23.1.09

Recuperação de um bosque no Cabeço Santo na Serra do Caramulo


Damos aqui notícia de um projecto a todos os títulos louvável. Trata-se de uma acção de reflorestação de um bosque no Cabeço Santo, na Serra do Caramulo, levada a cabo por uma pequena equipa do Núcleo de Aveiro da Quercus e que pretende reconstituir os ecossistemas da zona, depois do violento incêndio que atingiu a Serra do Caramulo em 2005. Nota-se o cuidado em escolher as plantas e árvores mais apropriadas, lutando contra as plantas invasivas e, consequentemente contra a eucaliptização que infesta toda aquela região. Os intervenientes, que são elementos do núcleo de Aveiro da Quercus, têm um blogue onde dão conta das acções realizadas, dos seus objectivos, e das circunstâncias de concretização do projecto, em que se destaca a realização de várias jornadas de voluntariado neste projecto de reflorestação.



http://ecosanto.wordpress.com/

Aceitam-se voluntários que queiram participar e contribuir na reflorestação do Cabeço Santo, na Serra do Caramulo.

Para se inscrever envie uma mensagem para o endereço abaixo indicando (não esqueça que deve efectuar o seu pré-registo):


-Mês e dia no qual se inscreve;
-Se precisa ou disponibiliza lugares de transporte. No caso de precisar deverá aguardar a confirmação de disponibilidade

cabsanto@gmail.com

O Cabeço Santo

O Cabeço Santo é uma montanha que se estende entre o Rio Agadão e o Ribeiro de Belazaima, sendo, nesta latitude, a última elevação importante da Serra do Caramulo em direcção a Oeste. Do seu ponto mais alto, a 450 metros de altitude, avista-se o mar, a 40 km de distância. O seu cume alongado, que separa as freguesias de Belazaima e de Agadão, estendese ao longo de 5 km com uma orientação noroestesudeste, aproximadamente.
O ponto mais alto da Serra do Caramulo encontra- e, em linha recta, a escassos 12 km de distância, para leste.
Os bosques originais desta região eram bosques atlânticos dominados por árvores do género Quercus, onde coexistiam elementos característicos da região temperada com pluviosidade estival, e elementos característicos da região mediterrânica.
Após milénios de um uso tradicional que reduziu esses bosques a extensos matagais, o século XX assistiu à chegada das extensas plantações de eucaliptos, um uso do solo ainda mais comprometedor para a biodiversidade que o anterior, e ao qual escaparam apenas pequenos áreas de solo muito marginal.
Em Belazaima, é no Cabeço Santo que se encontram as mais importantes dessas áreas, com algumas dezenas de hectares distribuídos por vários núcleos.
Apesar das características do solo, esses núcleos apresentam uma biodiversidade notável, quando comparada com a das áreas plantadas.
A vegetação arbórea é dominada pelo medronheiro, encontrando- se também murta, espinheiro, lentisco, pilriteiro, salgueiro e, muito escassos, carvalho e sobreiro. O estrato sub-arbustivo é dominante em muitos locais com predomínio das urzes, mas encontrando- se também tojos, cistáceas, carqueja, gilbardeira, rosmaninho, tomilho e silvas.
Entre as trepadeiras encontramos a salsaparrilha-bastarda e a madressilva. Mas é entre as plantas herbáceas que a diversidade é maior, com várias e interessantes espécies características dos habitats rupícolas (arroz-dos-telhados, arrozdos- muros, orelha-de-monge, cravos-rosados, cila...), gramíneas dos géneros Agrostis, Briza, Festuca e outras aina não identificadas, campainha- de-outono e campainhasamarelas, esta última uma planta característica de pequenos charcos.


O Projecto

Adquirir um terreno com cerca de 7 hectares,inserido num dos núcleos de maior dimensão e
biodiversidade.Executar acções de controlo das plantas invasoras e promoção das nativas através darealização de campos detrabalho voluntário e da sensibilização de outros proprietários das áreasalvo, em particular da empresa de celulose StoraEnso/Celbi


1ª jornada de trabalho voluntário (transcrição do relato, retirado do blogue)

