23.12.06

Give peace a chance (John Lennon)

Dêem uma oportunidade à paz

(fechem as academias militares, acabem com o comércio de armas, despeçam os especialistas de geopolítica e de armamento, reformem os generais e coronéis, e parem com as guerras entre Estados e os Exércitos...e, depois de todos os profissionais da guerra se «civilizarem», dêem então uma oportunidade à paz nas relações entre todos os povos)


Give Peace A Chance (Lennon & McCartney), voz de John Lennon

Two, one two three four

Ev'rybody's talking about
Bagism, Shagism, Dragism, Madism, Ragism, Tagism
This-ism, that-ism, is-m, is-m, is-m.

All we are saying is give peace a chance
All we are saying is give peace a chance

C'mon
Ev'rybody's talking about Ministers,
Sinisters, Banisters and canisters
Bishops and Fishops and Rabbis and Pop eyes,
And bye bye, bye byes.

All we are saying is give peace a chance
All we are saying is give peace a chance

Let me tell you now
Ev'rybody's talking about
Revolution, evolution, masturbation,
flagellation, regulation, integrations,
meditations, United Nations,
Congratulations.

All we are saying is give peace a chance
All we are saying is give peace a chance

Ev'rybody's talking about
John and Yoko, Timmy Leary, Rosemary,
Tommy Smothers, Bobby Dylan, Tommy Cooper,
Derek Taylor, Norman Mailer,
Alan Ginsberg, Hare Krishna,
Hare, Hare Krishna

All we are saying is give peace a chance
All we are saying is give peace a chance
etc.

Quem são os anarquistas? ( documentário-vídeo explicativo)

Aqui e agora - Documentário da federação anarquista (em francês)


O anarquismo nasce da revolta moral contra as injustiças sociais


A anarquia é a ordem, mas sem coerção!


Ao declararmo-nos anarquistas nós proclámamos desde já que renunciamos a tratar os outros da mesma maneira como não gostaríamos que os outros nos tratassem; que não toleramos mais as desigualdades que permitem a alguns exercer a sua força, manipularem e enganarem os demais, tal como não gostaríamos que isso acontecesse connosco.
Igualdade é sinónimo de equidade, da própria anarquia.

Kropotkine ( in A Moral anarquista)

Happy Xmas (WAR IS OVER) - por John Lennon

Feliz Natal ( A GUERRA ACABOU)!
- canção de John Lennon
.
.
.
Ver o vídeo ( imperdível) - clicar no botão a meio da imagem e aguardar até que comece a mover-se...


Letra em inglês da canção Feliz Natal (A GUERRA ACABOU), de John Lennon:

So this is Christmas

And what have you done

Another year over

And a new one just begun

Ans so this is Christmas

I hope you have fun

The near and the dear one

The old and the young

A very merry Christmas

And a happy New Year

Let's hope it's a good one

Without any fear

And so this is Christmas

For weak and for strong

For rich and the poor ones

The world is so wrong

And so happy Christmas

For black and for white

For yellow and red ones

Let's stop all the fight

A very merry Christmas

And a happy New Year

Let's hope it's a good one

Without any fear

And so this is Christmas

And what have we done

Another year over

And a new one just begun

Ans so this is Christmas

I hope you have fun

The near and the dear one

The old and the young

A very merry Christmas

And a happy New Year

Let's hope it's a good one

Without any fear

War is over over

If you want it

War is over

Now...

22.12.06

Manifestação hoje em Lisboa de solidariedade por Oaxaca

Mobilização Mundial Por Oaxaca ( 22 de Dezembro)

É urgente que se continuem a denunciar as graves violações de direitos humanos que acontecem diariamente no México. É também necessário dizer ao governo mexicano que estamos atentos e exigimos:

- O reaparecimento, com vida, das pessoas desaparecidas;
- A Liberdade de todos os detidos;
- A saída de Oaxaca de Ulisses Ruiz (Governador de Oaxaca) e das Forças Federais;
- O julgamento e punição de todos os culpados pela tortura, violação e assassínio.
- Em suma: Liberdade, Democracia e Justiça para o povo de Oaxaca.

Todas as pessoas interessadas em participar nesta acção pacífica de solidariedade com o povo de Oaxaca devem contactar o 91907772 -
sergiorac@hotmail.com

A manifestação está marcada para as 13 horas, em frente à embaixada do México em Lisboa, Estrada de Monsanto, 78.

Vídeo bem didático explicando a situação de Oaxaca:





Consultar para mais info:
http://cml.vientos.info/

Jantar de confraternização do GAIA-Porto ( esta sexta-feira, 22 de Dez.)


O Jantar de confraternização é aberto a todos os interessados


Esta sexta, dia 22, há jantar do GAIA no restaurante Oriente no Porto

(R. de S.Miguel, perto do Museu da Fotografia - antiga cadeia da relação) na Coordoaria.

A ideia é o jantar começar por volta das 20h30. Apareçam!

O jantar é uma boa oportunidade para conhecerem a malta do GAIA, se ainda não conhecem!

Se estiveres a pensar vir ao jantar agradece-se um contacto (telefone, e-mail, etc)

( que é para ver quantos lugares se reservam. Se não conseguires avisar também não faz mal, apareçe na mesma que serás bem-vindo.)

Qualquer dúvida, podes telefonar para 937267541

A batalha do Cambedo(1946) e a solidariedade galego-portuguesa anti-franquista


A BATALHA DO CAMBEDO


Foi em 20 de Dezembro de 1946 que se travou a batalha entre guerrilheiros galegos anti-franquistas, que actuavam na fronteira contra o regime do caudilho, e a GNR, PIDE e exército português na aldeia raiana de Cambedo, Trás-os-Montes, com alguns mortos de parte a parte e que revelou a coragem e o heroísmo dos anti-fascistas. São excertos do excelente livro, já citado anteriormente, Guerrilheiros Antifranquistas em Trás-os-Montes de Bento da Cruz, editora Âncora, 2003.

Vejamos o que se passou no Cambedo na madrugada de 20 de Dezembro de 1946. Antes de mais é preciso tentar compreender como é que a presença dos guerrilheiros naquela povoação chegou ao conhecimento das autoridades.


A título de simples curiosidade, transcrevo a versão dada pelo guerrilheiro asturiano Manuel Zapico Terente. Diz ele: «Chegámos a Casaio. Ali soubemos que uma tal Remédios, conhecida do Girón, se passara ao serviço da polícia e fora a causadora da morte do guerrilheiro Bernardino e de um outro na fronteira portuguesa, perto de Chaves.» Também Francisco Martínez López (Quico), se refere a este episódio e acrescenta que, gorada a operação que ali os levara, os guerrilheiros assaltaram os armazéns da empresa e distribuíram todos os víveres pelos trabalhadores a quem explicaram quem eram e os ideais por que lutavam. Acabou tudo numa grande festa, com os trabalhadores a cantar a Internacional e aos vivas aos guerrilheiros e à República. A guarda-civil, que estava perto e foi avisada do que se estava a passar, não se atreveu a intervir. Propriamente da empresa, para além de algumas armas que encontraram, os guerrilheiros não trouxeram nada. Nem uma peseta 1).


A tal Remédios trabalhava na lavaria de uma exploração de volfrâmio. Mas, quando os guerrilheiros, chefiados por Manuel Girón, lá chegaram, ela tinha desaparecido... Decorria o ano de 1951. A imprensa da época (1946) dá-nos outra versão. Que após os crimes cometidos em Barroso por «uma quadrilha de bandoleiros espanhóis e portugueses que actuavam na raia seca, uns quatro elementos da pide, disfarçados de contrabandistas e negociantes do «mercado negro», se infiltraram, com a colaboração da guarda-republicana, entre as populações raianas, na mira de localizar os «meliantes» 2).


No entanto, e no meu fraco entender, a fonte mais fidedigna e de maior interesse para o encadeamento dos sucessos relacionados com a repressão aos guerrilheiros antifranquistas na zona fronteiriça de Trás-os-Montes durante o ano de 1946, são os arquivos da GNR. Aí encontramos uma: «Cópia da Nota Confidencial Nº.2, de 11 de Março de 1946, (como se vê, muito anterior aos crimes cometidos em Barroso ) expedida pela Rp. Adjunta do CG da GNR.
Para conhecimento de V. Exa. e execução transcrevo o despacho de S. Exa. o GCG exarado num ofício, dirigido a este comando pelo Ministro do Interior.
Continuam a verificar-se actos de banditismo nas regiões fronteiriças de Trás-os-Montes. As autoridades espanholas solicitam a cooperação das portuguesas e o Governo Português interessa-se pelo assunto.»



De seguida a nota indica as aldeias suspeitas e acrescenta:


«Compete ao Bat. 4 limpar essas zonas. ... Solicitar-se-á a cooperação da Guarda Fiscal, da PIDE e outros elementos. ..."Máximo segredo"...Não utilizar o telefone. ... «Contar com a colaboração de toda a Guarda-civil do Comando de Orense».


