Destinado a um leque variado de públicos, este Encontro terá uma variedade significativa de filmes, dança popular, histórias de burros, Cante Alentejano, narrativas e barragens, Tocadores do Brasil, pastores e o mais que se verá…
Apresentação
“Enquanto fenómeno físico, o som está inscrito em concepções culturais e, no que diz respeito à música, ele pode ser visto como “som humanamente organizado”, para usar uma expressão de John Blacking . Acreditamos, como Alan Lomax, que “há uma relação evidente entre estrutura social da sociedade e padrão de expressão musical” e apontamos, como exemplo, a musicologia portuguesa: no planalto transmontano vigoram ainda formas de vida muito antigas, fechadas, arcaizantes e pastoris. A gaita de foles, ainda que espalhada por outras regiões do pais, assume aqui algumas características particulares, acompanhando alvoradas, procissões e pauliteiros. No Minho as populações são mais conviventes, abertas a várias influências e naturalmente mais progressistas, embora inseridas no seu contexto tradicional. Instrumentos como o cavaquinho ou a viola braguesa acompanham rusgas e chulas, representando o carácter regional das danças e cantares. Compreender estes lugares passa também por escutar as performances musicais aí produzidas, por vezes persistentemente, por vezes fazendo confluir diversas tradições. Alguns destes exemplos estão ameaçados de extinção, seja pelo êxodo nos sítios mais esconsos, seja pela globalização imposta pelos media, que pouco a pouco vai espalhando os seus tentáculos por todo o planeta.”
Raquel Castro
A tradição oral nesta luta contra a extinção, passa também, pela carga emocional que carrega. O lado interpretativo de cada som, melodia ou mesmo cantiga, traz consigo uma forma muito pessoal e reveladora da forma em que se está na vida. As senhoras isoladas nas aldeias do planalto Mirandês ou da serra da Arada, são autoras e simultâneamente interpretes de cantigas e histórias; que algumas vem com os seus pais e com os seus avós e outras que aprenderam no outro dia; o que as torna singular é a sua visao única e pessoal daquele som, ou daquela história. Ora nas artes visuais é a mesma coisa, o cinema de autor, o documentário de autor é também a interpretação única de um tema ou de uma realidade.
Com este encontro, procuramos fomentar uma interacção real destes dois exemplos, durante quarto dias podemos ver, discutir, observar, criar e principalmente ouvir. A ideia é simples, nada inovadora, mas também nada frequente, convidamos realizadores, com percursos e formas de trabalhar diferentes e levamo-los a trás os montes, a Vimioso, um dos concelhos mais desertificados da Europa, não para filmar mas para conviver, para virem falar do que fazem e ouvirem as pessoas daqui a contar o que fazem, o que faziam, aquilo de que se lembram etc. Ao mesmo tempo vemos filmes em que o som e a tradição oral, sejam uma escolha estética ou formal e discutimos o uso artistico das recolhas, ouvimos palestras sobre identidade Sonora e aprendemos a desconstruir e a recriar com novas tecnologias os sons e as imagens que nos passam à frente dos olhos e dos ouvidos. Quatro dias para sentir uma região, ouvindo as suas gentes e deixar o desejo de voltar mais vezes… e ouvir mais coisas
Quinta Feira 1-11-2007
20h30 Teatro Municipal de Vimioso
Recepção dos convidados
Apresentação do Encontro
21h30 Teatro Municipal de Vimioso
Arritmia
45’, (2007), (Portugal)
de Tiago Pereira + Conversa com o Realizador
Em «Arritmia» ouvem-se os ritmos primeiros do coração, os ritmos dos ofícios, os ritmos das celebrações religiosas os ritmos da cidade grande ou os ritmos do desejo amoroso (alguém diz, com saber, ser a dança uma representação vertical de um desejo horizontal). Qual foi a primeira dança, pergunta-se. E, sem resposta imediata, ficamos a saber de bailes populares nas aldeias, dos ranchos folclóricos, da recuperação - e reavaliação e reinvenção - das danças tradicionais portuguesas e de outras partes da Europa ou das danças africanas escondidas num berimbau...
