demais:
vai formosa e não segura.

Porque sofre? Nunca soube
nem saberá a razão.
Vai encher a talha de água,
Só não enche o coração.
Virá um dia...virá...
Os olhos voam na altura
Leonor não anda: sonha.
Vai formosa e não segura.

Antonio Cabral, Poemas Durienses


retirado de:
http://incomunidade.blogspot.com/

Não há pior que o analfabeto político

"Não há pior analfabeto que o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. O analfabeto político é tão burro que se orgulha de o ser e, de peito feito, diz que detesta a política. Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política é que nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, desonesto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."

Bertolt Brecht (1898-1956 )

Retirado de:
http://opaisdoburro.blogspot.com/

Curso de Iniciação ao Teatro do TUP (teatro universitário do Porto)


O TUP - Teatro Universitário do Porto promove a cada dois anos um Curso de Iniciação ao Teatro aberto a toda a comunidade da UP. Com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, o TUP cumpre assim a função pedagógica que o norteou desde a sua fundação.
O Curso incidirá em três componentes iniciais, Voz, Movimento e Interpretação, e culminará com a apresentação e carreira de um espectáculo resultante do módulo de Práticas Teatrais. Este espectáculo será também apresentado no âmbito das comemorações do Dia Mundial do Teatro. O acesso ao curso é feito mediante uma audição com os docentes e alguns membros da Direcção.

Inscrições: até 31 de Outubro para
tupporto@gmail.com

Audições: 3 e 4 Novembro, das 15h às 19h
Calendário do curso: de 12 de Novembro a 10 de Março
Paragem lectiva: de 17 de Dezembro a 7 de Janeiro

Docentes:
Voz - Patrícia Brandão
Movimento - Anabela Sousa
Interpretação - Catarina Lacerda
Práticas teatrais e Encenação - a definir.

Alguns esclarecimentos:
1 - O curso é dirigido aos estudantes universitários da UP. Ex-estudantes desta e de outras instituições poderão fazer a audição, se assim entenderem, mas ficarão em segunda prioridade, uma vez que temos um número limite de vagas.
2 - O curso funcionará de segunda a sexta, entre as 21h e as 24h, nas instalações do TUP - Travessa de Cedofeita, nº 65. Mapa disponível aqui.
3 - A frequência do curso não implica qualquer pagamento, mas implica total disponibilidade. Esta é uma oportunidade única de formação gratuita e de qualidade e que exije, por parte dos seleccionados, um compromisso.

Os interessados devem ligar para o 963526352 e marcar audição, fornecendo os seguintes dados: nome; idade; faculdade, curso e ano de frequência (quando aplicável); contacto (telefone e email, para recepção de textos).

PortoClown - 1º festival internacional de clown no Porto



PROGRAMAÇÃO

Dia 1 de Novembro
11h às 13h - Formação Ritmo e Movimento
11h às 13:30 - Formação Improvisação em Contexto Hospitalar

14.30hàs 19h - Formação +Clown
14:30 às 17h - Formação Improvisação em Contexto Hospitalar

19.30 – Filme + Conversa A Gravata de Alejandro Jodorowsky Chile/França, 1957

22h - Espectáculo Supper bigg magick shoow, por João Paulo da Silva, Portugal


Dia 2 de Novembro

18h às 20h - Formação Ritmo e Movimento

20.30 às 22h – Formação +Clown


22h - Espectáculo Ditu&Feitu , por Alter-Lego, Espanha

24h - Filme + Conversa Doc. dos Noveaux Nez, França, 1994


Dia 3 de Novembro

10h às 13h - Formação Ritmo e Movimento

11h às 13:30 - Formação Improvisação em Contexto Hospitalar


14.30 às 19h - Formação +Clown
14:30 às 17h - Formação Improvisação em Contexto Hospitalar

19.30- Filme + Conversa Quand la mer monte... França, 2005

22h- Espectáculo A Galinha da Minha Vizinha, por Graça Ochoa, Circolando, Portugal


Dia 4 de Novembro

10h às 13h- Formação Ritmo e Movimento

11h às 13:30 - Formação Improvisação em Contexto Hospitalar


14.30 às 18.30- Formação +Clown

14:30 às 17h - Formação Improvisação em Contexto Hospitalar

14h às 15h – Formação Dança criativa para crianças

19.30 - Filme + Conversa Doc. Doutores da Alegria, Brazil, 2005




Teatro do Frio

Do Frio à Pesquisa Este colectivo surge - tal como um calafrio que indicia uma reacção muscular de auto-aquecimento - da necessidade de gerar algo que active acções e reacções capazes de calor, de chama, de relação, de humanidade. Surge da necessidade artística e humana de criação de um espaço que privilegie na actividade teatral o lugar da pesquisa. Entendemos essa pesquisa como um processo simultaneamente físico e teórico, continuado, sustentado no conhecimento que se quer mais aprofundado, tanto de nós mesmos indivíduos em evolução, como do meio e do tempo em que nos inserimos, do contexto social em progressão.