E agora chamo a atenção para o último parágrafo da referida Nota Confidencial: Deve-se contar que, em caso de encontro, os bandidos se defendem bem, pois são guerrilheiros profissionais (itálico meu) dextros em toda a espécie de ciladas e ardis. O GCG confia absolutamente no valor e desembaraço das forças do Bat. 4, designadamente da 6ª. e 7ª. Companhias – o 2º. Comandante Geral - (a) Rogério Tavares -Coronel.»


Nas primeiras páginas deste trabalho, ao referir-me à suposta protecção dada às carreiras, tive oportunidade de me referir à hipocrisia da GNR durante a ditadura. Aqui está mais uma prova dessa hipocrisia. Em público, nunca a GNR admitiu que os «espanhóis» refugiados em Trás-os-Montes durante o ano de 1946, fossem «guerrilheiros». Nas «notas internas» reconhecia que eles eram «guerrilheiros profissionais» e recomendava «cautela» com eles.


A 15 de Março o Comando de Bragança responde a esta Nota Confidencial do dia 11, dizendo que «Nada se fez por não constar haver na área do Posto de Vinhais foragidos espanhóis ou salteadores portugueses.» E acrescenta:


«Houve, é certo, desde fins de 1943 uma quadrilha conhecida por Os Cucos, que actuando em colaboração com elementos espanhóis foragidos da Guerra Civil de Espanha, praticavam assaltos à mão armada na região de Vinhais. Desde então essa quadrilha, composta de oito indivíduos, tem sido alvo de uma perseguição sem tréguas e teve o seguinte destino (cito os seus nomes porque alguns deles, como o Cuco , Liró , e os irmãos Veiga figuram em documentos de autoridades espanholas, que os conhecem e que certamente se regozijarão com a sua captura): 1 -António dos Santos, o Cuco e 2 - seu irmão Manuel; 3 -José Gomes Júnior, o Chuche ; 4- António Augusto Pais, o Mofra ; 5 -António Veiga, o irmão do Boina s; 6 -Silvério Veiga; 7 – João Manuel, o Boina s; 8- Manuel dos Santos, o Liró .»


Segundo a mesma fonte, tiveram o seguinte fim: o Cuco, o Liró, o Chuché, o Boinas e seu mano António, foram todos presos durante o ano de 1943 e metidos na cadeia de Vinhais, donde se evadiram por duas vezes: uma por arrombamento do soalho, outra por serração das grades. Presos pela terceira vez, foram transferidos para Chaves. O irmão do Cuco, o Manuel, morto pela GNR no acto da captura. Silvério Veiga, preso pelas autoridades espanholas.


Para este êxito, e à semelhança do que atribuíam aos guerrilheiros, também a GNR recorreu a ardis: praças disfarçadas de raparigas de campo, outras de camponeses de foice, pau, chapéu de palha e sacola como se fossem segadores. Citam, embora o não identifiquem, um guerrilheiro que concebeu um esconderijo na parede à qual recostou a cama. Quando a GNR aparecia, ele passava do leito para o esconderijo e a mulher fingia-se doente. Um dia os guardas prenderam a mulher e encaminharam-se com ela para Vinhais. O guerrilheiro saiu-lhes ao caminho e apresentou-se.


«As regiões fronteiriças portuguesas estão limpas de bandidos» – concluía o comandante da GNR de Bragança. As autoridades espanholas insistiam e provavam que não. E como o «Governo Português se interessava pelo assunto», a GNR resolveu actuar.


«Quartel em Bragança, 29 de Abril de 1946.
O Comandante da Companhia
Herculano São Boaventura de Azevedo, Capitão
ORDEM A
1 - Situação – Notícias vindas de Espanha dão como certa a existência de bandidos na Região da Lomba do Concelho de Vinhais, nomeadamente nas povoações de Pinheiro Novo e Pinheiro Velho.
2 -Os bandidos são guerrilheiros profissionais, bem armados, dextros em todas as espécies de ciladas e ardis, a quem o terreno favorece e devem encontrar-se, além das povoações já referidas, nas de Cisterna, Vilarinho da Lomba, Sernande, Edroso e Carrascal, situado a N da foz da Ribeira que fica a 1300 m a SO da povoação de Contim.»



A mesma ordem manda concentrar todas as forças da GNR do distrito de Bragança, no lugar de Seixas, Vinhais, na madrugada do dia 30 de Abril de 1946.


Nos dias seguintes o comandante elabora um relatório a dar conta dos resultados desta batida feita de colaboração com a Guarda-Civil, que guarneceu a fronteira do lado espanhol. Diz que a diligência teve início de madrugada e terminou às 18 horas do dia 1 de Maio de 1946, sempre debaixo de chuva. Que bateram todas as povoações e ribeiras da região e não encontraram nada. E a modos de justificativo, acrescenta:


«A maior parte da população presta-se a encobri-los, não sei se por receio, se por ganância, ou se por qualquer outra circunstância, mas em qualquer dos casos dão sempre o carácter de humanidade. Assim, nenhuma dúvida tenho de que o facto de ter sido nulo o resultado da batida, não se justifica que amanhã não se encontrem na região citada foragidos, pois passam com toda a facilidade a fronteira e, então, podem agora estar em Espanha e muito pouco tempo depois em Portugal. Todavia estes não serão capturados pelos processos de batidas até agora usados, pela muita facilidade que têm em se deslocarem em terrenos quase inacessíveis e de serem informados, mesmo à última hora, de qualquer movimento de tropas.»


Por um relatório do comandante da Batalhão 4 ficamos a saber que no mesmo dia 1 de Maio de 1946, se realizou idêntica diligência na região de Chaves.


Diz o relatório:
«Esta batida começou a ser preparada em 11 de Março, em colaboração com a Guarda-Fiscal, a PIDE e Guarda-Civil espanhola que foi quem marcou o dia que mais lhe convinha – 1 de Maio. No dia 30 de Abril findo concentrei em Chaves o pessoal dos postos de Santa Marta de Penaguião, Sabrosa, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar, Pedras Salgadas, Vidago, Montalegre, Boticas e Valpaços, com o qual, reunido aos elementos do Posto de Chaves, se constituíram dois Pelotões comandados pelos tenente Álvaro Henriques Antunes e alferes José Maria de Mota Freitas, comandantes das Secções de Chaves e Vila Real, respectivamente.
O pelotão do tenente Álvaro foi enviado para o Mosteiro e região compreendida entre o rio Rabaçal e Travancas: S. Cornélio, Dadim, Bolideira; o do Alferes Mota de Freitas para o Cambedo, Couto de Ervededo, S. Caetano, Bustelo e região compreendida entre o rio Tâmega e os limites do concelho de Montalegre.
Prenderam, no Couto, o espanhol Sérgio Bramonde, o Vicente, por se encontrar indocumentado; em Bustelo, um português condenado em Montalegre por roubo. Do resto, mais nada. Tudo bem.



Pelos habitantes da região foi dito que não têm aparecido por ali espanhóis indesejáveis a não ser um de nome Salgado, (o Juan) o qual assassinou um guarda-fiscal há meses. Mas que esse mesmo já há muito não consta que por aqui apareça, parecendo-lhes que deve estar em Espanha.» Que eu saiba, esta batida de 1 de Maio, a qual, pelos dados de que dispomos, mobilizou mais efectivos e teve maior envergadura do que a de 20 de Dezembro do mesmo ano, não suscitou grandes parangonas na imprensa, nem tempos de antena na rádio. E a diferença é esta. A de 1 de Maio não deu em nada. A de 20 de Dezembro deu em quatro mortos e alguns feridos. E deu porquê? O Juan se precipitou. Se, em vez de sair para a rua aos tiros, se esconde e se deixa estar quieto, o mais provável é que o resultado da segunda tivesse sido igual ao da primeira. Por estes elementos respigados nos arquivos da GNR, que estão longe de ser exaustivos, ficamos a saber que as autoridades de um e de outro lado da raia estavam a par, da presença dos guerrilheiros nas regiões fronteiriças, desde princípios de 1946 3). Não vejo onde caiba a denúncia da tal Remédios. Também me parece pouco provável que as autoridades tivessem conhecimento da concentração dos guerrilheiros no Cambedo, ou, mais propriamente, no monte das Choias, a que o Demétrio se referiu 4).



O certo é que, nessa madrugada do dia 20 de Dezembro, uma sexta--feira, os moradores do Cambedo acordaram estremunhados com todos os cães da aldeia a ladrar a rebate à porta dos pátios. Assomaram às janelas e viram guardas-republicanos por todos os cantos e esquinas.
Era o prelúdio da famigerada Batalha do Cambedo, cujas sequelas ainda hoje perduram.
Três dos cinco agentes da PIDE que nela tomaram parte, Hélder Cordeiro Alves, Otelo Puga e Vasco Guerra, enviaram, logo nos dias 22, 23 e 26 respectivamente, relatórios ao comando daquela corporação, todos eles a dizer que fizeram e aconteceram, de modo a encarecer o peixe aos olhos dos superiores.



Deles me sirvo para uma tentativa de encadeamento cronológico das contas deste rosário de sangue e lágrimas.