Realizou-se no dia 9 de Fevereiro a primeira jornada de trabalho voluntário de 2008 no Cabeço Santo. Foram cinco os voluntários participantes. Pouco depois das nove horas já rumavam ao local dos trabalhos transportando cerca de 130 medronheiros com torrão e uma centenha de bolotas de carvalho-roble pré-germinadas. Um vento de sudeste varria o cabeço com intensidade e o sol brilhava, antevendo-se um dia de temperaturas acima da média para a época do ano. Nada que desmotivasse os participantes.
Os trabalhos iniciaram-se no terreno do FCN da Quercus numa área de reconversão de eucaliptal. Apesar do acesso difícil, a equipa chegou em boas condições e os trabalhos começaram. As principais ferramentas em operação foram as forquilhas de dentes direitos. Com elas se ia sondando o terreno, procurando locais com menos pedras e mais solo. Em cada local escolhido soltava-se o solo, misturava-se com ele um pouco de adubo mineral rico em fósforo (mineral do qual estes solos são em geral bastante pobres), e depois colocava-se lá a planta.
Em torno dos vales, principal e secundário, do terreno, semearam-se as bolotas pré-germinadas e também algumas castanhas. De referir que estas bolotas se encontravam numa câmara frigorífica desde a sua colheita no Outono, pois de contrário o seu estádio de germinação estaria já muito mais avançado. Ao se semearem apenas nesta altura maximizam-se as suas hipóteses de sobrevivência. Essas hipóteses são ainda incrementadas pela colocação de um tubo de protecção, sem o qual a probabilidade de as bolotas não serem predadas por roedores é muito pequena. Na sementeira das bolotas, para além do adubo mineral, acrescentou-se uma pequena quantidade de vermicomposto à superfície.
Toda a manhã foi passada a trabalhar no terreno do FCN. Depois de uma pausa para almoço e retemperamento de forças, a equipa continuou, até praticamente se esgotar o espaço disponível. Foi altura de subir até ao caminho florestal da Silvicaima e plantar os medronheiros ainda restantes numa parcela de antigo eucaliptal a reconverter. Aqui o solo revelou-se bem mais difícil do que anteriormente, apelando à intuição dos participantes no sentido de encontrarem os locais mais apropriados. Para além disso, e apesar do trabalho já aí realizado em 2007, são ainda abundantes as plantas de Acacia longifolia neste local.
Pelo final da tarde os participantes deleitaram-se com um merecido lanche enquanto contemplavam um belo pôr-do-sol tendo por palco as terras baixas da Bairrada. Depois, foi altura de regressar, o que se fez pelo caminho florestal da Silvicaima, permitindo aos participantes ter uma perspectiva global sobre a área de intervenção para recuperação ecológica. Se isso lhes deu mais determinação ou os deixou desanimados, só eles poderão dizer!



Plantar árvores! Plantar árvores é como fazer amigos. Plantamo-las, cuidamos delas, e depois elas ficam lá, pela nossa vida fora, sempre prontas a ouvir-nos, a dar-nos sombra, abrigo, alimento mesmo. Sempre diferentes mas sempre distintas e únicas. Sempre a árvore que nós plantámos! Vêm e vão as tempestadas e a “nossa” árvore acalma o vento com os seus ramos e absorve a água com as suas raízes e a sua manta morta. Vem o calor e o frio e a “nossa” árvore atenua os extremos com a sua folhagem. Vem mesmo uma tempestade de fogo e a árvore resiste por detrás do seu manto de protecção ou refugia-se no solo para, quando a tormenta passar, voltar a olhar o céu. Provavelmente a árvore que nós plantámos sobreviver-nos-á. Quando já não estivermos cá para a visitar, ela continuará a crescer, a abrigar, a alimentar.
É o que fazemos, por estas alturas, no Cabeço Santo: plantamos e semeamos árvores. Não para serem cortadas dentro de alguns anos, não para serem conduzidas de maneira a produzirem o máximo de matérias primas, mas para cumprirem o desígnio da Vida, para serem belas, para permanecerem.
Às vezes pode parecer, e mesmo ser, um trabalho fisicamente exigente. Mas chegamos ao final do dia e parece-nos que afinal não foi assim tanto. É como se uma força invisível nos tivesse empurrado encosta acima e nos tivesse aliviado o peso das ferramentas. E no final do dia, não fosse o sol “ir descansar”, estariamos ainda com energias para continuar.

Quem quer vir plantar árvores connosco no Cabeço Santo? Ainda há vagas!




Comunicação da Quercus na cerimónia de assinatura do protocolo com a Silvicaima e a Câmara Municipal de Águeda:



O Projecto Cabeço Santo teve início, pode-se dizê-lo, no dia seguinte ao grande incêndio que atingiu a região no dia 18 de Setembro de 2005. E teve início nesse momento cinzento, porque as condições que o tornaram justificado e necessário tinham já sido criadas muito antes: a ausência de ordenamento na actividade de cultivo de espécies florestais, a ausência de medidas de protecção dos valores não passíveis de apropriação e gestão privada, a falta de cuidado e de controlo na difusão de espécies com características invasoras. Mesmo que o mínimo indispensável tivesse sido feito, as consequências sobre a paisagem e a biodiversidade teriam já sido grandes, sem esse mínimo, as consequências foram devastadoras. Parece uma palavra forte, mas só assim se pode definir um contexto de eliminação de espécies e habitats de tão grande alcance como o que aqui aconteceu.
A história é, como se sabe, já antiga, e, tal como naquela outra história da rã que é cozida devagarinho, não dá por nada, e portanto se vai deixando estar até que é tarde de mais, também o processo de degradação e alteração da nossa paisagem é antigo, cada fase ocorreu gradualmente e teve as suas justificações, pelo que as consciências humanas se foram a ele acomodando. Primeiro a eliminação dos antigos bosques, que deverá ter ocorrido ao longo de séculos, depois o estabelecimento de um coberto vegetal adaptado à pastorícia, e por ela mantido, que nos legou os matagais extensivos, formação semi-natural de forte carácter antrópico. Com o eclipsar das culturas rurais de subsistência e a emergência de novas necessidades, pareceu natural que, no contexto de uma nova cultura emergente, essas agora inúteis formações fossem transformadas para o fim que agora conhecemos: o cultivo de espéces arbóreas.
Mas, uma percepção sensível e sábia do que estava para vir poderia ter evitado males maiores: a potencial utilização de maquinaria pesada aconselharia a ponderação dos solos admissíveis, a utilização de um regime monocultural (e portanto com exclusão de outras espécies) aconselharia a reserva de espaço para os ecossistemas nativos, sobretudo nos habitats mais sensíveis, e o recurso a espécies exóticas aconselharia um cuidado muito maior com as espécies a utilizar e onde seriam utilizadas. Em geral, o desenvolvimento de actividades incapazes de sustentar os bens comuns (como a paisagem e a biodiversidade) deveriam, no mínimo, merecer um esforço de regulação, por parte de quem tem a missão de o fazer, no sentido de preservar esses bens comuns da apropriação privada. Não porque o privado seja essencialmente mau e o público bom, mas porque não é sua missão e responsabilidade fazê-lo, sobretudo num contexto como aquele em que hoje vivemos.
O momento em que se procedeu à privatização dos espaços comuns, na primeira metade do sec. XX, foi um daqueles em que essa visão não esteve presente, tal como não esteve presente quando se iniciou um processo generalizado de ocupação do espaço de montanha com plantações de árvores. Quando, tardiamente, o Estado reconheceu a necessidade de colocar alguma ordem no contexto, já era, para uma região como a nossa, tarde demais: todo o espaço era já explorado, não sendo muitas vezes viável qualquer outro tipo de usufruto privado mais compatível com a preservação dos bens comuns, a disseminação da propriedade inviabilizava a aplicação efectiva das medidas preconizadas e já haviam sido causados danos a esses mesmos bens comuns que só um investimento não produtivo poderia, em parte, recuperar. Por isso, desde a criação da Reserva Ecológica Nacional, de legislação restritiva quanto ao cultivo de espécies de crescimento rápido e de toda uma série de medidas com objectivos reguladores, a situação da nossa paisagem e dos nossos valores naturais não cessou de se agravar e a generalidade das medidas legislativas tomadas não teve quase nenhum impacto.
Hoje quase todos reconhecem que se foi longe demais. Mesmo aqueles que têm nos cultivos florestais o seu modo de vida e a sua sobrevivência. Basta olhar com os olhos do coração (mas os da inteligência servem igualmente bem) para um espaço como a pequena bacia do Ribeiro de Belazaima para o constatar.
E, se hoje assinamos com a Silvicaima este protocolo, isso também é uma consequência desse reconhecimento. O dos seus responsáveis como seres humanos, que reconhecem não ter o homem o direito de tomar toda a Terra para seu proveito exclusivo, e o dos seus responsáveis como produtores, que provavelmente reconhecerão que uma pequena perda em termos de produção é largamente compensada pelos benefícios em termos de imagem que um maior cuidado com os bens comuns acarretam. Isto para além de qualquer obrigação determinada pelas leis e pelos sistemas de certificação.
Entendemos que as práticas correntes de produção intensiva de espécies florestais exóticas de ciclo de exploração curto não são, em si, compatíveis com propósitos de conservação da natureza e de preservação dos bens comuns. Por isso, a única solução é uma de compromisso: a de reservar áreas exclusivamente com objectivos de conservação. Não será consensual qual a fracção da área total de uma região a reservar com esse propósito, mas haverá algum consenso quanto ao tipo de áreas a incluir: as áreas marginais para o cultivo, as áreas ribeirinhas e outras áreas de particular expressão da biodiversidade. Não quer também dizer que o ser humano seja proscrito das áreas de conservação. Mas o benefício que ele pode daí retirar é, mais uma vez, indirecto, e não compatível com o actual regime de propriedade. Pensamos nos aspectos paisagísticos, na apicultura, no turismo de natureza, e noutros serviços que as formações naturais prestam melhor que quaisquer outras, como a regulação do ciclo da água e a conservação de organismos úteis ao homem.