Conversa com o Realizador – Como foi feito o som de Arritmia? (A banda Sonora foi criada e montada totalmente antes da imagem)
Sexta Feira 2-11-2007
10h00 Teatro Municipal de Vimioso
Filme Educativo - Narradores de javé
de Eliane Caffé
100’, (2003), (Brasil)
Somente uma ameaça à própria existência pode mudar a rotina dos habitantes do pequeno vilarejo de Javé. É aí que eles se deparam com o anúncio de que Javé pode desaparecer sob as águas de uma enorme barragem hidro-elétrica. Em resposta à notícia devastadora, a comunidade adopta uma estratégia ousada: vão preparar um documento contando todos os grandes acontecimentos heróicos de sua história, para que Javé possa escapar da destruição. Como a maioria dos moradores são analfabetos, a primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias.
10h00 Casa da Cultura de Vimioso
Introdução – Reunião inicial
11h00 Casa da Cultura de Vimioso
Apresentação filme/palestra de Raquel Castro: Som e Identidade Sonora
"Soundwalkers"
um documentário sobre o mundo sonoro
de Raquel Castro
Sinopse ou breve nota de motivação:
Alguns princípios são fundamentais para construirmos uma sociedade acusticamente saudável, onde possamos viver dentro dos sons da vida. O respeito pela voz e pela palavra, a consciência sonora, o despertar da audição. Preservar os sons que tendem a desaparecer, mas ter abertura para os sons que nascem com cada novo passo tecnológico. Construir uma linguagem sonora que interprete o seu simbolismo. Aceitar o silêncio, impondo-o nas alturas certas. E, acima de tudo, ouvir.
Palestra:
"Significados e implicações de uma Ecologia Acústica"
A ideia de uma ecologia acústica está hoje muito associada à ideia de poluição sonora, referência por excelência das consequências no universo aural da crescente tecnologização do mundo. No entanto, como nova área de estudo, a mensagem deste movimento tem muito mais para oferecer. Em primeiro lugar, porque tem em conta a forma como os seres se relacionam através do sentido da audição: os estudos de paisagens sonoras centram-se no acto de escutar, um processo que inclui todos os aspectos sobre a forma como a informação é extraída do ambiente acústico, como é classificada e como afecta o comportamento
subsequente, incluindo o próprio processo de escuta. Em segundo lugar, porque os sons têm uma função simbólica que reforça a proposição de que cultura é comunicação.
Por último, porque existe uma relação directa entre o ambiente acústico e o funcionamento saudável da sociedade. A ecologia acústica defende que nos devemos questionar sobre o que ouvimos e porque estamos a ouvir. Uma vez que as coisas vivas e sonantes estão implicadas na vida de todos, o bem estar colectivo depende, então, do desenvolvimento de uma acústica ecológica.
14h30 Casa da cultura de Vimioso
Workshop Mspinky ( Media live act / Vjing narrativo )
Hoje em dia, o documentário debate-se com uma questão, onde está a proximidade, se filmamos pessoas, onde cabemos nós? As tecnologias podem ajudar-nos a combater a cine tirania das salas fechadas de luzes apagadas, é possivel o realizador estar lá e apresentar o filme com luz, com a sua presença e ir mudando a história conforme a reacção das audiências, como algumas tribos africanas, isso muda tudo, o vj passa a realizador e vice versa, as potencialidades criativas aumentam e o lado humano fica mais próximo, quem fez o filme está lá bem perto do público e ele faz parte da criação. O mspinky é um desses sistemas, com a vantagem de se poder alterar o som que está sempre sicrono com a imagem e misturá-lo fazendo do realizador um manipulador de medias, dando assim espaço a outros artistas para colaborarem com ele, vjs, músicos etc.
18.00 Teatro Municipal de Vimioso
Chá da terra
de Gonçalo mota
27’,(2007), (Portugal)
Este video foi realizado no âmbito de uma exposição sobre “Rezas e Mezinhas”, patente no Museu da Terra de Miranda, sendo apenas uma parte desta exibição museológica.
O conceito subjacente ao vídeo é que funcione como uma aula de campo, na qual os detentores dos saberes comunicam directamente com os visitantes, desvelando o encontro etnográfico. De certo modo é um manifesto sobre as possibilidades fílmicas e didácticas que podem advir, se outras práticas e conhecimentos locais forem registados e divulgados de forma participativa.
