2.3.09

Acção MayDay sobre o equilíbrio das vidas precárias. Hoje há reunião MayDay no Porto, e no dia 4 de Março é em Lisboa

Querem-nos precários, descartáveis e fáceis de despedir. Querem-nos torcidos, sujeitos às leis da flexibilidade.

Atacam-nos direitos e fazem chantagem. Dizem que temos de aceitar o inaceitável. Dizem que é da crise, que vem de fora. Dizem que contra ela, nada se pode fazer. Mas será a crise para todos?

Enquanto nos contorcemos para tentar equilibrar as nossas vidas precárias, outros aumentam lucros e cobrem as falcatruas com uma ajudinha do Estado.

Nós respondemos na luta diária. Por um emprego, um contrato justo, para poder pagar a renda de casa, a água, a luz, a saúde, a educação, o lazer e a cultura. Mas respondemos também uns com os outros. Para mudar colectivamente as vidas precárias, decidimos organizar, no dia 1 de Maio, o Mayday!

O Mayday! é um apelo geral contra a precariedade. Uma luta que junta trabalhadores de call-center e outras vítimas das empresas de trabalho temporário, estagiários a trabalhar por uma migalha, técnicos e artistas intermitentes do espectáculo, gente a recibos verdes, imigrantes a quem cortam duas vezes os direitos, todos os que têm míseros contratos a prazo e baixos salários, sindicalizados ou não, desempregados, todos a quem a promessa de futuro é viver sob a ameaça e a chantagem.

O Mayday! é um protesto que sai à rua no primeiro de Maio, mas é também um caminho de debate, contestação e festa. À chantagem da precariedade propomos a insubmissão dos precários.

Precários nos querem, rebeldes nos terão!

Até ao Mayday, há um caminho a fazer. E é p'ra já!

Toda a gente está convocada!

Próxima Assembleia MayDay em Lisboa: dia 4 de Março, às 21 horas
Local: Associação Solidariedade Imigrante :: Rua da Madalena, 8 - 2º
(ao Campo das Cebolas)



Acção MayDay Lisboa 2009 :: O equilíbrio das vidas precárias!

Estivémos no centro de Lisboa a mostrar como é difícil equilibrar e suportar todas as coisas que fazem parte da vida. Somos precários e precárias, mas não o queremos ser para sempre. Por isso fazemos o MayDay!!






Precários nos querem. Rebeldes nos terão!

Assembleia do MayDay Porto no dia 2 de Março de 2009 às 21h.30 nos Maus Hábitos

(bar em frente ao Coliseu do Porto, na Rua Passos Manuel)


Vídeo do Stencil do MayDay Porto.

Comunicado das associações ambientalistas (Quercus, Fapas, Geota, LPN) contra a refinaria de Balboa (na Extremadura espanhola)

Em finais de 2004 foi anunciado pelo Presidente da Junta de Extremadura (Espanha) a intenção de construir uma refinaria de petróleo nos municípios estremenhos de Villafranca de los Barros, Los Santos de Maimona e Fuente del Maestre, situados entre as comarcas de Tierra de Barros e Zafra-Río Bodión.

Apresentado como o maior projecto industrial da história da Extremadura, o promotor da
Refinaria Balboa seria o Grupo Alfonso Gallardo (com BBVA, Iberdrola, Caja Madrid, Caja Extremadura e Sociedad de Fomento Industrial de Extremadura), que realizou também avultados investimentos na região, designadamente nos sectores siderúrgico e cimenteiro, perspectivando ainda novos investimentos no sector petroquímico e energético (centrais térmicas).

A Refinaria Balboa, que terá capacidade para produzir mais de 5 milhões de toneladas de produtos petrolíferos por ano, necessitará de um oleoduto para a ligar ao porto de Huelva com cerca de 200 km de extensão.

Contra o projecto de refinaria nasceu, de imediato, uma importante mobilização cívica com origem em Villafranca de los Barros e que depois se estendeu a toda a comarca e, finalmente, a toda a região de Extremadura, consubstanciada na formação da Plataforma Ciudadana Refineria No. Durante estes anos, foi levado a cabo um número impressionante de manifestações organizadas, umas vezes por esta Plataforma noutras ocasiões por organizações agrárias e ecologistas, com assistência pública assinalável, convictos de que este projecto, destruirá o tecido industrial e económico de toda uma região dedicada fundamentalmente ao sector agrário e ganadeiro, onde foram feitos investimentos muito importantes na reestruturação das vinhas e na modernização de infra-estruturas para conseguir pôr os seus produtos à cabeça da Extremadura em matéria de vinhos, azeites e queijos, entre outros.

O procedimento de avaliação de impacte ambiental da construção da refinaria de Balboa teve início em Abril de 2006. Em Dezembro desse ano, o Ministério do Ambiente Espanhol estabelecia o nível de detalhe necessário do estudo de impacte ambiental (Proposta de Definição de Âmbito) que seria depois entregue pelo mesmo, em Janeiro de 2008, às autoridades de AIA portuguesas.

Em Fevereiro de 2008, a Plataforma pelo Alentejo Sustentável foi contactada pela Agência Portuguesa de Ambiente (APA) para se pronunciar sobre um conjunto simplificado de documentos relacionados com o empreendimento. Esta Plataforma não tem existência legal nem funcionamento contínuo, pelo que não houve resposta na altura por parte das diferentes organizações não governamentais com interesse no tema, dado que as mesmas só tomaram conhecimento da consulta pública no final do respectivo prazo. Este procedimento é altamente questionável, tendo em conta que a questão da refinaria foi diversas vezes levantada pelas organizações não governamentais de ambiente (ONGA) representadas no Conselho Nacional da Água (Quercus, Geota e LPN), onde está igualmente representada a APA. Para além disso, estas ONGA reuniram em várias ocasiões com a sub-comissão de participação pública da Comissão de Acompanhamento da Convenção de Albufeira (CADC) e não foram informadas da consulta pública por esta via. Assim, apesar de inequivocamente demonstrado o interesse da Quercus, do Geota da LPN e do FAPAS, as mesmas nunca foram directamente informadas e consultadas. Ainda assim, e não obstante, a Quercus viria a participar no processo de consulta pública que teve lugar em Espanha em Julho de 2008.

Em função da referida consulta efectuada em Fevereiro, a APA elaborou um conjunto de considerações enviadas para o Ministério do Ambiente Espanhol que, em Julho de 2008, solicitou ao promotor uma avaliação do impacte transfronteiriço do projecto. O Ministério do Ambiente Espanhol viria a receber essa análise no final desse mesmo mês de Julho, tendo em seguida dado conhecimento do documento à Agência Portuguesa de Ambiente.

A APA considerou insuficiente o conjunto de elementos fornecidos, voltando a pedir mais esclarecimentos à parte espanhola, o que é novamente solicitado em Outubro de 2008 ao promotor pelo Ministério do Ambiente Espanhol. Em Dezembro de 2008, o promotor elaborou um documento de resposta às questões colocadas pela APA, entregue através do Ministério do Ambiente Espanhol, juntamente com o Estudo de Impacte Ambiental, e cuja consulta pública termina hoje, dia 24 de Fevereiro de 2009 e que é o objecto do presente parecer.



Considerações gerais

Poderá, desde logo questionar-se a localização da refinaria. De um modo geral, há duas localizações lógicas para as refinarias, em países não produtores de petróleo:

- junto à costa (porque é aí que aportam os petroleiros),
- ou junto a grandes cidades (porque é aí que se consomem os produtos petrolíferos).