Para criar áreas de conservação numa região como a nossa, já não basta legislar e condicionar. É necessário agir activamente no terreno. Por um lado, porque as formações nativas já foram destruídas ou fortemente danificadas e têm de ser recuperadas. Por outro lado porque não se pode esperar que sejam os proprietários privados a fazê-lo. A propriedade da Silvicaima é, neste contexto, um caso algo especial, porque se trata de uma grande propriedade onde é e foi possível pôr em prática um plano de ordenamento onde as áreas prioritárias para conservação puderam ser libertadas da actividade de cultivo. Mas, fora dela, a inclusão de uma pequena faixa ribeirinha num projecto de conservação pode significar a absorção de parcelas inteiras de pequenos proprietários. Claro que não é legítimo pedir a esses proprietários que cedam as suas parcelas, ou mesmo parte delas, gratuitamente, mesmo que seja para o bem comum. A única forma é indemenizar esses proprietários pelo justo valor que, em termos produtivos, essas terras representam. Sabemos bem que os legisladores criaram uma figura de organização que facilitaria essa tarefa: as zonas de intervenção florestal, ZIF’s, que permitem gerir uma área extensa de forma ordenada e com consideração por critérios de preservação de bens comuns sem prejudicar os proprietários das parecelas a isso devotadas. Mas a adesão a tal figura de organização implica uma visão comum e o abandono de um individualismo que se encontra arreigado nas nossas populações, de tal maneira que aqui dificilmente seria implementado.
Deste modo, o Projecto Cabeço Santo, depois de um período inicial de maturação durante o qual teve como objectivo apenas a recuperação das áreas do Cabeço Santo que já não eram significativamente cultivadas antes de 2005, mas que se encontravam ameaçadas pela vegetação invasora, cresceu em âmbito e horizontes para ter também como objectivo a recuperação para efeitos de conservação de áreas ribeirinhas do Ribeiro de Belazaima. Embalada pelo facto de a margem direita ser, com duas excepções, propriedade da Silvicaima e de esta ter aceite a inclusão de áreas ribeirinhas de extensão significativa neste projecto, a Quercus tentará junto dos proprietários da margem esquerda, por meio de compras ou outras formas de cedência onerosa (ou gratuita, se for essa a vontade de algum deles!), obter o direito de intervir também nessa margem esquerda. Também o facto de terem sido criados corredores ecológicos ao longo dos vales principais na propriedade da Silvicaima permitirá criar uma área contínua de conservação, que abrange as zonas ribeirinhas e as relativamente extensas áreas de carácter rupícola já antes incluídas.
Não pretendemos dar a este projecto um alcance e uma relevância para além daqueles que ele tem por direito: ser um exemplo do mínimo que é exigível fazer numa região com as características da nossa, e dar um contributo, por modesto que seja, para contrariar a perda de biodiversidade, um problema de alcance planetário, e que, pelo menos na Europa, merece uma atenção de objectivos definidos: parar a perda de biodiversidade até 2010. Por isso, também é importante ter a Câmara Municipal neste protocolo. Não em primeiro lugar pela sua contribuição financeira para este esforço (embora todas sejam importantes), não porque seja uma forma de pedir responsabilidades aos poderes públicos por aquilo que não fizeram pela preservação dos bens comuns (embora, no contexto que nos ocupa, tenham de facto falhado nisso), mas como forma de os sensibilizar e de os comprometer (e neste caso à Câmara Municipal em particular) com uma acção que julgamos positiva, e com necessidade de uma expressão territorial muito mais larga do que aquela que é objectivo deste projecto. Oxalá daqui por 2, 5, 10 anos, todos nós possamos olhar para os resultados deste projecto e ter o sentimento de que valeu a pena, e de que o resultado nos inspira a fazer algo da mesma natureza noutros locais com problemas similares.
Outro dos objectivos importantes deste projecto é conseguir demonstrar às pessoas, sobretudo ao nível local, a relevância dos seus propósitos. Não pretendemos iludir o facto de ele não ter, até ao momento, suscitado o entusiasmo colectivo. Também não suscitou hostilidade, mas a atenção que recebeu da parte dos cidadãos, das empresas e da comunicação social local, são uma demonstração da escassa sensibilidade que ainda vigora para os problemas a que se procura dar resposta. Longe de emitir mensagens de censura e de queixume, entendemos essa realidade como um desafio, nem que seja de longo prazo, à nossa capacidade para demonstrar a validade dos nossos pressupostos e objectivos. Se, dentro dos mesmos 2, 5, 10 anos, o projecto não tiver dado uma contribuição decisiva para a alteração de percepção que cidadãos e organizações têm desta problemática, então também aí terá falhado. Para atingir esse objectivo, continuaremos a convidar ao envolvimento de escolas, escuteiros, empresas, associações e cidadãos. Como já tem vindo a acontecer, o trabalho voluntário será uma das componentes principais desse envolvimento. Será dada particular atenção à comunidade de Belazaima do Chão, pois ela será a principal beneficiária do trabalho desenvolvido, e será também a principal depositária, com o que isso tem de benefício e de responsabilidade. É importante que esta comunidade não olhe para as áreas onde se desenvolve o projecto como sendo propriedade da Quercus, da Silvicaima ou de outras entidades, mas que olhe para elas como suas, tanto em termos dos benefícios indirectos que daí pode recolher, como da responsabilidade que lhe cabe na sua preservação.
Por agora a Quercus e quem a constitui, com o apoio de entidades como as que assinam este protocolo, assegurará esta responsabilidade. Mas as pessoas e as organizações nem sempre duram, enquanto que os resultados deste projecto têm horizonte temporal indefinido. Acresce que não sabemos até que ponto é possível, e se o for, o tempo que é necessário, para que as formações nativas que pretendemos recriar atinjam uma fase mais ou menos climácea, e se perpetuem, ou evoluam como resposta às condições físicas sem a necessidade de intervenção humana. Na realidade, formações nativas puramente espontâneas já não existem entre nós há muitos séculos, e talvez nem seja possível recriar senão formações semi-naturais dependentes de uma intervenção humana auxiliadora.
Talvez no futuro as comunidades adquiram verdadeira consciência do grau em que a nossa civilização ameaçou a Vida na Terra, e cuidem dos pequenos fragmentos que restaram, como estes que agora procuramos salvaguardar, como preciosidades dignas da mais cuidada e apaixonada salvaguarda. E oxalá que assim seja porque significa que essa civilização ultrapassou o seu momento de crise, evoluindo, e não sucumbiu, levando consigo uma longa história de desenvolvimento e de vibrante expressão da Vida na Terra.



