15.5.09

Dia Internacional da Objecção da Consciência (15 de Maio) é dedicado este ano aos Objectores da Coreia do Sul


O direito de recusar a matar


História do dia internacioal dos Objectores de Consciência:




Este ano o Dia Internacional dos Objectores de Consciência é dedicado aos Objectores de Consciêcia na Coreia do Sul, país que não reconhece a Objecção de Consciência, e onde 15.000 pessoas tem sido condenados à prisão por recusarem o seu alistamento no Exército. Consultar:





As 100 datas da Não-Violência do Século XX: ver
aqui



Consultar:

Os textos deste blogue já publicados:
aqui, aqui, aqui


http://woodpec.blogspot.com/ (Woodstock Peace Economy)


A Objecção de Consciência é um direito fundamental reconhecido em Portugal. Ver aqui

Sabes que a objecção de consciência constitui um direito fundamental dos cidadãos, previsto constitucionalmente. O serviço de apoio aos Objectores de Consciência funciona no IPJ (Instituto Português da Juventude)


O que é a objecção de consciência?

A objecção de consciência constitui um direito fundamental dos cidadãos, previsto constitucionalmente, que lhes permite a isenção do cumprimento do serviço militar quando obrigatório.

Quem pode ser objector de consciência?
Pode requerer o reconhecimento do estatuto de objector de consciência todo o cidadão que, estando sujeito a obrigações militares não as pretende cumprir por convicção de que, por razões de ordem religiosa, moral, humanística ou filosófica, não lhe é legítimo usar de meios violentos de qualquer natureza, contra o seu semelhante, quer se trate de defesa nacional, colectiva ou pessoal.

14.5.09

FATAL (10º Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa, de 5 a 29 de Maio)


Entre 5 e 29 de Maio, Lisboa recebe, pelo décimo ano, o maior Festival de Teatro Universitário do país, este ano com o selo de qualidade do Ano Europeu da Criatividade e Inovação. É no Teatro A Comuna e noutros locais da capital, que o FATAL se volta a mostrar à cidade, contando nesta edição com José Saramago, Prémio Nobel da Literatura, e Manoel de Oliveira, reconhecido realizador de cinema na Comissão de Honra, entre outras individualidades da Cultura nacional.

Durante 20 noites subirão ao palco cerca de 20 espectáculos de 20 grupos de teatro universitário de Portugal, mas também, numa clara aposta de internacionalização, grupos de Espanha, França, Alemanha e Brasil. Para além dos espectáculos apresentados no Teatro A Comuna, as performances e os espectáculos site specific continuam a espalhar por toda a cidade, a diversidade, inovação e criatividade que caracterizam o teatro universitário. Após cada apresentação, as tertúlias, com presença de individualidades da Academia e das Artes do Espectáculo, são um convite ao público para falar do que viu, constituindo-se como sempre num espaço de opinião e crítica.

Mas o FATAL é muito mais que teatro! É um espaço híbrido de entrecruzamento de saberes. Passando pela formação, pelas artes plásticas, pela fotografia e pela pintura são muitas as propostas da programação paralela. Destaque para a Masterclass com o dramaturgo, encenador e especialista em commedia dell’arte Nicolo Carlo Boso; para os Workshops de Dramaturgia, com José Maria Vieira Mendes, Fotografia de Teatro e Tradução; para a exposição de fotografia Fatalidades II, no IPJ de Moscavide, Memórias GTL, na Faculdade de Letras, FATAL – Pintura em Cena e FATAL Folio, no Teatro da Comuna; para as instalações urbanas de artes plásticas, com obras de alunos e docente da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, dispersas pelo campus da Universidade de Lisboa.

O FATAL encerra em Festa com a entrega dos Prémios FATAL, atribuídos pelo júri presidido pelo actor Ruy de Carvalho, dia 29 de Maio, no Teatro A Comuna, às 22 horas.

Este ano, o segundo número da Revista FATAL, vai destacar os 10 anos de Festival, continuando a sua missão de espaço de reflexão e divulgação do teatro universitário e das artes performativas.


Entre 5 e 24 de Maio, os espectáculos e as performances vão transformar Lisboa na capital do Teatro. O FATAL está aí; exposições, instalações urbanas e workshops já começaram a fazer a cidade vibrar.


Festival Programação

-Apresentação Pública
-13 Noites 13 Peças
-Tertúlias
-Performances
-Conferências
-Workshops
-Masterclasses
-Instalações Urbanas
-Cerimónia de Entrega de Prémios
-Festa FATAL


Espectáculos e actividades para a 2ª semana do Festival:


Um dos agraciados com uma Menção Honrosa em 2008, o GTIST, apresenta no FATAL 2009 Agora o Monstro, a partir de Enki Bilal. É hoje 14 de Maio (5ª feira), às 21h30, que o grupo apresenta o trabalho encenado por Gustavo Vicente.

Na 6ª feira, dia 15 de Maio, às 21h30, o Teatro da Comuna recebe o Sótão, com o espectáculo Isto Não É, a partir de Sergei Belbel e Luísa Costa Gomes e encenado por Jorge Alonso.

Dia 16 de Maio, Sábado, a partir das 21h30, o CITAC, vencedor do Prémio FATAL Cidade de Lisboa 2008, leva a cena Reality Show, uma criação colectiva encenada por Vvoitek Ziemilski.
No Domingo, dia 17 de Maio, às 17 horas, o palco pertence ao Théâtre dell’Arte, de França. Com texto e encenação de Carlo Boso, apresentam Scaramuccia.

Para além dos espectáculos no Teatro da Comuna, a segunda semana do FATAL 2009 completa-se, no coração da cidade, com as performances a menina do megafone, pelo grupo bozart, a acontecer na Faculdade de Belas Artes, no dia 14 de Maio, às 23h e Um, Ninguém e Cem Mil, de 14 a 16 de Maio, 23h, no Bar Funicular (Bairro Alto) e o Workshop de Dramaturgia com José Maria Vieira Mendes, no Goethe Institut, de 11 a 14 de Maio.

Elogio das revoluções ( texto de Serge Halimi, publicado em mais uma excelente edição portuguesa do Le Monde Diplomatique)



Duzentos e vinte anos depois de 1789, o corpo da Revolução ainda mexe. Apesar de François Mitterrand ter convidado Margaret Thatcher e Joseph Mobutu para confirmarem o seu enterro, aquando das cerimónias do bicentenário. E porque esse ano das comemorações foi também o da queda do Muro de Berlim, Francis Fukuyama anunciou o «fim da história», ou seja, a eternidade da dominação liberal exercida sobre o mundo e o encerramento, a seu ver, do parêntesis revolucionário. Mas a crise do capitalismo está de novo a abalar a legitimidade das oligarquias no poder. O ar está agora mais ligeiro, ou mais pesado, segundo as preferências. Aludindo «aos intelectuais e artistas que apelam à revolta», o diário Le Figaro mostrou-se desolado: «François Furet parece ter-se enganado: a Revolução Francesa não terminou» [
1].

No entanto, como muitos outros, o historiador em questão não se poupou a esforços para esconjurar a lembrança da Revolução e para que as tentações se afastassem dela. Outrora considerada expressão de uma necessidade histórica (Marx), de uma «nova era da história» (Goethe), de uma epopeia encetada pelos soldados do Ano II cantados por Victor Hugo – «E víamos marchar os soberbos maltrapilhos nesse mundo deslumbrado» –, dela já se mostrava apenas o sangue que tinha nas mãos. De Rousseau a Mao, uma utopia igualitária, terrorista e virtuosa, teria espezinhado as liberdades individuais, parido o gélido monstro do Estado totalitário. Depois, a «democracia», voltando a sentir-se senhora de si, vencera – jovial, pacífica, de mercado. Também ela herdeira de revoluções, mas de uma outra espécie, à inglesa ou à americana, mais políticas do que sociais, «descafeinadas» [2].