LEVÊ LEVÊ NON CABA UÉ
de Raquel Castro
21', (2007), (Portugal)
Dois turistas no paradisíaco Ilhéu das Rolas, em São Tomé e Príncipe, acabam por passar as suas férias a registar a vida de uma comunidade de pescadores que ali vive há muito tempo, mas que hoje é obrigada a sair pelo resort que se instalou no ilhéu.
21.30 Teatro Municipal de Vimioso
Tocadores – Brasil Central
de Lia Marchi
25’, 2003, (Brasil)
O documentário revela nas falas e imagens de violeiros, rabequeiros, foliões o rico quotidiano desta gente, seu amor pelo instrumento que tocam e muitas vezes constroem, suas relações familiares, devoções, a lida com a terra, e outros elementos que compõe as raízes culturais da música de tradição oral do Brasil Central (Minas Gerais, Goiás e Entorno do Distrito Federal).
O Espírito do Lugar
de Patrícia Poção
60’, (2006), (Portugal)
Video-documentário sobre a construção da peça teatral, Por Detrás dos Montes, levada ao palco pelo Teatro Meridional.
Remix - O povo que Canta
de Michel Giacometi
Publicamente e ao vivo convidam-se os interessados a desconstruir, remixar partes do Povo que Canta, através do sistema Mspinky. Também se convidam músicos a intervirem tocando em simultâneo e construindo uma enorme jam session.
Sábado 3-11-2007
10h00 Caçarelhos
Visitaremos a aldeia de Caçarelhos, para conhecer um pouco da sua vida.
De forma a não tornar a visita à aldeia numa excursão turística, oferecemos uma série de actividades informais*, que poderão proporcionar uma troca mais intensa e espontânea durante este dia.
Imiscuir-se no ciclo da terra, nos movimentos quotidianos, na partilha dos elementos. O fogo no coração das casas, o fabrico do pão, os trabalhos agrícolas, a descoberta dos cogumelos na floresta, passar o dia com um pastor no monte, ou simplesmente ouvir a fala da gente...
*(Algumas das actividades desta visita, estão condicionadas pela disponibilidade dos nossos anfitriões e pelas condições climatéricas)
16h00 Teatro Municipal de Vimioso
O rap é uma arma
de Kiluanje Liberdade
30’, (1996), (Portugal)
Recebeu o Prêmio de Melhor Primeira Obra no Festival de Cinema Documental de Lisboa (Malaposta), debate-se sobre rap e identidade nos bairros periféricos de Lisboa.
18h00 Teatro Municipal de Vimioso
International Lucky People Center
de Johan Söderberg
85’, (1998), (Suécia)
Lucky People Center International leva-nos numa viagem à volta do mundo, navegando pelo interior das pessoas que o constituem. O uso pulsante da música e ritmo no filme, é reminiscente das ferramentas estéticas dos videos musicais, e providencia uma abordagem refrescante ao documentário. A equipa do filme, passou dois anos a viajar pelo mundo procurando pessoas e modos de vida reflectindo o estado do mundo na sua aproximação ao ano 2000.
O filme mostra-nos diferentes modos de ver e viver num mundo em contínua mudança.
21.30 Teatro Municipal de Vimioso
Os Narradores de Javé
de Eliane Caffé
100’, (2003), (Brasil)
Domingo 4-11-2007
10h00 Casa da cultura de Vimioso
Mesa Redonda
Realizadores: Graça Castanheira, Eva Ângelo, Ricardo Rezende e Miguel Clara Vasconcelos, Tiago Pereira,
Etnomusicólogos: Domingos Morais e Ana Carrapato
- Apresentação dos intervenientes.
- Discussão em volta das recolhas e da sua utilização artística através do cinema.
- De que forma organizamos e transformamos a experiência crua do quotidiano numa forma estética (narrativa, abstracta, documental ou ensaística). Considerando o cinema como uma ferramenta de apreensão e expressão, com ênfase na exploração pessoal, na performance e na critica social.
-As tecnologias hypermedia emergentes detêm um enorme potencial para a antropologia e para a prática artística, na sua capacidade única de combinar e justapor palavras e imagens. O que se ouve e o que fica por dizer. O fotográfico e o cinemático, o analógico e o digital, o linear e o não-linear, e talvez o mais crucial de tudo, o icónico e o simbólico.