Jornada de Trabalho voluntário de 17 de Janeiro no Cabeço Santo


Trees for Life
(documentário de 1993 sobre o trabalho do colectivo Trees for Life em prol da recuperação da Floresta da Caledónia na Escócia. Versão portuguesa)



Parte 2


Parte 3


Parte 4

Fisgas do Ermelo, em Mondim de Basto


As quedas de água das Fisgas do Ermelo, situadas na freguesia de Ermelo, concelho de Mondim de Basto, distrito de Vila Real, são de uma das maiores quedas de água de Portugal. Uma barreira de quartzitos forma um enorme socalco, separando a zona granítica da xistosa, mais vulnerável à erosão. Por isso, o trabalho milenar da água cavou um desnível de quase 200 m, através do qual o rio Olo se despenha numa cascata deslumbrante. No topo das quedas, a montante, situam-se belas lagoas, muito procuradas de Verão.


Esta cascata é uma das maiores quedas de água de Portugal e uma das maiores da Europa, não se precipitando numa vertical absoluta, fá-lo através de uma grande barreira de quartzitos formando um profundo socalco. As suas águas separam as zonas graníticas das zonas xistosas das terras envolventes.
O desnível desta cascata, apresenta assim 200 metros de extensão cavados ao longo dos milénios da sua existência pelas as águas calmas, mas perseverantes do rio Olo que nasce no Parque Natural do Alvão.
Antes de se darem inicio ao continuou das quedas de água temos a montante lagoas de águas cristalinas muitos usadas nas épocas de veraneio. O acesso para a Cascata de Fisgas do Ermelo pode ser feito pelas estradas florestais que ligam Lamas de Olo à localidade de Ermelo ou a partir de Mondim de Basto e Vila Real através da estrada EN304 junto à aldeia de Ermelo e à ponte sobre o rio Olo.


Outras quedas de águas e cascatas existentes em Portugal ( Fonte: Wikipedia):



Recordar Charles Darwin no ano de 2009, quando passam 200 anos do seu nascimento


Charles Robert Darwin (Shrewsbury, 12 de Fevereiro de 1809 — Downe, Kent, 19 de Abril de 1882) foi um naturalista britânico que se tornou célebre por defender a ideia da evolução para explicar a vida animal e , com isso, marcou decisivamente todo o ambiente do século XIX ao influenciar muitos outros autores através da sua concepção evolucionista ( historicista, para alguns) da vida em geral. Defendeu também que a evolução das espécies se fazia por selecção natural, dando origem a não poucos debates sobre a concepção darwinista, segundo a qual sobrevivem aqueles que se mostrarem mais apetrechados ( os mais fortes, segundo certas interpretações) para a reprodução futura da espécie.

Outra faceta de Charles Darwin são as suas observações naturalistas, vividas na natureza, sendo de destacar a viagem que realiaou a bordo do navio Beagle, e que deu origem ao livro «A Viagem do Beagle», publicado em 1839, constituído por um Diário e Anotações redigidas por altura da segunda expedição que teve início a 27 de Dezembro de 1831, só regressando cinco anos depois, a 2 de Outubro de 1836, tempo durante o qual Darwin realizou inúmeras explorações, gastando a maior parte do tempo em observações em terra.

Esta obra, conhecida como Diário de Pesquisas de Darwin é um relato riquíssimo das memórias da viagem e também um detalhado diário científico de campo cobrindo áreas da biologia, geologia, e antropologia e que demonstra o grande poder observacional de Darwin, escrito num período onde os europeus ocidentais ainda estavam descobrindo e explorando muito do resto do mundo. Embora Darwin tenha revisitado alguns lugares durante a expedição, para um melhor entendimento, os capítulos do livro estão ordenados por referências a lugares e locações ao invés de uma organização cronológica. Embora com compreensão tardia, Darwin iria posteriormente utilizar várias das ideias que são indicadas no livro para o desenvolvimento da sua Teoria da Evolução




