13.2.09

1ª Assembleia MayDay Lisboa 2009 no próximo dia 18 de Fevereiro às 21:00 no CEM‏

O MayDayLisboa 2009 vai arrancar!!

Depois de 2007 e 2008, estamos de volta para juntar todas as vozes que gritam contra a precariedade na vida.

Junta-te à primeira Assembleia:

1.ª Assembleia MayDay Lisboa 2009

Dia 18 Fev ( 4.ªfeira) às 21h.
no CEM - Rua dos Fanqueiros, nº150, 1º andar
metro - Rossio

O precariado rebela-se




O MayDay é uma parada de precári@s, que vem marcando o 1º de Maio em várias cidades por esse mundo fora, desde da estreia em 2001, em Milão. No ano passado, a iniciativa MayDay chegou a Lisboa, juntando algumas centenas de pessoas contra a precariedade no trabalho e na vida. Este ano, o MayDay Lisboa já começou: uma organização aberta a tod@s, que vai fazendo assembleias, acções públicas, festas, etc. Na parada MayDay cabemos tod@s: mais nov@s e mais velh@s, operadores de call-center, "caixas" de supermercado, cientistas a bolsa, intermitentes, desempregad@s, estagiári@s, contratad@s a prazo, estudantes que vivem ou pressentem a precariedade.

A 1 de Maio juntamo-nos contra a exploração, contra o emagrecimento dos apoios sociais e à habitação, desafiando o cinzentismo e continuando o percurso de mobilização e visibilidade. Contamos contigo?No dia 1 de Maio vamos para a rua. Porque esta não foi apenas feita para albergar sedes de empresas, escritórios, restaurantes de comida rápida e outros locais onde decorre todo um estado de excepção laboral, onde a exploração, o abuso, a instabilidade e a ilegalidade se tornaram lei.
No dia 1 de Maio queremos transformar a rua num espaço em que desfila a alegria da recusa de uma vida aos bocados.
A próxima assembleia MayDayPorto 2009 será no dia 2 de Março (2.ªf) às 21:30 no Maus Hábitos.

A revolta de Paraisópolis para além dos fatos (a propósito dos protestos dos moradores da favela de Paraisópolis, São Paulo, no passado dia 2/2/09)



Em Paraisópolis [favela de São Paulo], moradores resistiram ao ataque policial. Apesar dos problemas sociais que motivaram o confronto, imprensa e autoridades não reconhecem o caráter político da revolta.

Carros incendiados, barricadas, bombas e tiros fizeram parte das chamadas de todos os jornais brasileiros, e até mundiais, na última semana. Na segunda-feira, dia 2 de fevereiro, moradores da favela de Paraisópolis e policiais protagonizaram um confronto que poderia ter despertado a população de São Paulo para uma profunda reflexão acerca do modelo de cidade que estão adotando. Mas, ao invés disso, os órgãos de imprensa que cobrem o episódio preferem furtar às pessoas esta oportunidade, insistindo em apresentar espetáculos de imagens e em reduzir a discussão a uma mera exposição cronológica dos fatos. Além das ocorrências imediatas, que outras questões envolvem a revolta de Paraisópolis e o acirramento de outros conflitos urbanos parecidos?

Na zona sul da capital paulista, desde há muito, as contradições sociais e econômicas podem ser avistadas nua e cruamente, o que faz do território um palco singular e privilegiado para a aguda manifestação dos conflitos urbanos. Também pudera, na região coexistem, lado a lado, dois aspectos extremamente opostos de um mesmo processo de ocupação do espaço, curioso, porém revelador. A paisagem é impressionante e quase que fala por si só: são milhares de barracos amontoados, feitos de madeira ou de alvenaria sem reboque [reboco], entrecortados por vielas estreitas, disputando espaço e ameaçando penetrar os metros quadrados mais caros da cidade, de onde se exibem os enormes prédios, as mansões e os condomínios de um padrão de luxo mais que exacerbado.

Curioso porque, nos grandes aglomerados urbanos, é mais freqüente que os bolsões de riqueza mantenham-se a uma segura distância dos repositórios de gente em que consistem, na maioria das vezes, os bairros periféricos brasileiros. Neste caso há uma diferença. Paraisópolis é a segunda maior favela de São Paulo e é toda ladeada pelo bairro mais elitizado da cidade, o Morumbi.

Reveladora, pois, a composição da paisagem contrastante não é meramente acidental. Uma significante parte dos mais de 84 mil moradores de Paraisópolis acorda cedo e vai servir de empregada doméstica, jardineiro, zelador [porteiro], servente de pedreiro e motorista nos condomínios de luxo, os quais têm suas portas e janelas de fundo voltadas para o emaranhado de casebres populares. O restante, quando pode, encontra seu meio de subsistência nos pequenos comércios locais — formais ou informais — que abundam no bairro.

Tal complementaridade entre Morumbi e Paraisópolis data desde quando se intensificou a ocupação da área, a partir da década de 50. Aproximadamente 80% das pessoas que habitam a favela é composta por nordestinos que então começavam a ser atraídos para São Paulo com a finalidade de ocupar postos de trabalho da construção civil, inclusive — e sobretudo — no processo de verticalização do próprio Morumbi.

Diga-se de passagem, são estas mesmas empreiteiras e especuladores imobiliários, que um dia empregaram a mão-de-obra barata dos migrantes nordestinos, que atualmente querem os enxotar da região, para desobstruir a continuidade de seu grandioso empreendimento, substituir barracos por prédios majestosos e fazer do lugar um refúgio exclusivo do requintado empresariado paulistano.

Em franco contraste com o seu bairro-irmão, no interior dos quase 100 hectares que formam o complexo de Paraisópolis falta tudo em termos de infra-estrutura básica: escola, coleta de lixo, postos médicos, saneamento básico, opções de lazer e todo tipo de equipamento público. São as inúmeras redes de assistencialismo, as associações religiosas, os vínculos de parentesco e um instável espírito comunitário que, muitas vezes sem sucesso, procuram amenizar o peso das necessidades básicas comuns e apaziguar um pouco os ânimos mais exaltados.

Outros indicadores sociais apenas confirmam a precariedade social em que se encontram estas pessoas. Conforme pesquisa do Datafolha, 25% dos adultos de Paraisópolis estão desempregados, a renda [rendimento] per capita média não ultrapassa os R$ 367,00 [146 euros] (enquanto que o valor médio para a cidade de São Paulo é de R$ 1.325,00 [530 euros]), somente 0,45% dos jovens entre 18 e 24 anos cursam o ensino superior e 20% o ensino médio.

Não sendo suficiente serem violentadas pela total indiferença das autoridades públicas e pela hipocrisia da classe dominante que as rodeia, desde os anos 90, as famílias de Paraisópolis, como as dos demais bairros periféricos da cidade, são de igual modo reféns de organizações criminosas que encontram ali terreno fértil para proliferarem. Estas facções, por sua vez, conseguem cruzar o que há de pior do mundo atual, combinando a organização despótica de um Estado em estágio primitivo com a perversa lógica do lucro a todo custo, comum a qualquer empresa capitalista.

Obviamente, o clima tenso que permeia o cotidiano da favela não é visto com bons olhos pelos ilustres habitantes do bairro vizinho e pelos agentes do mercado imobiliário. E, em consonância com os interesses da alta sociedade paulistana, não é raro que a comunidade seja surpreendida por espetaculares intervenções policiais, sempre orientadas pela “manutenção da ordem, da paz e pela proteção da vida do cidadão de bem”. Bastante explorada pela grande imprensa, a existência destes grupos criminosos engrossa o argumento que autoriza a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) a declarar aberta a temporada de caça ao “elemento suspeito”; leia-se: jovens pobres da periferia, preferencialmente negros.