Em Inglaterra também tinham decapitado um rei. Mas, como a resistência da aristocracia ali fora menos vigorosa do que em França, a burguesia, para assentar o seu domínio, não sentiu necessidade de fazer uma aliança com o povo. Nos meios favorecidos, um tal modelo, sem maltrapilhos nem revolucionários radicais, parecia mais distinto e menos arriscado do que o outro. Assim sendo, Laurence Parisot, presidente do patronato francês, não traiu o sentimento dos seus constituintes ao confidenciar a um jornalista do Financial Times: «Adoro a História de França, mas não gosto muito da Revolução. Foi um acto de extrema violência, de que ainda hoje padecemos. Obrigou cada um de nós a situar-se num determinado campo». Acrescentando: «Nós não praticamos a democracia com tanto sucesso como a Inglaterra» [3].

É pois uma lamentável polarização social isso de as pessoas se «situarem num campo», porque todos deveriam, pelo contrário, mostrar-se solidários com a sua empresa, com o seu patrão, com a sua marca – nunca saindo, é claro, cada qual do seu lugar. O que a revolução tem de mais errado, para quem a encara com maus olhos, não é a violência, fenómeno tristemente banal na história – é uma outra coisa, infinitamente mais rara: a convulsão da ordem social que irrompe ao ocorrer uma guerra entre ricos e proletários. Em 1988, em busca de um argumento de grande peso, o presidente George Herbert Bush admoestou assim o seu adversário democrata, Michael Dukakis, um tecnocrata perfeitamente inofensivo: «O que ele quer é dividir-nos em classes. Isso é bom para a Europa, mas não existe na América». Classes, na América! Imagine-se o horror de semelhante acusação! Vinte anos depois, quando o estado da economia americana parecia impor sacrifícios tão desigualmente repartidos como os benefícios que os haviam antecedido – um verso da Internacional reclama que «o ladrão restitua pela força aquilo de que se apoderou de forma indevida»… –, o actual ocupante da Casa Branca considerou urgente neutralizar a fúria popular: «Uma das lições mais importantes a tirar desta crise é que a nossa economia só funciona se estivermos todos unidos. (…) Não podemos dar-nos ao luxo de ver um demónio em cada investidor ou empresário que tenta obter lucros» [4]. Contrariamente ao que afirmam alguns dos seus adversários republicanos, Barack Obama não é um revolucionário…

«A revolução é antes de mais nada uma ruptura. Quem não aceite esta ruptura com a ordem estabelecida, com a sociedade capitalista, não pode aderir ao Partido Socialista.» Assim falava François Mitterrand em 1971. Desde então, as condições de adesão ao Partido Socialista (PS) francês tornaram‑se menos draconianas, visto não repugnarem ao director‑geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss‑Kahn, nem ao da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy. A ideia de uma revolução também refluiu por outras bandas, inclusive nas formações mais radicais. O que levou a direita a apoderar‑se da palavra, aparentemente ainda portadora de esperança, para a transformar num sinónimo de restauração, de aniquilamento das protecções sociais conquistadas, ou arrancadas, à «ordem estabelecida».

Censura‑se, contudo, a violência das grandes revoluções. Há quem se choque, por exemplo, com o massacre dos guardas suíços na altura da tomada das Tulherias, em Agosto de 1792, ou com o da família imperial russa, em Julho de 1918, em Ekaterinburgo, ou com a liquidação dos oficiais do exército de Chang Kai‑Chek, após a tomada do poder pelos comunistas chineses em 1949. Nesse caso, teria sido melhor não haverem anteriormente ocultado as fomes do Antigo Regime sobre o pano de fundo dos bailes em Versalhes ou do dízimo que os padres extorquiam; as centenas de manifestantes pacíficos de Petrogrado massacrados pelos soldados de Nicolau II, num certo «domingo vermelho» de Janeiro de 1905; os revolucionários de Cantão e de Xangai atirados vivos, em 1927, para dentro das caldeiras das locomotivas. Sem falar das violências quotidianas exercidas pela ordem social que outrora se pretendia derrubar.

O episódio dos revolucionários queimados vivos não marcou apenas quem se interessa pela história da China, é conhecido dos milhões de leitores do romance de André Malraux, A Condição Humana. Porque, durante décadas, os maiores escritores e os maiores artistas formaram um conjunto indissolúvel com o movimento operário, celebrando as revoluções, os amanhãs que cantam. Inclusive – é certo – menorizando as decepções, as tragédias, as lívidas madrugadas (polícia política, culto da personalidade, nepotismo familiar, campos de trabalho, execuções).

Em contrapartida, desde há trinta anos, só se fala disso; é mesmo recomendado a quem queira ter êxito na universidade e na imprensa, ou para brilhar na Academia. «Quem diz revolução, diz irrupção da violência», assevera Max Gallo. «As nossas sociedades são extremamente frágeis. A maior responsabilidade de quem tem acesso à palavra pública é advertir contra essa irrupção. » [
5] François Furet, por seu lado, considerava que qualquer tentativa de transformação radical era totalitária ou terrorista, que «a ideia de uma outra sociedade tornou‑se quase impensável». Sendo pois esta a sua conclusão: «Estamos condenados a viver no mundo em que vivemos» [6].
Não é difícil imaginar que um tal destino correspondia às expectativas dos seus leitores, em geral protegidos das tormentas por uma existência agradável de jantares e de debates.
A fobia às revoluções e o seu corolário, a legitimação da ordem estabelecida, encontraram muitos outros retransmissores, além de Max Gallo e François Furet. Basta pensarmos nas opções dos media, incluindo o cinema. Desde há trinta anos, os media pretenderam demonstrar que fora da democracia liberal só havia regimes tirânicos e conivência entre eles. A importância dedicada ao Pacto Germano‑Sovietico foi pois muito maior do que a atribuída a outras alianças contranatura, como os Acordos de Munique e o aperto de mão de Adolf Hitler e Neville Chamberlain. O nazi e o conservador comungavam, pelo menos, no ódio às frentes populares. Esse mesmo medo de classe inspirou os aristocratas de Ferrara e os donos da siderurgia da região do Ruhr, quando favoreceram a ascensão ao poder de Mussolini e do III Reich [
7]. Ainda será permitido lembrar estas coisas?

Nesse caso, podemos ir mais longe… Embora Léon Blum tenha teorizado com clamor a sua rejeição de uma revolução de tipo soviético, classificada por um dos seus amigos como «blanquismo com molho tártaro», essa figura socialista, tão respeitada pelos professores de virtude, reflectiu sobre os limites de uma transformação social cujo único talismã seria o sufrágio universal. «Não estamos muito seguros», preveniu ele em 1924, «de que os representantes e dirigentes da sociedade actual não saiam eles próprios da legalidade quando os seus princípios essenciais lhes parecerem muito gravemente ameaçados». Com efeito, desde então, as transgressões desse género não têm faltado, do pronunciamento de Franco em 1936 ao golpe de Estado de Augusto Pinochet em 1973, sem esquecer o derrube de Mohammad Mossadegh no Irão, em 1953. Sublinhava então o dirigente socialista que «nunca a República foi proclamada em França pela virtude de um voto legal, exprimido segundo as formas constitucionais. Ela sempre foi estabelecida, contra a legalidade existente, pela vontade do povo insurrecto» [8].
Evitar as restaurações conservadoras oriundas do saber

Deste modo, o sufrágio universal, agora invocado para desqualificar as outras formas de intervenção colectiva (entre as quais as greves nos serviços públicos, assimiladas a sequestros de reféns), teria passado a ser o princípio e o fim de toda a acção política. Mas as questões que Léon Blum levantou a este respeito não envelheceram nada: «Será hoje (o sufrágio universal) uma realidade plena? Não pesará sobre os eleitores a influência do patrão e do proprietário, juntamente com as pressões das forças do dinheiro e da grande imprensa? Será todo o eleitor livre no sufrágio que exprime, livre pela cultura do seu pensamento, livre pela independência da sua pessoa? Para o libertar, não será justamente necessária uma revolução» [9] Murmura‑se agora, todavia, que o veredicto das urnas fez abortar, em três países europeus – Holanda, França e Irlanda –, as pressões conjugadas do patronato, das forças do dinheiro e da imprensa. Mas, precisamente por isso, esse veredicto não foi tido em conta…

