29.6.06

Eles inventam máquinas para vivermos sentados !




Retirado de:

A nossa sociedade está constantemente a inventar máquinas, aparelhos e artifícios que nos fazem estar sentados, a desfrutar cheios de stress, a rir como drogados e a viver como mortos.

Andar é deslocar-se ao longo de um espaço utilizando o movimento das pernas, primeiro uma e logo depois a outra, fazendo com que o músculo unido aos ossos por tendões e tecido, converta a energia químia em tensão e contracção, fazendo assim mover os ossos. A coordenação destes movimentos, fruto de aprendizagem desde a primeira infância, permite mover o corpo para outro local.

Hoje em dia, cada vez que temos de fazer coisas em lugares afastados, preferimos cada vez mais a deslocação do nosso corpo por via de outros meios que não o do próprio, meios esses, que as mais das vezes, são autopropulsionados por combustíveis fósseis, e que permitem poupar tempo e esforço. Graças a isso podemos dedicarmo-nos a outras actividades, como trabalhar horas extraprdinárias ou ver TV (4 horas em média por dia). Evitamos também com isso encontros de rua com vizinhos ou caras conhecidas, ou ouvir anedotas e histórias sobre o quotidiano, que certamente nos roubariam tempo e constituiriam perdas irreparáveis e nos impediam de ver a nossa telenovela preferida ou a partida de futebol entre os clubes da actualidade.

Ora acontece que gerir as nossas deslocações constitui uma das mais importantes e valiosas possibilidades. E andar e caminhar é uma recomendação que se revela vital uma vez que pelo seu efeito o corpo activa a circulação, reduz o stress e queima 300 calorias ( a andar a pé durante uma hora). Daí que o ginásio se tenha transformado quase que num ritual de executivos: almoçam rápido e vão de carro até ao ginásio do shopping center, sobem as escadas rolantes, enfiam-se no recinto e passam horas a andar – imóveis - sobre uma máquina rolante… !!!

Sob a bandeira do socialismo (texto de Eduardo Subirats)


Texto de Eduardo Subirats, professor de Filosofia, Estética e Literatura; actualmente ensina na Universidade de Nueva York

(Texto publicado em EL PAÍS, 27/06/06)

A sentença de morte da academia pós-modernista norte-americana contra a teoria crítica de Marx foi uma fraude. Tornou-se mesmo o novo credo «cuia absurdum» das ciências humanas corporativamente departamentalizadas. Face às guerras coloniais que inauguraram o século XXI, os genocídios económicos administrados pelos bancos mundiais e as organizações do comércio global, e aos infinitos fenómenos de violência local e global, esta «superação de Marx» adquire hoje um significado patético.

O poder militar e financeiro do mundo concentra-se nas mãos de um pequeno número de empresas. Os sistemas jurídicos democráticos permitem doses mínimas de soberania social, quando não ocultam autênticos sistemas tirânicos em que reina a corrupção. O terror do Estado, que Hobbes definiu programaticamente por via da metáfora totalitária do Leviatã, impõe-se nos quatro cantos do mundo com a mesma naturalidade como se tratasse de uma vontade divina. Nos centros privilegiados do poder mundial, em Londres, Moscovo, Nova Iorque, este terror encena-se como um sistema de segurança nacional, e uma guerra contra um terrorismo que abrange dentro da mesma caixa conceptual as altas tecnologias de destruição nuclear e biológica do planeta, e, no seu outro extremo, o controlo digital de todos os seres humanos. Nas cordilheiras e nas selvas da Colômbia, Equador e Peru, nos povos curdos e Tchechenos, a nas altas montanhas do Tibete, ou nas civilizações sunitas e chiítas do Próximo Oriente tudo jaz em ruínas.

As estratégias do espectáculo encobrem por detrás das suas infinitas montras e da sua propaganda permanente os processos de liquidação de recursos naturais vitais como a água, a terra e o ar, e as subsequentes deslocalizações, e genocídios, de milhões de indivíduos. Em vez de um sistema de produção agrícola adaptado aos ciclos reprodutivos da natureza, e das culturas que durante séculos com ela conviveram, tal como sonhava o socialista do século XVIII Charles Fourier, temos que afrontar com as consequências cada vez mais violentas dos desequilíbrios biológicos e atmosféricos gerados pelo desenvolvimento industrial, ecológico e socialmente irresponsável. A racionalização mecânica do trabalho industrial, que Marx e Engels tanto criticaram como processos de alienação humana, nos campos de trabalho e extermínio do século passado, e nas actuais fábricas do Terceiro Mundo, adquire hoje em dia dimensões delirantes.

O Manifesto Comunista antecipava a culminação de uma idade da barbárie, com fome em todo o planeta e a extensão de guerras devastadoras em consequência de uma «demasiada civilização, com demasiados meios de subsistência, indústria em demasia e demasiado comércio». E anunciava justamente a delirante dissolução «no ar de tudo o que era sólido», desde os desejos mais íntimos até aos meios de sobrevivência. E falava ainda dos «contínuos distúrbios sociais», das reiteradas «revoluções dos meios de produção», da «permanente incerteza» e de uma imparável «agitação».

A ambiguidade d teoria crítica de Marx não reside na sua visão da barbárie civilizada do capitalismo global, cujas expressões de podridão e devastação podemos hoje observar por todo o lado. A sua debilidade consistia antes em ter elevado à posição messiânica do proletariado a categoria do povo, eleito como um deus de uma história concebida segundo uma progressão linear. A sua fé residia na salvação graças a um espírito histórico providencial. Sobre os ombros deste proletariado repousava a redenção de uma humanidade nova e universal, nem mais nem menos como Paulo a tinha projectado. Ao mesmo tempo que dotou o proletariado desta magnitude cristológica e transcendente, Marx construiu-o empiricamente a partir da racionalidade produtiva e da disciplina industrial. Por isso, por ser simultaneamente a representação de uma salvação transcendente e o representante dos valores racionais da indústria pesada, o proletariado levantou, nos comunismos soviético e chinês, um sistema totalitário de opressão e de violentos processos de acumulação capitalista.

Contra esta lógica congelada de progresso, Gramsci redefiniu a revolução dos sovietes como o triunfo da vontade contra Das Kapital. Por seu turno, e face ao historicismo marxista, Mahatma Gandhi reivindicou um socialismo enraizado nas sabedorias e tradições culturais milenárias. E José Carlos Mariátegui fundou o socialismo peruano sobre a compreensão cósmica da unidade d pessoa e a comunidade, que ainda vive nas culturas quechua e aimara. Paul Tillich concebeu o socialismo sobre as bases de uma ética cristã que se aproximava das suas raízes judaicas, e das noções biblícas de comunidade, lei e salvação. Martin Buber entendeu o socialismo como a restauração dos vínculos do humano com a criação e a comunidade. Num sentido similar, a crítica de Karl Polanyi ao fascismo, concebendo-o como uma consequência política necessária da economia de mercado, e como correspondente do liberalismo económico, com a consequente proposta daquele autor de uma ampliação e radicalização dos direitos humanos, arrancava de premissas metafísicas e éticas de um humanismo cristão.

É absurdo dizer que foram superados os ideais sociais como os que estavam representados nos falanstérios de Fourier. Na realidade, tratam-se de modelos racionais de sobrevivência, face à destruição biológica do planeta pelas empresas transnacionais, que são hoje mais do que nunca actuais. O anarquismo de Piotr A. Kropotkin encerra em si os valores comunitários mais radicalmente democráticos que a sociedade moderna pode conceber. A crítica do militarismo de Lenine é hoje mais actual, face às guerras coloniais do Iraque ou da Colômbia, do que o foi alguma vez face ao militarismo industrial do século passado.

Tudo isto não quer dizer que não haja que redefinir as categorias do socialismo numa época em que sob a sua bandeira coabitam políticas socialmente vazias. É necessário renovar a sua crítica à civilização pós-moderna. E recuperar uma tradição intelectual esquecida, que ao longo do século passado, fez frente à guerra nuclear e biológica, e às tendências totalitárias inerentes à economia empresarial e da cultura do espectáculo.

Carta aberta a Régis Debray sobre o trágico, o utópico e a esquerda do séc. XXI




Régis Debray, escritor, filósofo e ex-guerrilheiro, companheiro de Che Guevara, lançou recentemente na Gallimard um livro com o sugestivo título «Súplica aos novos progressistas do séc. XXI»

O sociólogo Philippe Corcuff acaba de fazer publicar no jornal Le Monde uma carta aberta dirigida justamente a Debray a propósito daquele texto. É esta carta aberta que abaixo reproduzimos em tradução para português.

Caro Régis,

A tua Súplica aos novos progressistas do século XXI (edição da Gallimard) orienta-nos oportunamente para uma reflexão sobre a armadura intelectual da política num momento em que não faltam na cena mediático-política golpes baixos e manobras eleitoralistas.

Com as tragédias do século XX, e com a corrida neoliberal em vento em popa, com todos os riscos ecológicos, é tempos de re-avaliar a nossa concepção do Progresso. Tens razão quando escreves:«O século crê na História porque acreditou em Deus, e para continuar a crer, mas de uma outra maneira, depois que perdeu a fé. O que se designa de Providência na igreja, chama-se de Progresso na cidade.»

Todavia, para um agnóstico de história, não há senão lugar a progressos, no plural. Neste sentido, toda a tradição não seria, à priori, de carácter negativo, nem toda a novidade se mostraria, por si mesma, positiva.

Não se trata de acabar com as Luzes, mas antes de «renovar a ferramenta intelectual». E que não se confunda isto com qualquer relativismo pós-moderno, onde tudo vale, porque nada vale. Esboçar-se-ia assim umas Luzes mitigadas, menos arrogantes, para uma esquerda que não abandona a tripla aposta do conhecimento, da modificação de si e da transformação do mundo. Donde o teu apelo à emergência de uma «esquerda trágica», «tingida de pessimismo», bem distinta quer daquela «esquerda divina», submergida no optimismo, quer da «esquerda gestora», enredada no presente, sem memória histórica nem projecção para o futuro.