O mais recente slogan da SSP-SP é a tal Operação Saturação. Sem ter prazo para terminar, cada nova edição deste velho tipo de desfile policial consiste em reunir um enorme efetivo de homens, camuflados como se fossem para a guerra, e sitiar os bolsões de miséria da cidade com batalhões de elite, cavalos, cachorros [cães], helicópteros, métodos arbitrários de abordagem e todo outro tipo de aparato repressivo de que dispõe o poder público.

Na prática, trata-se de um ininterrupto estado de exceção a que é submetida toda a população pobre das periferias de São Paulo, seja ela criminosa ou não aos olhos da lei. Ano passado mesmo, Paraisópolis passou por situação similar, em que homens, mulheres, velhos e crianças foram expostos a um constrangimento público, casas eram invadidas para averiguação, sacolinhas de compras eram inspecionadas, trabalhadores que entravam e saíam eram revistados e, longe dos olhos cautelosos da comunidade, nos labirintos que cortam a favela, sabe-se lá o que mais aconteceu.

Particularmente sobre Paraisópolis, cabe ainda mencionar outro ingrediente importante: há também as ONGs, mais de 50 e de todo tipo, formadas por gente de fora, geralmente residentes dos bairros de padrão médio e alto da cidade. São cidadãos de boa consciência, sabedores de que a segurança de seus lares não será alcançada tão-somente com o uso da truculência policial. Ao contrário, acreditam que o problema pode ser sanado se nestas pessoas carentes for incutido um pouco de civilidade e filantropia. Por isso, levam-lhes tambores, cestas básicas, cursos de dança, de decoração de bolo, de costura, distribuem bolas de futebol e orientam-nos para terem bons modos, inclusive hábitos ecologicamente corretos.

Todas estas iniciativas, quer reparadoras quer repressoras, entretanto, parecem não terem bastado para abrandar a tensão social em que vive a comunidade e inibi-la de falar e agir por si própria. Especialmente a juventude do lugar demonstrou que, apesar de tudo, não precisa ser douta e instruída para antever o futuro desanimador que lhe é reservado. Foi então que, no fatídico 2 de fevereiro, a favela se cansou, promoveu baderna [desordem] e desfez o delicado equilíbrio de forças protagonizado pelas variadas instituições de controle social — legais e extralegais — que a tutelam. Cansou de polícia, cansou de Estado, cansou de bandido mandão e cansou da sonsa elite paulistana que a rodeia, cujo único projeto de superação do problema é o da caridade motivada pelo medo e, quando necessário, complementada com força bruta.

E para desespero e horror desta mesma elite, o sentimento de indignação dessa juventude frustrada e desenganada escapou e se projetou por métodos não muito polidos, porém sinceros, através da única linguagem com a qual consegue chamar a atenção, a do quebra-quebra, infelizmente.

“Mas, o que teria levado a essa desproporcional explosão de violência em Paraisópolis?” — perguntam-se as autoridades públicas e os figurões da grande imprensa dissimulada. A versão tida como oficial — a da SSP-SP, é claro — foi amplamente divulgada. Segundo sua simplificação, os vândalos haveriam recebido a polícia a pedradas e pauladas, assim que souberam da morte de um criminoso que resistiu à prisão; o que faz deles cúmplices e, portanto, igualmente criminosos apenas. “Segundo ouvimos, são pessoas envolvidas com o tráfico da favela. Então, muito provavelmente receberam ordens de traficantes para efetuar essa baderna” — esclarecia um comandante da operação, como se o próprio fato, a morte de uma pessoa, já não fosse uma razão suficiente para ter deflagrado uma manifestação coletiva de repulsa à ação policial. Dias após foram mais longe, atribuíram o episódio a uma ordem que teria sido dada de dentro dos presídios, por um dos líderes da facção criminosa mais famosa de São Paulo, o PCC (Primeiro Comando da Capital). O que pode, em parte, ser verdade, e vender bastante jornal, mas não explica o porquê de a revolta ter escapado também ao controle da organização.

Da parte dos moradores quase nenhuma opinião foi coletada pela imprensa corporativa. Pelos meios de informação alternativos, ventila-se, sem muita repercussão, a hipótese de que tudo começara por causa de um atropelamento que resultou na morte de uma criança. Também neste caso, a explicação, por si só, não é muito elucidativa. Afinal, por falta de equipamentos públicos, meninos morrem atropelados quase todos os dias nas grandes cidades.

Ao se levar minimamente em consideração os inúmeros aspectos conflituosos que envolvem o cotidiano dos habitantes de uma metrópole como São Paulo, em particular nos bairros de periferia, é leviana qualquer tentativa de esclarecer a revolta de Paraisópolis a partir da investigação detalhada dos fatos ocorridos pontualmente naquele dia. Mais superficial ainda é classificá-la de “vandalismo”, “arruaça” ou de qualquer outra definição que apenas a desqualifique enquanto atitude política. As chaves para o entendimento da questão estão expostas, podem ser vistas a olho nu. Só não o estão para aqueles a quem, não agradando enxergar, permanecem de costas.

Cordão humano pelo Choupal (às 11h. do Domingo, dia 15 de Fevereiro, em Coimbra)


Queremos a Mata Nacional do Choupal intacta!


A Plataforma do Choupal é um movimento cívico constituído para impedir que a Mata Nacional do Choupal em Coimbra seja irremediavelmente afectada pela construção de um viaduto rodoviário com 40 metros de largura e que a atravessa numa extensão de 150 metros. Se o crescimento desta plataforma cívica corresponder às expectativas que dele temos, proporemos que este movimento se concentre na qualificação física e cultural do Choupal e na resolução de outros problemas, que infelizmente são muitos.

Querem construir uma ponte sobre a Mata Nacional do Choupal em Coimbra. Esta plataforma nasceu para que isso seja impedido.

Há uma Petição na internet em defesa da Mata do Choupal. Para subscrever a Petição
http://www.petitiononline.com/choupal/petition.html

Para saber mais: aqui

Ligações:
http://www.plataformadochoupal.org/
http://www.plataformadochoupal.org/blog

ZECA AFONSO - Do choupal até à Lapa.




Reportagens das televisões sobre a Mata do Choupal



História e cultura árabe na noite de inquietação de hoje (13 de Fev. às 21h30) no núcleo do norte da associação José Afonso


http://vejambem.blogspot.com/

Carta à Universidade - por Miguel Vale de Almeida




Cara Universidade,

Acabaste. E nós “acabámos”. A partir de agora serás cada vez mais uma prestadora de serviços, funcionando segundo uma lógica mercantil, utilitarista, instrumental, gerida segundo critérios de produtividade típicos de uma empresa. Serás ainda menos democrática no funcionamento, mais fechada à inclusão dos alunos de camadas menos favorecidas, e ainda mais burocrática (substituindo a velha e horrível burocracia do estado por uma burocracia empresarial fetichizada - venha o diabo e escolha) . Definir-te-ás cada vez mais como algo que não é um serviço público, serás cada vez mais avessa ao pensamento crítico e à criatividade e, em última instância, acabarás odiando a própria ideia de ciência, substituída pela instrumentalidade técnica de curto alcance, imediatista, flutuando ao sabor da “demanda” empresarial, das encomendas governamentais e da demagogia da oferta imediata de saídas profissionais (que resultarão em pessoas desempregadas 5 anos depois, quando as skills hiper-especializadas morrerem no mercado com os respectivos produtos…). Não admira que quem se vá dar bem contigo seja um certo tipo de gestão e economia, e um certo tipo de sociologia. Acabaste. Agora és outra coisa, que te chamem outra coisa, porra, sei lá, direcção-geral das políticas públicas e dos potenciais secretários de estado de governos socialistas, ou Sociedade Anónima (ou anómica?). Acabaste. E acabaste com Bolonha e com o novo Regime Jurídico do Ensino Superior e com as Fundações e, na investigação, com o triunfo da audit culture científica. Acabarás certamente ainda mais com o novo Estatuto da Carreira Docente do Ensino Superior, propositadamente deixado para o fim neste processo de reinvenção total, este extreme makeover em que gulosamente te meteste. Acabaste, pronto. Ponto.

