26.3.05

Endivido-me, logo existo!



Há uns atrás, o homem que não devia nada a ninguém era um exemplo de virtude e honestidade. Hoje, é um extraterrestre. Sim, porque hoje quem não tem dívidas, não existe. Endivido-me, logo existo.

A difusão massiva do crédito transforma a cultura do quotidiano: as aparências tornam-se no núcleo da personalidade, o artifício torna-se um autêntico modo de vida, e a utopia tem 48 meses de prazo para ser paga.


( excerto do livro de Eduardo Galeano, «Pernas para o ar, o mundo visto de pernas para o ar», existe tradução portuguesa na Editora Caminho)