Teatro do Frio - Contactos
mail: teatro.do.frio@gmail.com ,
tel: +351 93 161 72 93
Rua da Alegria, nº 341 4000-Porto

Debate sobre os OGMs no Instituto Superior de Agronomia (30 de Out. às 14h.)



OGM: O debate em falta - Riscos e (in)certezas da engenharia genética na agricultura

30 de Outubro,
14h00 – Sala de Actos do Instituto Superior de Agronomia


ENTRADA LIVRE


As posições dos vários actores no debate dos organismos transgénicos estão divididas. Enquanto que uma parte está seriamente convicta de que a aplicação da engenharia genética na agricultura é o caminho a seguir na agricultura global, a outra parte acredita que a utilização de OGM* é semelhante à abertura da caixa de Pandora, contendo toda uma série de riscos e ameaças para o ambiente, saúde humana e sociedade em geral. Muitas questões pairam no ar: De que riscos se tratam? O que sabemos destes? E o que não sabemos?
Apesar de estas questões serem por si só suficientemente difíceis de responder, outra série de questões apresenta-se como fulcral: Quem são exactamente os actores no debate? E, por outro lado, como decidimos como cidadãos se consideramos os riscos aceitáveis em comparação com os benefícios que se proclamam?
Há muito em jogo. De todas as formas, o debate está aberto.


PROGRAMA

1ª PARTE:
14h00 – Abertura e apresentações.
• “O direito inalienável de não ser cobaia: transgénicos e a investigação que as empresas se esqueceram de fazer” – Prof. Dra. Margarida Silva, Bióloga e Coordenadora da Plataforma Transgénicos Fora

• "O que são plantas geneticamente modificadas e em que diferem das obtidas por melhoramento convencional" - Prof.ª Dr.ª Maria Margarida Oliveira, do Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa

• “Society and Technological Advance. What risks are we willing to take?” – Johan Diels, GAIA (apresentação em Inglês)

16h45 – Pausa para café


2ª PARTE

17h00 – Mesa redonda com moderação de Luísa Schmidt.
• Prof.ª Dr.ª M. Margarida Oliveira
• Eng.º Gualter Baptista, doutorando em Ciências do Ambiente e activista do GAIA
• José Alfredo, Vice Presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Lisboa
• Prof. Dr. Antero Lopes Martins, do Departamento de Botânica e Engenharia Biológica do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa

19h00 – Encerramento do debate

Localização: Tapada da Ajuda, Lisboa -
http://www.isa.utl.pt/home/node/269

27.10.07

Poesia para os distraídos

No primeiro diploma,
Congelam as progressões,
Acabam os escalões,
E não dizemos nada.

No segundo diploma,
Aumentam o tempo das reformas,
Mexem com todas as normas,
E não dizemos nada.

No terceiro diploma,
Alteram o sistema de saúde,
Há um controlo amiúde,
E não dizemos nada.

No quarto diploma,
Criam-se informações,
Geram-se várias divisões,
E não dizemos nada.

No quinto diploma,
Passa a haver segredo,
As pessoas vivem com medo,
E não dizemos nada.

Até que um dia,
O emprego já não é nosso,
Tiram-nos a carne fica o osso,
E já não podemos dizer nada.

Porque a luta não foi travada,
A revolta foi dominada,
E a garganta está amordaçada.


(de autor anónimo)

26.10.07

Nem tudo o que luz é verde ( texto de Boaventura Sousa Santos)

Acerca dos oportunistas no ambientalismo e alguns critérios para fugir deles e manter viva a luta ecológica, um bom texto de Boaventura Sousa Santos que se reproduz a seguir:


A questão ambiental entrou finalmente no discurso público e na agenda política, o que não deixa de causar alguma surpresa aos activistas dos movimentos ecológicos, sobretudo àqueles que militam há mais tempo e se habituaram a ser apodados de utópicos e inimigos do desenvolvimento. A surpresa é tanto maior se se tiver em conta que o fenómeno não parece estar relacionado com uma intensificação extraordinária da militância ecológica. Quais, pois, as razões?