-O sistema de representação do vídeo e do filme explora o movimento, a audição e a visão, evocando a experiência subjectiva: emoções, linguagem gestual e movimentos. Porque a cultura humana é manifestamente somática antes de ser semiótica e simbólica, é pela acção que vive a cultura, e pela performance que a cultura oral é transmitida, uma canção, uma história, um ritual são sempre intervenções performativas que asseguram a vitalidade de uma cultura.
- Segundo Peter Greenaway, é necessário transgredir a velha ideia de estar sentado no escuro durante duas horas a assistir passivamente a uma narrativa linear. É urgente quebrar fronteiras e pensar um fenómeno pós cinema, não narrativo e interactivo “ desenvolvendo uma linguagem que equaciona mais com a experiência humana nas suas interacções entre realidade, memória e imaginação” Peter Greenaway, Cinema Militans Lecture, 2003
-Conclusão do encontro
18.00 Teatro Municipal de Vimioso
11 Burros caem no estômago vazio
de Tiago Pereira
28',(2006), (Portugal)
No planalto mirandês, Tiago Pereira encontrou histórias de burros e cantigas. "Uma espécie de surrealismo popular sobre como as pessoas vivem no norte de Portugal, a sua relação com burros e a forma como vivem com isso. São tão musicais que é possível manipular sem nunca perder a sua essência..."
Tocadores – Litoral Sul
de Lia Marchi e L.M. Stein
25’, (2003), (Brasil)
O homem simples do campo, seu amor pela música, pelos instrumentos, pela terra e pelas tradições são os condutores para um registo poético e leve que retrata artistas e artesãos da música de tradição oral dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, onde acontece o fandango, baile rural da região.
21.30 Teatro Municipal de Vimioso
Ainda há Pastores
de Jorge Pelicano
72’, (2006), (Portugal)
Há lugares que quase não existem.
Casais de Folgosinho nem sequer é um lugar. Não há luz eléctrica, não corre água canalizada, não há estradas. Perde-se no silêncio de um vale entre as montanhas da Serra da Estrela.Em tempos foi um autêntico santuário de pastores...Com dezenas de famílias e milhares de cabeças de gado. Hoje, os mais velhos vão morrendo e os novos fogem da dura sina de ser pastor.365 dias por ano.Herminio, 27 anos, contraria o fim.
Ver ainda para mais informações:
http://associartecine.blogspot.com/2007/10/programa.html
“Enquanto fenómeno físico, o som está inscrito em concepções culturais e, no que diz respeito à música, ele pode ser visto como “som humanamente organizado”, para usar uma expressão de John Blacking . Acreditamos, como Alan Lomax, que “há uma relação evidente entre estrutura social da sociedade e padrão de expressão musical” e apontamos, como exemplo, a musicologia portuguesa: no planalto transmontano vigoram ainda formas de vida muito antigas, fechadas, arcaizantes e pastoris. A gaita de foles, ainda que espalhada por outras regiões do pais, assume aqui algumas características particulares, acompanhando alvoradas, procissões e pauliteiros. No Minho as populações são mais conviventes, abertas a várias influências e naturalmente mais progressistas, embora inseridas no seu contexto tradicional. Instrumentos como o cavaquinho ou a viola braguesa acompanham rusgas e chulas, representando o carácter regional das danças e cantares. Compreender estes lugares passa também por escutar as performances musicais aí produzidas, por vezes persistentemente, por vezes fazendo confluir diversas tradições. Alguns destes exemplos estão ameaçados de extinção, seja pelo êxodo nos sítios mais esconsos, seja pela globalização imposta pelos media, que pouco a pouco vai espalhando os seus tentáculos por todo o planeta.”
Raquel Castro
A tradição oral nesta luta contra a extinção, passa também, pela carga emocional que carrega. O lado interpretativo de cada som, melodia ou mesmo cantiga, traz consigo uma forma muito pessoal e reveladora da forma em que se está na vida. As senhoras isoladas nas aldeias do planalto Mirandês ou da serra da Arada, são autoras e simultâneamente interpretes de cantigas e histórias; que algumas vem com os seus pais e com os seus avós e outras que aprenderam no outro dia; o que as torna singular é a sua visao única e pessoal daquele som, ou daquela história. Ora nas artes visuais é a mesma coisa, o cinema de autor, o documentário de autor é também a interpretação única de um tema ou de uma realidade.