Esta refinaria, nem se encontra junto à costa, nem junto a grandes cidades. Logo, têm de haver outras motivações.

De facto, trata-se de um projecto com objectivos muito particulares: sustentar o desenvolvimento industrial do próprio grupo (cimenteira, siderurgia, centrais térmicas, petroquímica e o que mais vier a ser projectado), e alicerçar as evidentes ambições hegemónicas que o mesmo tem em relação à Estremadura espanhola e mesmo a Portugal. Não se trata de todo de um projecto de desenvolvimento regional, mas de um projecto corporativo conduzido à revelia dos interesses regionais.

Para além destas motivações, há a considerar um conjunto de outros aspectos:

+ Uma instalação desta natureza tem emissões muito consideráveis de dióxido de carbono, contribuindo significativamente para a emissão de gases de efeito de estufa causadores das alterações climáticas, indo contra uma política energética europeia de maior aposta nas energias renováveis e na eficiência energética em detrimento do uso de combustíveis fósseis; as emissões de dióxido de carbono, num total de 1,5 milhões de toneladas/ano representam 2,5% das emissões portuguesas no ano base de 1990 do Protocolo de Quioto;

+ As emissões atmosféricas associadas a outros poluentes serão muito relevantes, com efeitos na saúde pública e nos ecossistemas, contribuindo para problemas como a acidificação, a produção de ozono troposférico e ainda a emissão de partículas; em determinadas condições meteorológicas Portugal será directamente afectado;

+ A construção da refinaria tem localização prevista na bacia hidrográfica do Guadiana, a escassos 50 km da albufeira do Alqueva, agravando a situação, já de si preocupante, da qualidade da água, com reflexos negativos nos aquíferos e no solo;

+ A água armazenada na albufeira de Alqueva é transferida para outras albufeiras (Monte Novo, Alvito, Odivelas e Roxo) que abastecem diversas localidades. O derrame acidental e não controlado de hidrocarbonetos, com origem na refinaria ou no troço do oleoduto na bacia do Guadiana, poderá originar graves consequências no fornecimento de água à população de uma vasta região;

+ A produção de resíduos perigosos é muito importante e obrigará não apenas ao seu tratamento como a operações de descontaminação para além das acções de desmantelamento no futuro;

+ Serão inevitáveis os impactes sobre a importante actividade agrícola na zona, a paisagem e os ecossistemas circundantes (Serra de San Jorge), para além dos valores de património histórico e cultural como a Via de la Plata – Camino de Santiago, exactamente na zona de implantação do empreendimento mas também estendendo-se a Portugal;

+A viabilidade económica das explorações agrícolas do Alentejo e da Extremadura que apostam na qualidade dos produtos e na certificação biológica poderá ficar comprometida pela contaminação atmosférica e hídrica resultante da refinaria.

+ Mesmo no contexto espanhol, não é evidente a alegada relevância da refinaria em matéria de auto-suficiência, pois não são exploradas soluções de reconversão de refinarias existentes, e a matéria-prima – petróleo bruto – continua a ser importada. O investimento a efectuar na refinaria, a ser efectuado alternativamente em energias renováveis geraria um muito maior número de postos de trabalho directos (cerca de 10 mil);

+ O futuro da bacia hidrográfica do Guadiana passa por um desenvolvimento que promova as potencialidades locais e não a criação de conflitos sociais que uma instalação desta natureza gerará inevitavelmente.

Aspectos transfronteiriços mais relevantes que as ONGA consideram vitais para justificar a recusa de Portugal na instalação da refinaria

- Afectação do Rio Guadiana e Barragem de Alqueva


O clima de Portugal e da Estremadura Espanhola, em particular na bacia hidrográfica do Guadiana , está a sofrer modificações motivadas pelas alterações climáticas globais, sendo que os regimes e caudais do rio são cada vez menores. As previsões para a Estremadura apontam nas próximas décadas para uma redução de 20 a 45% do valor da precipitação, menos 35% de nebulosidade e uma humidade relativa 10% menor. A bacia do Guadiana está submetida a secas periódicas, sendo necessário um planeamento conjunto articulado com Portugal em situações mais críticas, já que o volume de água armazenado também tenderá a diminuir. O volume de água a ser utilizado pela refinaria é muito significativo (132 litros/segundo – o equivalente a uma população de 25 000 famílias) e após a utilização, a redução da sua qualidade, não permite o uso imediato para consumo humano. O uso destes 4 hm3/ano de água altera as quantidades e usos previstos pela Confederação Hidrográfica do Guadiana, sendo que este volume poderá ser ultrapassado, já que a capacidade de bombagem apontada é de 714 m3/h (contemplando aquilo que se chama de possíveis ampliações), o que faz antever conflitos de uso de água ainda maiores no futuro.

Note-se que as afluências anuais registadas pela CHG para a albufeira de Alange, de 81.8 hm3/ano (diferentes dos que o promotor indica, de 150 hm3/ano) não são sequer suficientes para assegurar a procura actual e futura para o uso a que está destinado. De acordo com relatório interno do INAG, no ano hidrológico 2005/2006 houve um défice de, pelo menos, 16 a 18 hm3 no valor do escoamento total afluente a Portugal a jusante de Badajoz (que, podendo parecer insignificante, corresponde a uma perda de caudal constante ao longo do ano de 0,5 m3/s) e que, mesmo assim, não foi compensado pelas autoridades espanholas apesar das condições de armazenamento serem então altamente favoráveis, o que indiciaria, a nosso ver, uma ainda menor vontade de cumprimento em condições de menores disponibilidades hídricas.

A solicitação efectuada pela Refinaria Balboa, juntamente com os pedidos do mesmo Grupo de até 4 possíveis projectos de Central Eléctrica de Ciclo Combinado, todas a captar água da albufeira de Alange no rio Guadiana, constituiriam um acréscimo de necessidades muito significativo (estima-se uma procura para projectos industriais de até 25 hm3/ano, a que há que juntar 9 hm3/ano para abastecimento e de 70 hm3/ano para rega).

Por outro lado, a captação solicitada seria incompatível com a manutenção do caudal ecológico do rio e não garantiria os acordos mantidos com Portugal respeitantes aos volumes que se devem destinar ao caudal do Guadiana, segundo o Protocolo Adicional (Regime de Caudais e seu Anexo).

Haverá ainda que ter em conta que as águas captadas, uma vez utilizadas, serão vertidas no rio Guadajira, afluente do Guadiana, em condições qualitativamente inferiores às da origem, sendo que ambos os cursos se encontram actualmente muito contaminados como é claramente assumido pela Confederação Hidrográfica do Guadiana. Note-se que o pedido de concessão de 4 hm3/ano de água da albufeira de Alange se destina a tratar (leia-se dessalinizar) os crudes provenientes do Alto Orinoco da Venezuela (que são dos mais impuros e de maiores teores de resíduos do mundo).