A esquerda tem certamente necessidade de se alimentar do trágico. Basta recordarmo-nos das fragilidades da acção humana face às circunstâncias que se mostram independentes da sua vontade e que, permanentemente, lhe escapam. Basta lembrarmo-nos da componente de incerteza das nossas histórias, dos nossos riscos e dos nossos desafios. Basta lançarmos um olhar sobre a condição humana, com as suas potencialidades criadores mas também destrutivas, imersa numa história com clarões emancipadores quanto inércias opressivas. Abandonemos as ilusões antropológicas do «homem bom por natureza que é pervertido pelo capitalismo». Façamos a economia da hipótese, irrealista e por vezes mortífera, do nascimento rápido de um «homem novo» que resolveria como um milagre todas as contradições das políticas de mudança. Sim, mas…

As tuas análises surgem-nos unilateralmente negras. Como se a pretensão a uma lucidez última alimentasse na tua boca a nostalgia do definitivo e do absoluto, que estariam ligados mais ao trabalho do negativo do que ao «futuro radioso». O teu auto-retrato de «navegador solitário», a remar contra-a-corrente, leva-nos directos ao rídiculo a uma pretensão de um lucidez omnisciente. Desde o teu livro «Critica da Razão Política»(1981), na qual pretendeste conhecer, graças aos teus conceitos, o enigma de toda a sociedade humana ( o seu fundamento supostamente religioso), tomaste a direcção dos filósofos-reis. Ao fazê-lo não estás a confundir rápido demais o carácter heurístico de uma analogia ( entre o religioso e o político) com uma verdade eterna? Sem dúvida que és mais convincente nas narrativas autobiográficas, quando colocas em cena as nossas deficiências face aos desregulamentos da vida política e amorosa: Les rendez-vous manqués (1975), Les masques (1988), Loués soient nos seigneurs (1996)...

E se fosse necessário recusar definitivamente a lucidez definitiva e as poses inspiradas dos que crêem ver o essencial? Interrogar, através de perspectivas sempre parciais, as sinuosidades das contingências históricas como as nossas próprias limitações individuais. Apoiando-nos em referências de tradições do passado, que funcionariam como bússolas revisíveis pelo caminho, e que valem mais que o cocktail relativista das insignificâncias pós-modernas e menos que os absolutos de antanho. Transcendências relativas, de qualquer forma.

A tua esquerda trágica» parece ter esquecido a tensão dialéctica entre o trágico e o utópico. Não serão as características parecidas da história humana, a sua abertura, os seus movimentos, a sua parte de imprevisibilidade, que dão conta da sua dupla face? Maurice Merleau-Ponty teve a intuição: « O mundo humano é um sistema aberto ou inacabado e a mesma contingência fundamental que o ameaça de discórdia o subtrai à fatalidade da desordem e impede o desespero» (Humanisme et terreur, 1947). As flores da utopia continuam a eclodir um pouco por todo o lado nos mundos confusos dos altermundismos ou, bem perto de nós, nas revoltas dos «banlieues» ou nos movimentos anti-CPE, com as suas contradições, e os seus maniqueísmos. Na tensão, pois, com o trágico. «Homem da chuva e criança do bom tempo, as vossas mãos de erros e progressos me são igualmente necessários», dizia René Char (Seuls demeurent, 1938-1944), poeta em armas no meio da resistência «maquis».

A dupla possibilidade de novos avanços emancipadores e novas regressões bárbaras jogam-se hoje em França por um fio. Num contexto menos dramático, estaremos nós, um pouco como Walter Benjamin em 1940, «ao alcance do perigo», tentando discernir no «aqui-presente» uma frágil esperança libertadora? De uma lado: a etnicização das relações sociais, protagonizada pela FN e pelo marketing anti-muçulmano de Villiers, estimulado pelas demagogias securitárias. No meio: a gestão social-liberal da precarização generalizada da UMP-PS, sobre o fundo do esgotamento das instituições da nossa democracia representativa. Do outro lado: a estrela de uma nova questão social, respeitadora das individualidades, vacilante na vitalidade dos movimentos sociais anti-liberais e com falta de tradução política. Quando os fogos cruzados da utopia anti-capitalista desafiam as mecânicas ameaçadoras do mais provável.

Que tal, Régis, uma esquerda utópica e trágica para o século XXI? O desafio é imenso, as urgências iminentes, tudo à altura das nossas fraquezas.

Philip Corcuff

(texto publicado no Le Monde, 23 de Junho de 2006)

28.6.06

10 excelentes razões para não ires à tropa ou incorporares-te num exército


10 excelentes razões para não ires à tropa ou incorporares-te num exército


1 – Podes ser morto

2 – Podes ser levado a matar outros seres humanos

3 – Podes ser ferido

4 – Podes não receber os devidos cuidados de saúde

5 – Poderás vir a sofrer de problemas de saúde para toda a vida

6 – Podes ser vítima de mentiras e falsa propaganda

7 – Podes ser objecto de discriminação

8 – Podes receber ordens para fazer aquilo que vai contra os teus princípios e valores

9 – Pode depois tornar-se difícil deixar as forças armadas

10 – Tens muitas outras escolhas para te realizares como pessoa, para além da incorporação nas fileiras do Exército ( da Força Aérea, e da Marinha)



Para consultar o livro:
http://www.endthewartour.org


I just read an excellent book called "10 Excellent Reasons Not to Join the Military." Personally I was never attracted to the military because I could never stand having anyone tell me what to do ? well, and because I had parents who helped me find other options in life.

The military glorifies the giving and obeying of orders as somehow something good for its own sake, something called "discipline" or "character." I can't judge whether I have either of those things, but I do know the last place I would ever have thought to turn for a career was an institution in which I would have had to do what a bunch of mean bastards said to do simply because they said to do it. That wouldn?t have worked. I'd have ended up a conscientious objector even in peace time.

But, of course, order-taking is common in many young people's households and potential workplaces. My whole life, whenever I've had a boss who's annoyed me I've quit my job. I've had the good fortune to always find another and to have strong support from family. Not everyone has that luxury. Clearly taking orders from a military officer could sound more liberating than taking orders from a Wal-Mart manager, particularly to someone who currently works at Wal-Mart.

But even such a person, facing a highly unpleasant and unrewarding work life, and facing a taxpayer-funded multibillion-dollar advertising campaign for military recruitment, would not for an instant consider joining the military if they had read "10 Excellent Reasons Not to Join the Military."

The 10 reasons are:

1. You May Be Killed


This chapter was written by Cindy Sheehan. It alone should dissuade any potential recruit who does not hate his or her mother.

2. You May Kill Others


This chapter is timely, given the U.S. media's recent and long-in-coming awakening to the killing of civilians in Iraq by U.S. soldiers. Here Paul Rockwell recounts the stories of Iraq War veterans, including Jimmy Massey, Darrell Anderson, and Aidan Delgado. Massey says he was involved in a number of routine checkpoint killings. Anderson said, "At traffic stops, we kill innocent people all the time. If you are fired on from the street, you are supposed to fire on everybody that is there. If I am in a market, I shoot people who are buying groceries."

Delgado described killings at Abu Ghraib: "They opened fire on the prisoners with the machine guns. They shot twelve and killed three. I talked to one guy who did the killing. He showed me grisly photographs and bragged about the results. 'Look, I shot this guy in the face,' he said. 'See, his head is split open.' He talked like the Terminator. I was stunned and said, 'You shot an unarmed man behind a barbed wire for throwing a stone.' He said to me, 'Well, I said a prayer, and I gunned him down.' There was a complete disconnect between what he had done and his morality. He was the nicest guy, a family man, a courteous, devout Christian." (Was there a disconnect? He prayed his Christian prayer as he murdered a non-Christian. The connection seems unavoidable.)


3. You May Be Injured


If you sign up, you may not die, but you are quite likely to be injured, physically and psychologically. You may come back without arms, without legs, without eyes, without sanity. And if you're injured in a support role, not in combat, you won't even count as a statistic.

The stories in this chapter are painful. Robert Acosta, who lost his hand, among other injuries suffered in Iraq, described the attack on Iraq as a time of fear for himself and his fellow soldiers. The largest army the world has ever seen was aggressively attacking a ruined nation, using massive high-tech machinery, but the soldiers inside the trucks were focused on their fear of children:"I got to call home almost every other day, which would change once we moved north. We stayed in a place called Camp Udairi, not too far from the Kuwait-Iraq border. The whole 1st Armored Division was there, and little by little troops were moving north. We heard stories of soldiers still getting ambushed and little kids stabbing them through the thin plastic on the Humvee doors."


4. You May Not Receive Proper Medical Care


In fact, judging by the accounts here and elsewhere, you are likely to be tossed aside as human waste and allowed to suffer all kinds of unnecessary misery.


5. You May Suffer Long-Term Health Problem
s

Here are stories from Nevada, Vietnam, and the Gulf War. "You" in this case includes your children, even those not yet so much as a gleam in your eye ? should you be capable of producing a gleam in your eye.


6. You May Be Lied To


In this chapter Elizabeth Weill-Greenberg describes her experience posing as a potential recruit. The recruiters blatantly lie to her and cruelly pressure her to join, risk her life, and help fill their quota.


7. You May Face Discrimination


Aimee Allison describes a military culture that is openly and brutally racist, misogynistic, and homophobic. "These revelations are not surprising," she writes, "to former Marine Corps Lance Corporal Stephen Funk. During his training in 2002, Stephen told me that his drill instructor gave a rousing speech at the end of Marine combat training: 'This is the reality of war. We Marines like war. We like killing. We like raping females. This is what we do.'"