Com este encontro, procuramos fomentar uma interacção real destes dois exemplos, durante quarto dias podemos ver, discutir, observar, criar e principalmente ouvir. A ideia é simples, nada inovadora, mas também nada frequente, convidamos realizadores, com percursos e formas de trabalhar diferentes e levamo-los a trás os montes, a Vimioso, um dos concelhos mais desertificados da Europa, não para filmar mas para conviver, para virem falar do que fazem e ouvirem as pessoas daqui a contar o que fazem, o que faziam, aquilo de que se lembram etc. Ao mesmo tempo vemos filmes em que o som e a tradição oral, sejam uma escolha estética ou formal e discutimos o uso artistico das recolhas, ouvimos palestras sobre identidade Sonora e aprendemos a desconstruir e a recriar com novas tecnologias os sons e as imagens que nos passam à frente dos olhos e dos ouvidos. Quatro dias para sentir uma região, ouvindo as suas gentes e deixar o desejo de voltar mais vezes… e ouvir mais coisas
Quinta Feira 1-11-2007
20h30 Teatro Municipal de Vimioso
Recepção dos convidados
Apresentação do Encontro
21h30 Teatro Municipal de Vimioso
Arritmia
45’, (2007), (Portugal)
de Tiago Pereira + Conversa com o Realizador
Em «Arritmia» ouvem-se os ritmos primeiros do coração, os ritmos dos ofícios, os ritmos das celebrações religiosas os ritmos da cidade grande ou os ritmos do desejo amoroso (alguém diz, com saber, ser a dança uma representação vertical de um desejo horizontal). Qual foi a primeira dança, pergunta-se. E, sem resposta imediata, ficamos a saber de bailes populares nas aldeias, dos ranchos folclóricos, da recuperação - e reavaliação e reinvenção - das danças tradicionais portuguesas e de outras partes da Europa ou das danças africanas escondidas num berimbau...
Conversa com o Realizador – Como foi feito o som de Arritmia? (A banda Sonora foi criada e montada totalmente antes da imagem)
Sexta Feira 2-11-2007
10h00 Teatro Municipal de Vimioso
Filme Educativo - Narradores de javé
de Eliane Caffé
100’, (2003), (Brasil)
Somente uma ameaça à própria existência pode mudar a rotina dos habitantes do pequeno vilarejo de Javé. É aí que eles se deparam com o anúncio de que Javé pode desaparecer sob as águas de uma enorme barragem hidro-elétrica. Em resposta à notícia devastadora, a comunidade adopta uma estratégia ousada: vão preparar um documento contando todos os grandes acontecimentos heróicos de sua história, para que Javé possa escapar da destruição. Como a maioria dos moradores são analfabetos, a primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias.
10h00 Casa da Cultura de Vimioso
Introdução – Reunião inicial
11h00 Casa da Cultura de Vimioso
Apresentação filme/palestra de Raquel Castro: Som e Identidade Sonora
"Soundwalkers"
um documentário sobre o mundo sonoro
de Raquel Castro
Sinopse ou breve nota de motivação:
Alguns princípios são fundamentais para construirmos uma sociedade acusticamente saudável, onde possamos viver dentro dos sons da vida. O respeito pela voz e pela palavra, a consciência sonora, o despertar da audição. Preservar os sons que tendem a desaparecer, mas ter abertura para os sons que nascem com cada novo passo tecnológico. Construir uma linguagem sonora que interprete o seu simbolismo. Aceitar o silêncio, impondo-o nas alturas certas. E, acima de tudo, ouvir.
Palestra:
"Significados e implicações de uma Ecologia Acústica"
A ideia de uma ecologia acústica está hoje muito associada à ideia de poluição sonora, referência por excelência das consequências no universo aural da crescente tecnologização do mundo. No entanto, como nova área de estudo, a mensagem deste movimento tem muito mais para oferecer. Em primeiro lugar, porque tem em conta a forma como os seres se relacionam através do sentido da audição: os estudos de paisagens sonoras centram-se no acto de escutar, um processo que inclui todos os aspectos sobre a forma como a informação é extraída do ambiente acústico, como é classificada e como afecta o comportamento
subsequente, incluindo o próprio processo de escuta. Em segundo lugar, porque os sons têm uma função simbólica que reforça a proposição de que cultura é comunicação.