Neste contexto há claramente impactes que afectam a manutenção de um caudal ecológico e/ou os caudais garantidos no quadro da Convenção sobre a Cooperação para a Protecção e o Aproveitamento Sustentável das Águas das Bacias Hidrográficas Luso-Espanholas. Mais ainda, para além dos problemas de quantidade, também a qualidade da água no rio Guadiana e na Albufeira de Alqueva já de si deficientes, serão agravadas com o funcionamento normal da refinaria e estarão sempre ameaçadas por riscos de deficiente tratamento dos efluentes ou de eventuais derrames. Este risco é ainda mais grave no que diz respeito ao aumento da concentração de sais nos sistemas reservatório de Alqueva e todas as albufeiras integradas no seu sistema de rega. As consequências do aumento da concentração de sal prevêem-se desastrosas, respectivamente a salinização e sodização dos solos e a morte de culturas agrícolas. Estes impactes não são mencionados no EIA.

Em suma, este e outros projectos do mesmo promotor podem entrar em colisão com o disposto na Directiva 2000/60/CE (Directiva Quadro da Água), designadamente no que se refere ao artigo 1, artigo 5 (deve existir uma análise económica do uso da água), artigo 9 (deve exigir-se uma recuperação dos custos dos serviços relacionados com a água), artigo 12 (problemas que não possa abordar um só estado membro, dado o carácter internacional do rio Guadiana).


- Qualidade do ar, em particular agravamento da poluição por ozono no Verão

Sabe-se que uma instalação de refinação tem impactes na qualidade do ar a mais de 100 Km - estudos também realizados pela Universidade Nova de Lisboa com campanhas por tubos de difusão mostram-no para o caso de Sines, onde ventos de Noroeste permitem identificar uma pluma de maior concentração de dióxido de enxofre, bem como a ocorrência de maiores concentrações do poluente secundário ozono na zona do Sotavento Algarvio provavelmente consequência das emissões primárias de compostos orgânicos voláteis e óxidos de azoto da zona industrial. Um dos aspectos críticos prende-se com as condições meteorológicas de elevada temperatura e radiação solar associadas a ventos de leste, onde é certo um agravamento dos níveis de ozono na zona do Alentejo, afectando assim culturas agrícolas e a saúde pública. Quanto a outros poluentes, o promotor não efectuou sequer simulações para a área periférica à instalação, mas haverá também um agravamento dos seus níveis na atmosfera, apesar de poderem não vir a ser críticos, excepto eventualmente no caso das partículas inaláveis. Acrescente-se ainda que esta situação se tornará mais provável devido a uma maior frequência de ondas de calor previstas num quadro de alterações climáticas.


- Afectação de espécies e habitats protegidos

O EIA foi realizado à escala da Comunidade Autónoma da Extremadura, ignorando o facto de maior proximidade de alguns territórios portugueses e, consequentemente, maior probabilidade de afectação dos mesmos. O EIA integra a Rede Natura 2000, as áreas protegidas, a rede hidrográfica e outras condicionantes ambientais presentes na Extremadura mas ignora as suas equivalentes em território português. Sendo o propósito da Rede Natura 2000 a criação de uma rede importante de protecção dos valores naturais à escala Europeia, é inconcebível que um EIA fragmente a sua avaliação, restringindo-se unicamente ao território espanhol. Este facto é tanto mais grave quando algumas das Zonas de Protecção Especial e Sítios de Importância comunitária visam proteger espécies e habitats comuns a Portugal e Espanha e populações transfronteiriças. A título de exemplo, o projecto afecta a zona do Plano de recuperação do lince-ibérico na Extremadura, mas os critérios de afectação, estabelecidos em função da distância às infra-estruturas ignora o efeito de isolamento das populações criado pelas mesmas, e os impactes espectáveis para a gestão dos habitats favoráveis em território português.


- Afectação das zonas costeiras incluindo o Estuário do Rio Guadiana

Não existem estudos técnicos que avaliem os riscos, seja no estuário do Guadiana, na área da Albufeira de Alqueva, na bacia hidrográfica do Guadiana, na costa do Algarve, junto à fronteira com Espanha, ou sequer em alto mar, junto à costa portuguesa. A modelização de um eventual derrame apenas se refere a área localizada em território espanhol, sendo que as probabilidades de uma eventual maré negra atingir igualmente águas da zona económica exclusiva espanhola, são equivalentes às de atingir águas da zona económica exclusiva portuguesa.
Por outro lado, o facto do crude conduzido pelo oleoduto ser transportado até ao Porto de Palos, em petroleiros que navegariam e descarregariam necessariamente perto da costa algarvia, e o tráfego de petroleiros no pólo industrial de Huelva, elevarão significativamente o risco de marés negras, que podem afectar significativamente a costa algarvia. No entanto, no EIA não parece ter sido avaliado o risco de marés negras que alcancem águas e a costa portuguesa, sendo deficiente na apreciação das correntes e marés, não avaliando correctamente a direcção de eventuais marés negras, nem estabelecendo as medidas ou planos para combater a sua eventual ocorrência.

Na realidade, o estudo de impacte ambiental reconhece a possibilidade de derrames no ambiente portuário de Huelva, havendo risco e probabilidades de atingirem o sul da ria e as praias, não se pronunciando contudo no que respeita a eventuais impactes em território português no caso de tal ocorrer. Por outro lado, o estudo é ainda omisso quanto a acidentes ocorridos nos próprios petroleiros. Estamos convencidos que os riscos associados são elevados e devem traduzir-se numa opinião negativa das autoridades portuguesas em relação a esta matéria.


Conclusão

As associações de ambiente consideram que as explicações dadas pelo promotor e que foram objecto desta consulta pública que terminou a 24 de Fevereiro de 2009, mesmo após insistência das autoridades portuguesas, são claramente insuficientes, não revelam um esforço acrescido por parte do promotor em responder às solicitações e não traduzem em muitos casos o que está presente no estudo de impacte ambiental ou a realidade do projecto. Aliás, muitas das solicitações pertinentes efectuadas são remetidas para futuros regulamentos de segurança que são por agora desconhecidos, não se mencionando qualquer probabilidade de ocorrência de eventos com consequências ambientais graves.

Com a refinaria depois de construída, em caso de funcionamento com problemas e/ou de acidente grave as consequências serão principalmente para o rio Guadiana e para as actividades dele dependentes.

As ONGA consideram que estão demonstradas as falhas de informação, incertezas e elevados riscos ambientais da construção da refinaria de Balboa, pelo que apela ao Primeiro-Ministro de Portugal para ser coerente com as afirmações efectuadas recentemente em Alqueva e assim fazer valer, pelos impactes transfronteiriços potenciais, os argumentos que conduzam à recusa do projecto.

O Governo Português deve assim manifestar-se veementemente contra o projecto já que os riscos associados para o ambiente e para diversas actividades económicas são demasiado elevados pondo em causa investimentos de centenas e centenas de milhões de euros efectuados em Portugal.

Não obstante as declarações do promotor quanto à ausência de impactes no território português, tendo em conta todas as infra-estruturas que supõem o conjunto da monoboia de descarga, armazenagem e oleoduto de transporte de crude e o próprio funcionamento da refinaria, parece-nos que a acumulação de riscos implicados, tornam indispensável o equacionar de outras alternativas de localização para a refinaria, que não impliquem impactes ambientais em Portugal.