«Perdemos todas as batalhas, mas éramos nós que tínhamos as mais belas canções.» Esta declaração, cujo autor terá sido um combatente republicano espanhol que procurou refúgio em França após a vitória de Franco, resume à sua maneira o problema dos conservadores e da sua lancinante pedagogia da submissão. Ditas estas coisas simplesmente, as revoluções deixam na história e na consciência humana um vestígio indelével, inclusive quando falharam, inclusive quando foram aviltadas. Com efeito, elas incarnam o momento, tão raro, em que a fatalidade se subleva, em que o povo ganha vantagem. Daí a sua ressonância universal. Porque, cada qual à sua maneira, os amotinados do Potemkin, os sobreviventes da Longa Marcha ou os barbudos da Sierra Maestra ressuscitaram o gesto dos soldados do Ano II, esse gesto que levou o historiador britânico Eric Hobsbawm a dizer que «a Revolução Francesa revelou a força do povo de uma forma que nunca nenhum governo pôde dar‑se ao luxo de esquecer – quanto mais não seja por terem de se lembrar do improvisado exército de recrutas que venceu, sem preparação militar, a poderosa coligação constituída pelas mais experimentadas tropas de elite das monarquias europeias» E [10].

Não se trata apenas de uma «lembrança»: o vocabulário político moderno e metade dos sistemas jurídicos existentes no mundo inspiram‑se no Código que a Revolução Francesa inventou. Quem pensar no «terceiro‑mundismo» da década de 1960 bem pode perguntar‑se se uma parte da sua popularidade na Europa não terá vindo da sensação de reconhecimento (no duplo sentido da palavra) que ele fez nascer. De facto, o ideal revolucionário das Luzes, igualitário e emancipador, pareceu renascer no Sul, em parte graças a vietnamitas, argelinos, chineses e chilenos que tinham passado pelo Velho Continente.

Nesse tempo, o Império empastava‑se, antigas colónias revezavam‑se, a revolução prosseguia. A situação actual é diferente. A emancipação da China ou da Índia, a sua afirmação na cena internacional, suscitam aqui e ali curiosidade e simpatia, mas não remetem para nenhuma esperança «universal», ligada, por exemplo, à igualdade, ao direito dos oprimidos, a um outro modelo de desenvolvimento, à preocupação de evitar as restaurações conservadoras oriundas do saber e da distinção.

Se é maior o entusiasmo internacional que a América Latina suscita, é porque ali a orientação política se revela simultaneamente democrática e social. Desde há vinte anos, uma certa esquerda europeia tem justificado a prioridade que atribui às solicitações das classes médias teorizando o fim do «parêntesis revolucionário», o apagamento político das camadas populares. Ora, pelo contrário, os governantes da Venezuela ou da Bolívia mobilizam de novo estas últimas provando‑lhes que a sua existência é tida em conta, que o seu destino histórico não está encerrado, que, em suma, a luta continua.

Por mais desejáveis que continuem a ser, as revoluções são raras. Elas pressupõem, ao mesmo tempo, uma massa de descontentes prontos a agir, um Estado cujas legitimidade e autoridade são contestadas por uma fracção dos seus defensores habituais (devido à sua imperícia económica, à sua incúria militar ou a divisões internas que o paralisam e desmembram) e, por último, a preexistência de ideias radicais que ponham em causa a ordem social, extremamente minoritárias à partida mas às quais poderão apegar‑se todas as pessoas cujas antigas crenças ou lealdades se dissolveram [11].

A historiadora norte‑americana Victoria Bonnell estudou os operários de Moscovo e São Petersburgo nas vésperas da Primeira Guerra Mundial. Como se trata do único caso em que este grupo social foi o actor mais importante de uma revolução «bem sucedida», merece ser referida a sua conclusão: «O que caracteriza a consciência revolucionária é a convicção de que as queixas só podem ser satisfeitas transformando as instituições existentes e estabelecendo uma outra organização social» [12]. Ou seja, essa consciência não surge de forma espontânea, sem uma mobilização política e uma ebulição intelectual prévias.

Tanto mais que em geral, e é a isso que actualmente assistimos, as exigências dos movimentos sociais começam por ser defensivas, desejando restabelecer um contrato social que consideram ter sido violado pelos patrões, pelos proprietários de terras, pelos banqueiros, pelos governantes. Ficam na ordem do dia o pão, o trabalho, a habitação, a escolaridade, um projecto de vida – não (ainda) um «futuro radioso», apenas «a imagem de um presente liberto dos seus aspectos mais dolorosos» [13]. Só depois, quando se torna manifesta a incapacidade dos dominantes para cumprir as obrigações que legitimam o seu poder e os seus privilégios, é por vezes levantada a questão, extravasando os círculos militantes, de saber «se os reis, os capitalistas, os padres, os generais e os burocratas continuam a ter utilidade social» [14]. Pode então falar‑se de revolução. Podendo a transição de uma etapa para a outra ocorrer rapidamente – dois anos em 1789, uns meses em 1917 – ou nunca acontecer.

Desde há quase dois séculos, milhões de militantes políticos ou sindicais, de historiadores e sociólogos, têm examinado as variáveis que determinam esse desenlace. Está a classe dirigente dividida e desmoralizada? Está o seu aparelho repressivo intacto? Estão as forças sociais que aspiram à mudança organizadas e capazes de se entenderem? Curiosamente, onde estes estudos têm sido mais abundantes é nos Estados Unidos, onde muitas vezes se tratou de compreender as revoluções, de admitir todos os seus contributos, para esconjurar melhor a sua pavorosa perspectiva.

Mas a fiabilidade desses estudos tem‑se revelado… aleatória. Em 1977, por exemplo, a maior preocupação era ali a «ingovernabilidade» das sociedades capitalistas. Surgindo, por contraste, esta pergunta: por que motivo é a URSS tão estável? Neste último caso, sucediam‑se as explicações: preferência dos dirigentes e da população soviética pela ordem e pela estabilidade; socialização colectiva fortalecedora dos valores do regime; natureza não cumulativa dos problemas a resolver, podendo assim o partido único ter campo de manobra; bons resultados económicos que contribuíam para a estabilidade desejada; melhoria do nível de vida; estatuto de grande potência; etc. [15]. Já então imensamente célebre, o politólogo Samuel Huntington, da Universidade de Yale, concluía da seguinte maneira essa enxurrada de índices concordantes: «Nenhum dos desafios previstos para os próximos anos parece ser qualitativamente diferente daqueles a que o sistema soviético já conseguiu dar resposta» [16].
Todos sabemos o que veio depois…

Notas
[
1] Le Figaro, Paris, 9 de Abril de 2009.
[
2] «Em suma, o que a sensibilidade liberal exige é uma revolução descafeinada, uma revolução que não tenha o sabor da revolução», resume Slavoj Zizek em Robespierre: entre vertu et terreur, Stock, Paris, 2008, p. 10.
[
3] Financial Times Magazine, Londres, 7‑8 de Outubro de 2006.
[
4] Conferência de imprensa de 24 de Março de 2009.
[
5] Le Point, Paris, 25 de Fevereiro de 2009.
[
6] François Furet, Le Passé d’une illusion, Robert Laffont/Calman‑Levy, 1995, p. 572 (O Passado de uma Ilusão, Presença, Lisboa, 1996).
[
7] Em 1970, este assunto foi abordado pelos realizadores Vittorio de Sica (Il giardino dei Finzi‑Contini, O Jardim dos Finzi‑Contini) e Luchino Visconti (La caduta degli dei, Os Deuses Malditos).
[
8] Léon Blum, «L’idéal socialiste», La Revue de Paris, Maio de 1924.
[
9] Ibid.
[
10] ric J. Hobsbawm, Aux armes, historiens. Deux siècles d’histoire de la Révolution française, La Découverte, Paris, 2007, p. 123 (Ecos da Marselhesa. Dois Séculos Revêem a Revolução Francesa, Companhia das Letras, São Paulo, 1996).
[
11] Ler Jack A. Goldstone, Revolution, Wadsworth Publishing, Belmont (Califórnia), 2002, e Theda Skocpol, States and Social Revolutions, Cambridge University Press, 1979.
[
12] Victoria Bonnell, The Roots of Rebellion. Workers’ Politics and Organizations in St. Petersburg and Moscow, 1900‑1914, University of California Press, Berkeley, 1984, p. 7.
[
13] Barington Moore, Injustice. The Social Bases of Obedience and Revolt, Sharpe, White Plains (Nova Iorque), 1978, p. 209.
[
14] Ibidem, p. 84.
[
15] Cf. Seweryn Bialer, Stalin’s Successors. Leadership, Stability, and Change in the Soviet Union, Cambridge University Press, 1977.
[
16] Samuel Huntington, «Remarks on the Meaning of Stability in the Modern Era», Seweryn Bialer e Sophia Sluzar (ed.), Radicalism in the Contemporary Age. 3 – Strategies and Impact of Contemporary Radicalism, Westview Press, Boulder (Colorado), 1977, p. 277.
Sumário do mês de Maio da edição em português do Le Monde Diplomatique:
«Elogio das revoluções» (Serge Halimi)