Eu cá por mim, sabes, vou continuar a dar o meu máximo e o meu melhor no trabalho com os alunos, nas aulas e nas orientações; vou fazer a minha pesquisa de forma ainda mais autónoma e o menos financiada possível; e é claro que vou continuar a meter-me em iniciativas - só que o mais autónomas possível, quanto mais fora dos teus muros melhor. Aí não vou perder entusiasmo, porque gosto da coisa, é como escrever, pintar, namorar, conviver. Mas lá dentro dos teus muros, agora de empresa, cumprirei os mínimos exigidos pela minha situação de assalariado. Acabou qualquer voluntarismo, espírito associativo, cooperativo, de serviço, de participação. Se é empresa que queres ser, comportar-me-ei como assalariado - e não tenho inclinação para a “cultura de empresa”, para o espírito de corpo, para “vestir a camisola” ou baboseiras tipo campo de férias para empregados. Ou para a treta palaciana e macholas da carreira e do poderzito. Acabou. Acabaste. “Acabámos”. Aqui se separam os nossos caminhos. Votos de grandes lucros e sucessos carreirísticos.

Com os melhores cumprimentos…


Miguel Vale de Almeida

Vaticanadas - por José Saramago

Retirado do blogue de José Saramago:

Ou vaticanices. Não suporto ver os senhores cardeais e os senhores bispos trajados com um luxo que escandalizaria o pobre Jesus de Nazaré, mal tapado com a sua túnica de péssimo pano, por muito inconsútil que tivesse sido e certamente não era, sem recordar o delirante desfile de moda eclesiástica que Fellini, genialmente, meteu em Oito e Meio para seu e nosso gozo. Estes senhores supõem-se investidos de um poder que só a nossa paciência tem feito durar. Dizem-se representantes de Deus na terra (nunca o viram e não têm a menor prova da sua existência) e passeiam-se pelo mundo suando hipocrisia por todos os poros. Talvez não mintam sempre, mas cada palavra que dizem ou escrevem tem por trás outra palavra que a nega ou limita, que a disfarça ou perverte. A tudo isto muitos de nós nos havíamos mais ou menos habituado antes de passarmos à indiferença, quando não ao desprezo. Diz-se que a assistência aos actos religiosos vem diminuindo rapidamente, mas eu permito-me sugerir que também serão em menor número até aquelas pessoas que, embora não sendo crentes, entravam numa igreja para disfrutar da beleza arquitectónica, das pinturas e esculturas, enfim de um cenário que a falsidade da doutrina que o sustenta afinal não merece.

Os senhores cardeais e os senhores bispos, incluindo obviamente o papa que os governa, não andam nada tranquilos. Apesar de viverem como parasitas da sociedade civil, as contas não lhes saem. Perante o lento mas implacável afundamento desse Titanic que foi a igreja católica, o papa e os seus acólitos, saudosos do tempo em que imperavam, em criminosa cumplicidade, o trono e o altar, recorrem agora a todos os meios, incluindo o da chantagem moral, para imiscuir-se na governação dos países, em particular aqueles que, por razões históricas e sociais ainda não ousaram cortar as sujeições que persistem em atá-los à instituição vaticana. Entristece-me esse temor (religioso?) que parece paralisar o governo espanhol sempre que tem de enfrentar-se não só a enviados papais, mas também aos seus “papas” domésticos. E digo ainda mais: como pessoa, como intelectual, como cidadão, ofende-me a displicência com que o papa e a sua gente tratam o governo de Rodriguez Zapatero, esse que o povo espanhol elegeu com inteira consciência. Pelos vistos, parece que alguém terá de atirar um sapato a um desses cardeais.

12.2.09

Anarchist speed dating contra o dia de São Valentim ( 14 de Fevereiro em Londres)


Aberto a todos, ou seja, a homens, mulheres, gays, lésbicas, transexuais, casais, e solitários, o «speed dating» anarquista é mais uma iniciativa contra a merda comercial do dia de São Valentim

O encontro não se destina propriamente a encontrar o vosso par perfeito, ou levar o outro(a) a uma qualquer aventura no fim da noite.

O objectivo é antes, e tão-só, encontrar caras novas, e apresentar informalmente, por uma abordagem mais existencial do que estritamente política, o anarquismo às pessoas, sobretudo a quem nunca ouviu falar, e pouco ou nada conhece sobre a matéria, possibilitando a descoberta de livros e autores libertários, e facilitando o contacto com indivíduos que assumem o seu anarquismo.

Convite em inglês:

Anarchist Speed Dating is an anti-Valentines day gimmick that is open to EVERYBODY - that means men, women, gay, straight, transexual/gender, even couples!

The event isn’t about meeting your perfect partner or even ending up with someone at the end of the night, but all about meeting new people, types that you generally may not come into contact with, and having a bloody good time!

The event is also, hopefully, a way of introducing people to anarchism in a non political way, i.e. ‘come to this event have a giggle and check out the stalls, buy a newspaper and meet some anarchist’.

The whole night is going to be hosted by Dominatrix Model Mistress Scarlett L’amour who’ll be keeping everyone in line.

Address: The Cross Kings, 126 York Way, London, N1 0AX
Nearest Public Transport: Kings Cross
Postcode: N1 0AX View Map
Time: 7pm


Não posso adiar o amor para outro século ( poesia de António Ramos Rosa)

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa se demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.


António Ramos Rosa

Plantação de árvores na Serra de S. Mamede (14/2/09‏) por iniciativa da Quercus, e aberta a todos os interessados em participar


A QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza convida todos os interessados a participar numa plantação de 1200 Carvalhos-negral (Quercus pyrenaica) no Parque Natural da Serra de S.Mamede, onde aquela espécie é autóctone e espontânea.

A acção será desenvolvida no dia 14 de Fevereiro, sendo o AMOR ao PLANETA TERRA o mote a desenvolver de acordo com a simbologia da data, pois quem cuida do Ambiente está invariavelmente a pensar na prosperidade sustentável da Humanidade.

Venha compensar a sua Pegada Ecológica criando sumidouros de Carbono por todo o país, contribuindo também para o aumento da Biodiversidade e da qualidade ambiental e paisagística das jóias naturais, como são os nossos Parques Naturais.

O ponto de encontro será no parque de estacionamento junto à ponte romana da Portagem, às 10 horas da manhã, sendo o terreno alvo na localidade de Alvarrões, com a toponímia local de Carvalhal, sito na estrada que liga Marvão a Portalegre.

A participação na actividade é gratuita e o transporte a cargo de cada participante(s). O final da iniciativa está previsto para as 16.00 horas, havendo contudo a hipótese de os interessados participarem apenas no período da manhã ou da tarde. As inscrições podem ser feitas pelos contactos abaixo.



QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza
Núcleo Regional de Portalegre
Apartado 163, 7301-901 PORTALEGRE, Telefs: 96 010 70 80 / 96 020 70 80
E-mails:
portalegre@quercus.pt / quercus.portalegre@gmail.com

Web page:
www.quercus.pt

A Quercus pretende, através deste apoio à plantação de espécies autóctones, contribuir para a adopção de atitudes e comportamentos ambientalmente adequados, tendo em vista a preservação e valorização da floresta.