24 de Fevereiro de 2009

As associações,

FAPAS – Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens

GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente

LPN – Liga para a Protecção da Natureza

Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza

Para reforçar a posição contra os transgénicos na União Europeia

Hoje, segunda-feira, dia 2 de Março, em Bruxelas vai ter lugar a primeira de uma série de votações sobre transgénicos que é decisiva para o futuro próximo desta tecnologia na UE.
Trata-se essencialmente de decidir sobre duas propostas da Comissão Europeia: para impedir os Estados Membros de proibir certos transgénicos no seu território, e para autorizar para cultivo mais duas variedades de milho transgénico, a juntar à que já está autorizada.
De acordo com as votações prévias já realizadas, a maioria de dois terços necessária para bloquear estas propostas está prestes a ser atingida, mas pode perder-se por muito poucos votos, sendo que as abstenções são contadas como se fossem a favor. Portugal, que se tem abstido ou votado a favor da Comissão Europeia, precisa de mudar de posição.

Mais info: http://www.stopogm.net/


Para mostrar ao Ministro do Ambiente português que só votando contra é que serve os interesses dos portugueses, por favor envie a seguinte carta ao ministro!


27.2.09

Começa hoje o congresso do partido «socialista» que tem protegido os banqueiros, aumentado as desigualdades sociais e degradado as condições de vida

Para rir até às lágrimas durante o fim de semana, ler as seguintes peças humorísticas ( sempre que possível, com o jornal do dia ao lado para aferirmos com as notícias do país real que trabalha, sofre e luta, as anedotas e as graçolas dos auto-denominados «socialistas»):


Para saber a negra história do Partido «Socialista» Português ao serviço da consolidação do capitalismo, e da dominação do capital sobre o trabalho, ler entre muitas outras fontes o seguinte livro (pode-se descarregá-lo, se bem que demore algum tempo):

"Contos Proibidos: Memórias de um PS desconhecido", de Rui Mateus, – fundador e ex-responsável pelas relações internacionais do PS, até 1986.

Escrito em 1996, este livro é um retrato da personalidade de Mário Soares, antes e depois do 25 de Abril. Com laivos de ajuste de contas entre o autor e demais protagonistas socialistas, são abordados, entre outros assuntos, as dinâmicas de apoio internacional ao Partido Socialista e, em particular, a Soares, vindos de países como os EUA, Suécia, Itália, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Líbia, Noruega, Áustria ou Espanha.

Soares é descrito como alguém que «tinha uma poderosa rede de influências sobre o aparelho de Estado através da colocação de amigos fiéis em postos-chaves, escolhidos não tanto pela competência mas porque podem permitir a Soares controlar aquilo que ele, efectivamente, nunca descentralizará – o poder» (pp.151-152); «para ele, o Partido Socialista não era um instrumento de transformação do País baseado num ideal generoso, mas sim uma máquina de promoção pessoal» (p.229); e como detendo «duas faces: a do Mário Soares afável, solidário e generoso e a outra, a do arrogante, egocêntrico e autoritário» (p.237).
A teia montada em torno de Soares, com um cunhado como tesoureiro do partido, e as lutas internas fratricidas entre novos/velhos militantes (Zenha, Sampaio, Guterres, Cravinho, Arons de Carvalho, etc), que constantemente ameaçavam a primazia e o protagonismo a Soares, são descritos com minúcia em /Contos Proibidos/.
Grande parte dos líderes da rede socialista internacional – uma poderosa rede de “entreajuda” europeia que, em boa verdade, só começou a render ao PS depois dos EUA, sobretudo com Carlucci, terem dado o passo decisivo de auxílio a Portugal – foi mais tarde levada à barra dos tribunais e muitos deles condenados, como Bettino Craxi de Itália, envolvidos em escândalos, como Willy Brandt, da Alemanha, ou assassinados como o sueco Olaf Palme.
Seria interessante todos lermos este livro. Relê-lo já será difícil, a não ser que alguém possua esta raridade.O livro foi rapidamente retirado de mercado após a curta celeuma que causou (há quem diga que “alguém” comprou toda a edição) e de Rui Mateus pouco ou nada se sabe.












25.2.09

Sobre o anarquismo em Portugal - artigo de Júlio Henriques na edição portuguesa do Le Monde Diplomatique

Ao contrário da Espanha (ou da Grécia), o pensamento e as práticas anarquistas não parecem ter deixado em Portugal um lastro profundo. Expressões disso mesmo podemos encontrá-las no facto de a sociedade portuguesa continuar a ser na Europa aquela onde existem as maiores discrepâncias sociais ou no facto, até, de a figura do cidadão não se encontrar instituída nas formas de tratamento, mantendo-se hoje, na democracia formal, as que se institucionalizaram durante a ditadura salazarista, no velho «país dos dótores» que José Cardoso Pires satirizou com verve nos anos 60.

Parece de facto estranho que um movimento político e social que se mostrou tão pujante entre finais do século XIX e os finais da década de 1920, e que constituiu sem dúvida a mais importante corrente revolucionária do movimento operário em Portugal, tenha por assim dizer desaparecido após os anos 30, não se tendo transmitido de forma muito expressiva o seu património filosófico e a sua memória política e social às gerações que actuaram durante os longos anos da ditadura. (Sendo aliás a extraordinária capacidade de duração do Estado Novo um outro elemento porventura revelador da não transmissibilidade do anarquismo nas condições portuguesas.)

Em Portugal, o movimento anarquista foi suplantado no terreno da oposição, a partir dos anos 30, pelo Partido Comunista, criado em 1921 como uma cisão que aliás teve origem nas fileiras do operariado libertário. Essa suplantação ficou a dever-se a várias circunstâncias, a mais importante das quais terá sido o enorme entusiasmo que a Revolução Russa de 1917 despertou também em Portugal e a concomitante «superioridade política» com que esse acontecimento surgiu aos olhos de uma parte dos militantes em luta, tendo em conta que a Revolução Russa apareceu como uma revolução proletária vitoriosa e que em Portugal só ao fim de alguns anos se começaram a ter informações sobre a sua realidade política, ou seja, sobre a concentração do poder nas mãos do partido bolchevique (contrariando o lema libertário «todo o poder aos sovietes») ou sobre a implacável perseguição que esse poder passou a mover à autonomia operária em geral e aos anarquistas em particular.

Nas condições de clandestinidade impostas a qualquer actividade de oposição pelo Estado Novo, a organização que veio a encontrar-se em relativamente melhores condições de subsistir e progredir foi o PCP, devido à sua própria estruturação hierarquizada e de tipo conspirativo e ao facto de poder contar com o apoio de uma importante retaguarda, a URSS. Os anarquistas, além de terem sido grandemente dizimados nos afrontamentos finais do período da I República e do advento do fascismo, não dispunham de uma retaguarda de apoio; e, por outro lado, as suas formas organizativas, de carácter horizontal, não se adequavam às condições da clandestinidade.

Em todo o caso, as organizações anarquistas não puderam manter-se em actividade de modo a transmitirem o seu legado, de forma operacional, às gerações seguintes. E ao mesmo tempo o PCP foi adquirindo um grande ascendente ideológico, com base na sedução exercida pela URSS e nas lutas empreendidas na clandestinidade, o que o levou a tornar-se hegemónico na oposição ao regime fascista, resultando dessa hegemonia, do ponto de vista teórico e da influência ideológica por ele exercida, o quase apagamento da história do anarquismo em Portugal e das perspectivas de uma revolução de características anti-autoritárias assente na autogestão, ou seja, num poder exercido directamente pelos trabalhadores através da expropriação dos capitalistas.