8. You May Be Ordered to Do Things Against Your Beliefs


Here we get into the matter of orders. Even if you don't mind following orders that you think might actually have been given for some good reason, what will you do if ordered to murder children? Read these stories of what others did in that sort of situation.


9. You May Find it Difficult to Leave the Military


You can check in any time you like, but you can never leave.

10. You Have Other Choices.


There are many other ways to get money for college, to take overseas adventures, to do good for the world, and to develop skills and abilities. In fact, a list of resources is listed at the end of this book.


Um novo número da «Análise Social» dedicado ao tema «Futebol e Globalização»





Publicada desde 1963, a Análise Social é a mais antiga revista portuguesa de ciências sociais, cobrindo os mais diversos aspectos da realidade social portuguesa desde a história e a antropologia até à sociologia e a ciência política

A Análise Social tem atravessado várias fases ao longo da sua existência e de uma maneira geral representa as correntes académicas mais tradicionais. De qualquer forma o seu interesse é irrecusável.

Número 179, Volume XLI, 2º trimestre de 2006 ( último número)

Sumário:


STEPHEN WAGG «Anjos de todos nós?» Os treinadores de futebol, a globalização e as políticas de celebridade

MIGUEL MONIZ Identidade transnacional adaptativa e a venda do soccer: o New England Revolution e as populações imigrantes lusófonas

NUNO DOMINGOS Futebol e colonialismo, dominação e apropriação: sobre o caso moçambicano

PAUL DARBY Migração para Portugal de jogadores de futebol africanos: recurso colonial e neocolonial

TIAGO MARANHÃO «Apolíneos e dionisíacos» — o papel do futebol no pensamento de Gilberto Freyre a respeito do «povo brasileiro»

MARCOS ALVITO «A parte que te cabe neste latifúndio»: o futebol brasileiro e a globalização

JIM RIORDAN «Entrar no jogo»: pela Rússia, pelo dinheiro e pelo poder

W. MANZENREITER, J. HORNE Levando o jogo pós-fordista ao Extremo Oriente: a futebolização da China, do Japão e da Coreia do Sul

JOÃO NUNO COELHO, NINA CLARA TIESLER O paradoxo do jogo português: a omnipresença do futebol e ausência de espectadores dos estádios

ADAM BROWN «Not for sale»? A destruição e a reforma das comunidades futebolísticas na aquisição do Manchester United pelos Glazer

DETLEV CLAUSSEN Sobre a estupidez no futebol

MASSA CRÍTICA, no próximo 30 de Junho de 2006 ( Lisboa e Porto)

18H00 – LISBOA, Marquês de Pombal
18H30 – PORTO, Praça dos Leões
A Massa Crítica está inserida no contexto de um movimento internacional de nome “Critical Mass”, iniciado em São Francisco há já 10 anos. A ideia consiste em realizar um passeio lúdico e reivindicativo de bicicleta, patins, skate pelas ruas da cidade.
Neste passeio os participantes divulgam de maneira criativa o uso de veículos não poluentes e protestam contra o uso abusivo de transportes poluentes.
Objectivos:
1. Divulgar e promover o uso da bicicleta e outros veículos não poluentes como meio de transporte;
2. Criar condições favoráveis ao uso da bicicleta e outros veículos não poluentes como meio de transporte;
3. Tornar mais ecológicos os sistemas de mobilidade e transporte.
Resumo dos Princípios: Não há hierarquia de cargos. As decisões são tomadas por consenso. A Massa Crítica é um movimento apartidário e não comercial. A participação é aberta a qualquer pessoa ou entidade que esteja de acordo com os objectivos do movimento. Para participar na Massa Crítica basta comparecer no local combinado, no dia e hora marcados com a sua bicicleta, skate ou patins. Não é preciso fazer qualquer tipo de inscrição ou pagar qualquer taxa. Os roteiros são decididos na hora e podem ser realizados por todos, inclusive principiantes. Pode trazer seus próprios panfletos, cartazes ou faixas ou usar os já existentes. Se é automobilista e não pode participar da Bicicletada pedalando, o seu apoio também é bem-vindo, seja divulgando a causa, seja respeitando o ciclista no seu dia a dia.
Para mais informações visite http://massacriticapt.net

Ecopista em Torre de Moncorvo



Já se encontra pronto o primeiro troço da ecopista do Sabor que irá ligar o Pocinho até ao Carvalhal numa extensão de cerca de 30 Km aproveitando o antigo traçado da linha férrea que foi desactivada há mais de 20 anos.
Por agora, e prontos para serem usados, construídos apenas os primeiros 5 km que ligam o centro da vila transmontana à zona industrial..
A ecopista serve para a marcha a pé como para ciclovia, e é a primeira a ser realizada em Trás-Os-Montes.

24.6.06

Para onde irão os milhões de refugiados e imigrantes climáticos?

Com a gradual subida das águas milhões de pessoas terão de sair do seu local de residência e até fugir do seu país. Quem é que os poderá acolher?

Segundo certos ecologistas os países responsáveis pela poluição ( os países ricos do hemisfério do Norte) deverão acolher os exilados na proporção do seu nível de poluição
Acolher os imigrantes proporcionalmente à poluição emitida por cada país é uma ideia simples e muito bonita.



Um norte-americano emite em média 5 vezes mais dióxido de carbono que um mexicano e 20 vezes mais que um indiano. Conclusão lógica: a última coisa que o nosso meio ambiente, já demasiadamente mal tratado, precisa é de um aumento da população norte-americana. Este é o argumento de um dos grupos mais activistas existentes dentro da Sierra Club, a mais importante associação norte-americana de defesa do meio ambiente. No início do mês de Maio esta associação propôs aos respectivos membros (750.000 sócios) a defesa do princípio de uma redução da imigração para os Estados Unidos que atingisse cerca de 700.000 pessoas por ano. A proposta foi rejeitada mas os seus defensores continuam firmemente determinados. « A demografia americana pelo seu peso e a sua taxa de cresimento está a colocar a uma rude prova o meio ambiente mundial »

Uma atitude que ilude o verdadeiro problema

Opiniões similares ouvem-se noutras latitudes. Seguno o ecologista Tim Flannery, director da South Australian Museum, em Adelaide, a Austrália não pode responder sustentavelmente às necessidades de mais de 7 ou 8 milhões de habitantes – menos de metade dos 19 milhões que conta actualmente o país. Isto levantará um verdadeiro dilema moral quando se tiver de acolher os imigrantes que serão forçados a mudar de país por causas climáticas como será o caso dos habitantes das ilhas do Pacífico que se arriscam a serem submergidas pela subida do nível das águas do Pacífico.
«Se acolhermos estes refugiados eles multiplicarão imediatamente por cem a sua produção de gás com efeito de estufa ao colocar-se ao nível de vida dos australianos. O que agravar+a ainda a situação.», afirma Tim Flannery. Segundo este, a solução consiste para os países ricos a reduzir de forma draconiana as suas emissões poluentes.
Outros afirmam, pelo contrário, que o frenesim de consumo dos países desenvolvidos deverá levá-los a abrirem-se ao acolhimento dos imigrantes. Nos próximos séculos milhões de habitantes das zomas litorias e de pequenas ilhas serão forçados a tornarem-se «refugiados ambientais» por causa da subida do nível das águas do oceano ou das condições climáticas extremas. Numa carta recentemente enviada à revista Nature, Sujatha Byravan do Council for Responsible Genetics (conselho para uma genética responsável) de Cambridge, nos Estados Unidos, e Chella Rajan, do Tellus Institute, um grupo de reflexão de Bóston, defendem uma nova versão do princípio do poluidor-pagador: os países responsáveis pela poluição deverão acolher os exilados na proporção do seu nível de poluição.
«Há actualmente um grande debate sobre a justiça climática, principalmente à volta das emissões poluentes» - declara Chella Rajan - «Nós pensamos que é tempo de estabelecer a relação entre as emissões e as suas consequências e pensar isso em termos de justiça.»
Ora se esta tese vingasse, os Estados Unidos, país em que o consumo energético está na origem de 30% das emissões mundiais de carbono ao longo do último século, deveria consequentemente acolher 30% dos refugiados.