COMO NASCEM AS REVOLUÇÕES (dossiê)
«Conflito e consenso» (Sandra Monteiro)
• «Geopolítica da efervescência» (Michael T. Klare)
• «O sonho indestrutível de um mundo melhor»» (Alain Gresh)
• «A classe média chinesa quer sobretudo estabilidade» (Jean-Louis Rocca)
• «A América Latina que assume o confronto» (Maurice Lemoine)
• «Em 1789, subversivos contra vontade» (Laurent Bonelli)
• «O movimento social asfixiado pelo jogo político» (Anne-Cécile Robert)
• «Contestação para consumo das classes cultivadas» (Pierre Rimbert)

EUROPA, PORTUGAL: O FRACASSO DO NEOLIBERALISMO
• «Fracasso da teologia neoliberal europeia, constrangimento no combate à crise em Portugal» (Carlos Santos)
• «As debilidades da resposta europeia à crise económica» (Ricardo Paes Mamede)

• «DOC_EUROPA» (Sérgio Tréfaut)

PRECARIEDADE EM PORTUGAL
• «O tempo contra os trabalhadores: a economia material e o trabalho temporário» (José Nuno Matos)

DESIGUALDADES EM PORTUGAL
• «Risco e desigualdades sociais» (Ana Delicado)
• Infografia (A.D.)

FMI
• «A terceira vida do FMI» (Arnaud Zacharie)
• «Direitos de saque especiais» (A.Z.)

ISRAEL: «ERA LIEBERMAN»
• «Os palestinianos de Israel, reféns da extrema-direita» (Joseph Algazy e Dominique Vidal)
• «Beduínos esquecidos do Naqab» (J.A.)
• «Algumas datas, alguns números» (J.A.)

BALCÃS
• «Entre Pristina e Tirana, a “Grande Albânia”?» (Jean-Arnault Dérens e Laurent Geslin)
• Cartografia (Philippe Rekacewicz)

A CRISE VISTA DA UCRÂNIA
• «A revolta dos operários de Kherson» (Mathilde Goanec)
• «Confrontos de topo» (M.G.)
• Cartografia (Philippe Rekacewicz)

EM DEBATE
• «O que pode ser um “New Deal verde”» (Peter Custers)
• «O primeiro teste da presidência de Obama» (P.C.)

AMBIENTE E MEDIA
• «A complexa urgência de salvar o mundo» (Pedro Almeida Vieira)
• «Lóbis e controvérsias» (P.A.V.)

CULTURA
• «A tradução como leitura (e inversamente)» (Alberto Manguel)

ESCRITOS DO MÊS
• Bem Lewis, Foice & Martelo (recensão crítica de Fernando Ramalho)
• José Ricardo Carvalheiro, Do Bidonville ao Arrastão: Media, Minorias e Etnicização (recensão crítica de José Mapril)
• André Freire, Manuel Meirinho e Diogo Moreira, Para uma Melhoria da Representação Política. A Reforma do Sistema Eleitoral (recensão crítica de Conceição Pequito Teixeira)
• Jonathan Nossiter, Mondovino. Gosto e Poder no Mundo do Vinho (recensão crítica de Nuno

Patxi Andion em digressão por Figueira da Foz (ontem), Lisboa ( 14/5), Porto (15/5) e Guarda (16/5), canta El Maestro ( o professor )

O motivo para a digressão em Portugal ( de onde o cantor foi expulso pela PIDE por duas vezes durante a ditadura) é o novo cd "Porvenir". Patxi Andion é um grande cantautor espanhol de voz rouca, veia contestatária e invulgar sensibilidade. Das duas primeiras vezes que tentou cantar em Portugal, a PIDE foi pô-lo à fronteira. Mas à terceira, conseguiu. Foi a 24 de Março de 1974, com o Coliseu dos Recreios de Lisboa superlotado, um mês exacto antes do 25 de Abril.
Hoje, passados quase quarenta anos, diz o cantautor: "O mundo, para um criador que tem uma preocupação social como eu, é hoje mais complicado. Quando comecei a fazer canções o mundo era muito mais simples, mais esquemático. Mas agora, na aparente riqueza da sociedade de consumo, onde temos mais coisas mas sobretudo coisas materiais, coisas com um valor limitado, temos menos tempo e menos liberdade. Pagamos caro, para ter esses bens materiais. Por isso há hoje menos gente com preocupações sociais."

Digressão em Portugal:
13 de Maio Figueira da Foz (CAE)
14 de Maio Lisboa (Cinema São Jorge)
15 de Maio Porto (Casa da Musica)
16 de Maio Guarda (Teatro Municipal)


El Maestro (professor)
Vídeo com imagens do filme "La lengua de las mariposas", dirigida por Jose Luis Cuerda e protagonizada por Fernando Fernán Gómez, com a canção de "El maestro", de Patxi Andion que nos fala do perigo que constitui para a ordem pública o professor, a quem o Presidente da Cãmara pensa que é comunista, o pároco o considera ateu, e o chefe da guarda o acusa de ser anarquista.


El Maestro, de Patxi Andion

Con el alma en una nube
y el cuerpo como un lamento
viene el problema del pueblo,
viene el maestro.

El cura cree que es ateo,
y el alcalde comunista,
y el cabo jefe de puesto
piensa que es un anarquista.
Le deben treinta y seis meses
del cacareado aumento
y él piensa que no es tan malo
enseñar toreando un sueldo.
En el casino del pueblo
nunca le dieron asiento
por no andar politiqueando
ni ser portavoz de cuentos.

Las buenas gentes del pueblo
han escrito al ministerio
y dicen que no está claro
cómo piensa ese maestro.
Dicen que lee con los niños
lo que escribió un tal Machado
que anduvo por estos pagos
antes de ser exiliado.

Les habla de lo innombrable
y de otras cosa peores,
les lee libros de versos
y no les pone orejones.
Al explicar cualquier guerra
siempre se muestra remiso
por explicar claramente
quién venció y fue vencido.
Nunca fue amigo de fiestas
ni asiste a las reuniones
de las damas postulantes,
esposas de los patrones.

Por estas y otras razones
al fin triunfó el buen criterio
y al terminar el invierno
le relevaron del puesto.
Y ahora las buenas gentes
tienen tranquilo el sueño
porque han librado a sus hijos
del peligro de un maestro.

Con el alma en una nube
y el cuerpo como un lamento
se marcha el padre del pueblo,
se marcha el maestro.