A plantação decorrerá, simultaneamente, em oito localidades distintas, envolvendo colaboradores da Quercus e da Caixa, voluntários do Corpo Nacional de Escutas (CNE), das Autarquias e das Juntas de Freguesias.

A plantação abrangerá uma área de cerca de 15 hectares, nas seguintes localidades:

- Montemor-o-Novo
- Serra de São Mamede
- Idanha-a-Nova
- Castanheira de Pêra
- Azambuja
- Penamacor
- Vila Pouca de Aguiar
- Murça

Assim, no dia 14, serão plantadas cerca de 15 000 plantas de espécies tão variadas como o Carvalho-negral (Quercus pyrenaica), o Pinheiro-silvestre (Pinus sylvestris), o Plátano-bastardo (Acer pseudoplatanus), o Vidoeiro (Betula celtiberica), a Cerejeira (Prunus avium), a Tramazeira (Sorbus aucuparia), o Mostajeiro (Sorbus latifolia), o Azereiro (Prunus lusitanica), a Azinheira (Quercus rotundifolia), o Sobreiro (Quercus suber), o Amieiro (Alnus glutinosa), o Freixo (Fraxinus angustifolia), a Borrazeira-preta (Salix atrocinerea) e o Sabugueiro (Sambucus nigra).

Hoje há cinema na Casa Viva (às 22h.)


5ªfeira, 12 fevereiro, às 22h00 na Casa Viva
Praça marquês pombal 167 porto
entrada livre


2009 trouxe alterações ao Cinema Comunitário e a primeira 3ª.feira do mês desdobra-se agora em duas sessões:
-documentários, à segunda 5ª.feira de cada mês, à noite;
-e ficção no penúltimo sábado, à tarde, para dar tempo para conversarmos sobre os filmes.

Filmes para hoje:

Faixa de Gaza, de James Longley
[Gaza Strip - EUA, 2002, cor, 74', documentário]


O norte-americano James Longley viajou para a Faixa de Gaza em Janeiro de 2001, com intenção de ficar duas semanas para recolher material para um filme sobre a Intifada. Acabou por ficar mais de três meses, período no qual pôde conhecer a fundo a população.
Faixa de Gaza é filmado quase que totalmente em estilo verídico e apresentado quase sem narração. Dotado de maior observação e menor argumento político, o filme apresenta um raro olhar sobre a inflexível realidade vivida nos territórios palestinianos sob a ocupação militar israelita. [falado em Árabe, com legendas em Inglês]



Gaza-new years bombings 2009
[3'19'' 4'20'' 5'10'']

Três registos de curta duração dos bombardeamentos na Faixa de Gaza no fim do ano de 2008 e início de 2009.

A mulher que parou – peça de Tiago Rodrigues, com interpretação do grupo Nu Kre Baú Na Bu Onda, no espaço Alkantara, até 15 de Fevereiro

Estreou no dia 5 de Fevereiro, e volta à cena no dia 12 até 15 de Fevereiro, o espectáculo de teatro “A Mulher que Parou”, da autoria de Tiago Rodrigues, com encenação de Cláudia Gaiolas e Pedro Carraca e interpretação do grupo de teatro Nu Kre Bai Na Bu Onda, da Cova da Moura. Um espectáculo desenvolvido entre amadores e profissionais.
Está em cena no espaço alkantara até 15 de Fevereiro, de quinta a domingo, pelas 21h30.
Espaço alkantara - Calçada Marquês de Abrantes,99. Santos. Lisboa

5 a 8 e 12 a 15 Fevereiro às 21h30

bilhetes normal 5 euros c/ desconto 3 euros
horário bilheteira nos dias de espectáculo, a partir das 19h30


Excertos dos ensaios da peça 'A Mulher que Parou' texto de Tiago Rodrigues, encenado por Cláudia Gaiolas e Pedro Carraca. A interpretação é do grupo de teatro Nu Kre Bai Na Bu Onda constituido pela bela medina, calo mendes, diana varela, djena baldé, edna varela, elisa varela, lena amaral, paula silva e tozé barros. Este é um trabalho desenvolvido por alkantara no âmbito do projecto Programa Escolhas, em parceria com a Associação Moinho da Juventude, Associação de Solidariedade Social do Alto Cova da Moura e Junta de Freguesia da Buraca desde 2007.

10.2.09

Política, Ordem e Revolta - encontros e debates na galeria Zé dos Bois (dia 14 e 15 de Fev.) acerca da evolução do estado de excepção

«Terrorismo» é actualmente o termo vanguarda de todo um discurso que legitima um processo transnacional de remodelação das funções de Estado – menos sociais e mais securitárias. Do encontro entre o progresso científico, a procura estatal por mecanismos de vigilância, controlo e identificação e uma propaganda que espalha o medo em relação ao próximo, perpetua-se um estado de excepção, em que liberdades, direitos e garantias são colocadas em causa pela mesma entidade responsável pela sua protecção. Simultaneamente, multiplicam-se os sinais de mal-estar social, expressos de uma forma difusa e para além dos limites impostos pela cidadania institucional. É objectivo desta iniciativa reflectir em torno destes temas, traçar o seu percurso de evolução.

Sábado 14

14h30: "Autoritarismo e Vigilância: da empresa para a sociedade" João Bernardo;

16h00: "Prevenir a confraternização: história das técnicas para que os soldados não fiquem ao lado do povo" Diego Palacios Cerezales;

Domingo 15

15h00: A Invenção do Terrorismo.

"Violência e Estratégia de Tensão em Itália na década de 70" José Nuno Matos;

" Israel/Palestina" António Louçã;

"Conflito basco: um laboratório da repressão «pós-moderna»", Rui Pereira

17h30: Plenário – Conclusões Provisórias do fim-de-semana



Participantes:
- António Louçã é jornalista e historiador. Entre outros, publicou «Conspiradores e traficantes. Portugal no tráfico de armas e de divisas nos anos do nazismo 1933-1945» (2005)
- Diego Palacios é professor na Universidade Complutense de Madrid. Publicou «O Poder Caiu na Rua. Crise de Estado e Acções Colectivas na Revolução Portuguesa» (2003) e defendeu no ano passado uma tese de doutoramento intitulada «Estado, Régimen y Orden Público en el Portugal Contemporáneo 1834-2000».
- João Bernardo é autor de várias obras. Recentemente, publicou «Labirintos do Fascismo – na Encruzilhada da Ordem e da Revolta» (2003). Em 2004 publicou, no Brasil, «Democracia Totalitária».
- José Nuno Matos é mestrado em Ciência Política pelo ISCSP-UTL. Publicou «Acção Sindical e Representatividade».
- Rui Pereira é jornalista e, entre outros, publicou «Euskadi – A Guerra Desconhecida dos Bascos» (2000)

Zé dos Bois (Rua da Barroca, 59. Bairro Alto) Organização: UNIPOP
Entrada Livre

Digressão do concertinista Aurelien Claranbaux por Lisboa ( dia 11), Coimbra (dia 13) e Porto (dia14)



11 Fev, 22:30 na Fábrica braço de Prata, Lisboa
13 Fev, 22:30 no Salão Brazil, Coimbra
14 Fev, 22:30 no café concerto da ESMAE, Porto



Aurelian Claranbaux, concertinista de origem Francesa, pontua em nomes marcantes da nova música folk, como ZEF e Duo D.C. Os primeiros são uns dos nomes incontornáveis e mais acarinhados no festival Andanças, com incontáveis passagens pelos palcos Portugueses muito além do festival-referência.