Milhões de «boat people» fugirão das áreas submergidas

Todos estes argumentos têm as suas lacunas. Assim, uma das principais críticas endereçadas aos partidários da redução da imigração por razões ecológicas é a de que uma tal orientação não estimula os países desenvolvidos a assumir as suas responsabilidades pelos prejuízos causados. « É anti-ecológico fazer pesar a responsabilidade sobre a imigração, pois isso desvia a atenção para o verdadeiro problema», sustenta Betsy Hartmann, directora do programa População e Desenvolvimento na universidade de Hampshir, em Amherst (Massachusetts). «É preciso insistir na necessidade de reduzir o nosso consumo, mais do que apontar o dedo de acusação aos fluxo de pessoas. Os norte-americanos não são imbecis vorazes, mas vivem num sistema de sobre-consumo e de tecnologias poluentes.» Tim Flannery não diz outra coisa. «A única coisa sensata é evitar uma mudança climática catastrófica», afirma este último. Porque nunguém dúvida que, a continuarmos nesta direcção, as consequências serão terríveis. É que os países que mais sofrem não serão os mais poluentes.
Robert Nicholls, da Universidade de Southampton, no Reino Unido, fez uma estimativa dos grupos populacionais atingidos pelas inundações devidas à subida dos Oceanos: os números variam entre 100.000 e qualquer coisa como 100 milhões de pessoas por ano entre 2020 e 2100, em função das projecções feitas com base no crescimento demográfico, no desenvolvimento económico e de sensibilidade climática. As costas densamente povoadas da Ásia e de África serão as mais duramente atingidas, sendo responsáveis em cerca de 80% das populações inundadas.Os pequenos Estados insulares das Caraíbas, do Pacífico, e do Oceano Índico, no qual se situam as ilhas Tuvalu, e que se encontram em média a menos de 1 metro acima do nível do mar, ainda são as mais ameaçadas. Apesar das incertezas que se mantêm quanto ao número exacto de pessoas atingidas, Sujatha Byravan e Chella Rajan defendem que um direito de imigração deva ser concedido às populações ameaçadas, antes mesmo que surjam as crises ecológicas. «Não é preciso que se chegue a uma situação na qual milhões de «boat people» tenham de fugir à procura de um local para desembarcar».
Andrew Simms, da New Economics Foundation, em Londres, é muito favorável às propostas de Sujatha Byravan e Chella Rajan. « A ideia de acolher os refugiados proporcionalmente à poluição emitida por cada país é simples e bonita».
Mas ele adianta que as coisas poderão ser bem mais complicadas, uma vez que as pessoas deslocadas poderão recusar partir para os países desenvolvidos. Com efeito, os deslocados por motivos ligados à guerra ou a lutas políticas emigram geralmente para países mais próximos, onde estão os seus compatriotas. Apesar do receio dos países desenvolvidos de um afluxo massivo de refugiados e de pedidos de asilo, a verdade é que uma ínfima percentagem de pessoas deslocadas acabam por escolher este destino. Foram, por exemplo, o Irão e o Paquistão, os países que acolheram a maioria dos refugiados das guerras do Iraque e do Afeganistão. Entre 1992 e 2001 num total de 12 milhões de pedidos de asilo originários dos países subdesenvolvidos, cerca de 72% procuraram refúgio noutros países subdesenvolvidos.

O que fazer para os que recusam partir?

«Se a metade da população do Bangla-Desh for obrigada a partir, será para a Índia e não para o a Vírginia», declara Neil Adger que estuda a economia de adaptação à mudança climática no Centre Tyndall de pesquisa sobre a mudança cliátoca de Norwich, na Grã-Bretanha. As pessoas ameaçadas pelas inundações no Bangla-Desh estão, aliás, prestes a emigrar para a Índia, tal como o farão as populações insulares do Oceano Índico.
A nova Zelândia e a Austrália serão os destino mais prováveis dos habitantes das ilhas do Pacífico. As Tuvalu já negociou direitos de imigração com a Nova Zelândia para os seus 9.000 habitantes, caso o seu território fique inabitável. Todavia, muitos dos habitantes recusam-se a partir, apesar de todos os esforços desenvolvidos pelo primeiro-ministro daquele arquipélago.
O desaparecimento total dos Estados soberanos não deixará de levantar a questão acerca das responsabilidades e dos direitos ou não das vítimas a uma compensação. Esta poderá tomar a forma de uma indemnização financeira, de tecnologias de protecção contra as mudanças climáticas ou ainda de direitos de imigração. Mas para as populações situadas no lado negro da evolução climática é a hora de se resignarem aos prejuízos. «A protecção das ilhas Maurícias e da nossa biodiversidade deverá ser uma preocupação mundial.», afirma o diplomata das ilhas Maurícias, Jagdish Koonjul, que está à cabeça da Aliança dos pequenos Estados Insulares. E interroga-se: « O que fazer com uma indemnização quando se perdeu tudo?»


Artigo de Anna Gosline, publicado no New Scientist

22.6.06

Plataforma Não ao Nuclear

http://www.naoaonuclear.org/

No próximo dia 27 de Junho, pelas 15h, no auditório da Casa do Ambiente e do Cidadão, na Rua São Domingos à Lapa, nº26, em Lisboa, será apresentada a página da plataforma Não ao Nuclear.

Esta apresentação será conjugada com uma breve palestra sobre o livro «A Maldição das Bruxas de Ferrel» protagonizada pelo seu autor, Mariano Calado.

Este encontro pretende dar a conhecer aos meios de comunicação social esta nova ferramenta da Plataforma Não ao Nuclear, mas também estimular a participação por parte de cidadãos e organizações, na dinamização de actividades que possam dar corpo aos objectivos da Plataforma:
- Promover o debate em torno das opções energéticas nacionais e, muito particularmente, da demonstração de como a opção pela energia nuclear em Portugal seria um obstáculo e um desvio à via da sustentabilidade energética.
- Promover as opções necessárias e urgentes nas energias renováveis de baixo impacto ambiental, de forma a reforçar a autonomia do país.
- Estimular a implementação de medidas que permitam uma maior eficiência energética, por ser esta a forma mais vantajosa de Portugal atingir a sustentabilidade energética e um saudável desenvolvimento económico, social e ambiental.

Neste sentido, logo após a apresentação pública da página da Plataforma e do livro «A Maldição das Bruxas de Ferrel», será promovida uma reunião da Plataforma, onde se procurará definir as suas formas de funcionamento e áreas estratégicas de actuação. Para que esta possa ser uma reunião efectiva e proveitosa, solicita-se a presença de todos aqueles que estejam interessados em dinamizar e apoiar este movimento. Prevê-se que a reunião decorra entre as 16h 30m e as 19h.

A Formação da Mentalidade Submissa, de Vicente Romano, vai ser editado pela Deriva

Retirado de:
http://www.derivadaspalavras.blogspot.com/




Vai ser editado no Outono pela Deriva, “A Formação da Mentalidade Submissa”, uma obra que transcende o espectáculo mediático em si mesmo. Para inserir, como diria Michel Foucault, na ordem das coisas e da batalha, a ordem das palavras e do discurso.

A obra é do catedrático de Sevilha, professor Vicente Romano, doutorado pela Universidade Complutense de Madrid e pela Universidade de Münster e dotado de um currículo científico tão invejável quanto de um desassombro conceptual total [ver dados biográficos]. Romano junta ao rigor do pensamento a coragem de o dizer, liberto das peias que tolhem e encolhem as palavras ditas apenas para deixarem de bem com todos, aqueles que as disseram. Perdendo, ocasionalmente, esplêndidas oportunidades para guardarem um pouco de um bem tão crescentemente mais raro como é, se não o da reflexão, pelo menos o do silêncio.


As sessões de lançamento, a que se prevê associarem-se vários sectores académicos e da investigação no nosso país, bem como outros colectivos e pessoas, ainda se encontram por agendar em termos definitivos. Aponta-se para Setembro / Outubro, próximos. Até lá, alguns excertos ou –melhor dito- alguns estilhaços não sobre, mas contra a mentalidade submissa que renasce a cada esquina deste volátil tempo em que agonizamos sorridentemente uns para os outros.

20.6.06

A sexualidade e as classes sociais (in «A Revolução Sexual», de Daniel Guérin)


Transcrição do quarto capítulo do livro de Daniel Guérin, «Revolução Sexual, segundo Reich e Kinsey»(Essai sur la révolution sexuelle après Reich et Kinsey», no original),
editado pela Inova (1975)


Breve nota biográfica (retirada da contracapa do livro editado pela Inova):
Daniel Guérin nasce em 1904 de uma família burguesa. Aos 26 anos rompe com o seu meio de origem para se tornar militante revolucionário, e assim manter-se-á durante toda a sua vida. Daniel Guérin foi um autor multiforme: os seus escritos estendem-se desde a sociologia, história, teoria política, sexologia e até ficção.
Muitos das suas obras são hoje verdadeiros clássicos nas respectivas matérias.
Ideologicamente Daniel Guérin reivindica-se do chamado marxismo libertário, entre o anarquismo e o marxismo, e por isso mesmo, é um dos nomes mais citados pelos estudantes revoltosos em Maio de 68.
Muito antes de Maio de 68, Daniel Guérin já desmascarava o puritanismo e defendia a revolução sexual ao lado da revolução social, apoiando-se em Wilhelm Reich e Alfred Kinsey.
Para Daniel Guérin, a liberdade de cada um praticar o amor à sua maneira faz parte dos direitos do homem: confunde-se com a liberdade, simplesmente.

Nota prévia de advertência deste weblog:
os inquéritos sobre as práticas sexuais foram realizados por Kinsey nos Estados Unidos na década de 50, e os comentários de Guérin foram escritos no final da década de sessenta. Apesar de serem algo datados, a verdade é que estes dados ( e comentários subsequentes) são imprescindíveis caso se queira fazer uma análise histórica e sociológica acerca da sexualidade nas sociedades contemporâneas.




Kinsey, se bem que menos orientado para a sociologia do que para a biologia, consente no entanto em fazer uma incursão na primeira destas duas ciências quando enumera as diferenças de comportamento que lhe foi possível verificar em toda a escala social. Mas tais observâncias são limitadas pela sua repugnância ( bem americana) em admitir que existem classes sociais: apenas pretende conhecer «níveis de instrução» ou «categorias profissionais». Comete o deslize de se limitar a alinhar cifras e a traçar curvas sem demasiada preocupação em interpretar as variações registadas.

Para Kinsey, as diversas camadas sociais são todas elas inibidas sexualmente, obedecendo a «tabus» cuja origem remonta à moral judaico-cristã. Mas, segundo a sua opinião, tais tabus não são por elas observadas do mesmo modo. O que é «tabu» para as camadas ditas «superiores» é-o em menor grau para as classificadas de «inferiores».

Comecemos pelas interdições de que são vítimas as chamadas classes «superiores» e com as quais as «inferiores» se preocupam muito menos.