Palabras


20 Aniversario-Palabras

20 años de estar juntos,
esta tarde se han cumplido,
para ti, flores, perfumes.
Para mí.......! Algunos libros!
No te he dicho grandes cosas
porque, porque no me habrían salido.
Ya sabes cosas de viejos!
Requemor de no haber sido!
Hace tiempo que intentamos
abonar nuestro destino,
tú bajabas la persiana,
yo, yo apuraba mi último vino.
Hoy, en esta noche fría,
casi como ignorando el sabor
de soledad compartida,
quise hacerte una canción,
para cantar despacito,
como se duerme a los niños.
Y... y ya ves, sólo palabras
sobre notas me han salido,
que al igual que tú y que yo,
ni se importan, ni se estorban,
se soportan amistosas,
mas, mas no son.....no son una canción.
Que helada que está esta casa!
Será que está cerca el río!
O es que entramos en invierno
y están llegando......están llegando
los fríos!



VERDE (Cancion dedicada a Federico Garcia Lorca
)







Uno, dos y tres


Una, dos y tres
una, dos y tres
lo que usted no quiera pa mi calle es
Una, dos y tres
una, dos y tres
lo que usted no quiera para el rastro es

Esto es el rastro señores
vengan y anímense
que aquí estamos nosotros
somos Papa Noel
Le vendemos barato
con el precio en inglés
somos todo lo honrados
que uste quiera creer

Una, dos y tres
una, dos y tres
lo que usted no quiera pa mi calle es
Una, dos y tres
una, dos y tres
lo que usted no quiera para el rastro es

Se revenden conciencia
recompramos la piel
nos vendemos de cara
le compramos a usted
y si quiere dinero
se lo damos también
usted lo da primero
y nosotros después

Una, dos y tres
una, dos y tres
lo que usted no quiera pa mi calle es
Una, dos y tres
una, dos y tres
lo que usted no quiera para el rastro es

Si usted quiere ser macho
le dejamos vencer
y si usted regatea
nos dejamos la piel
usted salva su facha
delante su mujer
y al final si podemos
la engañamos también

Una, dos y tres
una, dos y tres
lo que usted no quiera pa mi calle es
Una, dos y tres
una, dos y tres
lo que usted no quiera para el rastro es

Si usted busca pilcheo
le mercamos la ja
si diquela y es mangui
le dejamos junar
si no pucha en caliente
le jamamos el bies
los gallumbos, los calcos
y envidamos tres

Una, dos y tres
una, dos y tres
lo que usted no quiera pa mi calle es
Una, dos y tres
una, dos y tres
lo que usted no quiera para el rastro es

Si usted quiere engañarnos
nos dejamos en en
usted salva su ego
y nosotros la piel
Usted se va contento
y nosotros ya vé
nos pagamos la cena
con el ego de usted

Una, dos y tres
una, dos y tres
lo que usted no quiera pa mi calle es
Una, dos y tres
una, dos y tres
lo que usted no quiera para el rastro es

Una, dos y tres
una, dos y tres
lo que usted no quiera pa mi calle es
Una, dos y tres
una, dos y tres
lo que usted no quiera para el rastro es

12.5.09

Alienação em Massa e a sistemática lavagem ao cérebro para neutralizar o pensamento crítico e a educação emancipadora

A lavagem ao cérebro e a TV-lixo



Alienação em Massa e a sistemática lavagem ao cérebro contra o pensamento crítico e a educação emancipadora

Ver o vídeo seguinte que começa sintomaticamente assim:

«Eles não querem que as crianças sejam educadas...»

A face oculta dos mass media e a manipulação em massa explicada aos mais ingénuos










5º Festival Islâmico de Mértola (21 a 24 de Maio de 2009)


Cinco edições e dez anos passados desde o seu início, o Festival Islâmico continua a apresentar-se como uma das actividades mais emblemáticas de toda a região e uma das mais referenciadas a nível nacional. A 5ª edição que terá lugar de 21 a 24 de Maio, procurará seguir a linha até aqui desenvolvida, tentando consolidar as matrizes que lhe deram origem, desenvolvendo algumas actividades inovadoras e promotoras do património deste território.


Pré-programa

Dia 21 de Maio
10.00h > Abertura do mercado de rua (souk)
10.30h > Histórias na tenda (dirigido aos alunos das escolas do concelho.)
14.00h > Histórias na tenda (Dirigido para o público em geral.)
16.00h > Inauguração oficial do 5º Festival Islâmico de Mértola
17.30h > Lançamento do livro “Cadernos de areia” de Luís F.Maçarico
21.30h > “Imagens na cal” (núcleo histórico)
Projecção de imagens sobre a herança cultural árabe na Península
22.00h > Concerto (Castelo)
Dança Oriental (Egipto)
Grupo Alqui-mia – Trifony (Marrocos/ Espanha)
Umeya - Sabores de Al-Andaluz (Síria/Sudão/Espanha)
22.00h > Encerramento do mercado de rua.
Horário referencial podendo o mesmo ser alterado em função do número de visitantes presente.


22 de Maio (Sexta-feira)
10.00h > Abertura do mercado de rua (souk).
10.30h > Histórias na tenda (dirigido aos alunos das escolas do Concelho)
14.00h > Histórias na tenda (Dirigido para o público em geral)
17.30h > Conferência – “La crisis económica: “El Islam
organização da Comunidade Islâmica em
18.00h > Lançamento do livro “O mar do meio” de Santiago Macias
Ao pôr-do-sol> Noite de Dycra – Comunidade Islâmica
21.30h > “Imagens na cal” (núcleo histórico)
Projecção de imagens sobre a herança cultural árabe
22.00h > Concerto (Cais do Guadiana)
Grupo Feminino de Tetouan (Marrocos)
Les Boukakes (França/ Argélia/ Marrocos/Itália)
22.00h > Encerramento do mercado de rua
Horário referencial podendo o mesmo ser alterado
24.00h > Espectáculo na Praça Luís de Camões.

23 de Maio (Sábado)
10.00h > Abertura do mercado de rua.
10.30h > Histórias na tenda (Dirigido para o público em geral.)
17.30h > Conferência – “Reflexiones sobre el Tiempo” com Rahima Valverde – organização da
Comunidade Islâmica em Espanha
18.30h > Histórias na Casa dos Azulejos (Dirigido para o público em geral).
21.30h > “Imagens na cal” (núcleo histórico)
22.00h > Concerto (Cais do Guadiana)
Grupo Basidou (Marrocos/ Espanha)
OOjami (Turquia/ Inglaterra)
22.00h > Encerramento do mercado de rua.
01.00h > Espectáculo na Praça Luís de Camões

24 de Maio (Domingo)
10.00h > Abertura do mercado de rua.
16.00h > Encerramento do mercado de rua e do 5º Festival Islâmico de Mértola.

Outras Actividades
21 24 Maio > Exposição “O mar do meio” de Santiago Macias – Centro de Estudos Islâmicos e do Mediterrâneo
Exposição “Ourivesaria Ibero- muçulmana” de Ana Caldas
Exposição “As duas Medinas” ADPM
4 29 Maio > Largos de poesia (Núcleo histórico)
7 8 9 de Maio > “Workshop de gastronomia mediterrânica”
15 16 de Maio > Seminário “O Gharb Al-Ândalus - problemáticas e novos contributos em torno da cerâmica” (organizado pelo Campo Arqueológico de Mértola).
21 a 24 de Maio > Animação de rua
21 a 24 de Maio > Feira do Livro - mostra e venda de livros ( organização da VOL) com a presença de autores
21 a 24 de Maio > Encontro Nacional de Todo o Terreno (Tenda do Largo da Feira)
21 a 24 de Maio > Teatro (Cine teatro Marques Duque) Grupo de teatro Wadi-Actus

Encontro sobre a cerâmica do Gharb al-Ândalus em Mértola ( 15 e 16 de Maio)



Entre os dias 15 e 16 de Maio, irá realizar-se, em Mértola, a conferência “O Gharb Al-andalus: problemáticas e novos contributos em torno da cerâmica”. O evento é organizado pelo Campo Arqueológico de Mértola e pelo Centro de Estudos Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto.