Alguns anarquistas continuaram sem dúvida a tentar levar a cabo diversas acções contra o regime fascista, quer em Portugal quer no estrangeiro, onde muitos deles se exilaram. Dos que actuaram no estrangeiro, é de sublinhar o caso de Edgar Rodrigues, sem dúvida ainda hoje o mais activo historiador do anarquismo português, que no Brasil publicou vários livros de denúncia da ditadura salazarista, um dos quais, A Fome em Portugal (este em parceria com Roberto das Neves), teve bastante repercussão nos anos 60.

Depois do 25 de Abril de 1974, os anarquistas portugueses ressurgiram no terreno público, muitos deles regressados do exílio, abriram sedes, participaram nas lutas sociais e políticas suscitadas pelo golpe de Estado popular, publicaram artigos e livros notáveis. O anarco-sindicalista Emídio Santana, conhecido co-autor do atentado contra Salazar em 1937, foi um dos mais activos. Mas muitos dos militantes libertários eram pessoas já bastante idosas; o contacto com eles foi uma experiência fundamental, quer para o conhecimento directo, em primeira mão, de uma parte essencial da história do movimento operário e anarquista, quer como partilha de uma humanidade rara, de pessoas com uma profunda consciência de classe e que mantinham viva a noção de que a transformação revolucionária deve ter por base a auto-emancipação. Outros, muito mais jovens, ex-refugiados ou exilados como desertores e refractários ao exército colonial, tinham descoberto o anarquismo, em melhores condições de informação, no estrangeiro (inclusive o anarquismo português), sobretudo a partir da grande revolta de Maio de 68.

Mas a verdade é que, apesar da relativa proliferação de grupos e publicações anarquistas após o 25 de Abril, nunca se reconstituiu nenhuma federação libertária com capacidade para intervir a longo prazo na sociedade e com resultados substanciais. Pelo menos até um período recente, o diálogo desses vários grupos afins, susceptível de exprimir um confronto estimulante, revelou-se em geral fraco ou mesmo inexistente, apresentando-se amiúde o anátema mútuo como a única relação possível; repetindo com isso, no fundo, o clima de suspeição sistemática e de concorrência que os grupos de extrema-esquerda levaram à exaustão paranóica e à caricatura nos anos 70.

Tais circunstâncias acabam sempre por ter repercussões doentias, levando os indivíduos e os grupos a assumir características de seitas que se digladiam e a criar formulações e uma linguagem que só podem afastá-los uns dos outros e das próprias realidades circundantes.

Nos últimos anos, no entanto, parece começar a emergir um outro clima, fruto também, possivelmente, das próprias condições que o capitalismo vem forjando no sentido de um aprofundamento do desastre que ele constitui.

Por JÚLIO HENRIQUES

A cavalo por uma Europa sem transgénicos: ao fim de 4.000 Km «Vita Activa» chega a Portugal




Ao fim de 4000 km "Vita Activa" chega a Portugal

A CAVALO POR UMA EUROPA SEM TRANSGÉNICOS

Nasceu há sete meses na Alemanha mas durante uns dias é portuguesa. A iniciativa "Vita Activa", protagonizada pelo jovem casal Maria e Markus Schlegel, circula pela Europa numa carruagem antiga puxada por dois cavalos com o intuito de sensibilizar para a agricultura sustentável e contra os alimentos transgénicos. Até agora já atravessaram a Suíça, França e Espanha.

Em Portugal estes arrojados viajantes vão percorrer, ao longo das próximas duas semanas, um itinerário que passa por Campo Maior, Elvas, S. Vicente, Arronches, Portalegre, Nisa, Vila Velha de Ródão, Castelo Branco e Monfortinho. Em cada local vão contactar com escolas, mercados e outros locais, numa interacção pessoal em muito facilitada pela curiosidade que desperta uma embaixada tão original.

A Plataforma Transgénicos Fora apoia esta iniciativa e convida todos os interessados a participar numa marcha alargada que decorrerá no fim de semana de 28 Fevereiro e 1 de Março entre Arronches e Portalegre, a poucos kilómetros da dos ensaios com milho transgénico que decorrem desde o ano passado.

Solidariedade com Educadoras/es de Infância: copiem a mensagem e enviem.

Tendo tido conhecimento das condições laborais que assistem a muitas/os das/os educadoras/es de infância deste país, venho por este meio demonstrar a minha solidariedade para com estas/es trabalhadoras/es, apelando à necessidade de:

- Eliminar o trabalho precário e a recibos verdes nesta profissão. Esta actividade não pode ser considerada prestação de serviço pois exige a presença diária no infantário, integração numa equipa, utilização de meios da entidade contratante e definição de horário de trabalho para a concretização do mesmo;
- Atribuir responsabilidades laborais efectivas às instituições que recorram aos Programas Ocupacionais de Emprego (POC’s) e Estágios Profissionais, do I.E.F.P., com o intuito de obterem mão de obra gratuita, sem contrapartidas positivas e efectivas para o/a trabalhador/a ocupado;
- Haver um controlo efectivo das condições de trabalho nas instituições privadas, cooperativas, mutualistas e de solidariedade social (em termos de cumprimento de horários de trabalho, tabelas de vencimentos, definição de categorias profissionais, ...).

Com os melhores cumprimentos,
--------------------



Por favor, copiem o texto acima e enviem-no para os seguintes endereços:


belem@presidencia.pt, pm@pm.gov.pt, gmtss@mtss.gov.pt, gme@me.gov.pt,mctes@mctes.gov.pt, acandal@ps.parlamento.pt, goncalves@ps.parlamento.pt,albertoantunes@ps.parlamento.pt, arons@ps.parlamento.pt,albertomartins@ps.parlamento.pt, alcidialopes@ps.parlamento.pt,apinho@ps.parlamento.pt, catarina@ps.parlamento.pt, acouto@ps.parlamento.pt,anamariarocha@ps.parlamento.pt, galamba@ps.parlamento.pt,agameiro@ps.parlamento.pt, ajseguro@ps.parlamento.pt,bravonico@ps.parlamento.pt, clopes@ps.parlamento.pt, claudia@ps.parlamento.pt,camorim@ps.parlamento.pt, davidmartins@ps.parlamento.pt, ramires@ps.parlamento.pt, fjesus@ps.parlamento.pt,fernandocabral@ps.parlamento.pt, fernandojesus@ps.parlamento.pt,gloria@ps.parlamento.pt, hugonunes@ps.parlamento.pt,isabelcoutinho@ps.parlamento.pt, isabeljorge@ps.parlamento.pt,isantos@ps.parlamento.pt, isabelvigia@ps.parlamento.pt,jaimegama@ps.parlamento.pt, joanalima@ps.parlamento.pt,jserrano@ps.parlamento.pt, joaosoares@ps.parlamento.pt,jcouto@ps.parlamento.pt, jalmeida@ps.parlamento.pt, jseguro@ps.parlamento.pt,jstrecht@ps.parlamento.pt, jacarvalho@ps.parlamento.pt,josejunqueiro@ps.parlamento.pt, verajardim@ps.parlamento.pt,jovita@ps.parlamento.pt, lcoutinho@ps.parlamento.pt,lucioferreira@ps.parlamento.pt, ameixa@ps.parlamento.pt,luisasalgueiro@ps.parlamento.pt, lfduarte@ps.parlamento.pt,mjrodrigues@ps.parlamento.pt, mmcarrilho@ps.parlamento.pt,manuelmota@ps.parlamento.pt, manuelamelo@ps.parlamento.pt,msa@ps.parlamento.pt, cfaustino@ps.parlamento.pt,mbelemroseira@ps.parlamento.pt, mlruivo@ps.parlamento.pt,mrosario@ps.parlamento.pt, mjgamboa@ps.parlamento.pt,marisa.costa@ps.parlamento.pt, martarebelo@ps.parlamento.pt,maximiano@ps.parlamento.pt, mcoelho@ps.parlamento.pt,ginestal@ps.parlamento.pt, laranjeiro@ps.parlamento.pt,mcalha@ps.parlamento.pt, motaandrade@ps.parlamento.pt,baltazar@ps.parlamento.pt, antao@ps.parlamento.pt, mojoao@ps.parlamento.pt,osvaldocastro@ps.parlamento.pt, cduarte@ps.parlamento.pt,pndeus@ps.parlamento.pt, pjfpedroso@hotmail.com, ramospreto@ps.parlamento.pt,renato@ps.parlamento.pt, rgoncalves@ps.parlamento.pt,rrodrigues@ps.parlamento.pt, rita@ps.parlamento.pt, albernaz@ps.parlamento.pt,rvieira@ps.parlamento.pt, sfertuzinhos@ps.parlamento.pt,ssanfona@ps.parlamento.pt, sonia@ps.parlamento.pt, tvenda@ps.parlamento.pt,teresavenda@ps.parlamento.pt, vitalinocanas@ps.parlamento.pt,bloco.esquerda@bloco.org, mpt@mpt.pt, pctp@pctpmrpp.org, pcp@pcp.pt,osverdes@mail.telepac.pt, gp.pev@ar.parlamento.pt,pev.correio@pev.parlamento.pt, partidohumanista.portugal@gmail.com,psd@psd.pt, gp@ps.parlamento.pt, ms@ps.pt, cds-pp@cds.pt,gp_pp@pp.parlamento.pt, blocoar@ar.parlamento.pt, gp_pcp@pcp.parlamento.pt,gp_psd@psd.parlamento.pt, sedenacional@juventudesocialista.org, jsd@jsd.pt, secretariado@fne.pt, sipe.nacional@gmail.com,fenprof@fenprof.pt, sepleu@sepleu.pt, lisboa@aspl.pt, s.n.p.l@mail.telepac.pt,atendimento@sic.pt, secdir@jn.pt, jn.online@jn.pt, spgl@spgl.pt, geral@spn.pt,

23.2.09

PSP de Braga apreende livros com reprodução de um célebre quadro de Courbet, pintor anarquista do século XIX, ou como o ridículo mata a autoridade!


Quadro de pintor anarquista do século XIX ainda choca os polícias da PSP do século XXI …!!!!


Ou, melhor dito,


Como polícias da PSP do «século XIX» ficam chocados com quadros do pintor anarquista do século XXI…

A «democrática» PSP e alguns dos seus agentes fizeram mais uma das suas!
Os factos merecem ficar nos anais da história para constituírem uma viva ilustração de como a polícia também atenta contra as liberdades fundamentais dos cidadãos.

Esquecendo, ou ignorando, a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, agentes da PSP de Braga apreenderam alguns exemplares de um livro cuja capa reproduzia o célebre quadro «A Origem do Mundo» do pintor anarquista do século XIX Gustave Courbet, e que retrata o sexo feminino. O quadro, pintado em 1866, está exposto no Museu d’Orsay, mas foi considerado por aqueles agentes da PSP como contendo imagem pornográfica, pelo que decidiram elaborar um auto de apreensão dos exemplares expostos daqueles livros.

Recorde-se que Courbet, era um pintor anarquista, socialista convicto, eleito pelos revoltosos da Comuna de Paris, pertencente à escola realista, que com o quadro intitulado «A Origem do Mundo» que representava frontalmente as coxas e o sexo de uma mulher abalou profundamente o meio artístico, tendo a sua exposição pública sido proibida na época.


Há poucos dias atrás também uma magistrada do Ministério Público de Torres Vedras mostrara os seus tiques censórios ao proibir imagens de mulheres nuas numa consola do famoso computador Magalhães que os organizadores do Carnaval daquela localidade pretendiam exibir durante o corso carnavalesco. E a sua vontade seria aplicada se não fora o imediato recurso apresentado pelo presidente da autarquia local a denunciar o acto censório e ilegal praticado por aquela magistrada.


Estes actos revelam uma perigosa mentalidade de carácter censório, quer por parte de agentes da PSP quer da magistrada do Ministério Público, mais preocupados em julgar a moralidade dos cidadãos, do que em defender os direitos e as liberdade fundamentais


http://www.gustave-courbet.fr/index.php
http://www.musee-courbet.com/


"Tenho 50 anos e sempre vivi em liberdade; deixem-me terminar a minha vida livre; quando morrer, deixem que se diga de mim: 'Ele não pertencia a qualquer escola, a qualquer igreja, a qualquer instituição, a qualquer academia e muito menos a qualquer regime que não fosse o regime da liberdade.'"
Gustave Courbet



Imagem retirada do excelente blogue Protesto Gráfico:

http://protestografico.wordpress.com/

A dominação das classes dominantes sobre as classes dominadas


«Os ricos fazem tudo pelos pobres, excepto descer das suas costas.» Tolstoi



Festa solidária na Praça do Marquês (Porto) - dia 28 de Fevereiro, a partir das 11h.

No Sábado, 28 de Fevereiro, é dia de mostrar solidariedade. Com os putos que a polícia mata por terem a cor e o saldo bancário errados. Contra liberdade de expressão transformada em processo-crime. Com as vítimas pedonais da violência policial. Com os utentes criminalizados por se manifestarem. Contra o julgamento plenário de quem se atreve a protestar lado a lado com as minorias.

Na praça do Marquês, no Porto, se não chover muito, vai haver festa. Quer-se animação e informação: música, conversas, bancas, flyers, faixas, comida, teatradas, palhaçadas, jogos. A CasaViva vai estar por lá a animar meia dúzia de coisas. Mas só vai ter piada e importância se apareceres também, principalmente se trouxeres a tua cena para juntar à festa. Começa a partir das 11h00.

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*Mordamos-lhes os calcanhares!*

A 6 de Dezembro de 2008, em Atenas, Grécia, um agente da autoridade baleou mortalmente um puto de 15 anos. Alegou auto-defesa. A 20 de Dezembro, como resposta ao apelo duma universidade da capital helénica, colocamos, na fachada da CasaViva, o nº. 167 da Praça da Marquês, uma faixa a dizer “o estado criminaliza, a imprensa aponta, a bófia dispara! Hoje Grécia, amanhã…”. Alegamos solidariedade erepúdio pela violência policial.

No dia 4 de Janeiro deste ano, à noite, um agente da portuguesa PSP matou, na Amadora, também a tiro, um outro puto, este de 14 anos. Alegou que disparou a dois metros em auto-defesa. A primeira alegação parece ter sido desmentida pelas peritagens e, também por isso, são-nos permitidas sérias dúvidas sobre a credibilidade da segunda, levantadas já, aliás, pelos comentários feitos por quem conhecia a vítima do disparo policial.