Como atrás se disse, logo após os sucessos de Negrões, PIDE, GNR e Guarda-Fiscal bateram os concelhos de Montalegre, Chaves, Valpaços e Vinhais à cata do que eles taxavam de «bandoleiros» ou «malfeitores» e de quem os apoiava e iam fornecendo o que conseguiam apurar ao comandante da Companhia da GNR de Vila Real. Este, quando se julgou suficientemente esclarecido, marcou o dia 20 de Dezembro para o início das diligências.
Às zero horas desse dia concentraram-se no posto de Chaves uns duzentos guardas-republicanos vindos do Porto, da Régua e de Vila Real.



O comandante dividiu-os em grupos e destinou um para cada uma das seguintes povoações: Nantes, Mosteiró de Cima, Sanfins de Castanheira, Sanjurge, Couto e Cambedo.
Partiram às três da madrugada.



O do Cambedo era chefiado pelo alferes Mota de Freitas. Nele iam integrados os pides Otelo Puga e Joaquim Alves, aquele vindo do Porto e este a prestar serviço no posto de Vila Verde da Raia.
Até Vilarelho, foram de camião. Daqui para a frente, a butes.
Chegaram às seis. O alferes Mota de Freitas postou o pessoal à entrada e à saída da povoação, na frente e nas traseiras das casas suspeitas, a saber: a da Escolástica, a do Adolfo, a do Mestre, a do Silvino e a da Engrácia.
Mas o pessoal de que dispunha não chegava para as encomendas. Na da Engrácia, a primeira à direita de quem entra no povoado, no sentido sul-norte, ficou apenas o pide Otelo Fuga de vigia à porta da rua e um guarda-republicano nas traseiras.
Pelas sete horas, o alferes Mota de Freitas e o pide Joaquim Alves, vêm comunicar que está tudo apostos para um ataque surpresa ao romper o dia.



Eles nisto, ouvem-se tiros nas traseiras da casa da Engrácia. Acodem todos ao local.
Otelo Puga vangloria-se de, e passo a citar «por intuição defensiva, fi-lo, por nossa felicidade, recuando e de pistola-metralhadora aperrada. Pelo que, depressa me apercebi de que dois indivíduos, com carabinas em bandoleira e com pistolas na mão, fugiam por entre umas pilhas de achas de pinho, que se encontravam a cerca de trinta metros de nós, juntas a umas medas de palha, num quinteiro defronte da casa de onde tinham partido os primeiros tiros».



Desfecha-lhes uma rajada. Os fugitivos atiram-se ao chão e ripostam.
Mota de Freitas, Joaquim Alves e o guarda-republicano entrincheiram-se atrás de uma parede e atiram também.



Nisto, a palha começa a arder e um dos fugitivos tenta a fuga. Joaquim Alves e o guarda-republicano lançam-se-lhe no encalço.
Otelo Puga continua a metralhar e sítio onde o outro se atirara ao chão, não fosse ele alvejar os colegas pelas costas.



Num gesto rápido, o primeiro fugitivo volta-se e mete dois tiros numa perna ao Joaquim Alves. O guarda-republicano recua e protege-se. Os outros acodem. Como o segundo fugitivo não tugisse nem mugisse, avançam para ele. Não encontram ninguém. Acorrem a prestar os primeiros socorros ao Joaquim Alves.


Mota de Freitas aproveita para despachar um estafeta ao Couto pedir a comparência das forças para ali destacadas e um outro a Chaves a comunicar ao comandante da Companhia o ocorrido e a pedir o envio de mais forças.
Otelo Puga obriga a Engrácia a abrir a porta e a fornecer a identidade dos fugitivos. Ela jura que, lá de casa, não saíra ninguém. Prendem-na 5).



Neste interim, grande alarido lá para a coroa do povo. Mota de Freitas envia dois guardas-republicanos a ver o que se passa.
Eles estugam o passo, rua acima. À curva da capela deparam com um grupo quase bíblico: um camponês com um macho pela arreata; um outro em cima do macho, escachapernado na albarda, com uma garotita nos braços; em redor, populares aos gritos.



Os GNRs interceptam-nos e inquirem. Falam todos ao mesmo tempo. Que a garota está ferida. Que é preciso levá-la ao hospital.
E mostram a perna da menina (6) com a tíbia e o perónio fracturados e expostos, envoltos numa toalha ensanguentada.



E o homem da arreata, pai da menina, explica. Estava ele a aparelhar o macho debaixo da varanda, quando uma saraivada de balas varreu a casa, a toda a largura. Ele cosera-se instintivamente com um poste de pedra. O macho fugira, espavorido. Mas a menina, que estava na varanda a atirar migalhas de pão às pitas, no suflagrante de se recolher dentro da cozinha, tombara na soleira da porta.


Os guardas duvidam. A casa atingida ficava bem à coroa do povo, a uns duzentos metros ou mais da casa da Engrácia, donde se haviam disparado os únicos tiros.
Os populares insistem na urgência de levar a menina ao hospital, antes que se escoe em sangue.
Os guardas-republicanos deixam passar o trio do macho. Os outros que fossem para casa.
Havia ordens de, genericamente, deter todos aqueles que tentassem entrar ou sair da aldeia. Mas este era um caso imprevisto.



Levam os dois camponeses e a menina ao comandante. Este reúne o estado-maior. Discutem demoradamente o assunto. Por fim acordam deixar, por especial favor, prosseguir a enferma e os dois acompanhantes caminho de Chaves, a umas três horas de jornada pedestre.
E com isto se derretem uns cinquenta minutos, findos os quais se ouvem tiros lá para a fronteira, a cerca de um quilómetro de distância, costa arriba.



A operação Cambedo havia sido montada de súcia entre as autoridades portuguesas e espanholas. Mota de Freitas sabia que a raia estava guardada por um forte contingente de guardas-civis. Conjecturou logo que os fugitivos (nessa altura ainda se supunha que fossem dois) haviam esbarrado nas armas espanholas e retrocedido. Ordena a um grupo de guardas-republicanos que bata a colina subjacente à fronteira.


E que os outros não descurem as entradas e saídas da povoação.
Acabavam de evacuar o pide Joaquim Alves, vem de lá, do fundo de um ribeiro que flanqueia o Cambedo pelo poente, no sentido norte-sul, o eco de um tiro. Mota de Freitas envia um GNR a saber o que se passa. O emissário vai a passo e regressa a correr, todo alvoroçado. Que um dos fugitivos fora morto. Quedam todos entre espantados e surpreendidos. No fundo ninguém ia a contar com mortes.



Mota de Freitas pergunta se alguém conhece o defunto. Todos o conheciam. Era o Juan, ou Facundo .
Neste comenos, chegam os vinte guardas-republicanos que haviam sido destacados para o Couto, sob o comando do sargento Meireles. Pelas onze horas principia a revista às casas. A primeira é a da Engrácia. Não topam nada de especial.




Passam à do João Valença, do outro lado da rua. Encontram o José Barroso, filho da Engrácia, deitado numa cama a fingir que ressona. Perguntam-lhe por que razão está a dormir em casa da vizinha, em vez de estar em casa da mãe. O rapaz não atina com uma resposta satisfatória. Prendem-no e passam à frente. Pelas treze horas, iam as buscas por alturas do quartel da guarda-fiscal, ouve-se de novo o ladrar duma pistola-metralhadora. Voltam-se todos para as bandas de onde os latidos tinham vindo. Vêem um guarda-republicano a tropeçar nas próprias pernas, olhos esbugalhados, lívido, sem fala. Rodeiam-no. Ele aponta o pátio da Albertina. Gagueja. Que haviam entrado três. Dois ficaram lá. Ele salvara-se por milagre.


E quem havia atirado? Não vira. Mas parecera-lhe que os disparos haviam saído de um palheiro.
Os guardas-republicanos e o pide ainda operacional quedam a olhar uns para os outros, atónitos, incrédulos, hesitantes. E agora?



Eis que chegam, vindos de Chaves, os guardas que haviam sido destacados para Nantes, sob o comando do tenente Santos. Com eles vinha o pide Vasco da Rocha Guerra. Parlamentam. Alguém levanta a hipótese de os sitiados se apoderarem das armas, ou mesmo das fardas, dos guardas mortos. Que fazer?


Prudentemente, por largo, a coberto de paredes e árvores, cercam um quarteirão de três casas que parecem comunicar umas com as outras.
A dada altura, assoma uma cabeça a uma janela. Otelo Fuga intima o curioso a recolher-se, se não quer ser alvejado. O curioso recolhe a cabeça, estende o braço e chispa fogo.
«Mais uma vez fui bafejado pela sorte...» – deixou escrito o Puga, muito ufano pela esperteza de se ter protegido com a umbreira de uma porta. Os outros protegem-se também. O caso estava a ficar sério.



Na bagagem dos recém-chegados de Chaves vinham algumas granadas de mão e bombas incendiárias. O tenente Santos manda incendiar o palheiro. Os engenhos são lançados. O palheiro, porém, resiste. Avançam as granadas de mão. Falham também. Então obrigam o Manuel Bárcia a incendiar o palheiro - «e em meia hora tudo ficou reduzido a cinzas, restando apenas de pé as paredes».7)


Já no pleno uso da língua, o guarda milagrosamente escapo, acusa uma das donas de casa de lhes ter dito que podiam entrar à vontade, que, ali, não estava ninguém. Trata-se de Manuela Garcia Álvarez, irmã do Demétrio e mulher do Manuel Bárcia. Prendem-na. Ela defende-se dizendo que não mentira. Que, em sua casa, não estava ninguém. Se houve tiros e mortes, isso foi no pátio da sua prima e vizinha Albertina Tiago. Perguntam-lhe pelo número de bandoleiros . Ela responde que ignora.