De um modo geral, a actividade sexual global das camadas «superiores» é bastante menor que a das camadas «inferiores». Kinsey dividiu a sociedade em 3 camadas e em função do seu nível de instrução, que ele cifra respectivamente: 0 a 8 ( instrução primária), 9 a 12 ( instrução secundária), 13 e mais ( instrução superior) e traça a curva da actividade global das 3 categorias, dos 10 aos 45 anos. Enquanto que as curvas das duas primeiras categorias coincidem até cerca dos dezassete anos ( ou seja, a idade em que cessa a instrução da 1ª categoria), elas afastam-se a seguir ligeiramente até cerca dos 40 anos. Os louros cabem aos que têm apenas a instrução primária. Quanto à curva da terceira categoria, ela diverge muito acentuadamente em comparação com as duas primeiras desde os 12 anos de idade com clara desvantagem da actividade sexual para as camadas «superiores», ainda que a distância diminua sensivelmente depois dos 30 anos de idade.

As camadas sociais ditas «superiores» são menos precoces que as classificadas de «inferiores». Três quartos dos rapazes que não ultrapassam a escola primária exercitam-se no coito pré-adolescente ( e muitas vezes vão mesmo até ao acto sexual consumado) contra apenas um quarto dos rapazes que vão frequentar o ensino secundário.

Nos adolescentes das camadas «inferiores» o coito pré-conjugal é absolutamente corrente e considerado como normal e mesmo saudável, enquanto que as camadas «superiores» estão mais impregnadas do conceito cristão que atribui a mais alta importância à virgindade antes do casamento, ainda que em maior grau no referente à mulher. 98% dos rapazes que não continuam os estudos após a escola primária praticam o coito antes do casamento, contra 84% dos rapazes de formação secundária e 67% dos que prosseguem os seus estudos na universidade.

A frequência das relações sexuais entre os 16 e os 20 anos eleva-se a uma média entre 2 e 4 vezes por semana nos rapazes que só têm a instrução básica, contra 1,5 para os que frequentam o secundário e 0,3 para os universitários.

Contrariamente aos das camadas «superiores», os homens pertencentes às camadas sociais inferiores não se preocupam com a escolha das suas companheiras, dado que possuem menos exigências estéticas a satisfazer e menos convencionalismos a respeitar. Pelo contrário, preferem prazeres positivos e que não os façam incorrer em obrigações sociais ou emocionais. Ainda entre os 16 e 20 anos, os rapazes das camadas «inferiores» ( ou com apenas escolaridade básica) têm relações sexuais com prostitutas 9 vezes mais frequentes que os que frequentam a universidade, enquanto os rapazes do nível «secundário» frequentam-nas mais de 4 vezes que os «universitários».

É sobretudo entre os «primários» e, em menor grau, entre os «secundários» que se encontra um gosto muito vivo pela variedade das companheiras sexuais.

Finalmente, os «universitários» são obrigados a contentar-se com prazeres imaginários em muito maior medida que os rapazes menos instruídos. O conceito de sexo evoca nele a masturbação, as poluções nocturnas, as carícias e uma avidez incessante de raparigas que só muito raramente aceitam copular com ele.

Nas mulheres, algumas destas diferenças são diametralmente opostas. Assim, por exemplo, apenas 30% das raparigas que têm «ensino primário» têm coitos pré-conjugais, contra 47% das que só frequentam até ao fim do «ensino secundário» e 60% das «universitárias». Claro está que estas estatísticas estão falseadas pela simples razão de que o casamento não tem lugar, nas 3 camadas ou categorias, na mesma idade de vida: as das camadas «inferiores» casam-se muito mais cedo, pelo que têm menos oportunidade de praticarem o coito pré-conjugal. Se restringir-mos a análise às mulheres que casam com a mesma idade, apercebemo-nos que a percentagem do coito pré-conjugal não varia demasiado em função do nível de escolaridade. Kinsey concluiu desse facto que os factores sociais influenciam mais o comportamento sexual dos homens que o das mulheres. E também neste aspecto ele abstém-se de levar as suas deduções até ao fim. Se os factores educacionais exercem menos influência sobre o comportamento das mulheres que sobre o dos homens, é, sem dúvida, porque todas as mulheres, sem distinção do nível de instrução, estão ainda, em larga medida, subjugadas pelo patriarcado e, portanto, inibidas por essa mesma razão.

No que se refere à homossexualidade, Kinsey faz uma constatação que confirma as suas afirmações precedentes quanto ao carácter natural desta conduta: ela é mais praticada pelos elementos que só têm a instrução básica do que pelos que possuem formação superiora, além de que aqueles, comparativamente a estes últimos, são muito raramente exclusivos.

Resumindo: sob muitos aspectos, as chamadas camadas «inferiores» são menos inibidas pelos tabus anti-sexuais que as camadas «superiores», e encontram-se muito mais próximas da natureza que as ditas «superiores»

Acontece que as camadas «inferiores» sofreriam, por seu lado, de certas inibições que atormentam em menor medida os membros das camadas «superiores».
Assim, por exemplo, aquelas não gostam de fazer durar o acto sexual durante tanto tempo como os das pretensas elites sociais, e isso talvez porque as suas capacidades imaginativas e emocionais são menos apuradas. Praticam, também, menos livremente os contactos bucais. Possuem ainda mais preconceitos perante a nudez ( tida como obscena) no momento das relações sexuais. Têm menos necessidade de estimulantes psicológicas (imagens eróticas, literatura «perversa»). Dedicam-se menos à masturbação e são mais reticentes quanto a ela.

Perante tais diferenças, Kinsey comete o erro de as atribuir pura e simplesmente a um maior respeito popular por certos tabus, quando também se podem explicar por uma maior conivência com a natureza, uma menor intervenção da actividade cerebral e das aquisições culturais na sexualidade das amplas massas.

É verdade, sem dúvida, que também o povo é prisioneiro de tabus, mas menos que as pretensas «elites» e somente na medida em que a religião ainda o subjuga. Mas os tabus não são tão rígidos, pelo que a sua sexualidade se mantém fundamentalmente «pagã». O povo, entregue a si próprio, pratica o amor também de uma maneira simples e espontânea.

Ou seja, a revolução sexual, tal como a revolução social, é, antes de tudo, obra do povo.

As estratégias da indústria farmacêutica para multiplicar lucros - Os vendedores de doenças

retirado de
http://ecodebate.com.br/



As estratégias da indústria farmacêutica para multiplicar lucros espalhando o medo e transformando qualquer problema banal de saúde numa “síndrome” que exige tratamento


Autores:
Ray Moynihan,
Alain Wasmes

Há cerca de trinta anos, o dirigente de uma das maiores empresas farmacêuticas do mundo fez declarações muito claras. Na época, perto da aposentadoria, o dinâmico diretor da Merck, Henry Gadsden, revelou à revista Fortune seu desespero por ver o mercado potencial de sua empresa confinado somente às doenças. Explicando preferiria ver a Merck transformada numa espécie de Wringley’s – fabricante e distribuidor de gomas de mascar –, Gadsden declarou que sonhava, havia muito tempo, produzir medicamentos destinados às... pessoas saudáveis. Porque, assim, a Merck teria a possibilidade de “vender para todo mundo”. Três décadas depois, o sonho entusiasta de Gadsden tornou-se realidade.

As estratégias de marketing das maiores empresas farmacêuticas almejam agora, e de maneira agressiva, as pessoas saudáveis. Os altos e baixos da vida diária tornaram-se problemas mentais. Queixas totalmente comuns são transformadas em síndromes de pânico. Pessoas normais são, cada vez mais pessoas, transformadas em doentes. Em meio a campanhas de promoção, a indústria farmacêutica, que movimenta cerca de 500 bilhões dólares por ano, explora os nossos mais profundos medos da morte, da decadência física e da doença – mudando assim literalmente o que significa ser humano. Recompensados com toda razão quando salvam vidas humanas e reduzem os sofrimentos, os gigantes farmacêuticos não se contentam mais em vender para aqueles que precisam. Pela pura e simples razão que, como bem sabe Wall Street, dá muito lucro dizer às pessoas saudáveis que estão doentes.

A fabricação das “síndromes”A maioria de habitantes dos países desenvolvidos desfruta de vidas mais longas, mais saudáveis e mais dinâmicas que as de seus ancestrais. Mas o rolo compressor das campanhas publicitárias, e das campanhas de sensibilização diretamente conduzidas, transforma as pessoas saudáveis preocupadas com a saúde em doentes preocupados. Problemas menores são descritos como muitas síndomes graves, de tal modo que a timidez torna-se um “problema de ansiedade social”, e a tensão pré-menstrual, uma doença mental denominada “problema disfórico pré-menstrual”. O simples fato de ser um sujeito “predisposto” a desenvolver uma patologia torna-se uma doença em si.

O epicentro desse tipo de vendas situa-se nos Estados Unidos, abrigo de inúmeras multinacionais famacêuticas. Com menos de 5% da população mundial, esse país já representa cerca de 50% do mercado de medicamentos. As despesas com a saúde continuam a subir mais do que em qualquer outro lugar do mundo. Cresceram quase 100% em seis anos – e isso não só porque os preços dos medicamentos registram altas drásticas, mas também porque os médicos começaram a prescrever cada vez mais.

De seu escritório situado no centro de Manhattan, Vince Parry representa o que há de melhor no marketing mundial. Especialista em publicidade, ele se dedica agora à mais sofisticada forma de venda de medicamentos: dedica-se, junto com as empresas farmacêuticas, a criar novas doenças. Em um artigo impressionante intitulado “A arte de catalogar um estado de saúde”, Parry revelou recentemente os artifícios utilizados por essas empresas para “favorecer a criação” dos problemas médicos [1]. Às vezes, trata-se de um estado de saúde pouco conhecido que ganha uma atenção renovada; às vezes, redefine-se uma doença conhecida há muito tempo, dando-lhe um novo nome; e outras vezes cria-se, do nada, uma nova “disfunção”. Entre as preferidas de Parry encontram-se a disfunção erétil, o problema da falta de atenção entre os adultos e a síndrome disfórica pré-menstrual – uma síndrome tão controvertida, que os pesquisadores avaliam que nem existe.