No dia seguinte, 5 de Janeiro, pelas 15h00, a mesma PSP, que não os mesmos agentes, retirou a faixa do 167 da Praça do Marquês, no Porto. Alegou que incitava à violência. Talvez tenham julgado que o seu colega da Falagueira, o tal que disparou a matar sobre o tal puto de 14 anos, considerou a faixa como uma inspiração e que, depois de ver o Estado a fazer leis que protegem os privilegiados e que criminalizam a pobreza, depois de ver as televisões a apontarem, não aos que têm de mais, mas aos que nada têm,acabou por ver na faixa a luz que iluminava o caminho a seguir.

Não nos parece. Acreditamos, antes, que, por azar, a faixa acabou por se revelar premonitória e colocou o dedo na ferida. Na Grécia, está, ainda neste momento, a acontecer uma revolta popular que junta estudantes, jovens com contratos e vidas precárias, trabalhadores explorados e cidadãos que, por serem doutro país, são considerados de segunda. Nas ruas, nos locais de trabalho e nas escolas, há milhares de pessoas que dizem Basta! a um sistema que se baseia no dinheiro, no lucro e na propriedade e tentam inventar novas formas de organização que lembrem sempre que, no topo das prioridades, têm que estar as pessoas e o planeta que lhes permite viver. No entanto, os jornais e as tvs, que, não por acaso, são propriedade dos mesmos que a revolta grega contesta, limitaram-se a passar notícias e imagens de motins, remetidas para a prateleira da “violência sem justificação”.

Enquanto assim foi, o Estado podia permitir-se respeitar o direito à livre expressão. Até que as coisas descambaram assim que surgiu uma situação em que essa liberdade podia levar alguém a efectivamente pensar e pôr em causa esta merda de mundo em que se diz que todos nascem iguais, quando, na realidade, a maioria vem ao mundo condenada à mais abjecta miséria, para que alguns possam nadar no meio da mais pornográfica opulência.

Os poderosos, nome genérico com que pretendemos representar todos os que são responsáveis e beneficiários da organização económica e social da humanidade, sabem que o seu modelo, ao levar tão longe a exploração, está prestes a atingir um ponto de ruptura. E percebem que, depois de séculos de espezinhamento, uma grande parte da população não é mais do que vapor de água numa panela de pressão. Na tentativa desesperada de conter as águas e manter tudo como está, acham que já não chega manipular as opiniões, através do controlo dos meios de comunicação. É preciso cortar pela raiz qualquer tentativa não institucional de dissidência e resistência.

Este início de 2009, com uma carga repressiva pouco habitual, é sintomático. Para além dos episódios já referidos do assassinato na Falagueira, Amadora, e da censura da faixa na CasaViva, há ainda a acrescentar, pelo menos, mais dois no Porto e um terceiro em Almada.

O primeiro, o julgamento de pessoas envolvidas numa manifestação contra a alteração das carreiras e dos horários dos autocarros da STCP. Quando não se consegue criminalizar o acto de protestar, arranjam-se esquemas para criminalizar as pessoas, alegando-se que a licença para protestar não foi pedida em tempo útil. Demonstrando como, nesta democracia, protestar contra uma decisão da administração da STCP que não tem em conta os utilizadores dos transportes é menos legítimo do que essa própria decisão.

O segundo, a transferência do julgamento de activistas pelos direitos dos migrantes para um tribunal potencialmente mais “duro”, fazendo com que a moldura penal possa ir de 2 a 8 anos de cadeia. Isto, lembremos, por terem decidido que foram os actuais arguidos os responsáveis por um panfleto onde se denunciava a atitude racista do então director do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras do Porto. Demonstrando que, nesta democracia, uma denúncia sobre práticas racistas é menos legítima do que essas próprias práticas.

Por fim, quando alguns almadenses decidiram sair para a rua a exigir que um determinado espaço pedonal fosse efectivamente respeitado como tal, a polícia, sem ter havido qualquer tipo de provocação, começou a carregar indiscriminadamente, ferindo pessoas, ameaçando outras, pondo-as em perigo a todas. Demonstrando, enfim, que, nesta democracia, a polícia se parece muito com a de outros tempos, a polícia é quem mais ordena.

A liberdade de expressão, tal como todas as outras liberdades, só é respeitada desde que não ponha em causa a paz dos poderosos, em que andamos todos a tentar comer-nos uns aos outros para ver quem apanha mais migalhas da refeição dos gajos lá de cima. Nesta altura em que até as migalhas já são poucas, está na hora de lhes mordermos os calcanhares, para que percebam que a refeição não é só deles e é para ser bem dividida de forma a dar para todos. Vão mandar a polícia impedir-te de os ferrares. Insiste! Se se sentirem apertados, pode ser que até te ofereçam da sopa. Mas, ainda assim, não vão querer partilhar o conduto. Há que lutar até que o tomemos! Para todos!

http://casa-viva.blogspot.com/

21.2.09

Filme «Lefteria liberdade» de Tiago Afonso, seguido de debate sobre os acontecimentos recentes na Grécia, na Casa de Ló (dia 25 de Fev. às 21h30 )


Passagem do filme Lefteria = Liberdade, e discussão sobre os últimos acontecimentos na Grécia na CASA De LÓ ( Travessa de Cedofeita nº 20 A, no Porto), no próximo dia 25 de Fevereiro às 21.30

Um filme sobre a estadia de 5 dias em Atenas na segunda semana do mês de janeiro do ano de 2009

MySpace do realizador Tiago Afonso do filme Lefteria Liberdade - aqui


lefteria liberdade 01




lefteria liberdade 02



lefteria liberdade 03




lefteria liberdade 04

A pintura e os objectos de design da artista plástica Daniela Carvalho

Consultar:

http://artesdaniela.blogspot.com/

http://beautydani.blogspot.com/

Unicepe, cooperativa livreira de estudantes do Porto, e um dos locais históricos da resistência anti-fascista

A Unicepe já tem um blogue próprio para dar conta das novidades e das suas iniciativas. Há 45 anos, a livraria Unicepe, Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, foi constituída em 1963, sem fins lucrativos, conseguindo ao longo do tempo, atingir alguns dos seus objectivos. Outros permanecem, outros surgirão. Um dos propósitos da sua génese - manter a Unicepe como um LUGAR DE AFECTOS. Nela podem encontrar-se não só livros, como também discos, revistas; há um espaço para exposições.

Praça Carlos Alberto, 128-A
4050-159 Porto
Telefone: 222 056 660
http://www.unicepe.com/
unicepe@net.novis.pt
http://www.unicepe.blogspot.com/


Acerca da Unicepe - O Lugar
(texto de Natália Reis, retirado do blogue da Unicepe,
aqui)

Sabe-se que o silêncio é uma das mais pungentes armas de comunicação. Que do mais acérrimo secretismo, surgem, por vezes, palavras imbuídas do inefável. Sabe-se que as mais intensas sensações são indizíveis. Mas não será, contudo, de excluir a tentativa de expressar-me acerca de algumas, na presença das quais se tem vergado o meu espírito.

Tenho, ao longo dos meus dias, coleccionado frases que me inchem do que de arrebatador delas transpira, folheado livros que espero que se ergam, muito além do que possam alcançar as minhas mãos. Tenho trocado palavras com pessoas a quem posso, por momentos, decifrar o íntimo, atravessando-lhes a crosta, ouvindo o que releva de tudo o que acompanha o que me é dito. E o que o não é.