Obrigam de novo o Manuel Bárcia, como familiar e amigo dos espanhóis, a ir buscar os dois guardas mortos e respectivas armas.


Ele, de início, recusa. Ante a ameaça de fuzilamento, obedece.
Mas demora. Arrastar um cadáver ainda quente, de mais a mais de um guarda-republicano, não é tarefa agradável, nem fácil. Gritam-lhe que se mexa. Mas ele não tem pressa nenhuma.
Por fim aparece à cancela, às arrecuas, com o morto sopesado pelos sovacos, nádegas, pernas e botas a varrer o cisco do chão.
- Para aqui! - gritam-lhe detrás da esquina.



Ofegante, o Bárcia alija o cadáver no sítio indicado. Identificam-no. Trata-se do soldado de 1ª. classe do posto da GNR de Chaves, José Joaquim, de 34 anos, solteiro, natural da freguesia da Sé, Lamego. Está crivado de balas de alto a baixo 8).


Gritam de novo ao Mestre que se despache. Mas ele não se dá por achado. De vez em quando alija o cadáver e limpa o suor da testa ao canhão da véstia. Por fim, com um arranco de desespero e revolta, arrasta o outro cadáver para a rua principal, onde o comandante e respectivos lugar-tenentes o aguardam, cosidos com as paredes. Identificam-no: José Teixeira Nunes, 37 anos, natural da freguesia de Oliveira, Amarante, casado e pai de três filhos menores. Apresenta, na região posterior do tronco, nove orifícios correspondentes à entrada de outras tantas balas de calibre 9, disparadas à queima-roupa 9). Tratam de despachar os dois mortos para Chaves. O tenente Santos aproveita para pedir a comparência do comandante da Companhia e o envio de mais granadas.





Enquanto isto, o tiroteio continua. Impossibilitados de sair de casa, pessoas e animais desesperam. Assustadas, as crianças choram. Espavoridas, as aves fogem das árvores e as galinhas das eiras. Incomodados pelas bombas e pelos tiros, os cães uivam, incessantemente. Apreensivos e tristes com a morte dos dois companheiros, os guardas só desejam uma coisa, que os espanhóis se rendam e o tiroteio acabe. Mas eles não se renderam, tarde fora, até a noite cair.
Para evitar que eles se aproveitem das trevas para se evadirem, os sitiantes incendeiam duas medas de palha situadas defronte da casa da Albertina, do outro lado da rua.
Neste meio tempo, arribam os guardas-republicanos que haviam sido destacados para Sanfins de Castanheira, sob o comando do tenente Antunes. Com eles, o pide Hélder Cordeiro Alves 10).
Trazem dois projectores eléctricos. Colocam-nos de modo a iluminar as traseiras da casa da Albertina.



Entretanto, noite dentro, vão chegando: o comandante da Companhia, capitão Alexandre Medeiros; um destacamento da PSP do Porto, e, com ele, o pide Vitorino Antero Alves; um pelotão de Caçadores 10, de Chaves, especializado em morteiros de campanha.
Instalam o comando no quartel da guarda-fiscal, casa de loja e sobrado, com duas janelas. A do norte dá para uma travessa de três metros de largura. Do outro lado ficam duas cancelas contíguas. A primeira de acesso ao eido do Manuel Bárcia; a segunda ao quinteiro da Adelaide Teixeira, de onde, a espaços, vêm rajadas de pistola-metralhadora.
O comandante em campo ordena a um agente da PSP, vindo do Porto, que arremesse granadas de gás lacrimogéneo sobre o «covil dos bandoleiros» cujo número toda agente calcula serem seis ou mais.



Mas o vento pica do norte e vira o feitiço contra o feiticeiro. Desistem. A noite, sem lua, está gelada. Uns sopram às mãos, outros batem os pés no chão. Há quem, sorrateiramente, deslize para dentro dos pátios, dos estábulos, dos palheiros e se recoste às paredes, armas em descanso.
No quartel da guarda-fiscal há uma braseira. Os maiorais avivam as brasas e trocam opiniões. Todos concordam em que eles não têm qualquer hipótese. Ou se rendem ou morrem. É tudo uma questão de tempo.
Dos habitantes do Cambedo, raro é aquele que consegue pregar olho. Pelas cinco horas, o palheiro incendiado extingue-se de todo.



O comandante recorre de novo a um PSP perito em foguetes luminosos. Estes, porém, chegam ao fim e o dia não há meio de romper. Então o pide Vitorino Aires oferece-se para incendiar outra meda de palha existente no local. O comandante aceita o alvitre. Mas a tarefa não é fácil, dado que o alvo fica no raio de acção das balas inimigas. O Vitorino aproxima-se o mais que pode e lança um fachuco de palha embebido em petróleo. Com tão boa fortuna que a meda se incendeia.


A aurora encontra o Cambedo transformado em campo de batalha: quartel-general, elementos de ligação entre os vários sectores, tendas de campanha, trem de abastecimentos, apoios logísticos, posto de primeiros-socorros.
Aperta-se o cerco à antiga morada da família Bárcia, agora subdividida em três facções autónomas: a do Mestre , a da sua irmã Adelaide, casada com um guarda-fiscal de nome Octávio (11) e a da sua prima Albertina: todas elas contíguas e comunicantes entre si pelos respectivos quinteiros. 12)



O pide Vitorino Aires, um agente da PSP e um guarda-republicano conseguem entrar nos baixos da casa da Albertina. Mas ao tentarem subir ao primeiro piso, ouvem zunir as balas rente às orelhas e põem o corpinho a salvo.
Então o comandante manda evacuar todas as casas em volta do quarteirão dos Bárcia, que vai ser bombardeado.



Os soldados de Caçadores 10 instalam-se num morro rochoso sobranceiro à povoação, a uns cento e cinquenta metros para nascente, e despejam uns trinta morteiros sobre o alvo.
A folhas tantas, aparece um homem de pistola-metralhadora em punho em cima dum telhado. Os artilheiros apontam-lhe os canhões. O homem desaparece. Os morteiros calam-se. O silêncio no quarteirão é tão profundo e prolongado que todos se convencem de que os bandoleiros estão todos mortos.



Aperta-se de novo o cerco. O pide Vitorino Aires e três polícias adiantam-se para o reconhecimento. São recebidos a tiro e recuam. Felizmente para eles, sem mazela de maior. Apenas um pequeno arranhão na face do pide, causado por uma pequena lasca de pedra que saltou sob o impacte de uma bala. À vista disto, o comandante manda alargar de novo o cerco. E os morteiros recomeçam.


A dado momento, grande alarido do outro lado da rua. O comandante manda fazer sinal aos soldados para suspenderem o bombardeamento e acorrem todos a ver o que era. Um rebo, que um morteiro fizera saltar de um muro, atingira um agente da PSP no peito.
Correm com ele em charola para o posto médico.
Reata-se o bombardeamento.
Ao cabo de uns setenta morteiros despejados sobre o quarteirão, dele não restam mais que ruínas fumegantes 13).



É tempo de apalpar de novo o terreno. Ansiosos por mostrar serviço e subir na hierarquia, os pides estão sempre na brecha. Vitorino Aires, acolitado por um grupo de agentes da PSP e guardas-republicanos mais afoitos, entra no pátio da Albertina e descarrega uma rajada de pistola-metralhadora contra uma porta que ainda se encontra intacta e fechada. Como ninguém responde, avança para ela.


De chofre, vem detrás da porta uma descarga traiçoeira. O pide dá um corcovo instintivo para o lado e corre para trás de uma parede (14) . Sente um arrepio na perna esquerda. Levanta a perna da calça para ver o que era. Uma bala que lhe varara a coxa de lado a lado, logo acima do joelho. «Olha que sorte!» -suspira ele, ao reparar em mais cinco buracos no sobretudo... Como certos animais que se encarniçam à vista de sangue, volta à carga, desta feita contornando o muro pelo lado de fora, não fosse o diabo tecê-las. Repara num rombo de morteiro na parede, que se lhe afigura no enfiamento da porta donde havia sido alvejado. Mete o cano da pistola-metralhadora no buraco e despeja o carregador.
Enquanto aguarda resposta, ouve alguém gritar:
- Lá vai um!



Volta-se e enxerga um indivíduo a fugir em direcção ao monte. Lança-se-lhe no encalço. Mas já um guarda-republicano traz o homem catrafilado pela gola do casaco. Apenas um pacífico habitante do Cambedo que, aterrorizado com tanto morteiro e tanto tiro, dera às de Vila Diogo.
Como a perna continuasse a sangrar, o pide requisita uma toalha e atalha. Os camaradas levam-no, quase à força, ao posto de primeiros-socorros. Um médico faz-lhe o primeiro tratamento e aconselha a evacuação para o hospital de Chaves. O ferido jura que não sai do Cambedo sem se vingar. E volta ao campo de operações.
Mas eis que a perna se lhe inteiriça e recusa a andar. Embora contrariado, o Vitorino Aires consente na evacuação 15).