Nos finais da década de setenta do século passado, com o progresso da investigação arqueológica em Portugal, surgem também os primeiros projectos vocacionados para o estudo da época islâmica, nomeadamente no Alentejo (Mértola) e no Algarve (Silves). O panorama alargou-se na década seguinte, com a implementação de outros projectos regionais e estudos monográficos, tornando-se cada vez mais evidente que o conhecimento deste período histórico no território do Gharb al-Ândalus (ou seja, no actual centro e sul de Portugal) só poderia produzir avanços significativos com o contributo da Arqueologia e, em particular, do correspondente conhecimento da sua cultura material. Dentro destes estudos arqueológicos, a análise da cerâmica manifestou-se, desde logo, como um recurso incontornável pela quantidade e qualidade da informação que fornecia.

As escavações recentes que proliferaram nos últimos anos em Portugal trouxeram à luz colecções muito importantes de cerâmica islâmica, em grande parte ainda inéditas, que podem vir a mudar em grande medida o nosso conhecimento sobre o passado islâmico.

Neste encontro sobre a cerâmica do Gharb al-Ândalus, que terá lugar em Mértola nos dias 15 e 16 de Maio, pretendemos, por um lado, efectuar o ponto da situação acerca do que se conhece sobre a cerâmica do Gharb al-Ândalus e, por outro, criar um fórum de divulgação das descobertas recentes e de discussão sobre o tema onde possam ser observados e debatidos exemplares de cerâmicas especialmente relevantes ou duvidosas.
Website do Campo Arqueológico de Mértola:
http://www.camertola.pt/index.php



Roteiro Ornitológico “Observar Aves no Concelho de Loulé”


Numa parceria com a Almargem - Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve, a Câmara Municipal de Loulé acaba de lançar o Roteiro Ornitológico "Observar Aves no Concelho de Loulé" que pretende ser um contributo para a divulgação dos valores ornitológicos deste Município.
Este guia, que terá também uma versão inglesa, apresenta 3 itinerários num diferente ecossistema do Concelho - as Zonas Húmidas do Litoral, o Barrocal e a Serra do Caldeirão - e a respectiva caracterização, bem como os valores naturais associados, os estatutos, conservação e outras informações relevantes.


Ao longo do roteiro, são dadas indicações sobre as localidades de interesse ornitológico, os acessos, a existência de percursos pedestres, etc.. Por outro lado, são também aqui descritas as aves emblemáticas do Concelho como a garça-pequena, o pato-de-bico-vermelho ou a águia de Bonelli. O guia disponibiliza ainda uma secção sobre cuidados e recomendações técnicas para a observação de aves, bem como contactos úteis. No final é apresentada uma tabela de fenologia da lista completa de todas as espécies de aves observadas até hoje no Litoral, Barrocal e Serra do Concelho de Loulé

A observação de aves ("Birdwatching") é uma actividade que tem registado um crescente interesse e para a qual se pretende dar resposta com este Roteiro.

Caminhada no Baixo Guadiana (Pomarão-Alcoutim) em 17 de Maio pela criação do Parque Natural do Baixo Guadiana


Descida do Baixo Guadiana (I)
Primeira etapa de uma caminhada com que se pretende dar a conhecer as paisagens, os valores culturais e naturais do Baixo/Bajo Guadiana Internacional, região ímpar que se encontra actualmente na mira dos especuladores imobiliários.
Associação Almargem: Alto de S. Domingos, 14 - 8100-756 Loulé - Portugal

Pontos de encontro: 8h30 (Loulé - Almargem); 9h30 (Alcoutim - Cais).
Nível: 4 de 10 (17 km).
Equipamento: botas de marcha; mochila pequena; almoço; água; bastão; fato-de-banho .
Pagamentos (incl. seguro, guia): 2 € (sócios e estudantes); 3 € (não sócios).
Inscrições: até 15 de Maio (Telef. 289412959 / 960295202. SMS: 937306942).

http://www.almargem.org/images/articles/98/Activ0809p.pdf




A ALMARGEM ( Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve) é uma Associação sem fins lucrativos, fundada na cidade de Loulé em Junho de 1988.

A ALMARGEM tem como objectivos principais:

• o estudo e divulgação dos valores mais significativos do património natural, histórico e cultural do Algarve;
• a defesa intransigente desses mesmos valores e a apresentação de propostas concretas para a sua recuperação e valorização;
• a promoção de actividades que visem um desenvolvimento local integrado e respeitador da natureza;



Pela criação do PARQUE NATURAL DO BAIXO/BAJO GUADIANA

A Almargem e outras associações de defesa do ambiente e conservação da natureza de Portugal e Espanha (ver lista abaixo) estão neste momento empenhadas em sensibilizar as entidades governamentais, os autarcas e a opinião pública de ambos os países com vista ao início do processo de criação do Parque Natural do Baixo/Bajo Guadiana Internacional.
Em fins de Agosto, uma proposta preliminar foi já entregue pessoalmente em Lisboa aos Secretários de Estado do Ambiente de Portugal e de Espanha, respectivamente, Humberto Rosa e António Serrano. Da parte dos responsáveis governamentais de ambos os países foi realçado o grande interesse desta proposta e a grande abertura actualmente existente no que respeita a projectos de desenvolvimento e conservação da natureza de carácter transfronteiriço, a qual em breve terá efeitos concretos no que respeita as respectivas legislações nacionais.
As organizações ecologistas das duas margens do Guadiana aproveitaram para realçar a pertinência da sua proposta tendo em conta a urgência em proteger a paisagem, os habitats, a fauna, a flora e os valores culturais de uma região que alberga uma das áreas fluviais e de estuário melhor conservadas da Península Ibérica, face ao avanço dos interesses urbanísticos especulativos e à completa ausência de uma gestão concertada de um território que é comum a dois países.
Entre as organizações ecologistas e os responsáveis governamentais de Portugal e de Espanha existiu consenso em torno da necessidade de discutir de forma aberta e aprofundada esta proposta com as autoridades locais e regionais, nomeadamente a Junta de Andaluzia e as autarquias ribeirinhas do Baixo Guadiana português e espanhol.
Por esse motivo, a prioridade das organizações ecologistas de ambos os lados da fronteira, é agora promover o diálogo com as autarquias locais, ao mesmo tempo que vão organizando e participando em eventos públicos onde a proposta possa ser divulgada de uma forma mais ampla.
Apelamos a todas as pessoas interessadas em dar o seu contributo a este projecto que contactem uma das organizações envolvidas de forma a poderem ajudar a promover um cada vez maior número de actividades.


Organizações que deram já o seu apoio à proposta de criação do Parque Natural do Baixo/Bajo Guadiana Internacional:
Portugal
Almargem
Altela - Fórum de Cidadania (Castro Marim)
AMA - Amigos da Mata e do Ambiente (Vila Real de Santo António)
CPADA - Confederação Portuguesa de Associações de Defesa do Ambiente
Espanha
Ecologistas en Acción
Fundación Pura Vida
Greenpeace
Proyecto Intersur
WWF-Adena

11.5.09

Absolvidos em Guimarães os sindicalistas acusados de promoverem uma manifestação ilegal (!!!) contra o Governo de Sócrates

O Tribunal Judicial de Guimarães absolveu os quatro sindicalistas que estavam acusados pelo Ministério Público de um crime de desobediência. Adão Mendes, Francisco Vieira, José Cunha e Margarida Leça estavam acusados de promoverem uma manifestação contra o Governo em Outubro de 2006, junto ao Centro Cultural Vila Flor.

Na sua decisão, o Tribunal considerou não haver razão para condenar os arguidos pela razão simples de que não houve desobediência como se prova pelo facto de nunca ter havido, por parte das autoridades presentes no local, ordem de dispersão aos manifestantes

Inaugurado em Lisboa o maior centro de precariedade da Europa

Os Precários-Inflexíveis melhoraram ontem à noite a programação do primeiro dia no novo centro comercial Dolce Vita Tejo, propagandeado como o maior do país. Levámos fita vermelha e tesoura e fomos dar mais colorido à festa. Para nós, esta foi a verdadeira inauguração, a inauguração da maior concentração de precários de Portugal.