Médicos orientados por marqueteiros (propagandista das farmacêuticas)

Com uma rara franqueza, Perry explica a maneira como as empresas farmacêuticas não só catalogam e definem seus produtos com sucesso, tais como o Prozac ou o Viagra, mas definem e catalogam também as condições que criam o mercado para esses medicamentos.

Sob a liderança de marqueteiros da indústria farmacêutica, médicos especialistas e gurus como Perry sentam-se em volta de uma mesa para “criar novas idéias sobre doenças e estados de saúde”. O objetivo, diz ele, é fazer com que os clientes das empresas disponham, no mundo inteiro, “de uma nova maneira de pensar nessas coisas”. O objetivo é, sempre, estabelecer uma ligação entre o estado de saúde e o medicamento, de maneira a otimizar as vendas.

Para muitos, a idéia segundo a qual as multinacionais do setor ajudam a criar novas doenças parecerá estranha, mas ela é moeda corrente no meio da indústria. Destinado a seus diretores, um relatório recente de Business Insight mostrou que a capacidade de “criar mercados de novas doenças” traduz-se em vendas que chegam a bilhões de dólares. Uma das estratégias de melhor resultado, segundo esse relatório, consiste em mudar a maneira como as pessoas vêem suas disfunções sem gravidade. Elas devem ser “convencidas” de que “problemas até hoje aceitos no máximo como uma indisposição” são “dignos de uma intervenção médica”. Comemorando o sucesso do desenvolvimento de mercados lucrativos ligados a novos problemas da saúde, o relatório revelou grande otimismo em relação ao futuro financeiro da indústria farmacêutica: “Os próximos anos evidenciarão, de maneira privilegiada, a criação de doenças patrocinadas pela empresa”.

Dado o grande leque de disfunções possíveis, certamente é difícil traçar uma linha claramente definida entre as pessoas saudáveis e as doentes. As fronteiras que separam o “normal” do “anormal” são freqüentemente muito elásticas; elas podem variar drasticamente de um país para outro e evoluir ao longo do tempo. Mas o que se vê nitidamente é que, quanto mais se amplia o campo da definição de uma patologia, mais essa última atinge doentes em potencial, e mais vasto é o mercado para os fabricantes de pílulas e de cápsulas.

Em certas circunstâncias, os especialistas que dão as receitas são retribuídos pela indústria farmacêutica, cujo enriquecimento está ligado à forma como as prescrições de tratamentos forem feitas. Segundo esses especialistas, 90% dos norte-americanos idosos sofrem de um problema denominado “hipertensão arterial”; praticamente quase metade das norte-americanas são afetadas por uma disfunção sexual batizada FSD (disfunção sexual feminina); e mais de 40 milhões de norte-americanos deveriam ser acompanhados devido à sua taxa de colesterol alta. Com a ajuda dos meios de comunicação em busca de grandes manchetes, a última disfunção é constantemente anunciada como presente em grande parte da população: grave, mas sobretudo tratável, graças aos medicamentos. As vias alternativas para compreender e tratar dos problemas de saúde, ou para reduzir o número estimado de doentes, são sempre relegadas ao último plano, para satisfazer uma promoção frenética de medicamentos.


Quanto mais alienados, mais consumistas

A remuneração dos especialistas pela indústria não significa necessariamente tráfico de influências. Mas, aos olhos de um grande número de observadores, médicos e indústria farmacêutica mantêm laços extremamente estreitos.

As definições das doenças são ampliadas, mas as causas dessas pretensas disfunções são, ao contrário, descritas da forma mais sumária possível. No universo desse tipo de marketing, um problema maior de saúde, tal como as doenças cardiovasculares, pode ser considerado pelo foco estreito da taxa de colesterol ou da tensão arterial de uma pessoa. A prevenção das fraturas da bacia em idosos confunde-se com a obsessão pela densidade óssea das mulheres de meia-idade com boa saúde. A tristeza pessoal resulta de um desequilíbrio químico da serotonina no célebro.

O fato de se concentrar em uma parte faz perder de vista as questões mais importantes, às vezes em prejuízo dos indivíduos e da comunidade. Por exemplo: se o objetivo é a melhora da saúde, alguns dos milhões investidos em caros medicamentos para baixar o colesterol em pessoas saudáveis, podem ser utilizados, de modo mais eficaz, em campanhas contra o tabagismo, ou para promover a atividade física e melhorar o equilíbrio alimentar.


A venda de doenças é feita de acordo com várias técnicas de marketing, mas a mais difundida é a do medo. Para vender às mulheres o hormônio de reposição no período da menopausa, brande-se o medo da crise cardíaca. Para vender aos pais a idéia segundo a qual a menor depressão requer um tratamento pesado, alardeia-se o suicídio de jovens. Para vender os medicamentos para baixar o colesterol, fala-se da morte prematura. E, no entanto, ironicamente, os próprios medicamentos que são objeto de publicidade exacerbada às vezes causam os problemas que deveriam evitar.


O tratamento de reposição hormonal (THS) aumenta o risco de crise cardíaca entre as mulheres; os antidepressivos aparentemente aumentam o risco de pensamento suicida entre os jovens. Pelo menos, um dos famosos medicamentos para baixar o colesterol foi retirado do mercado porque havia causado a morte de “pacientes”. Em um dos casos mais graves, o medicamento considerado bom para tratar problemas intestinais banais causou tamanha constipação que os pacientes morreram. No entanto, neste e em outros casos, as autoridades nacionais de regulação parecem mais interessadas em proteger os lucros das empresas farmacêuticas do que a saúde pública.


A “medicalização” interesseira da vida

A flexibilização da regulação da publicidade no final dos anos 1990, nos Estados Unidos, traduziu-se em um avanço sem precedentes do marketing farmacêutico dirigido a “toda e qualquer pessoa do mundo”. O público foi submetido, a partir de então, a uma média de dez ou mais mensagens publicitárias por dia. O lobby farmacêutico gostaria de impor o mesmo tipo de desregulamentação em outros lugares.


Há mais de trinta anos, um livre pensador de nome Ivan Illich deu o sinal de alerta, afirmando que a expansão do establishment médico estava prestes a “medicalizar” a própria vida, minando a capacidade das pessoas enfrentarem a realidade do sofrimento e da morte, e transformando um enorme número de cidadãos comuns em doentes. Ele criticava o sistema médico, “que pretende ter autoridade sobre as pessoas que ainda não estão doentes, sobre as pessoas de quem não se pode racionalmente esperar a cura, sobre as pessoas para quem os remédios receitados pelos médicos se revelam no mínimo tão eficazes quanto os oferecidos pelos tios e tias [2] ”.

Mais recentemente, Lynn Payer, uma redatora médica, descreveu um processo que denominou “a venda de doenças”: ou seja, o modo como os médicos e as empresas farmacêuticas ampliam sem necessidade as definições das doenças, de modo a receber mais pacientes e comercializar mais medicamentos [3]. Esses textos tornaram-se cada vez mais pertinentes, à medida que aumenta o rugido do marketing e que se consolidas as garras das multinacionais sobre o sistema de saúde.

(Tradução: Wanda Caldeira Brant)
wbrant@globo.com

Bibliografia complementar:


* A revista médica PLoS Medecine traz, em seu número de abril de 2006, um importante dossiê sobre “A produção de doenças” – http://medicine.plosjournals.org/
* Na França, as revistas Pratiques (dirigida ao grande público) e Prescrire (destinada aos médicos) avaliam os medicamentos e trazem um olhar crítico sobre a definição das doenças.
*Jörg Blech, Les inventeurs de maladies. Manœuvres et manipulations de l’industrie pharmaceutique, Arles, Actes Sud, 2005.
* Philippe Pignarre, Comment la dépression est devenue une épidémie, Paris, Hachette-Littérature, col. Pluriel, 2003.
[1] Ler, de Vince Parry, “The art of branding a condition ”, Medical Marketing & Media, Londres, maio de 2003.
[2] Ler, de Ivan Illich, Némésis médicale, Paris, Seuil, 1975.
[3] Ler, de Lynn Payer, Disease-Mongers: How Doctors, Drug Companies, and Insurers are Making You Feel Sick, Nova York, John Wiley & Sons, 2002.



Texto traduzido de Le Monde Diplomatique-Brasil,

in EcoDebate.com.br - 16/06/2006


A mais bonita camisola da selecção brasileira...

Por via de http://www.sindromedeestocolmo.com/ soubemos de uma manifestação realizada em Londres neste últimos dias que foi liderada por Abul Koyair, 20 anos, e que visava protestar contra as operações antiterror da polícia britânica.
Abul Koyar apareceu vestindo uma camisola da selecção brasileira, em homenagem a Jean Charles de Menezes (alguns parentes deste estavam também presentes).

Koyair, nascido em Londres, é mais uma vítima da atual violenta polícia britância. Tomado totalmente de surpresa o seu irmão foi baleado e dois outros ficaram detidos vários dias, antes de serem soltos, sem nenhuma acusação formal.
É a guerra de Bush e Blair contra os "terroristas": Primeiro atiram, depois averiguam.
Viver em Londres ficou muito perigoso



Colher para Semear - Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais


COLHER PARA SEMEAR

Rede Portuguesade Variedades Tradicionais

PORQUÊ PRESERVAR VARIEDADES TRADICIONAIS?


A perda da biodiversidade agrícola, em todo o mundo, é da ordem dos 75%, segundo estudo da FAO em 1984. A situação portuguesa contribui certamente para este panorama, tendo em conta o número de variedades desaparecidas nas últimas décadas das nossas hortas e pomares. Poderemos apontar várias razões para esta situação.