COMO NOS TORNÁMOS HUMANOS (resumo da conferência da Dra Eugénia Cunha, realizada no passado dia 21 de Janeiro)
"Esta pergunta recorrente que se coloca desde sempre, vai buscar respostas a várias ciências e permanece um dos maiores desafios da antropologia e da biologia. Leva-nos a uma inevitável e fascinante viagem ao nosso interior e no tempo porque o entendimento de onde viemos elucida também sobre para onde vamos. E no exercício de mergulhar no passado, há que recuar até há cerca de 7 milhões de anos para encontrar os mais prováveis candidatos a primeiros hominídeos.
Desde eles até ao presente, passamos por uma cadeia impressionante de antepassados, directos e indirectos, que vamos colocando na nossa árvore evolutiva, densamente ramificada mas da qual só conhecemos uma parte dos inquilinos. Falaremos de alguns deles, onde, como surgiram e como se relacionam connosco. As peças do puzzle vão surgindo com as novas descobertas e com a reavaliação de outras. Cada uma dessas peças conta-nos uma história. Mas cada vez mais, não são só os fósseis que permitem reconstruir a nossa história natural. O acesso ao nosso genoma e ao de alguns dos outros primatas levou-nos para uma nova era em que se procura identificar os genes e as alterações genéticas que nos tornaram únicos.
A nossa singularidade remete-nos inevitavelmente para o órgão mais complexo do universo, o nosso cérebro. Recentemente, foi sugerido que um determinado gene, o HAR1F, possa vir a ajudar a perceber porque somos os mais encefalizados de todos os primatas. Mas temos que reconhecer que somos muito mais do que genes. A velha máxima “ somos aquilo que comemos” continua válida e o segredo do aumento do nosso cérebro, um autêntico devorador energético, parece ter sido contrabalançado por uma concomitante redução do aparelho gastrointestinal viabilizada por uma mudança na dieta. A incorporação de mais carne na dieta terá facilitado o crescimento cerebral. A hipótese ETH- Expensive- tissue hypothesis é aqui cruzada com o aumento do período de gestação, com a prematuridade do recém-nascido humano e com o crescente investimento parental por parte dos humanos como uma explicação possível para o facto de o nosso cérebro ser três vezes maior do que aquilo que seria de esperar. Mas este não é o nosso único traço distintivo.
O bipedismo e a nossa linguagem têm sido cruciais para termos chegado onde hoje estamos. A chave está no cruzamento de todos estes traços distintivos, dos genes a eles subjacentes e na sua correcta contextualização ecológica. Sabendo que a evolução não é gratuita e que só quando os benefícios de uma dada mudança evolutiva superam os custos é que o processo avança, é um desafio destrinçar as cada vez mais peças chave deste intrincado ser que somos com a certeza de que muitas das questões só serão respondidas ao longo do próximo século, quiçá, no próximo grande aniversário de Darwin que, acredito, continuaria a dizer” Light will be thrown on the origin of man and history”."


Sobre Darwin
http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Darwin
http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Viagem_do_Beagle
http://en.wikipedia.org/wiki/Charles_Darwin

http://www.guardian.co.uk/science/charles-darwin
http://www.darwin-online.org.uk/
http://www.darwinproject.ac.uk/
http://www.thebeagleproject.com/

Museus de História Natural
http://www.mnhn.ul.pt/
http://www.nhm.ac.uk/index.html
http://www.nhm.ac.uk/visit-us/whats-on/darwin/index.html
http://www.amnh.org/
http://www.museum.hu-berlin.de/index_english.html

O Legado de Darwin parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5




Vão decorrer nos próximos meses de Fevereiro a Maio diversas conferências intituladas "Darwin's Evolution", promovidas e realizadas sob os auspícios da Fundação Gulbenkian, para assinalar os 200 anos de Darwin e os 150 anos da edição da sua obra Maios, «A Origem das Espécies». O programa das Conferências é o que se segue:

13-Fevereiro Niles Eldredge, American Museum of Natural History US
Darwin: Discovering the Tree of Life

25-Fevereiro John Parker, Cambridge Univ UK
The Cambridge years: Henslows legacy, Darwin's inheritance

11-Março Olivia Judson, Imperial Colege UK
Glad to have evolved

25-Março Pietro Corsi, Oxford Univ UK
Just Before Darwin: the question of species during the 1850's

08-Abrl Lynn Margulis, Univ Massachussets US
Evolution on a Gaia Planet: Darwin's legacy

29-Abril Mark Stoneking, Max-Planck Inst. G
Human Evolution: The Molecular Perspective

13-Maio David Sloan-Wilson, Binghamton Univ. US
Evolution and Human Affairs

24-Maio Rosemary e Peter Grant, Princeton Univ. US
Evolution of Darwin's Finches

Ver o blogue de apoio às comemorações:

http://a-evolucao-de-darwin.weblog.com.pt/

22.1.09

A ministra da (des)educação em versos intemporais



Autopsicografia


A Lurdinhas é uma fingidora.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é amor
Pela escola que ela sente.

E os que a ouvem com ar infeliz
Na televisão sentem bem,
Não o amor que ela diz,
Mas só o ódio que ela tem.


E assim nas calhas da vida
Gira, a corromper a nação,
Esse combóio de corda
Que se chama (des)Educação


(segundo Pessoa




Soneto

Alma mesquinha e vil, tu que pariste
As normas do estatuto do docente,
Não tens nada de humano, não és gente,
Nada mais que injustiças produziste.

Se lá nesse poleiro aonde subiste
O estado do ensino tens presente,
Repara como és incompetente,
Como a classe docente destruíste.

Se pensas que esta gente está domada,
Te aceita a ti, ao Valter e ao Pedreira,
Estás perfeitamente equivocada:

Em breve encontraremos a maneira
De vos correr p'ra longe à cacetada,
Limpando a educação de tanta asneira!