Dono de mestria ímpar na concertina, sobe a palco e deixa dezenas de seres bailantes flutuantes em seu redor e das melodias que se vão escorrendo.

Neste noite fica prometida muita magia, uma ambiente descontraído e o desfrute da música pura, do baile sensual e dos prazes do convívio descomprometido.

Mais informações

www.rodobalho.com

www.tradballs.com

Oficina arco-íris do desejo por Iwan Brioc no ESMAE (13 a 15 de Fev.) e na escola de segunda oportunidade de Matosinhos(16 a 20 Fev.)


Oficina arco-íris do desejo no ESMAE (Rua da Alegria, 503, Porto) entre 13 a 15 de Abril
-X-

Workshop O Arco Irís dos Desejos na escola de segunda oportunidade de Matosinhos entre 16 a 20 de Fevereiro

O ARCO IRÍS DOS DESEJOS: UMA VIAGEM AO TEATRO DA MENTE

Destinatários Professores, Formadores, técnicos sociais

O arco-íris revela como a luz branca é o resultado da combinação das diferentes cores. Da mesma forma, cada um de nós é fragmentado pelas nossas diferentes e por vezes contraditórias crenças e desejos.
Este workshop, 2 horas por noite, durante cinco dias, utilizará as técnicas de Augusto Boal para trabalhar com opressões interiores: aqueles “polícias na cabeça” ‘cops in the head’ que nos impedem de realizar todas as nossas potencialidades. Através do prisma do teatro iremos explorar os diferentes elementos da nossa personalidade e talvez rearranjá-los melhor para ir ao encontro das nossas necessidades.

Cada noite, prepararemos e praticaremos depois uma técnica deste arsenal poderoso, colocando o ênfase em como trabalhar melhor com os nossos colegas e estudantes e em como a introspecção ganha através destas técnicas pode ser usada na situação da sala de aula de modo a que também os nossos alunos possam começar a remover as suas inibições à aprendizagem e à maturidade.

Os workshops serão divertidos e energizadores assim como uma experiência de aprendizagem poderosa.

Formador
Iwan Brioc é director artístico do Cynefin (fundado em 2000), uma plataforma sedeada no Reino Unido para o activismo comunitário através do teatro.
Iwan ganhou um “Creative Wales Award” em 2006 pelo seu trabalho com teatro sensorial comunitário labirinto, uma nova metodologia que tem vindo a desenvolver, inspirada pelo trabalho do antropólogo do teatro Enrique Vargas. Isto após ter criado 16 “performances” Labirinto com comunidades por toda a Europa, que tiveram um profundo impacto nas audiências.
O projecto de 2005 do Cynefin `Caerdroia', criou o maior Labirinto do mundo numa floresta do norte do País de Gales .
É o local de performances regulares do Cynefin com jovens e elencos internacionais.
Foi Co-Director de Theatr Fforwm Cymru (1997 - 2004), Teatro do Oprimido do País de Gales (TO). Desenvolveu aí o projecto “Ensaio para a Realidade”, o primeiro projecto nacional de teatro legislativo.
Iwan é membro fundador de “Drums for Peace (fundado em 1999) que reúne jovens desfavorecidos em intercâmbios internacionais com o desafio de criar uma performance artística em 5 dias. Tem qualificações em cinema, psicologia, trabalho com jovens, dramaterapia e chi kung e frequenta actualmente um Mestrado em “Mindfulness-Based Approaches”.

16 a 20 Fevereiro 2009
20.30h – 22:30h
Língua de Trabalho Inglês
Inscrição €30

Local:
Escola de Segunda Oportunidade de Matosinhos
Lg. da Capela do Telheiro,
S. Mamede Infesta
Tel. 22 906 45 38

Discurso do escritor e encenador Augusto Boal no Fórum Social mundial em Belém


A mídia costuma publicar só o que é espectacular, sensacional, mesmo que tenha que esconder a verdade. Hoje, fala-se mais da cor da pele de Barrack Obama do que do seu projeto político, como ontem falou-se mais dos seios da Carla Bruni do que das idéias direitistas do seu marido Sarkosy.
A mídia tem dono, e reflete as opiniões do seu proprietário: o Fórum Social Mundial não tem dono, e deve refletir as nossas.

Foro, Fórum, significa etimologicamente a praça pública, onde se pode discutir livremente. Este nosso Foro é mundial e deve, portanto, discutir os assuntos do mundo.

Temos que saudar o fim da era Bush e seus parceiros, mas ficar atentos à nova era que começa. Aplaudir os primeiros actos de Barrack Obama, mas analisá-los com cuidado. Aplaudir sua decisão de fechar Guantânamo, mas lembrar que isso não basta: é necessário restituir Guantânamo ao seu legítimo dono, que é o povo cubano.

Aplaudir a ordem de acabar com a tortura, mas lamentar que os torturadores não sejam punidos por esse crime de lesa-humanidade e continuem nos seus postos de comando. Aplaudir o desejo do novo presidente em dialogar com todos os países, mas explicar que não queremos, como ele promete ou ameaça, não queremos ver o seu país liderando o mundo - essa tarefa não compete nem aos Estados Unidos nem ao Paraguai, mas sim à Organização das Nações Unidas que para isso foi criada e tantas vezes tem sido desrespeitada pelo país de Barrack Obama.

O Fórum é social, e temos que falar do genocídio dos palestinos. Temos que separar, de um lado, o cruel governo de Israel e, de outro, as centenas de milhares de judeus que com ele não concordam. Não devemos cometer a injustiça que se fez com os alemães, pensando que todos fossem nazistas, quando muitos morreram lutando contra Hitler e seus asseclas.

Milhares de judeus, dentro e fora de Israel, condenam e se envergonham do que fez e faz o seu governo, que representa tão somente aqueles que o elegeram, mas não o judaismo. Dentro de Israel existem organizações como a dos Combatentes Pela Paz, de Chen Allon, que condenam a invasão e denunciam seus crimes. Tenho orgulho em dizer que, para isso, usam o Teatro do Oprimido entre outras formas de combate.

No Oriente Médio já se inverteu a distribuição de papéis: se, ontem, Israel foi o pequenino David, hoje é o gigante Golias, filisteu. O novo Golias, apoiado pelos Estados Unidos, em 22 dias matou mais de 300 crianças e centenas mulheres e homens, civis ou combatentes. Eu chorei vendo a fotografia de um menino, um pequenino David palestino, jogando pedras contra um tanque de guerra. Se a lenda de David e Golias, ontem, foi apenas lenda, a história de Golias e David, hoje, é triste realidade: os 1.300 mortos ainda estão sendo retirados dos escombros, sem as solenes pompas fúnebres dos 13 soldados israelis. O Fórum e o mundo não podem esquecer esse crime antes mesmo que sejam enterradas suas vítimas.

Nosso Fórum é pluralista, e deve se manifestar contra o colonialismo italiano que ofende a nossa soberania, que tenta interferir nas decisões da nossa Justiça, como está sendo o caso da concessão de asilo a Cesare Battisti. Existe uma lei brasileira que proibe a extradição de pessoas condenadas em seus países à pena de morte ou à prisão perpétua. É este o caso, é esta a lei! O ministro Tarso Genro apenas cumpriu a lei - a lei brasileira. O presidente Lula foi claro explicando aos italianos as sólidas bases da nossa decisão, mas parece que eles não entenderam, nem disso são capazes. Por quê?

A Itália, que foi o berço do fascismo e deveria ser também a sua sepultura, mostra agora que a ideologia colonialista ainda está viva e pretende anular decisões soberanas do Brasil, invadindo o nosso Judiciário e querendo nos ensinar a diplomacia da obediência e da submissão. Temos que repudiar essa ofensa e libertar o prisioneiro!

