16.12.06

Tomem Lá os Números!

Por Artur Queiroz

Sócrates é proto-fascista e o seu projecto para Portugal é ainda mais risível que o de Salazar. Só agora começa a ficar claro que o Bloco Central é uma união nacional com apoio nos banqueiros e especuladores financeiros.

O salário médio em Portugal é de 645 euros (pouco mais de 129 contos). Em Espanha o salário médio é de 1208 euros (cerca de 242 contos). Em Portugal, o limiar da pobreza, segundo as contas da União Europeia, está nos 387 euros (77 500 escudos). No Luxemburgo, quem ganha 1928 euros (mais de 386 contos) está no limiar da pobreza. Em Espanha, esse limiar está nos 725 euros, muito mais que um salário médio em Portugal. Um pobrezinho em Espanha é um remediado em Portugal.
Ministros, deputados e gestores públicos portugueses ganham ao nível do Reino Unido, Alemanha e Luxemburgo. Além dos salários têm mordomias principescas que podem em certos casos colocá-los no topo da União Europeia. Algumas medidas de cosmética tomadas por este Governo reduziram a dimensão do escândalo. Havia políticos e gestores públicos que ganhavam a dois, três e mais carrinhos. E havia quem acumulasse reformas milionárias ou juntasse a essas reformas salários de topo. Isto para não falar da regra contratual, ainda em vigor, que dá direito a muitos anos de reforma, mesmo que os felizes contemplados apenas tenham cumprido uns meses de trabalho efectivo.
A taxa efectiva de desemprego em Portugal ultrapassa os 10% e todos os meses são destruídos mais de mil postos de trabalho. Só uma percentagem ínfima de trabalhadores tem acesso ao Fundo de Desemprego. Os desempregados reais são mais de 500 000. A esse número temos de acrescentar outros tantos portugueses que trabalham sem direitos, sem contratos e sem o salário mínimo. O desemprego afecta mais as mulheres. A Região Norte é a mais afectada. Lisboa e Alentejo estão nas posições seguintes. Eis os números do paraíso Sócrates.
Antigos ministros das Finanças são hoje líderes de opinião e aparecem nos órgãos de Informação e dar palpites sobre a situação económica e financeira que eles criaram e propondo soluções que não puseram em prática quando eram governantes. Alguns ex-ministros e ex-dirigentes partidários do Bloco Central são comentadores encartados nas televisões, nas rádios e na Imprensa. São responsáveis pelo desastre mas falam de cátedra como se tivessem alguma moral para opinar ou alguma ciência para ensinar. Figuras como Marcelo Rebelo de Sousa, Pacheco Pereira, Medina Carreira, Miguel Beleza, Daniel Bessa ou Jorge Coelho estão permanentemente a dar receitas políticas e económicas como se nada tivessem a ver com o desastre. Os seus antigos assessores são a tropa de choque nos meios de Informação.
O presidente da República, quando era líder do PSD e Primeiro-Ministro, fez engordar a Função Pública até ao absurdo. Bastava ter um cartão do partido “laranja” para aceder a um cargo de funcionário público. Os governos do Partido Socialista fizeram o mesmo. A competição entre PS e PSD era ver quem metia mais comissários políticos na Administração Central e Local. Hoje os autores do crime dizem que há funcionários a mais. Como não é crível que se descartem dos correligionários, vamos ter uma Função Pública igual à do tempo de Salazar. Qualquer dia impõem aos novos candidatos a assinatura de uma declaração de fidelidade ao Bloco Central com activo repúdio do comunismo e de tudo quanto não seja da cor. José Sócrates é proto-fascista e o seu projecto para Portugal é ainda mais risível que o de Salazar. Só agora começa a ficar claro que o Bloco Central é uma união nacional com apoio nos banqueiros e especuladores financeiros. E para já não se vislumbra quem faça frente a estas hordas insaciáveis de dinheiro e mordomias. Mas não há mal que sempre dure.