A publicidade transformada em notícia vende-nos este novo mega-espaço comercial como um grande investimento em tempos de crise e fala-nos de 5 mil “postos de trabalho directos”. Compreendemos e sabemos na pele a importância que tem - para cada pessoa que começou a trabalhar neste espaço - o facto de ter um trabalho. Mas falta falar das condições de trabalho, dos direitos destes novos milhares de precários. E faltaria ainda dizer que a estes grandes centros comerciais, capturando facilidades e apoios vários, corresponde o estrangulamento de outras formas de comércio e, portanto, de quem neles trabalha.

Somos cada vez mais precários, mais desempregados, mais mal-empregados. A ideia de que mais vale ser precário que desempregado não convence ninguém. Não é assim que se pode esperar sair da tal crise ou contribuir para o progresso do país. O Dolce Vita Tejo é mais uma contribuição para o baixar contínuo da fasquia dos direitos de quem trabalha.

Passado o frenesim unanimista das primeiras horas, esperamos agora que se contem as outras histórias: as histórias de quem trabalha no Dolce Vita Tejo sem direitos.

Livraria Letra Livre está na Feira do Livro de Lisboa

A Livraria Letra Livre participa na Feira do Livro de Lisboa, de 30 Abril a 17 de Maio. O seu pavilhão ficará situado na ala direita do Parque Eduardo VII Pavilhão DI 02.
Além de livros de fundos e esgotados levaremos a representação de pequenas editoras independentes: &etc, Angelus Novus, Averno, Black Sun, Edições Mortas, Íman, Opera Omnia.

Horário

De 2ª a 5ª feira, a Feira do Livro abre às 12h30 e encerra às 20h30.

Às sextas-feiras e vésperas de feriados, 12h30-23horas

Sábados das 11h-23horas

Domingos 11h-22horas
http://www.letralivre.com/



O livro Caravana, de Rui Manuel Amaral (edição da Angelus Novus), encontra-se no pavilhão da Letra Livre.

Mais informações sobre "Caravana" aqui:

Ecomuseu do Seixal: actividades para o mês de Maio incluem passeios, encontro de embarcações tradicionais de todo o país (dias 22 a 26) e concertos



O EMS funciona como um conjunto de constituintes (núcleos e extensões) cujo aproveitamento museológico se destina ao cumprimento da missão e objectivos programáticos comuns, referentes ao território e à população do concelho do Seixal.Dependem ou interagem entre si e têm por base de funcionamento a circulação e partilha de informação e a gestão integrada de serviços.
Os núcleos são sítios ou espaços de propriedade e tutela municipais, musealizados ou com aproveitamento museológico.
As extensões são sítios ou patrimónios integrados em espaços de tutelas mistas, com parcial aproveitamento museológico.




Passeios no Tejo em barcos tradicionais


O Ecomuseu Municipal do Seixal, em parceria com o Museu de Marinha, promove a partir de Abril passeios fluviais no rio Tejo em embarcações tradicionais. Como complemento da visita ao Museu de Marinha, poderão os seus visitantes participar numa navegação, no Tejo e no tempo, a bordo de um dos últimos exemplares de embarcações tradicionais que em tempos coloriram este rio e as suas margens.
Os passeios terão lugar nas seguintes datas:
29 de Abril;
13 de Maio;
15 de Junho;
14 de Julho;
27 de Julho;
12 de Agosto;
26 de Agosto;
09 de Setembro;
24 de Setembro;
08 de Outubro.
As marcações são feitas através do Museu de Marinha:
telefone: 21 366 0224 / 21 362 00 19





Encontro de embarcações tradicionais na baía do Seixal


De 22 a 26 de Maio, o EMS reúne no Seixal dezenas de embarcações tradicionais oriundas de várias zonas do país e ainda da Galiza. Esta iniciativa decorre no âmbito do Maio Património, um conjunto de iniciativas que, no concelho do Seixal, assinala o Dia Internacional dos Museus, o 27º Aniversário do EMS e a Noite dos Museus.

O 3º Encontro de embarcações tradicionais na baía do Seixal, organizado pela Câmara Municipal do Seixal, através do seu Ecomuseu, tem como principais objectivos:
- A protecção e a valorização do património marítimo e fluvial, em particular das embarcações tradicionais, enquanto recursos de desenvolvimento, divulgando-os nos âmbitos nacional e internacional;
- A promoção da cultura marítima e a valorização do património natural e cultural do estuário do Tejo;
- A promoção de parcerias para o desenvolvimento de profissões ligadas ao mar com especial ênfase na importância da formação profissional para assegurar os saberes-fazer associados à navegação e à manutenção das embarcações tradicionais;
- O alargamento de públicos interessados em acontecimentos náuticos e em práticas de cultura associadas a espaços ribeirinhos e ao estuário do Tejo, nomeadamente a bordo de embarcações tradicionais e de recreio.



Em Maio, venha viver o património com o Ecomuseu Municipal do Seixal numa noite especial (16 e 18 de Maio)


Descubra o património de uma forma diferente, visitando os museus numa noite muito especial, a Noite dos Museus. A 16 de Maio, sábado, para comemorar, o Ecomuseu promove um concerto pelo Eire Trio, que terá lugar no Núcleo da Mundet, no Seixal. Eleonor Picas, na harpa, Flávio Azevedo, no violino e Rui Leal, no contrabaixo, animarão um serão diferente, que pode continuar com a visita às exposições em exibição.

No dia 18 de Maio, comemoramos o Dia Internacional dos Museus e o 27º Aniversário do Ecomuseu Municipal do Seixal, com um concerto pela Escola de Jazz e Música Moderna de Almada-Seixal, no Núcleo Naval, em Arrentela. Venha ouvir boa música e cantar os parabéns ao Ecomuseu. Contamos consigo!



O concelho de Vinhais passa a ser um ecomuseu


O concelho de Vinhais foi transformado em Ecomuseu, com o objectivo de melhor aproveitar os seus recursos naturais e humanos, passando o território a ser visto como um museu vivo

Trata-se de uma área com mais de 694 quilómetros quadrados e 35 freguesias, que a Câmara quer promover como um Ecomuseu, ou seja um espaço natural e um verdadeiro museu vivo.

O projecto do Ecomuseu tem como objectivo divulgar os principais recursos e a identidade do concelho, nomeadamente a natureza, as tradições, actividades económicas, o património arquitectónico e histórico. A ideia é levar os visitantes às aldeias e sítios onde estão essas riquezas.

As adegas de S. Jumil, os fornos de cal e a Lorga de Dine e o Cerro de Penhas Juntas são alguns dos elementos históricos do concelho de Vinhais que podem ser observados e conhecidos neste Ecomuseu. Este espaço, situado no cume da Ciradelha (um dos pontos mais altos do município), visa dar a conhecer os pontos de interesse turístico espalhados pelo Mundo Rural, através de painéis explicativos, convidando os visitantes a deslocarem-se aos locais.

O ecomuseu pretende fugir ao conceito de museu tradicional, mostrando as peças sem as tirar do seu ambiente natural.

Ao todo, serão divulgados cerca de duas dezenas de sítios com alguma história e com ligações profundas às raízes do concelho, como moinhos, complexos mineiros, templos, museus tradicionais e cozinhas tradicionais de fumeiro.

O Castro da Ciradelha, situados a noroeste da vila, guardam as memórias de um local estratégico defensivo, conhecido ao longo dos séculos como Cidadela. Este povoado, que assenta em estruturas proto-históricas, que remontam à Idade do Bronze, julga-se que terá dado origem ao povo de Vinhais.
Para encontrar mais vestígios sobre a ocupação castreja, a Câmara local já está a levar a cabo sondagens arqueológicas naquela área. O objectivo é encontrar materiais dessa época e classificá-los, para serem expostos no Centro Interpretativo.

Um novo roteiro turístico, designado “Destinos com História”, foi agora lançado, apresentando 24 monumentos e locais de interesse turístico do concelho.