A generalização do uso de sementes híbridas na agricultura contribui para aumentar a pobreza varietal e também para a dependência dos agricultores: devido à degeneração e perda natural de vitalidade destas sementes logo à segunda geração, a sua compra anual torna-se necessária. O comportamento actual dos agricultores que deixam de colher sementes das suas culturas, preferindo comprar os lindos pacotes que os cativam com as fotografias e as promessas de boas colheitas, é outra destas razões.

Por outro lado, a aglutinação das pequenas casas de sementes, geralmente por parte das multinacionais do ramo, reduziu drasticamente a oferta de variedades regionais e tradicionais, pois estas não têm qualquer interesse económico num sistema globalizado. Por essa razão, hoje cultivam-se as mesmas variedades por todo o mundo, não se adaptando estas, como é óbvio, a todos os climas, microclimas e tipos de solos existentes. Consequentemente, necessitam de uma gama enorme de biocidas para completar o seu ciclo, contribuindo assim para os efeitos sobejamente conhecidos de poluição a vários níveis, e para a redução da qualidade alimentar

As variedades que empreenderam uma viagem ao longo de inúmeras gerações para chegarem até nós, foram cuidadosamente criadas e acompanhadas, muitas vezes com grandes sacrifícios, pelos nossos antepassados. São a nossa herança mais preciosa, elas são a vida em forma de semente, são o nosso passado sem o qual não existiria vida em nós. Cabe-nos portanto dar continuidade a essa herança que nos foi tão generosamente cedida, semeando estas variedades, dando-lhes vida e utilidade, podendo assim ser vistos com orgulho por aqueles que nos antecederam, e também pelas gerações vindouras.

OBJECTIVOS DA ASSOCIAÇÃO:

- Inverter a situação actual de contínua perda de biodiversidade genética agrícola, por meio da recolha, cultivo e catalogação das variedades tradicionais ainda existentes;

- Formar e incentivar os agricultores para a recolha anual das suas próprias sementes, assim como estimular a sua troca, assegurando-lhes uma independência e autonomia em termos de sementeiras;

- Contribuir para o conhecimento do nosso património vegetal, promovendo e participando em colóquios e feiras com exposição de sementes, levando o tema onde for necessário;

- Promover o uso de variedades tradicionais em agricultura biológica por estas estarem melhor adaptadas ao local de cultivo e terem menos problemas fitossanitários;

- Estimular o uso de legumes esquecidos, para uma maior diversidade alimentar e uma culinária mais rica, atractiva e completa;- Dar a conhecer aos jovens a herança que nos foi transmitida pelos nossos antepassados, pois cada semente tem um percurso e uma história própria;

- Defender a segurança alimentar continuando a semear as nossas variedades tradicionais de polinização aberta, perfeitamente adaptadas ao seu meio de origem, em detrimento das práticas actuais que usam as sementes híbridas e, no pior dos cenários, as sementes transgénicas ou geneticamente modificadas.

COMO CONTRIBUIR?

Para concretizar estes objectivos, que são do interesse de todos nós, é necessária a contribuição do maior número de pessoas.De que modo?

- Através da inscrição como sócio;
- Pela oferta de donativos ou géneros;
- Voluntariado em diversas áreas: parte administrativa, pesquisa e trabalho de campo, recolha e propagação de sementes, inventariação, outras áreas relacionadas com as actividades da associação;
- Ser sócio guardião de sementes: comprometendo-se a multiplicar a(s) variedade(s) que apadrinhar, devolvendo à associação parte da sua colheita anual, devidamente seleccionada.

Este sócio deve ter assistido previamente a uma oficina de formação sobre recolha, caracterização e propagação de sementes. O sócio guardião é mencionado no catálogo de variedades como reprodutor da semente que apadrinhar.

INFORMAÇÕES E CONTACTOS:

Colher Para Semear
Rede Portuguesade Variedades Tradicionais
Quinta do Olival, Aguda3260 Figueiró dos Vinhos

José Miguel Fonseca - 236 622 218

Graça Ribeiro - 91 490 9334

fcteixeira@esb.ucp.pt
gcaldeiraribeiro@gmail.com"



Boletim de Inscrição de Sócio (Por favor, preencher com letras bem legíveis, de preferência com maiúsculas)Nome: ___________Morada: ____Localidade: ___ Código Postal: ___E-mail: _ Telefone/ Telemóvel: ___Data de Nascimento: __Profissão: ____ Nacionalidade: ____Nº contribuinte: ______
Quota anual: o Sócio individual 35 ¤ o Sócio colectivo 70 ¤ o Sócio estudante/reformado/menor de 16 anos 17,5 ¤ o Donativo de _____________
Pretende receber sementes*?
o Sim
o Não
Pagamento por cheque nº __ do Banco _____No valor de
à ordem de Colher para Semear
Data ___________________
Assinatura ______

Preencha e envie para: Colher para Semear, Tv. Convento de Jesus, 47 - 2º dto, 1200-125 LISBOA*Os sócios da associação Colher Para Semear têm o direito a: participar em todas as actividades promovidas ou apoiadas pela associação (p. e. encontros, oficinas de formação) com direito a redução de entrada quando praticável; receber o boletim interno e circulares; usufruir anualmente de um número de variedades, que serão definidas e disponibilizadas pela Direcção a partir de uma lista anual.

18.6.06

A redução da diversidade genética das culturas agrícolas


Redução da biodiversidade agrícola: cultiva-se hoje 150 espécies, em contraste com as 7.000 que foram cultivadas no passado

A diversidade das culturas está a reduzir-se nos terrenos agrícolas de todo o mundo a um ritmo galopante. A FAO adverte que ao longo dos últimos cem anos se perderam 75% das variedades agrícolas.

A erosão deste património significa uma menor capacidade de resistência e adaptação às doenças e às mudanças climáticas.

Foram estas as conclusões a que se chegou numa reunião que foi promovida pela FAO na semana passada em Madrid e que teve em vista avaliar a aplicação do Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos que entrou em vigor em 2004

Constatou-se que a agricultura mecanizada e as exigências do mercado estão a reduzir a um ritmo vertiginoso a variedade das culturas agrícolas um pouco por todo o mundo.

Note-se que historicamente o Homem utilizou entre 7.000 e 10.000 espécies, ao passo que hoje só se cultivam tão só 150 espécies, doze das quais representam 75% do consumo alimentar humano.

Os recursos fitogenéticos para a alimentação e a agricultura constituem a base biológica da segurança alimentaria mundial e sustentam, directa ou indirectamente, os meios de sustento e de vida de todas as pessoas do planeta. Compreendem a diversidade genética das variedades tradicionais e das culturas agrícolas modernas, assim como as das espécies silvestres aparentadas e ainda outras plantas silvestres que se podem hoje ou no futuro utilizar na alimentação e agricultura. Em termos gerais estes recursos fitogenéticos abrangem os recursos que contribuem para os meios de sustento da vida ao proporcionarem alimentos, medicamentos, forragens para os animais domésticos, fibras, roupa, casas, energia e um grande número de outros produtos e serviços.

Ao longo da toda a história da Humanidade os seres humanos utilizaram milhares de espécies vegetais para a alimentação, muitas das quais se foram dosmesticando. Mas hoje cultivam-se tão só 150 espécies de plantas, das quais só 12 proporcionam cerca de 75% dos alimentos que toda a população mundial consome e se alimenta. E desses só quatro espécies são responsáveis pela metade dos nossos alimentos.

Esta evolução mostra a vulnerabilidade da agricultura e representa um claro empobrecimento da alimentação humana.

Além disso, muitas culturas locais que tradicionalmente serviam para alimentar as camadas mais pobres da população estão subutilizadas ou a ser negligenciadas.
Esta é a conclusão a que chega o primeiro relatório da FAO sobre a situação dos recursos fitogenéticos mundiais

Para consultar o Relatório da FAO que serviu de instrumento de trabalho, ver:
http://www.fao.org/biodiversity/crops_es.asp

A revolta dos estudantes negros do Soweto foi há 30 anos




Em 16 de Junho passaram 30 anos da revolta estudantil do Soweto que
Constitui um marco importante no declínio e derrube do sistema de apartheid que então existia na África do Sul e mediante o qual a lei legalizava e institucionalizava a descriminação racial para com as pessoas de cor negra, ainda que estas fossem a esmagadora maioria da população.


Em 16 de junho de 1976, milhares de jovens sul-africanos revoltaram-se no município de Soweto, África do Sul, contra a decisão do governo branco da altura em impor a língua afrikaans como língua obrigatória do ensino, juntamente com o inglês.. Tratava-se de uma medida humilhante e cruel porque o afrikaans não era vista como a língua do opressor", mas ainda porque os estudantes negros falavam pouco ou mal este idioma, surgido do holandês.


"Os alunos não conseguiam aprender em afrikaans e os professores não podiam ensinar nesta língua", explicou Pandor, que vivia no exílio na época da rebelião. "Era uma política estúpida", mediante a qual o governo do apartheid esperava "impor a sua ideologia", acrescentou. Na manhã de 16 de junho de 1976, milhares de estudantes invadiram as ruas de Soweto, em protesto.

A manifestação começou em calma, mas a dada altura a polícia abriu fogo. O primeiro a cair foi Hector Pieterson, de 13 anos. A foto de seu corpo, carregado por um amigo com o rosto coberto de lágrimas, deu a volta ao mundo.

Os estudantes responderam atirando pedras. A polícia e as autoridades responderam então com um verdadeiro massacre de que resultou a morte de mais 500 jovens estudantes negros.


Aquele dia deu origem a uma onda de indignação no exterior e marcou na África do Sul o ponto de partida de uma rebelião que se espalhou por todo o país e em poucas semanas deixou centenas de mortos.

"Os acontecimentos deste dia tiveram repercussões em todos os municípios da África do Sul. Os funerais das vítimas das violências do Estado se tornaram locais de motins nacionais. Subitamente, os jovens sul-africanos assumiram um espírito de protesto e rebelião", escreveu nas suas memórias o ex-presidente sul-africano e Prêmio Nobel da Paz Nelson Mandela.