Por último, porque existe uma relação directa entre o ambiente acústico e o funcionamento saudável da sociedade. A ecologia acústica defende que nos devemos questionar sobre o que ouvimos e porque estamos a ouvir. Uma vez que as coisas vivas e sonantes estão implicadas na vida de todos, o bem estar colectivo depende, então, do desenvolvimento de uma acústica ecológica.
14h30 Casa da cultura de Vimioso
Workshop Mspinky ( Media live act / Vjing narrativo )
Hoje em dia, o documentário debate-se com uma questão, onde está a proximidade, se filmamos pessoas, onde cabemos nós? As tecnologias podem ajudar-nos a combater a cine tirania das salas fechadas de luzes apagadas, é possivel o realizador estar lá e apresentar o filme com luz, com a sua presença e ir mudando a história conforme a reacção das audiências, como algumas tribos africanas, isso muda tudo, o vj passa a realizador e vice versa, as potencialidades criativas aumentam e o lado humano fica mais próximo, quem fez o filme está lá bem perto do público e ele faz parte da criação. O mspinky é um desses sistemas, com a vantagem de se poder alterar o som que está sempre sicrono com a imagem e misturá-lo fazendo do realizador um manipulador de medias, dando assim espaço a outros artistas para colaborarem com ele, vjs, músicos etc.
18.00 Teatro Municipal de Vimioso
Chá da terra
de Gonçalo mota
27’,(2007), (Portugal)
Este video foi realizado no âmbito de uma exposição sobre “Rezas e Mezinhas”, patente no Museu da Terra de Miranda, sendo apenas uma parte desta exibição museológica.
O conceito subjacente ao vídeo é que funcione como uma aula de campo, na qual os detentores dos saberes comunicam directamente com os visitantes, desvelando o encontro etnográfico. De certo modo é um manifesto sobre as possibilidades fílmicas e didácticas que podem advir, se outras práticas e conhecimentos locais forem registados e divulgados de forma participativa.
LEVÊ LEVÊ NON CABA UÉ
de Raquel Castro
21', (2007), (Portugal)
Dois turistas no paradisíaco Ilhéu das Rolas, em São Tomé e Príncipe, acabam por passar as suas férias a registar a vida de uma comunidade de pescadores que ali vive há muito tempo, mas que hoje é obrigada a sair pelo resort que se instalou no ilhéu.
21.30 Teatro Municipal de Vimioso
Tocadores – Brasil Central
de Lia Marchi
25’, 2003, (Brasil)
O documentário revela nas falas e imagens de violeiros, rabequeiros, foliões o rico quotidiano desta gente, seu amor pelo instrumento que tocam e muitas vezes constroem, suas relações familiares, devoções, a lida com a terra, e outros elementos que compõe as raízes culturais da música de tradição oral do Brasil Central (Minas Gerais, Goiás e Entorno do Distrito Federal).
O Espírito do Lugar
de Patrícia Poção
60’, (2006), (Portugal)
Video-documentário sobre a construção da peça teatral, Por Detrás dos Montes, levada ao palco pelo Teatro Meridional.
Remix - O povo que Canta
de Michel Giacometi
Publicamente e ao vivo convidam-se os interessados a desconstruir, remixar partes do Povo que Canta, através do sistema Mspinky. Também se convidam músicos a intervirem tocando em simultâneo e construindo uma enorme jam session.
Sábado 3-11-2007
10h00 Caçarelhos
Visitaremos a aldeia de Caçarelhos, para conhecer um pouco da sua vida.
De forma a não tornar a visita à aldeia numa excursão turística, oferecemos uma série de actividades informais*, que poderão proporcionar uma troca mais intensa e espontânea durante este dia.
Imiscuir-se no ciclo da terra, nos movimentos quotidianos, na partilha dos elementos. O fogo no coração das casas, o fabrico do pão, os trabalhos agrícolas, a descoberta dos cogumelos na floresta, passar o dia com um pastor no monte, ou simplesmente ouvir a fala da gente...
*(Algumas das actividades desta visita, estão condicionadas pela disponibilidade dos nossos anfitriões e pelas condições climatéricas)
16h00 Teatro Municipal de Vimioso
O rap é uma arma
de Kiluanje Liberdade
30’, (1996), (Portugal)
Recebeu o Prêmio de Melhor Primeira Obra no Festival de Cinema Documental de Lisboa (Malaposta), debate-se sobre rap e identidade nos bairros periféricos de Lisboa.