A esse tempo, já os agentes da PSP especializados em bombas incendiárias haviam conseguido lançar fogo ao que restava do palheiro e afins. Do montão de ruínas restam apenas um lagar e um pequeno forno intactos, a poucos metros um do outro. Conseguem colocar metralhadoras no enfiamento dessas dependências. Estabelece-se um pingue-pongue de tiro vai, tiro vem, que parece nunca mais ter fim.


Pelas dezasseis horas surge, ao cimo das escadas da casa contígua à da Albertina, um sujeito de certa idade. Prendem-no. É Primitivo Garcia Justo, pai do Demétrio. Enquanto o interrogam, o ataque ao lagar e ao forno intensifica-se. Descargas de metralhadora, granadas de mão, bombas incendiárias, disparos de carabina. Os espanhóis vão respondendo. Parcimoniosamente, como quem poupa munições. Até que se calam de vez. Os atacantes suspendem o fogo e aguardam, prudentemente.


Nisto, aparece à boca do forno um lenço branco. Pouco depois sai o Demétrio, de mãos no ar. Primeiro algemam-no. Depois esbofeteiam-no. Perguntam-lhe pelos companheiros. Responde que lá dentro está só o cadáver do seu camarada Garcia, que se tinha suicidado.






Notas:
1) - Citados por Santiago Álvarez in "Memória da Guerrilha", Edicións Xerais de Galícia, 1991, pp 97 e seguintes.
2) - «Por determinação superior, encontrava-me desde o dia 26 de Outubro passado, na região de Vinhais, Chaves e Montalegre» - pide Hélder Cordeiro Alves, « in Relatório sobre o que se passou no Cambedo». Segundo o pide Vasco da Rocha Guerra declarou no Tribunal Plenário do Porto, «o sargento Prieto, da guarda-civil espanhola, colaborou com as autoridades portuguesas na captura dos elementos do bando.»
3 - A 14 de Junho de 1946, o capitão Herculano São Boaventura, comandante do Quartel de Bragança, envia um ofício ao Sr. Comandante do Batalhão n.º 4 da GNR do Porto, onde diz: «Há indicações de que na região da Lomba, do concelho de Vinhais, nomeadamente nas áreas de Sernande e Contim, estão aparecendo refugiados espanhóis e bandidos do mesmo país que auxiliados por um ou dois larápios portugueses permanecem naquela zona;» De seguida solicita carta branca para utilizar o camião afecto a «esta sub-unidade» na caça aos ditos refugiados.
Um outro ofício oriundo do Quartel da GNR do Porto, com data de 17 de Setembro de 1946, manda louvar os soldados da 7.ª Companhia em serviço no Posto de Vinhais, Alfredo Augusto, Aleixo Fernandes e Cândido Augusto Pires «porque conseguiram descobrir e capturar, no dia 28 do mês findo, o chefe da quadrilha, um foragido espanhol, que resistiu, conseguindo dominá-lo depois de o terem ferido gravemente numa perna, tendo-o levado para o hospital de Bragança… onde lhe foi amputada a perna direita...» «O ataque foi feito nas margens do rio Rabaçal, junto à povoação de Sernande...» «O preso vai ser entregue à Polícia de Vigilância.» Este ofício, que nem sequer identifica o preso, vem provar que ainda há muita coisa que nós ignoramos a respeito dos guerrilheiros e da repressão que lhes foi movida.
4) - Correu, por essa altura, não sei com que fundamento, o boato de que os guerrilheiros teriam agendado para o dia 21 o assalto ao palacete do senhor Domingos Veiga Calvão, em Vilela Seca.
5) - Interrogada a 21 de Janeiro de 1947, na PIDE do Porto, a Engrácia manteve-se numa negativa inexpugnável: «Que nesse dia não se encontrava qualquer indivíduo na sua residência.» «Mais uma vez aconselhada a dizer tudo o que sabe sobre o assunto, visto já estar provado que não está dizendo a verdade, respondeu: Que nada mais tem a dizer. E mais não respondeu.» Inquirida de novo em 6 de Fevereiro, acabou por admitir que na noite de 19 para 20 de Dezembro, o Juan dormira lá em casa.
6) - Silvina Fernandes Feijó, felizmente ainda viva, mas infelizmente ainda a manquejar da
, muito embora os peritos médicos a «dessem (ao fim de cento e dezoito dias de doença e impossibilidade de trabalhar) por completamente curada dos ferimentos descritos no exame directo deles não tendo resultado qualquer aleijão ou deformidade»...
7) - Depoimento do pide Otelo Fuga, no Plenário do Porto.
8) - Segundo o relatório da autópsia, umas treze ao todo.
9) - Do relatório da autópsia.
Para além deste dois, foram ainda feridos, com maior ou menor gravidade, cinco soldados da GNR, três dos quais, Jaime Ernesto Alves Leite, atingido por dois tiros num ombro, António Matias, a quem uma bala levou duas falanges do indicador direito e José da Fonseca Nunes, com escoriações no tórax e fractura duma costela por ter caído abaixo dum muro, foram para ao hospital de Chaves.
10) - «Em toda a parte de Castanheira, nomeadamente em Mosteiro, Sanfins, Santa Cruz e Cimo da Vila, foram revistadas todas as casas suspeitas nada sendo encontrado, mas foram feitas prisões dos indivíduos acusados de serem cúmplices dos malfeitores.», deixou escrito o Hélder.
11) - Após estes sucessos, o guarda-fiscal Octávio Augusto, a prestar serviço no posto do
Cambedo, foi transferido para o Gerês, onde acabou por se suicidar.
12) - Alguns relatórios afirmam, não sei com que fundamentos, que os guerrilheiros tinham feito buracos nas paredes meeiras de modo a transitarem de uma para as outras.
13) - A casa da Albertina Tiago foi a que mais sofreu com os bombardeamentos. Ainda hoje se encontra em ruínas.
14) - Manuel Afonso Pinho, do Cambedo, esclareceu no Tribunal Plenário do Porto, «que o agente Aires foi ferido em frente da adega do Bárcia e não da Albertina.» 15) - Ao cabo de quinze dias de convalescença, os médicos deram o Vitorino Aires como completamente curado do ferimento, do qual não resultou qualquer deformidade ou aleijão


retirado de:
http://osbarbaros.org/

John Lennon tinha uma «visão revolucionária» ( segundo o FBI)


Depois de uma batalha legal de 23 anos, professor da Califórnia consegue a divulgação total de relatório dos serviços secretos norte-americanos sobre Lennon



As últimas dez páginas de um longo relatório secreto do FBI sobre John Lennon foram ontem tornadas públicas e mostram que, afinal, não havia nenhum segredo explosivo por revelar.Durante anos, a não divulgação dos documentos alimentou complexas especulações, havendo quem imaginasse que os documentos tinham dados comprometedoras para o ex-Beatle, como o envolvimento directo em organizações revolucionárias.


Agora que o dossier foi divulgado - depois de uma batalha legal de 25 anos -, os documentos confirmam na essência o que já se sabia: Lennon era de esquerda e contra a guerra do Vietname.


Há alguns pormenores novos sobre as suas ligações a grupos de esquerda em Londres no início dos anos 70, mas nada que mostre que o músico era visto pelas autoridades como "uma ameaça séria", disse ao Los Angeles Times o historiador californiano Jon Wiener, da Universidade da Califórnia, que iniciou a batalha jurídica para a divulgação do dossier.


Compiladas em 1971-1972, as notas do FBI dizem que o ex-Beatle teria uma "visão revolucionária" e que as provas estavam nas suas canções. Também mostram que nunca apoiou financeiramente qualquer grupo político, mesmo que tenha sido convidado a fazê-lo e contam que dois "proeminentes militantes de esquerda" britânicos "cortejaram" Lennon na esperança de que ele viesse a financiar uma "livraria de esquerda em Londres", mas que Lennon não lhes deu dinheiro.


"Hoje podemos ver que o argumento da "segurança nacional" que o FBI tem feito nestes 25 anos eram absurdos. O dossier de Lennon no FBI é um caso clássico de excessivo segredo do governo", disse Wiener citado pela Reuters.


Algumas das informações foram expurgadas, sendo ocultadas por tinta preta, uma medida prevista na lei Freedom of Information Act usada para exigir a divulgação dos documentos, explicou ontem o gabinete de imprensa do FBI. As excepções contemplam razões como a segurança nacional, protecção de agentes infiltrados ou identidade de terceiros.


Os documentos confirmam que Lennon foi investigado em 1971-1972 pelos serviços secretos por causa das suas actividades políticas. Jon Wiener dizia ontem, com ironia: "Duvido que o Governo de Tony Blair vá lançar uma iniciativa militar contra os EUA em retaliação."


Em 1980, quando Lennon foi assassinado em Nova Iorque, Wiener começou a sua odisseia judicial. Durante os 20 anos em que o caso esteve na justiça, obteve algumas vitórias. Em 1997, conseguiu a divulgação de mais de 200 páginas dos arquivos, publicadas num livro em 2000, onde, segundo o autor, era atestado que o Presidente americano Richard Nixon pretendia exigir um teste de drogas a Lennon para o deportar e assim travar as suas actividades pacifistas.