Embora esta decisão de impor o afrikaans tenha sido um detonador, esta revolta traduziu também um agudo sentimento de frustração e uma profunda cólera. Foi a conseqüência de uma segregação racial sistemática, acentuada por um contexto econômico difícil depois da euforia dos anos 60, cujas conseqüências foram pagas em primeiro lugar pelos negros.

O massacre de Soweto, perpetrado pelo regime racista da África Sul nos subúrbios de Joanesburgo – na cidade-dormitório de Soweto, verdadeira reserva de força de trabalho negro para as minas de ouro foi a resposta do regime racista para a revolta contra as condições infra-humanas em que vivia a sua população, contra a falta de direitos, contra o racismo. Na África do Sul de então a vida de um negro nada significava para o poder político.

O Soweto ficou como símbolo da resistência ao appartheid e tornou-se um estigma que levou ao isolamento dos racistas, à sua condenação, e ao princípio do fim de um regime execrável.

16.6.06

Saiu o nº 21 da revista Utopia com um dossier sobre ecologia


Foi lançado na semana passada o nº 21 da Utopia, revista anarquista de cultura e intervenção, editada pela Associação cultural A Vida, e que se encontra já à venda nas livrarias e nos centros de cultura libertária espalhados pelo país.
Este último número contém um dossier dedicado à ecologia com vários textos sobre a relação entre anarquia e ecologia, o decrescimento, a água e várias outras questões ambientais. Inclui ainda uma extensão abordagem da vida e obra de Élisée Reclus, notável geógrafo e conhecido militante anaquista.
Pode-se ainda encontrar ao longo da revista, com um renovado aspecto gráfico, artigos sobre as recentes lutas contra a precariedade em França, a manipulação da televisão, os tumultos do passado mês na cidade brasileira de S.Paulo, os cafés lisboetas frequentados pelos anarquistas, e um texto de autoria de Edson Passetti sobre a parrésia anarquista.
Uma breve recensão crítica de livros e uma extensa lista de publicações recebidas pela redacção servem para rematar o conteúdo desta edição da revista.
Como se pode constatar temos aí mais um número da Utopia (nº21), cheio de interesse e que bem merece uma leitura atenta.


www.utopia.pt

13.6.06

Objecção fiscal: Se queres a paz, não pagues a guerra

Objecção fiscal: não pagar impostos que sejam para fazer a guerra!


Se queres a paz, não pagues a guerra

Com o teu dinheiro, tu é que decides!


2 mísseis tomahawkk= 1 colégio


3 tanques leopardo= 1 hospital


1 caça eurofighter = 25 hospitais
.
1 porta-aviões = 50 hospitais


O Estado e a carnificina selvagem do século XX



200 milhões de pessoas foram assassinadas ao longo do século XX.
Não temos por isso direito a dizer que os outros séculos foram mais selvagens que este, pela simples razão de que o século XX foi, ao longo da história, o mais selvagem de todos. E o que tornou isso possível foi a existência do Estado.

Martin Van Creveld, expert militar

Da gratuitidade (Jean-Louis Sagot Duvaroux)


Tradicionalmente a «cultura da gratuitidade» está associada aos antípodas do mercado, a uma forma alternativa de encarar as trocas, assim como a tentativas de emancipação social, e liga-se ainda habitualmente aos usos e costumes das oferendas. Infelizmente todo este património cultural tem vindo a perder-se com a emergência e a consolidação do todo-poderoso mercado e as suas subsequentes trocas mercantis. Ultimamente o marketing e o consumismo perverteram ainda mais a ideia e o acto gratuito do uso e benefício dos mais variados bens. O acesso gratuito ao ensino, e os serviços públicos, como os fornecidos pelo serviço nacional de saúde têm vindo também a sofrer ataques sob a forma de taxas e várias outras formas de pagamento, tudo com vista a satisfazer a ânsia do lucro e dos equilíbrios orçamentais.

Por essa e outras questões é que se torna oportuno a leitura do último livro do autor que mais tem escrito sobre a gratuitidade, Jean-Louis Sagot_Duvaroux, com o título «De la gratuité», editado pelas edições L’éclat.

O livro pode ser descarregado gratuitamente em :

www.lyber-eclat.net/lyber/sagot1/gratuite.html

À Milú Rodrigues, ministra da educação ( segundo consta por aí)


em época de santos populares aqui divulga-se uma recente cantiga de escárnio e maldizer em homenagem de uma paixão não correspondida…



No dia dos Namorados
Solto a minha paixão…

Quando te imagino a «decretar»
Parte-se-me o coração;
Começo logo a ansiar
Por mais uma «substituição» …

Teus negros e doces olhos,
Tua face tão altiva
Arrebata-me o desejo
P’la tua «componente não lectiva» …

Teu nariz arrebatado
Símbolo de tanta firmeza
Mais consegue realçar
Contra os professores a dureza

Sou tímido, eu sei;
E cuidadoso no trato,
Mas, sem tremer, colocarei
No cacifo o teu retrato…

Nas longas horas que passo
Na «sala de estudo», aos bocados,
Vou enchendo resmas de folhas
Com corações trespassados…

E na «sala do aluno» faria
Se não fosse tanta confusão,
Juras de eterna poesia
Vertendo a minha paixão…

Nas horas de «Bibliotecar»,
Pesquiso sempre à procura
De nas revistas encontrar
Tua adorada figura…

Só não consigo cmpreender
Meu amor não correspondido;
Passo meus dias na Escola,
Ando, por aqui, todo partido…

Com tamanha frustração
E injusto sofrimento
Meu amor tornou-se aversão
E a Escola um tormento

Autor: um docente da Escola EB 2,3 de Gualtar

9.6.06

Greenpeace pede a retirada das 480 bombas nucleares dos Estados Unidos do solo europeu


Militantes da Greenpeace, originários de vários países ( Bélgica, Alemanha, Itália, Países Baixos, Turquia, Grã-Bretanha) introduziram-se hoje de manhã no recinto da NATO a fim de exigir a retirada de 480 bombas nucleares norte-americanas que se encontram em solo europeu e prontas a ser usadas.

Às 6 horas desta manhã um camião da Greenpeace semelhante a uma réplica em tamanho real (3,7 metros de altura) de uma bomba nuclear americana do tipo B61 bloqueou a principal entrada do quartel general da NATO. Dentro dele estavam os militantes que traziam as bandeiras dos 6 países em que se encontram armazenadas as bombas norte-americanas.
Simultaneamente outros militantes entravam no recinto e desfraldaram sobre o símbolo gigante da NATO uma bandeirola a reclamar o desarmamento nuclear da Aliança Atlântica.
O protesto levou à detenção dos 24 militantes da Greenpeace e ocorre ao mesmo tempo em que os ministros de defesa dos países da NATO estão reunidos em Bruxelas para discutir o futuro da NATO.
16 anos depois do fim da guerra fria, 480 bombas nucleares norte-americanas (consultar: Hans Kristensen, "U.S. Nuclear Weapons in Europe : A Review of Post-Cold War Policy, Force Levels, and War Planning" (Natural Resources Defense Council, Washington DC, February 2005) ainda se encontram em território europeu no quadro da NATO e espalhadas por diversos países (Alemanha, Bélgica, Itália, Países Baixos, Turquia , Grã-Bretanha). Note-se que cada uma dessas armas tem uma capacidade destrutiva 10 vezes superior à bomba que destruiu Hiroshima e o conjunto de todas elas teriam capacidade de arrasar a Europa inteira do mapa.
Na passada semana a Greenpeace tinha divulgado uma sondagem junto da opinião pública europeia que mostrava como uma larga maioria dos europeus desejavam um Europa sem armas nucleares.
http://www.greenpeace.org/internati...
«Os ministros de defesa devem tomar em consideração a vontade popular a favor da retirada das bombas da Europa e agir em consequência», declarou Donna Mattfield, a activista da Greenpeace encarregada pela campanha desarmamento nuclear.
Há alguns dias atrás, no relatório da Comissão sobre as Armas de Destruição Massiva, então divulgado, o seu presidente, Hans Blix, incluiu na lista das recomendações 2 pontos relativos ao reenvio das 480 bombas nucleares para os Estados Unidos. O relatório fornece informações muito precisas sobre os perigos ligados à presença destas armas na Europa, como o facto destas armas perturbarem os esforços internacionais empreendidos para relançar o desarmamento, citando o caso da Rússia.

Os governos dos países membros da NATO deverão decidir durante o presente ano o futuro desta aliança militar, podendo exigir o reenvio destas bombas ao seu proprietário. Aliás, um tal procedimento já tem precedentes no passado: o Canadá, a Grécia, a Dinamarca, a Islândia são hoje países sem bombas norte-americanas que tinham sido lá instaladas.

Num período de tensões muito vivas como actualmente se vive, a propósito da questão iraniana, a presença das bombas norte-americanas tácticas viradas para o Médio Oriente representam para o Irão uma ameaça muito directa que não ajuda em nada as negociações em curso com esse país.
«No momento em que as doutrinas do emprego de bombas nucleares evoluem, nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha e agora em França, para a ideia da guerra nuclear preventiva, essas bombas tácticas são uma ameaça directa para o Irão e um obstáculo à resolução do conflito com este país » declarou Xavier Renou, encarregado para a campanha de desarmamento nuclear da Greenpeace francesa. E acrescentou: « Os países europeus devem reconhecer que esta violação do Tratado de Não Proliferação descredebiliza a sua posição face ao Irão e impede o relançamento do processo do desarmamento nuclear em todo o mundo.»

Nota : os países membros da NATO vão reunir-se em Novembro próximo para discutir o futuro da NATO e a sua adaptação para o século XXI