18h00 Teatro Municipal de Vimioso
International Lucky People Center
de Johan Söderberg
85’, (1998), (Suécia)
Lucky People Center International leva-nos numa viagem à volta do mundo, navegando pelo interior das pessoas que o constituem. O uso pulsante da música e ritmo no filme, é reminiscente das ferramentas estéticas dos videos musicais, e providencia uma abordagem refrescante ao documentário. A equipa do filme, passou dois anos a viajar pelo mundo procurando pessoas e modos de vida reflectindo o estado do mundo na sua aproximação ao ano 2000.
O filme mostra-nos diferentes modos de ver e viver num mundo em contínua mudança.
21.30 Teatro Municipal de Vimioso
Os Narradores de Javé
de Eliane Caffé
100’, (2003), (Brasil)
Domingo 4-11-2007
10h00 Casa da cultura de Vimioso
Mesa Redonda
Realizadores: Graça Castanheira, Eva Ângelo, Ricardo Rezende e Miguel Clara Vasconcelos, Tiago Pereira,
Etnomusicólogos: Domingos Morais e Ana Carrapato
- Apresentação dos intervenientes.
- Discussão em volta das recolhas e da sua utilização artística através do cinema.
- De que forma organizamos e transformamos a experiência crua do quotidiano numa forma estética (narrativa, abstracta, documental ou ensaística). Considerando o cinema como uma ferramenta de apreensão e expressão, com ênfase na exploração pessoal, na performance e na critica social.
-As tecnologias hypermedia emergentes detêm um enorme potencial para a antropologia e para a prática artística, na sua capacidade única de combinar e justapor palavras e imagens. O que se ouve e o que fica por dizer. O fotográfico e o cinemático, o analógico e o digital, o linear e o não-linear, e talvez o mais crucial de tudo, o icónico e o simbólico.
-O sistema de representação do vídeo e do filme explora o movimento, a audição e a visão, evocando a experiência subjectiva: emoções, linguagem gestual e movimentos. Porque a cultura humana é manifestamente somática antes de ser semiótica e simbólica, é pela acção que vive a cultura, e pela performance que a cultura oral é transmitida, uma canção, uma história, um ritual são sempre intervenções performativas que asseguram a vitalidade de uma cultura.
- Segundo Peter Greenaway, é necessário transgredir a velha ideia de estar sentado no escuro durante duas horas a assistir passivamente a uma narrativa linear. É urgente quebrar fronteiras e pensar um fenómeno pós cinema, não narrativo e interactivo “ desenvolvendo uma linguagem que equaciona mais com a experiência humana nas suas interacções entre realidade, memória e imaginação” Peter Greenaway, Cinema Militans Lecture, 2003
-Conclusão do encontro
18.00 Teatro Municipal de Vimioso
11 Burros caem no estômago vazio
de Tiago Pereira
28',(2006), (Portugal)
No planalto mirandês, Tiago Pereira encontrou histórias de burros e cantigas. "Uma espécie de surrealismo popular sobre como as pessoas vivem no norte de Portugal, a sua relação com burros e a forma como vivem com isso. São tão musicais que é possível manipular sem nunca perder a sua essência..."
Tocadores – Litoral Sul
de Lia Marchi e L.M. Stein
25’, (2003), (Brasil)
O homem simples do campo, seu amor pela música, pelos instrumentos, pela terra e pelas tradições são os condutores para um registo poético e leve que retrata artistas e artesãos da música de tradição oral dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, onde acontece o fandango, baile rural da região.
21.30 Teatro Municipal de Vimioso
Ainda há Pastores
de Jorge Pelicano
72’, (2006), (Portugal)
Há lugares que quase não existem.
Casais de Folgosinho nem sequer é um lugar. Não há luz eléctrica, não corre água canalizada, não há estradas. Perde-se no silêncio de um vale entre as montanhas da Serra da Estrela.Em tempos foi um autêntico santuário de pastores...Com dezenas de famílias e milhares de cabeças de gado. Hoje, os mais velhos vão morrendo e os novos fogem da dura sina de ser pastor.365 dias por ano.Herminio, 27 anos, contraria o fim.
Ver ainda para mais informações:
http://associartecine.blogspot.com/2007/10/programa.html