(segundo Camões)




BALADA

Bate leve, levemente,
A ministra da educação.
Será cega? Será doente?
Surda é certamente,
Pois não ouve a Nação.

Quem bate, assim, levemente,
com tão sinistra certeza,
que não ouve, que não sente?
Não é anjo, nem é gente,
deve ser bicho, com certeza.

Fui ver. A tristeza caía
do inferno, não do céu,
na nossa escola agora fria.
- Há quanto tempo a não via!
Nem tinha saudades, Deus meu!

E uma infinita tristeza,
uma grande perturbação
entra em nós, fica em nós presa.
Cai neve na Natureza -
e cai no nosso coração.


(segundo Augusto Gil)
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Retrato

Baixa, de olhos ruins, amarelenta,
Usando só de raiva e de impostura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Um mar de fel, malvada e quezilenta ;

Arzinho confrangido que atormenta,
Sempre infeliz e de má catadura,
Mui perto de perder a compostura,
É cruel, mentirosa e rabugenta.

Rosto fechado, o gesto de fuinha,
Voz de lamento e ar de coitadinha,
Com pinta de raposa assustadinha,
É só veneno, a ditadorazinha.

Se não sabes quem é, dou-te uma pista:
Prepotente, mui gélida e sinistra,
Amarga, matreira e intriguista,
É autoritária... e é MINISTRA.


(segundo Bocage)

Fonte (onde fomos pescar estes poemas):
http://sinistraministra.blogspot.com/

Absolvição para Javi Toret e Nico Sguiglia. Não à criminalização da acção social e sindical.



Solidariedade com Nico e Toret, membros da Universidade Nomade e activistas, desde há muitos anos, em centros sociais autogeridos, no movimento global, nas redes de imigrantes, em experiências como o Mayday e na luta contra a precariedade.
Uma denúncia judicial estúpida por uma acção directa de protesto contra a precariedade pode custar-lhes uma pena de prisão.

LIVRE ABSOLVIÇÃO PARA NICOLÁS SGUIGLIA E JAVIER TORET

NÃO À CRIMINALIZAÇÃO DA ACÇÃO SOCIAL E SINDICAL

Aqueles dois activistas sociais correm o risco de serem condenados a 2 anos de cárcere por um delito de“roubo com intimidação” quando participaram como mediadores sindicais num protesto para denunciar a contratação precária de funcionários no Supermercado Plus, em Sevilha.
O protesto ocorreu no contexto do Mayday - 1° de Maio dos Precários - em 2006.

Em 29 de abril de 2006, mais de uma centena de precários e precárias entraram fantasiados no Supermercado Plus, na rua Arroyo em Sevilha. Junto a eles apresentou-se a "Virgem (Nossa Senhora) da Precariedade." Durante quase uma hora, os precários bloquearam de maneira festiva os caixas do supermercado, cantaram músicas,reivindicaram direitos trabalhistas e sociais e, no final, expropriaram 3 carrinhos com produtos de consumo básico.

O protesto teve um carácter evidente simbólico e transcorreu de forma pacífica e com um forte tom de ironia, sempre respeitando os trabalhadores do supermercado, bem como os seus clientes.O motivo deste protesto era denunciar a empresa por haver demitido de maneira injusta Fátima Fernandez, despedida por estar grávida, e também denunciar a situaçãode precariedade trabalhista e a falta de direitos dos trabalhadores dos grandes hipermercados e do comércio em geral.

Esta acção ocorreu no contexto da programação das actividades organizadas em torno doMayday: 1° de Maio dos precários, que pretende mobilizar os novos sujeitos do trabalho precário e sem direitos: imigrantes, trabalhadores temporários,com contratos atípicos, sem contrato, etc.
Nicolás Sguiglia e Javier Toret exerceram suas funções como representantes sindicais(da CGT e SOC-SAT, respectivamente) e estiveram mediando, a todo momento, a tentativa de um acordo junto à empresa, reforçando o carácter pacífico do protesto.O responsável pelo supermercado identificou-os para a polícia como os responsáveis pela acção, e agora a fiscalia pede 2 anos de prisão pelo delito de “roubo com intimidação” pela expropriação de 3 carrinhos com produtos básicos, realizada pelos precários manifestantes.
O valor total das mercadorias não supera 287 euros.!!!


No dia 23 de janeiro de 2009 realizar-se-á o julgamento em Sevilha e por isso fazemos um apelo de apoio e solidariedade a todas as organizações sociais, sindicais epolíticas para que se juntem nesta campanha e consigamos a livre absolvição desses companheiros e assim, possamos dar uma resposta unitária e contundente à criminalização da ação social e sindical.
Como colaborar?