No Roteiro são apresentados os solares, como o Solar da Corujeira, Solar dos Condes de Vinhais, dos Sarmento, de Estêvão de Mariz, a hospedaria de Rio de Fornos, que era o Solar dos Morgados de Rio de Fornos, os pelourinhos de Vinhais, Ervedosa e Vilar Seco de Lomba, o Castelo de Vinhais, a igreja de São Facundo, que é uma das mais antigas igrejas da diocese, o complexo do Seminário de Vinhais, as igrejas da Moimenta e Tuizelo, o Templo da Senhora dos Remédios, a casa dos antigos Paços Medievais, que já foi cadeia e é, actualmente, a Casa da Música de Vinhais. No guia está também a Casa da Vila.



10.5.09

Feira do Livro de Lisboa recebe hoje Joaquim Magalhães de Castro, autor do livro de viagens Mar das Especiarias


A Feira do Livro de Lisboa recebe hoje Joaquim Magalhães de Castro, autor do livro de viagens «Mar das Especiarias», edição da Presença ( nos Stands BII-07;BII-08;BII-09;BII-10;BII-11;BII-12;BII-13;BII-14 ) para uma sessão de autógrafos.

Mar das Especiarias é uma surpreendente narrativa de viagens pelas centenas ilhas que fazem parte da Indonésia, ligando o tempo presente através do testemunho vivido pelo autor e a herança cultural dos descobridores portugueses que no passado remoto percorreram aqueles mares e terras à procura de especiarias e de domínio militar absoluto. Uma típica obra de literatura de viagens, repleta de aventuras comuns, que cruzada com história colonial, permite traçar um quadro vivo do que é a actual Indonésia e a influência nela deixada pela presença colonial dos portugueses em muitas manifestações imateriais (vocábulos, músicas e ritmos) e património construído que quase todos nós pura e simplesmente desconhecemos. Uma surpresa, pois.


Como ilustração desta obra reproduzimos a seguir um excerto do livro, e ainda o respectivo Prefácio da autoria de Ana Gomes.


« Essa noite de lua quase cheia, faço uma visita ao Teddy’s Bar onde me cruzo com o Bob. Acompanham-no um grupo de jovens indonésias. Logo entendo a sua insistência para que eu ficasse alojado no Sea View. Bob, apesar do que é óbvio, não se considera proxeneta pois “só está ali para ajudar”. Enfim, para fazer o papel de tradutor e apresentá-las a possíveis clientes. –“Essa aí” – diz, apontando para a mais bonita, – “ontem fez 400 mil rupias.”
No fundo, Bob considera-se um relações públicas. E elas, “às vezes”, dão-lhe algum dinheiro que logo ele transforma em doações, como, por exemplo, idas à discoteca que fica num hotel dos caros. – “Les enfants doivent aussi s’amuser, n’est ce pas?” – remata.
Mas o negócio vai mal, pois os australianos de Darwin, os habituais turistas de Kupang, deixaram de aparecer. O grande mercado abastecedor de mulheres na Indonésia é agora Surabaya, em Java, para onde se desloca o pessoal da ONU destacado em Timor-Leste, para contratar umas “domésticas” que lhe arranjem a casa.

Teddy, um sorridente chinês naturalizado australiano, é como uma espécie de rajá local. Bob apresenta-mo e este chama o seu disc jokey, um body builder com o cinto por cima das calças vincadas. Vê-se logo que é timorense, até porque a música que passa é portu music, neste caso forró brasileiro com influência de vários estilos diferentes e até com temas do Quim Barreiros a intrometer-se no alinhamento.
Estou a falar de Eleutério da Luz Ferreira Corte Real. Da família do liurai Aleixo Corte Real, português feito herói em Ainaro durante a ocupação nipónica. O tal Corte Real de que me falara Francisco Magno, residente em Ainaro, dizendo que “ele vivia Kupang e não ousava regressar com medo das represálias”. E isto porque foi, como o próprio visado o confirma, um dos que apoiavam a integração. Aliás, “na família há gente de todos os quadrantes políticos”.
Eleutério conhece Eurico Guterres, mas garante que nada tem a ver com as milícias. Condena os crimes que cometeram, como também condena os timorenses de Lorosai “por estarem sempre de mão estendida à espera de algo”. Diz que Xanana falou com ele pessoalmente, pedindo-lhe que regressasse. E por isso, “devido ao pedido do presidente”, está a pensar fazê-lo, embora em Díli sejam ténues as perspectivas de emprego. – Deste lado sempre há mais oportunidades – admite. »
(in Mar das Especiarias, ed.Presença, de Joaquim Magalhães de Castro)


PREFÁCIO
(ao livro Mar das Especiarias)

O desfolhar das páginas do livro de Joaquim Magalhães de Castro No Mar dos Rajás proporciona um impressivo relato das mil e uma aventuras deste português que, no despontar do seculo XXI, se meteu intrepidamente pelo mar fora, seguindo as peugadas de muitos dos nossos antepassados, com o objectivo de encontrar vestígios por eles deixados no fabuloso arquipélago das especiarias que hoje constitui a República da Indonésia. O autor confronta-se – e confronta-nos – ora com testemunhos vivos da nossa História, ora com “estórias” que as brumas do tempo transformaram em quase realidade, permanecendo vivas no imaginário colectivo dos povos dessas longínquas paragens.

Partilhando as extraordinárias experiências do autor, o livro constitui um aliciante convite à aventura e à descoberta do que Portugal levou aos povos das ilhas indonésias - e do que também deles trouxe. Mas também nos interpela, como apelo à urgência de um trabalho técnico-científico de fundo, concertado entre especialistas indonésios e portugueses, que não deixe perder-se para sempre o que ainda resta dos traços daquelas decisivas passadas no processo de globalização económica e cultural de um mundo que, de repente, se tornara redondo....

Deliciam as conversas que espontaneamente suscitam comparações e conduzem à revelação de semelhanças em termos tão comuns como serdadu (soldado), almari (armário), kondi (conde), manina (menina), joget (joguete) ou tanjidor (aquele que tange um instrumento). Extasia o cuidado e empenho que Edmundus Pareira terá posto na redacção do discurso de boas vindas ao Embaixador de Portugal em Jacarta!

Foi com indizível prazer, embora roída de saudades das paisagens e gentes da Indonésia, que devorei o relato do saltitar a que o autor se sujeitou, ao longo de quase 7 mil quilómetros de mar e ilhas, transpondo inevitáveis e incontáveis dificuldades físicas e logísticas. Joaquim Magalhães de Castro foi muito além de anteriores cronistas, na insaciável curiosidade, na avidez de descobrir e na capacidade de registar. Ele faculta-nos hoje, quando estão prestes a completar-se 500 anos após a chegada dos primeiros portugueses àquelas paragens, um extensivo trabalho de recolha, não só dos testemunhos vivos do nosso ancestral destemor do desconhecido, como da nossa vocação para reconhecer o Outro e para estabelecer pontes de partilha de saberes, experiências e interesses.

Guardo como tesouro a recordação e as fotografias dos caminhos que percorri, das personagens com quem me cruzei, dos costumes e tradições que descobri ou reconheci, desde Lamno, na ponta do Aceh, em Sumatra, a Atambua, em Timor Ocidental; passando por Java, Bali, Lombok, Sumbas, Celebes, Flores, Molucas e o Bornéu. Caminhos por onde Joaquim Magalhães de Castro se aventurou também, em deambulação que o levou muito mais longe e que explorou muito mais a fundo. A minha missão na Indonésia durou apenas quatro curtos anos, entre 1999 e 2003, com obrigações que me impediam o afastamento prolongado de Jacarta. O admirável relato das explorações de Joaquim Magalhães de Castro espicaça-me o desejo de um dia voltar, mais liberta e demoradamente, para desfrutar do prazer de me entranhar de novo no verde de palmeiras e arrozais, nos azuis de ceús e mares, na altura fumegante dos vulcões e na planura das povoações acolhedoras, para saborear mais conversas com mulheres e homens de outras culturas e línguas que, contra ventos e marés, cuidam de preservar a memória que, sabem, lhes alargou os horizontes: a de Portugal e dos antigos portugueses.

Bruxelas, 29 de Janeiro de 2009
Ana Gomes
Eurodeputada e ex-Embaixadora de Portugal em Jacarta