Em palavras simples, digo, então, porque me é tão necessário integrar esta família: gosto de subir a escadaria, de ouvir os passos na pedra. De entrar com uma saudação de ambas as partes. De ver o que de novo surge num lugar que não era o seu, na visita precedente. Dos sorrisos que se trocam. Do contacto entre as vozes. Do silêncio que transcende o burburinho. E do cheiro, da presença, daquela luminosidade oculta que ganham os sítios que tomamos para nós como uma casa.

Conhecem a sensação?

Natália Reis




Noites de poesia e música

Todas as quartas Quartas-feiras de cada mês, das 21h30 às 23h, lembraremos um dos nossos sempre tão esquecidos poetas, com acompanhamento musical de um dos associados da Cooperativa, e a participação de todos os interessados

Plano para 2009

Janeiro, dia 28 - Miguel Torga - Carlos Andrade
Fevereiro, dia 25 - Sebastião da Gama - Carlos Cunha
Março, dia 25 - Natália Correia - Tino Flores
Abril, dia 22 - Luís Veiga Leitão - José Ramalho
Maio, dia 27 - Agostinho da Silva - João Teixeira
Junho, dia 24 - Jorge de Sena - Agostinho da Silva
Julho, dia 22 - Sofia de Melo Breyner - Jorge e Nuno Gomes da Silva
Setembro, dia 23 - Antero de Quental - Ana Ribeiro
Outubro, dia 21 - Florbela Espanca - Francisco Carvalho
Novembro, dia 25 - Bocage - Fernando Ribeiro

Opiário+Tabacaria & três sonetos.Notas para a recordação do meu mestre Caeiro, de Álvaro de Campos (poesia encenada, hoje, no Contagiarte às 22h45)


“Logo que conheci Caeiro, verifiquei-me.”
Álvaro de Campos


Alberto Caeiro está aqui como o acontecimento-fronteira da biografia de Campos - pois conheceram-se logo após essa viagem ao Oriente em que foi escrito “Opiário”, e os sonetos antes disto - ou seja, muito antes de Campos ser o homem lúcido capaz de escrever “Tabacaria”.

Campos havia de considerar mestre a Caeiro a tal ponto que sobre ele escreveria as "Notas" para que todos soubessem que homem fulcral este tinha sido.

Esta é uma circunscrição desse homem que aí está – Campos – em torno do seu mestre que não está – Caeiro – e sempre na presença do homem em que tudo se deu – Pessoa.

Este é também o momento em que os poemas de Fernando Pessoa, dramáticos por excelência, se tornam o teatro que são.

Encenação/Interpretação: Nuno Meireles
Desenho de Luz: Rui Oliveira e Nuno Meireles

Operação de Luz/Som: Rui Oliveira

Música: Piotr Ilitch Tchaikovski/Serguei Rakhmaninov

Duração aproximada: 55`

http://poesiaemvozalta.blogspot.com/

Local: Contagiarte

Rua Álvares Cabral, 372 - Porto

Simples tributo à vida de Gisberta através de uma sessão de leitura de poesia ( Domingo, dia 22 de Fev.)

Simples tributo à vida de Gisberta
Sessão de Poesia
Leitura de ” Indulgência Plenária”, de Alberto Pimenta
Por Nuno Meireles

Domingo, dia 22 de Fevereiro, às 18h
Gato Vadio, livraria-bar
Rua do rosário, 281 – Porto




(…)

tira-me daqui
tira-me daqui
tira-me daqui não sei se foste tu que disseste
não mexeste os lábios

nem sei se poderás continuar
as tuas trocas os teus desejos
entre os habitantes dos mundos invisíveis

se assim for
nem o Diabo impedirá
que o teu aroma nostálgico
continue a manifestar
a deusa
em todas as suas faces
humanas
(…)
Alberto Pimenta
Indulgência Plenária, Lisboa, &etc, 2007



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esta cidade está moribunda
não foram sete hienas tresmalhadas
clamor da avenida
ninguém pediu pela mulher que engana a carne
por um dia de canto
ouvem-se risos e os cafés estão cheios
gente soçobrada que não pára de beber o galão
de invectivar a tristeza
ou o azedume em fila de espera
na paragem do autocarro, a mulher das varizes
o homem do escarro,
o moço das Belas Artes
as mãos nos bolsos remoem pedras, paus e beatas
as mesmas pedras
os mesmos paus
as mesmas beatas
e o cheiro a kispo molhado não encobre a frialdade
nem a nortada
o pestilento riso da cidade

Júlio do Carmo Gomes

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Nota: Gisberta Salce foi encontrada sem vida no dia 22 de Fevereiro de 2006 num prédio abandonado da cidade do Porto. Foi maltratada, humilhada, violentada até à morte. Alberto Pimenta escreveu “Indulgência Plenária” tendo presente Gisberta, a sua vida, a sua liberdade, a sua morte. A leitura integral do livro é do conhecimento do autor.

Três anos depois, lembrando Gisberta: identidade de género e cidadania ( hoje, às 15h30, realiza-se um colóquio organizado pelo GRIP)


Três anos depois
Lembrando Gisberta: Identidade de Género e Cidadania
Organização:
Grupo de Reflexão e Intervenção do Porto (GRIP)

Dia 21 de Fevereiro, 15:30h, no Clube Literário do Porto, rua Nova da Alfândega, n.º 22, Porto, sala Piano-bar
Entrada livre

Em Fevereiro de 2006, Gisberta Salce Júnior foi encontrada morta numa obra abandonada no coração do Porto. Era mulher, transsexual, e excluída.

Foi insultada, humilhada, agredida e violentada ao longo de vários dias, e finalmente atirada para um poço onde morreu afogada. Os responsáveis foram um grupo de 14 adolescentes entre os 12 e 16 anos de idade. A maioria deles estava ao cuidado da mesma instituição de acolhimento de menores tutelada pela Igreja Católica.

Exposto o caso, os responsáveis pela morte de Gisberta foram julgados no Tribunal de Família do Porto. A sentença considerou que ela não tinha sido vítima de homicídio, antes o seu cadáver – ainda vivo – ocultado; o motivo não foi determinado, mas o tribunal excluiu a possibilidade de se tratar de transfobia. Afirmou também que o que se tinha passado tinha sido 'uma brincadeira de mau-gosto que correu mal'.

Gisberta nunca foi reconhecida como mulher pelo Estado português, e foi essa mesma falta de reconhecimento que não a deixou ser cidadã. A sua morte bárbara foi o ponto final que pôs a descoberto a exclusão sobre a qual foi forçada a construir toda a sua vida.

Três anos depois, nada mudou: o estado português continua a recusar-se a reconhecer a identidade e cidadania das pessoas transsexuais, e nenhum partido apresentou qualquer proposta de Lei de Identidade de Género.
Cabe a nós, aos cidadãos e à sociedade civil, denunciar a mais extrema forma de violação dos direitos humanos – a supressão da própria identidade e cidadania – e exigir a mudança.

Dia 21 de Fevereiro, às 15:30h, juntem-se a nós – para que não nos esqueçamos, e para que nunca mais façam Gisbertas de qualquer um de nós!

Oradores
dr. Nuno Carneiro - psicólogo, investigador, activista LGBT independente
dr. João Tavares - interno de psiquiatria do Hospital de Júlio de Matos
dr. Ricardo F. Diogo – advogado estagiário
GRIP: Luísa Reis
Moderação: dr.ª Salomé Coelho, doutoranda em Estudos Feministas