Fonte: Publico

Dois tribunais mandam pagar aulas de substituição como horas extraordinárias

Professores que já taparam "furos" poderão exigir o mesmo, se houver mais três sentenças idênticas

Depois dos protestos de professores e alunos, a polémica em torno das aulas de substituição continua.

Os tribunais administrativos e fiscais de Castelo Branco e de Leiria deram razão a duas reclamações apresentadas por docentes que exigiram às suas escolas o pagamento destas actividades como trabalho extraordinário. As sentenças contrariam o entendimento do Ministério da Educação (ME) de que a substituição de docentes que faltam não tem de ser remunerada de forma extraordinária.A controvérsia começou em 2005, quando o ME aprovou um despacho que obrigava as escolas a organizar os horários dos professores de forma a que, em caso de falta, imediatamente outros docentes assegurassem a ocupação dos alunos. Em clubes temáticos, salas de estudo ou aulas de substituição, por exemplo. Para isso deviam ter em cada hora uma espécie de bolsa de docentes disponíveis.O problema é que as aulas de substituição previstas no Estatuto da Carreira Docente, que continua em vigor, são consideradas "serviço docente extraordinário".

Assim entendem os sindicatos e assim consideraram os juízes que assinaram estas sentenças, de 30 de Outubro e 14 de Dezembro. Já o ME sempre considerou que as substituições só deveriam ser pagas como horas extraordinárias se asseguradas por docentes da mesma disciplina do colega que falta. E se o professor substituto seguisse o plano de aulas. Por todo o país foram vários os docentes que, a partir do momento em que começaram a fazer substituições, exigiram o pagamento dessas horas. Os sindicatos afectos à Fenprof apoiaram alguns desses processos em tribunal e estas são as primeiras duas sentenças que se conhecem, explica Mário Nogueira, dirigente do Sindicato dos Professores da Região Centro. Umas delas "já transitou em julgado, pelo que é definitiva".

De acordo com o Código de Processo nos Tribunais Administrativos, se houver mais três decisões no mesmo sentido sobre casos "perfeitamente idênticos", todos os professores que tiverem feito substituições poderão requerer a extensão da sentença, ou seja, exigir ao ME o pagamento de horas extraordinárias.Segundo as regras definidas pela tutela, todos os professores dos 2.º e 3.º ciclos e do secundário devem ter na sua componente não lectiva de estabelecimento (trabalho na escola que não dar aulas) uma parte dedicada a actividades de substituição.

Os argumentos e a lei

Os dois professores em causa apresentaram a primeira reclamação, junto dos conselhos executivos das escolas, no início do passado ano lectivo e interpuseram recurso hierárquico para o ME. Perante o indeferimento, num dos casos, do secretário de Estado Valter Lemos e a ausência de resposta noutro, ambos recorreram aos tribunais, invocando o que está escrito no Estatuto da Carreira Docente.
O Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco teve a mesma leitura do estatuto: "A substituição de docentes pela ausência de curta duração é expressamente prevista como "serviço docente extraordinário"." E serviço docente "não se resume e confina ao conceito de leccionar", lê-se na sentença.
O Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria rebate ainda outro argumento do ministério, que considerou que o trabalho só pode ser considerado extraordinário e pago como tal, se for um "serviço ocasional e praticado de forma esporádica".
Ora, defende o ME, se o cumprimento das aulas de substituição se integra na componente não lectiva, se faz parte das 35 horas de trabalho semanais a que todos os professores estão obrigados e se é comunicado no início do ano lectivo, então não pode ser pago como serviço extraordinário.
Diz o Tribunal de Leiria que a substituição só acontece quando falta um professor, pelo que é "sempre ocasional e esporádica". E que não é o facto de estar inscrita no horários dos professores que muda o que determina o Estatuto da Carreira Docente. As sentenças obrigam o ME a pagar 87 euros num caso (relativo a duas substituições) e 67 noutro (por quatro substituições).


Fonte: aqui

18.12.06

Haverá vida fora dos centros comerciais...?

( questionário para consumidores compulsivos e adictos às mercadorias)

( atenção: leia atentamente e responda com as mãos limpas de compras)



1 – Quantas crianças de outros países estarias disposto a sacrificar para comprares um telemóvel ou trocar o teu por um melhor?

a) Mais de 3 não me agrada
b)Até 10, mas só se me garantissem as melhores performances do aparelho e um ano de chamadas grátis
c) Tudo dependeria da marca
e) Os que fossem necessários, desde que eu nada soubesse.


2 – Acreditas sinceramente que haja vida fora do centro comercial?

a) Sim, mas apenas uma vida infra-humana, rudimentar
b) A verdade é que a ciência ainda não chegou a nenhum resultado conclusivo sobre esse assunto.
c) Sim, claro que existe, mas felizmente os nossos mísseis estão prestes a acabar com essas estranhas formas de vida, que existem fora dos centros comerciais.
d) Quando estou a fazer compras nunca faço perguntas, nem me interrogo.



3 – Segundo um recente estudo nos próximos 50 anos haverá que reduzir a população mundial em 4.350 milhões de pessoas caso queiramos manter o nosso actual nível de crescimento e consumo. Quais os critérios que se deveriam adoptar para seleccionar as pessoas afectadas com esta redução?

a)Por sorteio
b) Segundo o poder de compra: desempregados e pessoas criativas consomem infelizmente muito pouco.
c) Sobre essa matéria quem deve decidir são os mais racionais e desinteressados, isto é, a Europa e os EUA.
d) O mercado, pois é ele que deve encarregar-se de fazer essa selecção.



4 – O que é que gostas mais no Museu da Arte Antiga, em Lisboa?

a) As sanduíches da cafeteria
b) A possibilidade de lá se poderem comprar postais
c) O facto do museu fazer recordar-ma a IKEA
d) Não sei, porque não o frequento. Prefiro andar pelos parques de diversões.


5 – Se se demonstrar que o crescente consumo no Ocidente de carne, água, petróleo, cosméticos, electrodomésticos, computadores, telemóveis, etc, está a pôr em perigo a sobrevivência do planeta, o que é que estás disposto a renunciar:

a) ao planeta Terra
b) a dar prendas ao meu sobrinho
c) a ler essas más notícias
d) Confio que os nossos governos saibam tomar a tempo as medidas necessárias


6 – Na hipótese das queixas das multinacionais que se lamentam pelo facto de não lhes ser possível interromper os programas e os filmes transmitidos pelas televisões a fim de passar os seus anúncios publicitários, nem utilizar as obras clássicas da pintura e da escultura como suportes para a sua publicidade, vierem a ser atendidas pelos governos, que parte do corpo da Gioconda deveria a Coca-Cola ou a Nike utilizar para os seus anúncios?

a) na frente
b) nos peitos
c) nos ombros
d) acho que a Gioconda bem poderia passar a ser uma criação da Coca Cola.



7 – Por que coisas deixarias de lutar, arriscar a vida, renunciar à tua felicidade pessoal, à tua disponibilidade de tempo, abdicar dos teus princípios, sujeitares-te a humilhações infligidas pelo teu chefe ?

a) Admitiria isso em troca de um aparelho de Tv com ecrã de plasma
b) Admitira isso em troca do último modelo da Nokia
c) Fazer as figuras ridículas do costume nos concurso de televisão
d) Por coisas dessas aceitaria também lançar bombas



8 - O que levarias para uma ilha deserta?

a) O cartão do El Corte Inglês
b) O próprio El Corte Inglês
c) Os saldos de Janeiro
d) Uma pistola para que não me roubem o cartão do El Corte Inglês


9 – Uma das vantagens da nossa época é que permite não só consumir os objectos como também as imagens desses mesmos objectos; ou seja, é possível contemplar a morte de um palestiniano ou de um filipino por via de um estupendo aparelho de televisão ou através de um monitor de gama alta, como inclusivamente visioná-la em directo. Enquanto consumidor quais são as modalidades de morte alheia que mais aprecias?

a) As mortes provocadas por bombardeamentos
b) As mortes provocadas pela fome e por catástrofes naturais
c) As mortes resultantes de torturas
d) Pela televisão todas as mortes me parecem bonitas.



10 – De que populações do mundo gostas mais de consumir as contínuas imagens de mortes?

a) Dos africanos
b) Dos latino-americanis
c) Dos árabes e muçulmanos em geral
d) Dos todos por igual: não sou racista,



11 – O que é que há de comum entre um livro, uma mulher, um hambúrguer, um carro e umas sapatilhas de marca?

a) que os cinco são objectos
b) que os cinco são comestíveis
c) que os cinco podem ser adquiridos com cartão de crédito
d) Nunca compraria um livro


12 – Segundo estudos recentes os consumidores portugueses gastam em cada minuto pouco menos de meio milhão de euros, regista-se também um crescente consumo em cosméticos e em pornografia via Internet, sem esquecer o atraente e promissor turismo sexual. Qual deve ser o papel reservado aos portugueses no futuro?

a) Devemos melhorar na área do turismo sexual, pois a prostituição infantil salva da fome muitas famílias do terceiro mundo.
b) Por patriotismo, os portugueses deviam redobrar o seu consumo em perfumes e cosméticos.
c) Os desempregados portugueses deveriam gastar mais de forma a melhorar o nosso ranking mundial
d) Não se deverá misturar consumo com a política.