Nosso Fórum é social, e a economia também. A maioria dos países que estão em crise, ou dela se aproximam, sempre disseram não ter dinheiro para melhorar a Educação, a Saúde, aPrevidência Social. De repente, para socorrer seguradoras, bancos e montadoras, esses governos descobriram que tinham bilhões e trilhões de dólares, euros, iens e libras. Nosso Fórum tem a obrigação moral de interrogar os senhores da Davos: de onde veio esse dinheiro? Quem os escondia? Quanto sobrou? Onde estão?

O nosso Fórum Social também é brasileiro e é camponês: devemos saudar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MST, que é o mais democrático e bem organizado movimento de massas que o Brasil já teve, e que completa agora 25 de lutas pela terra, luta que continua.

O Fórum Social Mundial não é daqueles que dizem Hay Gobierno? Soy Contra, e porque assim não é, deve se alegrar em receber tantos presidentes de tantas Repúblicas sulamericanas juntos neste evento: Evo, Correa, Kirchner, Chavez, Lugo e Lula. Nunca se viu fraternidade igual.



Queremos agora ver os resultados concretos dessa irmandade.

Devemos, muito cordialmente, lembrar aos nossos presidentes que a Política não é a arte de fazer o que é possível fazer, mas sim a arte de tornar possível o que é necessário fazer!

Caminhar não é fácil! As sociedades se movem pelo confronto de forças, não pelo bom senso e justiça.

Temos que avançar e, a cada avanço, avançar mais, na tentativa de humanizar a Humanidade. Não existe porto seguro neste mundo, porque todos os portos estão em alto mar e o nosso navio tem leme, não tem âncoras.

Navegar é preciso, e viver ainda mais preciso é, porque navegar é viver, viver é navegar!
Eu sou homem de teatro e não posso deixar de falar de Arte e Cultura quando falo de Política, porque a Política é uma Arte que a Cultura produz.

Temo que, mesmo entre nós, muita gente ainda pense em arte como adorno, e nós dizemos: não é! A Palavra não é absoluta, Som não é ruído, e as Imagens falam. São esses os três caminhos reais da Estética para o entendimento: a palavra, o som e a imagem. São também os canais de dominação pois estão os três nas mãos dos opressores, não dos oprimidos: a Palavra dos jornais, o Som das rádios, as Imagens da TV e do cinema estadunidense, dominam nossos meios de comunicação e invadem nossos cérebros com seu pensamente único, seus projetos imperiais e suas mercadorias.

Acabou-se o tempo da inocência... o tempo da contemplação já não é mais. Temos que agir!
Palavra, imagem e som, que hoje são canais de opressão, devem ser conquistados pelos oprimidos como formas de libertação. Não basta consumir Cultura: é necessário produzi-la. Não basta gozar arte: necessário é ser artista! Não basta produzir idéias: necessário é transformá-las em atos sociais, concretos e continuados.



A Estética é um instrumento de libertação.

Eu felicito o nosso Ministério da Cultura pela criação de mais de mil Pontos de Cultura no Brasil inteiro, onde o povo tem acesso não só à Cultura alheia, mas aos meios de produzir sua própria Cultura sem servilismos, sua Arte sem modismos, porque entendemos que Arte e Cultura são formas de combate tão importantes como a ocupação de terras improdutivas e a organização política solidária.

Sonho com o dia em que no Brasil inteiro, e no inteiro mundo, haverá em cada cidade, em cada povoado ou vilarejo, um Ponto de Cultura onde a cidadania possa criar e se expressar pela arte, afim de compreender melhor a realidade que deve transformar. Nesse dia, finalmente, terá nascido a Democracia que, hoje, só existe em Fóruns como este!

Ser cidadão, meus companheiros, não é viver em sociedade: é transformar a sociedade em que se vive!

Com a cabeça nas alturas, os pés no chão, e mãos à obra!

Muito obrigado.



Belém/PA, 31 de Janeiro de 2009.

http://www.ctorio.org.br/



Reunião de preparação do MayDay 2009 no bar Maus Hábitos ( Porto) no dia 10 de Fevereiro às 21h30, promovida pelo FERVE (Fartos destes recibos verdes)


MAYDAY 2009 – O LUGAR ONDE NOS ENCONTRAMOS

De há uns anos a esta parte, diversos países têm vindo a assinalar o dia 1 de Maio, Dia do Trabalhador/a, alertando especificamente para a situação dos/as trabalhadores/as precários/as. Esta iniciativa é conhecida como MayDay* e decorreu pela primeira vez em Portugal, em Lisboa, em 2007.

A expressão do descontentamento do precariado faz-se na rua, com uma parada que agrega trabalhadores/as sujeitos/as às actuais expressões da desregulação laboral: falsos recibos verdes, contratos a prazo, intermitência no espectáculo, desemprego, desemprecariedade, trabalho temporário ou estágios sem remuneração.

Após duas edições bem sucedidas em Lisboa, gostaríamos de dar amplitude a este descontentamento no Porto, unindo vontades e vozes múltiplas. A iniciativa parte do FERVE, mas dirige-se a todos: associações, sindicatos, companhias, colectivos, movimentos e pessoas interessadas em promover a mudança.

Por isso, convidamos-te a participar na primeira Assembleia Pública de discussão desta iniciativa, a decorrer no dia 10 de Fevereiro, às 21h30, no MAUS HÁBITOS (Rua Passos Manuel, 178, 4º andar - Porto).

*MayDay é um termo utilizado nas comunicações radiofónicas, marítimas ou aeronáuticas que significa "urgência" ou "socorro" e que deriva do francês "m'aidez" (ajudem-me).

MayDay 2008: http://maydaylisboa.blogspot.com/

Sessão de poesia dedicada a Alexandre O'Neill no bar-livraria Gato Vadio ( dia 15 às 18h.)




Sessão de Poesia dedicada Alexandre O’neill
Domingo, 15 de Fevereiro, 18 h.

Leitura a cargo de Carla Rosa, Nuno Meireles, Júlio Gomes
na livraria-bar Gato Vadio



Saber viver é vender a alma ao diabo


Gosto dos que não sabem viver,
dos que se esquecem de comer a sopa
(Allez-vous bientôt manger votre soupe,
s... b... de marchand de nuages?»)
e embarcam na primeira nuvem
para um reino sem pressa e sem dever.
Gosto dos que sonham enquanto o leite sobe,
transborda e escorre, já rio no chão,
e gosto de quem lhes segue o sonho
e lhes margina o rio com árvores de papel.
Gosto de Ofélia ao sabor da corrente.
Contigo é que me entendo,
piquena que te matas por amor
a cada novo e infeliz amor
e um dia morres mesmo
em «grande parva, que ele há tanto homem!»
(Dá Veloso-o-Frecheiro um grande grito?..)
Gosto do Napoleão-dos-Manicómios,
da Julieta-das-Trapeiras,
do Tenório-dos-Bairros
que passa fomeca mas não perde proa e parlapié...
Passarinheiros, também gosto de vocês!
Será isso viver, vender canários
que mais parecem sabonetes de limão,
vender fuliginosos passarocos implumes?
Não é viver.
É arte, lazeira, briol, poesia pura!
Não faço (quem é parvo?) a apologia do mendigo;
não me bandeio (que eu já vi esse filme...)
com gerações perdidas.
Mas senta aqui, mendigo:
vamos fazer um esparguete dos teus atacadores
e comê-lo como as pessoas educadas,
que não levantam o esparguete acima da cabeça
nem o chupam como você, seu irrecuperável!
E tu, derradeira geração perdida,
confia-me os teus sonhos de pureza
e cai de borco, que eu chamo-te ao meio-dia...
Por que não põem cifrões em vez de cruzes
nos túmulos desses rapazes desembarcados p'ra
[morrer?
Gosto deles assim, tão sem futuro,
enquanto se anunciam boas perspectivas
para o franco frrrrançais
e os politichiens si habiles, si rusés,
evitam mesmo a tempo a cornada fatal!
Les portugueux...
não pensam noutra coisa
senão no arame, nos carcanhóis, na estilha,
nos pintores, nas aflitas,
no tojé, na grana, no tempero,
nos marcolinos, nas fanfas, no balúrdio e
... sont toujours gueux,
mas gosto deles só porque não querem
apanhar as nozes...
Dize tu: - Já começou, porém, a racionalização do
[trabalho.
Direi eu: - Todavia o manguito será por muito tempo
o mais económico dos gestos!