Ao longo das últimas quatro décadas, os movimentos ecológicos foram ganhando credibilidade à medida que a investigação científica foi demonstrando que muitos dos argumentos por eles invocados se traduziam em factos indesmentíveis – a perda da biodiversidade, as chuvas ácidas, o aquecimento global, as mudanças climáticas, a escassez de água, etc. – que, a prazo, poriam em causa a sustentabilidade da vida na terra. Com isto, ampliaram-se os estratos sociais sensíveis à questão ambiental e a classe política mais esclarecida ou mais oportunista (ainda que por vezes disfarçada de sociedade civil, como é o caso de Al Gore) não perdeu a oportunidade para encontrar nessa questão um novo campo de actuação e de legitimação. Assim se explica o importante relatório sobre a “conta climática” de um economista nada radical, Nicholas Stern, encomendado por um político em declínio, Tony Blair. Neste processo foram “esquecidos” muitos dos argumentos dos ambientalistas, nomeadamente aqueles que punham em causa o modelo de desenvolvimento capitalista dominante. Este “esquecimento” foi fundamental para a segunda razão do actual boom ambiental: a emergência do ecologismo empresarial, das indústrias da ecologia (não necessariamente ecológicas) e, acima de tudo, dos agrocombustíveis cujos promotores preferem designar, et pour cause, como biocombustíveis.

As reservas que os movimentos sociais (ambientalistas e outros) levantam a este último fenómeno merecem reflexão tanto mais que, tal como aconteceu antes, é bem provável que só daqui a muitos anos (tarde demais?) sejam aceites pela classe política e opinião pública. A primeira pode formular-se como uma pergunta:


é de esperar que as indústrias da ecologia resolvam o problema ambiental quando é certo que a sustentabilidade económica delas depende da permanente ameaça à sustentabilidade da vida na terra?


A eficiência ambiental dos agrocombustíveis é uma questão em aberto que, aliás, se agravará com a “segunda geração de agrocombustíveis” que, entre outras coisas, inclui a introdução de plantas (árvores) geneticamente modificadas. Por outro lado, a produção dos agrocombustíveis (cana do açúcar, soja e palma asiática) usa fertilizantes, polui os cursos de água e é já hoje uma das causas da desflorestação, da subida do preço da terra e da emergência de uma nova economia de plantação, neocolonial e global. A segunda reserva está relacionada com a anterior e diz respeito ao impacto da expansão dos agrocombustíveis na produção de alimentos. No início de Setembro, o bushel de trigo (cerca de 36 litros) atingiu o preço record de 8 dólares na bolsa de mercadorias de Chicago. Más colheitas (derivadas das mudanças climáticas), o aumento da procura pela China e a Índia e a produção de agrocombustíveis foram as razões do aumento e a expectativa é de que a subida continue. O aumento do preço dos alimentos vai afectar desproporcionalmente populações empobrecidas dos países do Sul, pois gastam mais de 80% dos seus parcos rendimentos na alimentação. Ao decidir atribuir 7,3 biliões de dólares em subsídios para a produção de agrocombustíveis, os EUA produziram de imediato um aumento (que chegou a 400%) do preço do alimento básico dos mexicanos, a tortilla. Reside aqui a terceira reserva: os agrocombustíveis podem vir a contribuir para a desigualdade entre países ricos e países pobres. Enquanto na UE a opção pelos agrocombustíveis corresponde, em parte, a preocupações ambientais, nos EUA a preocupação é com a diminuição da dependência do petróleo. Em qualquer dos casos, estamos perante mais uma forma de proteccionismo sob a forma de subsídios à agro¬ indústria, e, como a produção doméstica não é de nenhum modo suficiente, é, de novo, nos países do Sul que se vão buscar as fontes de energia. Se nada for feito, repetir¬ se¬ á a maldição do petróleo: a pobreza das populações em países ricos em recursos energéticos.

O que há a fazer?
Critérios exigentes de sustentabilidade global; democratização do acesso à terra e regularização da propriedade camponesa; subordinação do agrocombustível à segurança e à soberania alimentares; novas lógicas de consumo (se a eficiência do transporte ferroviário é 11 vezes superior à dos transportes rodoviários, porque não investir apenas no primeiro?); alternativas ao mito do desenvolvimento e numa nova solidariedade do Norte para com o Sul.
Neste domínio, o governo equatoriano acaba de fazer a proposta mais inovadora: renunciar à exploração do petróleo numa vasta reserva ecológica se a comunidade internacional indemnizar o país em 50% da perda de rendimentos derivados dessa renúncia.

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