13 – Beatriz de Orleáns, representante de Christian Dior, explica porque é que um bolso de seda dessa marca custa 2.790 dólares: quem os faz são crianças que recebem 14 cêntimos de dólar por hora. Achas que vale a pena pagar esse preço para adquirir aquele produto?

a) As crianças sempre podiam receber um pouco menos
b) Podia-se ensinar-lhes a trabalhar também com os pés
c) As crianças merecem o nosso sacrifício
d) Demonstrar que se é rico nunca sai caro.



14 - Achas correcto que um pequeno carro custe pouco mais de 6.500 euros, enquanto as paisagens montanhosas, o céu estrelado e a cor azul continuem grátis?

a) Se essas coisas não se compram, então é porque não valem nada
b) Preferia que tais coisas só pudessem ser pagas pelos ricos.
c) Entre um céu estrelado e um carro sempre há diferenças: o céu estrelado deveria ser mais barato.
d) Privatizar a cor vermelha sempre seria muito rentável e uma decisão que revelaria boa gestão



15 – Quais são as imagens que mais o angustiam, quando pensa no futuro da Humanidade?

a) Uma televisão apagada
b) O Modelo e o Continente de portas fechadas
c) O desaparecimento dos anúncios publicitários
d) Tenho a certeza que Bill Gates resolverá qualquer problema que surja
e) Quando faço compras, nunca penso no futuro da Humanidade.




Este questionário faz parte de uma iniciativa da companhia teatral CONSERVAS, de Barcelona e que organiza o festival InnMotion

(adaptação livre para português de um texto de Santiago Alba Rico, publicado no jornal Diagonal de 5 de Dezembro de 2006)



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17.12.06

Já saiu mais um número da Adbusters (revista contracultural)

O número referente aos meses de Janeiro e Fevereiro de 2007 da conhecida revista canadiana Adbusters já chegou aos quiosques portugueses. Trata-se de mais uma edição do maior interesse e cuja leitura vivamente aconselhamos.
Desta vez o tema geral são as grandes ideias que vão marcar o próximo ano de 2007. Reproduzimos a seguir o índice deste número

The Big Ideas of 2007

THE REVOLUTION WILL BEGIN WITH A TEXTBOOK – Ecological economist Tom Green on why two new textbooks have the power to change the world.

BELIEVERS & DECEIVERS – Cognitive dissonance and the psychology of US power at play on the global political stage, by Deborah Campbell.

THE GREAT URBAN OUTDOORS – David Nicholson-Lord's take on how affluence and self-indulgence are steering us away from the natural world.

MY FIRST RIOT – A tale of race, rebellion, and amateur theatrics in a California prison, by Saint James Harris Wood.


Outros artigos:

Japan's Neocons, by Eric Johnston

Tourist Tibet, by David Kootnikoff

Brazil's Landless Pioneers, by Wilson McCourtney

First World Fascismo, by Adbusters Staff

Consultar:
http://www.adbusters.org/the_magazine/

Livros novos na livraria Pulga

Por intermédio do seu blogue soubemos que já se encontram nos escaparates das casas da especialidade as edições mais recentes da livraria Pulga (sito no Centro comercial Itália, Rua Júlio Dinis, 752-1º dto, loja 70, Porto), a saber:


" Manual do Desempregado", de Liberato

“ Saloon”, de A. Pedro Ribeiro

“Teatro d’Abjecção”, de A. Dasilva Ó

“Inscrições na Lápide”, de Fernando Morais


Do prefácio deste último (“Inscrições na Lápide”, de Fernando Morais) retiramos este excerto:


“ Esta é uma história de amor e traição. Vive-se num momento de turbilhão revolucionário. Estamos em Paris, Maio de 1968, eternizado pela tomada das ruas pelo movimento estudantil revoltado contra a vida manietada, contra a guerra imperialista contra o nivelamento conformista, pelos lazeres de uma sociedade de plástico. Jovens que ergueram barricadas que se organizaram solidários para que o poder de decisão sobre as suas próprias vidas lhes fosse restituído.A ordem vigente acolheu-os com a repressão violenta das forças policiais militarizadas. O confronto sangrento paralisou toda uma nação. Solidária, outra geração ergueu a voz face à barbárie. Intelectuais e operários, os pais que viam a sua descendência, nas ruas, brutalizada pelos cães da guerra. Estava constituído um novo movimento urdido no diálogo e na acção revolucionária. Já não se tratava apenas de fazer voar as pedras da calçada. Havia debates na Sorbonne, mas também nas avenidas e nas esquinas de Paris amotinada contra a intolerância dos que se agarram ao poder a todo o custo (mesmo o da vida humana). Por toda a França discutia-se o futuro, a autogestão, os caminhos da emancipação dos gestos quotidianos, a autoridade de cada indivíduo em expressar-se consoante a sua verdade.Estes foram alguns dos factos. A História encarregou-se de mastigá-los, digeri-los à imagem de outras conveniências que não as motivações originais do movimento revolucionário de 68. Conveniências de "objectos culturais" a serem consumidos, roupas de marca, compêndios e livros, anúncios para a venda de automóveis: "sejam razoáveis, exijam o impossível".”

( excerto do prefácio DE AUTORIA DE J.C.JERÓNIMO PAULO BERNARDINO RIBEIRO)

Para mais informação consultar o bloque da livraria

Boicote aos produtos e marcas dos Estados Unidos da América

Declaração pública de vontade pessoal em boicotar os produtos e as marcas dos Estados Unidos da América


O mundo confronta-se com o grave problema do aquecimento global, mas apesar disso o principal agente contaminador, que é simultaneamente a maior potência militar do mundo, e que se auto-proclama como o «super-polícia» global, faz orelhas moucas face aos apelos para a redução das suas emissões de CO2.
O mundo inteiro já se manifestou por várias vezes a favor de uma solução pacífica no Iraque, e não obstante a potência ocupante persiste em não abandonar o território que ilegitimamente invadiu e mantém ocupado.
À arrogância global dos Estados Unidos da América que podemos nós fazer? De que maneira podemos gritar um «basta!» e colocar um ponto final a tanto sofrimento e a tanta rapina por parte da única super-potência?

A resposta passa por aquilo que os propagandistas costumam chamar «o tácito apoio emocional», isto é, aquilo que se pode chamar «a marca nacional». Lançamos pois um apelo mundial para que toda a gente em todo o mundo boicotem os produtos com marca norte-americana: que ninguém vá a qualquer McDonalds, nem compre produtos Nike, e nem muito menos frequente os cinemas com filmes realizados em Hollywood. Que os parques Disney espalhados pelos 4 cantos do mundo fiquem vazios. Que ninguém perda um minuto com as televisões Fox, CNN e MTV. E se recuse a abastecerem-se em qualquer estação da gasolina Esso, Texaco ou Chevron. Esqqueçam-se que Pepsi, Coca-Cola,Gap e Starbucks existem.
Onde quer que estejas no mundo abstém-te de adquirires produtos com marca e proveniência dos EUA.

Quando fazes uma declaração pessoal de boicote aos produtos com marca EUA estás a fazer, para todos os efeitos, uma declaração pública, que se há-de juntar ao clamor internacional que pouco a pouco por todo o lado se está a levantar contra a actual política dos Estados Unidos da América e que tantas vítimas humanas e prejuízos está a causar. Não te esqueças também de te manter a par das acções de protesto que continuamente são lançadas em diversos países a propósito do esgotamento dos recursos petrolíferos, da comida rápida e plastificada, do desrespeito e dos abusos laborais que amiúde se praticam, e das manipulações mediáticas que infelizmente se tornaram o pão nosso de cada dia.

Vivemos num momento histórico crucial em que são necessárias mais do que nunca mobilizações e de acções de todos nós, os seres humanos vivos e activos. Não duvides da possibilidade de mudarmos este estado de coisas. O movimento contra a guerra do Iraque mobilizou milhões de pessoas por todo o mundo. Porque não podem esses mesmos milhões de manifestantes boicotarem igualmente os produtos com marca EUA,influenciando assim os decisores políticos e económicos daquela grande potência político-militar?

Estás pronto para entrares nesta onda de boicote aos produtos com marca EUA, e celebrar a tua libertação face à cultura comercial norte-americana?
Procedendo assim podes estartambém a contribuir para a derrocada de um império ilegítimo e depravador de vidas e recursos naturais.


Compromisso e declaração pública

Porque sou um dos milhões de pessoas que estão contra a guerra do Iraque;

Porque os Estados Unidos da América já mostraram que não escutam a opinião pública mundial;

E porque os símbolos dos Estados Unidos são as suas empresas e as suas marcas;

Eu, abaixo-assinado, declaro publicamente a minha vontade de boicotar as marcas americanas enquanto os Estados Unidos ocuparem o Iraque e enquanto a única super-potência mundial não der ouvidos ao clamor geral por justiça social, liberdade e igualdade, assim como respeito pela mãe-natureza.


Assinatura,
.......