Saber viver é vender a alma ao diabo,
a um diabo humanal, sem qualquer transcendência,
a um diabo que não espreita a alma, mas o furo,
a um satanazim que se dá por contente
de te levar a ti, de escarnecer de mim...

Alexandre O´Neill



Gato Vadio - livraria-bar
Rua do rosário, 281 – Porto
telefone: 22 2026016

Confrontações: o nazismo e a cultura - exposição, debates e cinema no CCB entre 5 de Fev. a 1 de Março

DE 5 DE FEVEREIRO A 1 MARÇO DE 2009
O NAZISMO E A CULTURA: CONFRONTAÇÕES


Entre o auto-de-fé de 10 de Maio de 1933, no qual se queimaram 20 mil livros, e a abertura da exposição Entartete Kunst (Arte Degenerada), em Maio de 1938, situam-se as etapas fundamentais que definem a apropriação e submissão do mundo da cultura ao império do III Reich.


A exaltação da música e a perseguição ao pensamento, a “ghettização” dos intelectuais judeus e o fascínio pela arquitectura, a construção de uma ideologia de massas pelo uso dos meios audiovisuais e a subordinação da criação artística aos ditames do poder, são os traços marcantes de um dos períodos mais negros da cultura europeia. Este ciclo aborda algumas das etapas da confrontação entre o nazismo e a cultura e os sinais de resistência que, apesar de tudo, se foram manifestando.


Programa


CONFERÊNCIAS

> Atlantikwall por Alberto Ruiz de Samaniego, Director da Fundación Luis Seoane
SALA DE LEITURA
DIA 5 FEVEREIRO ÀS 18:00
ENTRADA LIVRE


> Thomas Mann e o Nacional-Socialismo por Teresa Seruya
SALA DE LEITURA
DIA 7 FEVEREIRO ÀS 18:30
ENTRADA LIVRE


> O "Caso Jünger" por António Mega Ferreira
Leitura de excertos de Sobre as Falésias de Mármore (1939), por Marcello Urgeghe
SALA SOPHIA DE MELO BREYNER
DIA 14 FEVEREIRO ÀS 17:00
ENTRADA LIVRE


EXPOSIÇÃO
> ATLANTIKWALL - Arquitecturas bélicas nas praias de Ocidente
GALERIA MÁRIO CESARINY
5 FEVEREIRO a 1 MARÇO (INAUGURAÇÃO ÀS 19:00)
ENTRADA LIVRE


MESA REDONDA
> Memórias de Antes, Durante e Depois
SALA ALMADA NEGREIROS
DIA 6 FEVEREIRO às 21:30
ENTRADA LIVRE
Conversa com Edmundo Pedro e Aquilino Ribeiro Machado


ÓPERA
> Der Kaiser von Atlantis (O Imperador de Atlântida ou a Abdicação da morte), 1944
uma produção Ginásio Ópera
PEQUENO AUDITÓRIO - SALA EDUARDO PRADO COELHO
DIA 7 FEVEREIRO ÀS 21:00
DIA 8 FEVEREIRO ÀS 16:00



CINEMA

> "NOITE E NEVOEIRO"/“NUIT ET BROUILLARD" [1955]
de Alain Resnais
SALA SOPHIA DE MELO BREYNER
DIA 9 FEVEREIRO ÀS 21:00


> "EINLEITUNG ZU ARNOLD SCHOENBERGS BEGLEITMUSIK ZU EINER LICHTSPIELSCENE"/ “INTRODUÇÃO À MÚSICA DE ACOMPANHAMENTO PARA UMA CENA DE FILME DE ARNOLD SCHOENBERG” [1972]
de Danièle Huillet e Jean-Marie Straub
SALA SOPHIA DE MELO BREYNER
DIA 9 FEVEREIRO ÀS 21:00


> “DER JÜNGE TÖRLESS”/"O JOVEM TÖRLESS" [1966]
de Volker Schlöndorff
SALA SOPHIA DE MELO BREYNER
DIA 9 FEVEREIRO ÀS 21:00


> "O OVO DA SERPENTE"/ "THE SERPENT'S EGG" [1977]
de Ingmar Bergman
SALA SOPHIA DE MELO BREYNER
DIA 10 FEVEREIRO ÀS 21:00


> "A SAUDADE DE VERONIKA VOSS"/"DIE SEHNSUCHT DER VERONIKA VOSS" [1982]
de Rainer Werner Fassbinder
SALA SOPHIA DE MELO BREYNER
DIA 11 FEVEREIRO ÀS 21:00


> "A VIDA MARAVILHOSA E HORRÍVEL DE LENI
RIEFENSTAHL"/"DIE MACHT DER BILDER: LENI RIEFENSTAHL" [1993]
de Ray Müller
SALA SOPHIA DE MELO BREYNER
DIA 13 FEVEREIRO ÀS 21:00


> "TRIUNFO DA VONTADE"/"TRIUMPH DES WILLENS" [1935]
de Leni Riefenstahl
SALA SOPHIA DE MELO BREYNER
DIA 14 FEVEREIRO ÀS 19:00


PREÇOS
2€ (CADA SESSÃO)
4€ (TODO O CICLO DE CINEMA)



LEITURA
> Correspondência entre Hannah Arendt e Martin Heidegger (excertos)
Apresentação de João Paulo Cotrim com a participação de José Wallenstein
SALA SOPHIA DE MELO BREYNER
DIA 12 FEVEREIRO ÀS 21:00
ENTRADA LIVRE



CONCERTO
> Verboten / Nicht Verboten (Proibido / Não Proibido)
pela Orquestra de Câmara Portuguesa, direcção de Pedro Carneiro
PEQUENO AUDITÓRIO - SALA EDUARDO PRADO COELHO
DIA 15 FEVEREIRO ÀS 17:00
PREÇOS
Plateia 15€
Laterais 12,5€



Um projecto CENTRO CULTURAL DE BELÉM
Consultor JOÃO PAULO COTRIM
Comissário da programação de cinema JOÃO LOPES

7.2.09

Declaração da Assembleia pela Justiça Climática no Fórum Social Mundial de 2009 em Belém do Pará


Durante o Fórum Social Mundial em Belém do Pará no Brasil, que decorreu até ao passado dia 1 de Fevereiro de 2009, foi lançada uma Declaração da Assembleia pela Justiça Climática


JUSTICIA CLIMATICA JÁ!

Não às ilusões neoliberais, Sim às soluções dos povos!

Por séculos, o produtivismo e o capitalismo industrial destruiram as nossas culturas, explorando a nossa mão de obra e envenenando o nosso meio ambiente.

Agora, com a crise climática, a Terra está dando um basta!

Mais uma vez, as pessoas que criaram o problema dizem-nos que também tem soluções: o comércio de emissões de CO2, o chamado "carbono limpo", mais energia nuclear, agrocombustíveis, incluindo um "novo pacto verde". Mas estas não são soluções reais, mais sim ilusões neoliberais. É hora de nos movermos para além destas ilusões.