16.12.06

Os heróis do nosso tempo!

Rachel Corrie
Estudante universitária,pacifista norte-americana, 23 anos
Assassinada em Março de 2003 por um bulldozer israelita em Gaza quando a máquina se preparava para demolir mais uma casa palestiniana


Todos os que dedicaram a sua vida aos outros
nunca serão esquecidos!



O criminoso Estado de Israel mata, destrói e fere impunemente...

Selecção de livros pela Livraria Letra Livre

«Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas.
Os livros só mudam as pessoas»
Mário Quintana (poeta brasileiro)


Acabamos de receber uma newsletter da Livraria Letra Livre com uma selecção de livros que vale a pena ler e oferecer:


Potlatch. Boletim da Internacional Letrista. Fenda. 18,00


Terrorismo de Estado na Rússia: A Guerra da Tchetchênia. Achiamé.10,00?

Marx Versus Stirner. Daniel Joubert. Insomniaque. 9

O Espírito da Comédia. Antonio Escohotado. Antígona. 15,00

A Abrangência do Zunzun. PREC. 7,50

Dicionário das Mulheres Rebeldes (Edição ampliada). Ana Barradas. Ela por Ela. 26,50

A Moral Anarquista. P. Kropotkin. Sílabo. 7,50

Utopias Piratas. Peter L. Wilson. Conrad. 15,00

A Formação da Mentalidade Submissa. Vicente Romano. 18,00

História Geral dos Piratas. Capitão Johnson. Cavalo de Ferro. 22,50

Manual Filosófico do Individualista. Han Ryner. Achiamé. 6,00

La Mémoire et Le Feu. Portugal: L´Envers du Décor de L´Euroland. Insomniaque. 10,00

(10% de desconto em todos os títulos)

Para outros livros disponíveis consultar:

www.letralivre.com

Livraria Letra Livre
Calçada do Combro, 1391200-113
Lisboa

O ódio à democracia, novo livro de Jacques Rancière


Quando actualmente a democracia é exportada pela força das armas por aqueles que ainda há pouco tempo condenavam os horrores totalitários enquanto os revolucionários recusavam essas aparências em nome de uma democracia real que haveria de chegar, Jacques Rancière propõe ao leitor reencontrar a força subversiva sempre nova, e sempre ameaçada, da ideia democrática através de um notável trabalho de reflexão e questionamento de grande rigor e agradável leitura.
Partindo de Platão e das origens gregas da política o autor chega ao dias de hoje para demonstrar que o que suscita o novo andemocratismo é, afinal, o escândalo que sempre representou o «governo do povo», ou seja o escândalo da própria política e da igualdade dos homens.
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Da introdução (escrita por Diogo Pires Aurélio):

«Rancière ... afirma que a política só existe verda­dei­­­­ramente quando o reino da liberdade se afir­ma fren­te ao reino da necessidade e a democracia irrom­pe como desafio ao que é natural ou social­men­te dado. Concorde-se ou não, essa ideia tem, pe­lo me­nos, a virtude de se expor aqui como um assom­broso exercício de inteligência e, ao mesmo tempo, como uma moldura onde cabe o essencial daquilo que, so­bre esta matéria, habitualmente se dispersa na socio­logia ou refracta na filosofia política.»

Sobre a obra e o autor

Quarenta anos passaram desde que Rancière assinou, com Louis Althusser et Etienne Balibar, Lire le Capital. Tinha, então, vinte e cinco anos. O terramoto de Maio de 68 destituiu perante ele um texto que se tornara inoperante e, com mais humildade, o fez procurar nos arquivos a via seguida pelos próprios proletários. Daí resultaram La Nuit des prolétaires (Fayard 1981) [A Noite dos Proletários] e Le Maître ignorant (Fayard, 1987) [O Mestre Ignorante] * e a descoberta de que a política já não é a luta pelo poder mas uma «partilha do sensível», um afrontamento das maneiras de ver e de organizar o real, um cenário onde se tornam visíveis coisas que de outro modo não se veriam: a sorte desigual que é proporcionada a uns e a outros a coberto da desigualdade. Retornando à origem grega da política para reencontrar as razões do escândalo que a democracia continua à provocar, Rancière publica a seguir Courts voyages au pays du peuple (Le Seuil, 1990) [Pequena viagem ao País do Povo], La Mésentente (Galilée, 1995) [O Desentendimento] e Le Partage du sensible (La Fabrique, 2000) [A Partilha do Sensível] * e um certo número de livros de estética. A política tem a ver com a beleza, e o saber com a poética, na sua atitude comum em «produzir obra» redesenhando o mondo. Daí a dissensão, a raiva mesmo, de Jacques Rancière contra o consenso e a negação da política e da democracia. Não haveria mais nada a esperar da história? Não mais que antes, poisa a história não faz nem promete nada: são as novas radicalidades que inventam as políticas dos novos tempos …

Sobre o autor

Nascido em 1940, Jacques Rancière é professor emérito do departamento de filosofia da universidade de Paris VIII. A sua escrita tem-se manifestado principalmente nas áreas da história, da filosofia, da estética e da política. Autor, entre outras obras, de: La Nuit des prolétaires (1981), La Mésentente. Politique et philosophie (1995), Aux bords du politique (1998) e Le Partage du sensible. Esthétique et politique (2000). O Ódio à Democracia é o seu primeiro livro traduzido em Portugal.

www.mareantes.com


Tomem Lá os Números!

Por Artur Queiroz

Sócrates é proto-fascista e o seu projecto para Portugal é ainda mais risível que o de Salazar. Só agora começa a ficar claro que o Bloco Central é uma união nacional com apoio nos banqueiros e especuladores financeiros.

O salário médio em Portugal é de 645 euros (pouco mais de 129 contos). Em Espanha o salário médio é de 1208 euros (cerca de 242 contos). Em Portugal, o limiar da pobreza, segundo as contas da União Europeia, está nos 387 euros (77 500 escudos). No Luxemburgo, quem ganha 1928 euros (mais de 386 contos) está no limiar da pobreza. Em Espanha, esse limiar está nos 725 euros, muito mais que um salário médio em Portugal. Um pobrezinho em Espanha é um remediado em Portugal.
Ministros, deputados e gestores públicos portugueses ganham ao nível do Reino Unido, Alemanha e Luxemburgo. Além dos salários têm mordomias principescas que podem em certos casos colocá-los no topo da União Europeia. Algumas medidas de cosmética tomadas por este Governo reduziram a dimensão do escândalo. Havia políticos e gestores públicos que ganhavam a dois, três e mais carrinhos. E havia quem acumulasse reformas milionárias ou juntasse a essas reformas salários de topo. Isto para não falar da regra contratual, ainda em vigor, que dá direito a muitos anos de reforma, mesmo que os felizes contemplados apenas tenham cumprido uns meses de trabalho efectivo.
A taxa efectiva de desemprego em Portugal ultrapassa os 10% e todos os meses são destruídos mais de mil postos de trabalho. Só uma percentagem ínfima de trabalhadores tem acesso ao Fundo de Desemprego. Os desempregados reais são mais de 500 000. A esse número temos de acrescentar outros tantos portugueses que trabalham sem direitos, sem contratos e sem o salário mínimo. O desemprego afecta mais as mulheres. A Região Norte é a mais afectada. Lisboa e Alentejo estão nas posições seguintes. Eis os números do paraíso Sócrates.
Antigos ministros das Finanças são hoje líderes de opinião e aparecem nos órgãos de Informação e dar palpites sobre a situação económica e financeira que eles criaram e propondo soluções que não puseram em prática quando eram governantes. Alguns ex-ministros e ex-dirigentes partidários do Bloco Central são comentadores encartados nas televisões, nas rádios e na Imprensa. São responsáveis pelo desastre mas falam de cátedra como se tivessem alguma moral para opinar ou alguma ciência para ensinar. Figuras como Marcelo Rebelo de Sousa, Pacheco Pereira, Medina Carreira, Miguel Beleza, Daniel Bessa ou Jorge Coelho estão permanentemente a dar receitas políticas e económicas como se nada tivessem a ver com o desastre. Os seus antigos assessores são a tropa de choque nos meios de Informação.
O presidente da República, quando era líder do PSD e Primeiro-Ministro, fez engordar a Função Pública até ao absurdo. Bastava ter um cartão do partido “laranja” para aceder a um cargo de funcionário público. Os governos do Partido Socialista fizeram o mesmo. A competição entre PS e PSD era ver quem metia mais comissários políticos na Administração Central e Local. Hoje os autores do crime dizem que há funcionários a mais. Como não é crível que se descartem dos correligionários, vamos ter uma Função Pública igual à do tempo de Salazar. Qualquer dia impõem aos novos candidatos a assinatura de uma declaração de fidelidade ao Bloco Central com activo repúdio do comunismo e de tudo quanto não seja da cor. José Sócrates é proto-fascista e o seu projecto para Portugal é ainda mais risível que o de Salazar. Só agora começa a ficar claro que o Bloco Central é uma união nacional com apoio nos banqueiros e especuladores financeiros. E para já não se vislumbra quem faça frente a estas hordas insaciáveis de dinheiro e mordomias. Mas não há mal que sempre dure.