Soluções reais para a crise climática vêm sendo construídas por aqueles/as que sempre protegeram a Terra e que lutam diariamente para defender o meio ambiente e suas condições de vida. Temos que globalizar estas soluções.

Para nós, as lutas por justiça climática e por justiça social são uma só. São lutas pelo território, pela terra, bosques, água, pela reforma agrária e urbana, pela soberania alimentar e energética, assim como pelos direitos das mulheres e dos/as trabalhadores/as. As lutas por igualdade e por justiça aos povos indígenas, aos povos do Sul, as lutas por distribuição de riqueza e pelo reconhecimento da dívida ecológica e histórica dos países do Norte.

Frente aos interesses desumanos e impulsionados pelo mercado da elite global e do modelo dominante de desenvolvimento baseado no crescimento e consumo intermináveis, o movimento por justiça climática clamará pelos bens comuns e colocará as realidades sociais e económicas no coração de nossa luta contra as mudanças climáticas.

Chamamos todas e todos, trabalhadores, camponeses, pescadores,
estudantes, jovens, mulheres, povos indígenas, assim como toda a humanidade consciente do Sul e do Norte a unirem-se a esta luta comum para construir soluções reais à crise climática, pelo futuro do nosso planeta, das nossas sociedades e das nossas culturas. Estamos construindo juntos um movimento pela justiça climática.


Apoiamos as mobilizações contra a Cúpula do G20 e sobre a crise global que ocorrerá de 28 de Março à 4 de Abril, e a mobilização da Via Campesina dia 17 de Abril.

Apoiamos o chamado para o Dia de Acção Internacional em Defesa da Mãe Terra e dos Direitos dos Povos Indígenas, no dia 12 de Outubro.

Convidamos a todos e todas a nos mobilizar e organizar acções diversas em todas as partes do mundo, em preparação até, durante e depois da Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, em Copenhague, especialmente durante o Dia de Acção Global no dia 12 de Dezembro de 2009.


Em todo nosso trabalho, vamos desmascarar as falsas soluções, levantaremos as vozes do Sul, defenderemos os Direitos Humanos e fortaleceremos a nossa solidariedade na luta pela justiça climática. Se tomarmos decisões acertadas, poderemos construir um mundo melhor para todas e todos.

Centenário do nascimento de D.Hélder da Câmara, o santo rebelde, e a sua voz na Missa dos Quilombos

"Se dou comida a um pobre, chamam-me de santo,
mas se pergunto porque é que ele é pobre, chamam-me então de comunista."
D. Helder da Câmara



Dom Hélder Câmara (Fortaleza, 7 de Fevereiro de 1909 — Recife, 28 de Agosto de 1999) foi um bispo católico, arcebispo emérito de Olinda e Recife. Foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, grande defensor dos direitos humanos durante o regime militar brasileiro e integralista. Pregava uma igreja simples voltada para os pobres e a não-violência. Por sua actuação, recebeu diversos prémios nacionais e internacionais. Foi indicado quatro vezes para o Prêmio Nobel da Paz.


Biografia

Décimo-primeiro filho de João Eduardo Torres Câmara Filho, maçom, jornalista, crítico teatral e funcionário de uma firma comercial e da professora primária Adelaide Pessoa Câmara, desde cedo manifestou sua vocação para o sacerdócio.
Ingressou no Seminário Diocesano de Fortaleza em 1923. Foi ordenado padre no dia 15 de agosto de 1931, em Fortaleza, aos 22 anos de idade, com autorização especial da Santa Sé, por não possuir a idade mínima exigida. No mesmo ano, fundou a Legião Cearense do Trabalho e em 1933, a Sindicalização Operária Feminina Católica, que congregava as lavadeiras, passadeiras e empregadas domésticas. Atuou na área da educação, participando de políticas governamentais do estado do Ceará na área da educação pública.
Em 1936 foi para a cidade do Rio de Janeiro, dedicando-se a actividades apostólicas. Foi Director Técnico do Ensino da Religião.
Foi nomeado bispo auxiliar do Rio de Janeiro no dia 3 de Março de 1952. Foi ordenado bispo, aos 43 anos de idade, no dia 20 de abril de 1952, pelas mãos de Dom Jaime Cardeal de Barros Câmara, Dom Rosalvo Costa Rego, Dom Jorge Marcos de Oliveira. Fortaleceu a nascente Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e participou da criação do Conselho Episcopal Latino-Americano. Foi um grande promotor do colegiado dos bispos e da renovação da Igreja Católica, fortalecendo a dimensão do compromisso social.
Em 1956, fundou a Cruzada São Sebastião, com a finalidade de dar moradia decente aos favelados. Desta primeira iniciativa, outros conjuntos habitacionais surgiram. Em 59, fundou o Banco da Providência, cuja actuação se desenvolve no atendimento a pessoas que vivem em condições miseráveis.


Teve participação activa no Concílio Ecuménico Vaticano II, sendo um dos propositores e signatários do Pacto das Catacumbas, um documento assinado por cerca de 40 padres conciliares no dia 16 de novembro de 1965, nas catacumbas de Domitila, em Roma, durante o Concílio Vaticano II, depois de celebrarem juntos a Eucaristia. Este pacto teve forte influência na Teologia da Libertação.


No dia 12 de Março de 1964 foi designado para ser arcebispo de Olinda e Recife, Pernambuco, múnus que exerceu até 2 de abril de 1985. Instituiu um governo colegiado nesta diocese, organizada em setores pastorais. Criou o Movimento Encontro de Irmãos, o Banco da Providência e a Comissão de Justiça e Paz daquela diocese. Forteleceu as comunidades eclesiais de base.


Estabeleceu uma clara resistência ao regime militar. Tornou-se líder contra o autoritarismo e pelos direitos humanos. Pregava no Brasil e no exterior uma fé cristã comprometida com os anseios dos empobrecidos. Foi perseguido pelos militares por sua actuação social e política, sendo acusado de comunismo. Foi-lhe negado o acesso aos meios de comunicação social durante o governo militar. Apesar disto, foi um grande orador, tornando-se conhecido sobretudo no exterior, onde divulgou amplamente suas ideias.


A arquidiocese de Olinda e Recife, o Instituto Dom Hélder Câmara (IDHeC) e a Universidade Católica de Pernambuco estão promovendo a comemoração do centenário de Dom Hélder, a ser celebrado em 7 de Fevereiro de 2009. O objectivo é manter viva a sua memória e a sua luta pela solidariedade e justiça social.


Recebeu o Prémio Martin Luther King, nos EUA e o Prémio Popular da Paz, na Noruega e diversos outros prêmios internacionais. Foi indicado quatro vezes para o Prémio Nobel da Paz.

O acervo histórico de Dom Hélder é mantido pelo Instituto Dom Hélder Câmara, em Recife.

Texto retirado da Wikipedia


http://www.domhelder.org.br/Default.htm

Programa do centenário de D.Helder da Câmara: aqui


Comunidades eclesiais de base:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidades_Eclesiais_de_Base



D.Helder da Câmara contra a Ditadura Militar brasileira





Missa dos Quilombos - Ofertório

Cena "Ofertório" do espetáculo "Missa dos Quilombos", montagem da Companhia Ensaio Aberto para o musical de Milton Nascimento, Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra, com direção de Luiz Fernando Lobo








Missa dos Quilombos
Invocação de Mariama ( alocução de Dom Helder Câmara)





Missa dos Quilombos parte 1


Parte 2



Parte 3



Parte 4



Parte 5



Parte 6



Parte 7 (final)