1- Assinando e enviando o MODELO de FAX (em anexo) para o Promotor Chefe de Sevilha:(34)
955-005114
2- Enviando o nome de sua organização, associação ou iniciativa com suas palavras deapoio a: andalucia (at) cgt.es
3- Participando da Concentração contra a Criminalização da Ação Social e Sindical epela
Absolvisão de Nico e Javi, que ocorrerá nesta sexta-feira 23 de janeiro às 11h nas Puertas de los Juzgados del Prado de San Sebastián de Sevilla.
4- Ajudando a difundir esta informação, de forma que todo mundo saiba desta injustiça. Se puder traduzi-lo a um outro idioma nos será útil para ampliar asolidariedade.Um grande abraço e muito obrigado por sua colaboração


Confederación General del Trabajo de Andalucía (CGT-A),
Sindicato Andaluz de Trabajadores (SAT),
Oficinas de Derechos Sociales (ODS-Málaga y Sevilla),
Precarios-as en Movimiento (Málaga),
Coordinadora de Imigrantes de Málaga (CIM),
Centro Social y Cultural de Gestión Ciudadana La Casa Invisible (Málaga






Vídeo-reportagem da acção dos precários acompanhados com a Virgem da Precariedade
(Este video faz parte do DVD "Resistir es Crear: 10 años junto al Centro Social - Casa de Iniciativas de Málaga")



II Celebração Festiva da Zona Pedonal de Almada (dia 23 de Jan. às 16h) em prol da educação ambiental dos almadenses


II Celebração da Zona Pedonal de Alamada ( dia 23 de Janeiro às 16h.)

Em frente ao Café Central, no praça do MFA.

Vemo-nos Gregos... Queremos a nossa vida de volta? (debate hoje, 22 de Jan. às 21h., no bar do teatro A Barraca, sobre a precariedade )


A nossa vida não é o que nos anunciaram: os empregos escasseiam e não duram, as qualificações escolares não garantem o acesso a um mercado de trabalho cada vez mais selvagem, os serviços são cada vez menos públicos, o futuro é incerto e o presente cheio de dúvidas.

Esta é a primeira geração condenada a viver pior do que os seus pais, desenquadrada de estruturas representativas dos seus interesses difusos e incertos, cada vez mais desconfiada das burocracias partidárias e nomenclaturas administrativas.Dos protestos que a geração-precária está a protagonizar na Grécia, interessa-nos discutir as condições sociais que levaram à revolta e as suas formas de organização.É para isso que nos juntamos na quinta feira, 22 de Janeiro, pelas 21.00 no bar do Teatro A Barraca.


Convidados:
Carvalho da Silva - Secretário Geral da CGTP
Rui Tavares - Historiador
José Soeiro - Sociólogo
João Romão - Economista e membro do PI
Imprime-o e divulga-o na tua faculdade, local de trabalho ou escola.
Envia-o por email a todos os teus contactos.
O precariado está a acordar!
Aparece!


Teatro A Barraca :: Largo de Santos, 2
Metro – Cais do Sodré (linha verde)
CP – Estação de Santos
Carris – 6, 727, 60, 104, E15, E25, E28

1 ano de luta pela reabilitação do mercado do Bolhão ( todos ao bolhão no Sábado, 24 de Jan. às 10h.)



No próximo sábado, dia 24 de Janeiro, vai ser assinalado um ano de luta pela reabilitação do Mercado do Bolhão.

Tod@s ao Bolhão, este sábado a partir das 10 horas

PARTICIPA NA DEFESA DO MERCADO DO BOLHÃO:

Faz o download dos flyers, imprime e distribui na tua zona.
Faz o download do cartaz para divulgar esta iniciativa no teu blog e na tua rua.

O Bolhão é nosso!



UM ANO DE LUTA EM DEFESA DO BOLHÃO (24.1.2008 – 24.1.2009)

Este sábado completa-se precisamente um ano de luta pela reabilitação do nosso Mercado do Bolhão.

Os cidadãos do Porto mobilizaram-se para impedir um dos maiores atentados ao Património humano e arquitectónico da cidade, conseguindo vitórias que muitos julgavam impossíveis.
Ao lado dos comerciantes do Bolhão vencemos a batalha contra a transformação do Mercado de frescos em mais um Centro Comercial, impedindo a sua alienação por uma multinacional holandesa.

ESTE SÁBADO APARECE NO BOLHÃO !

Numa acção de balanço, informação e solidariedade com os comerciantes.Porque a luta vai continuar, até que o Bolhão seja reabilitado, com respeito pelos comerciantes e pelo património arquitectónico.

O Teatro Universitário do Porto apresenta a peça «Recuperados» (entre 21 a 31 de Jan.) na fundação José Rodrigues ( Rua da Fábrica Social)




Uma reprimenda do pai. Uma chamada de atenção da professora ou do patrão. Uma pergunta incómoda. Ainda me amas? Tiveste saudades minhas? Estás sozinho? Inventamos constantemente palavras para esconder o que desejamos realmente dizer. Mantemos escondido um eu que não queremos apresentar a ninguém. Guardamos no armário uma personalidade para cada dia da semana que vestimos para poder sair de casa. Desenvolvemos a arte da invisibilidade: não vermos os outros e não sermos vistos. Recuperados conta-nos as palavras que são caladas antes de serem ditas. Mostra-nos os fantasmas que dormem à porta da nossa casa, homens e mulheres que se suicidam em vida, os invisíveis que viajam connosco nos autocarros, que estão ao nosso lado no balcão de um café e que passam por nós na rua. Mostra-nos que na realidade estamos todos sozinhos. Que atravessamos a vida com os ombros encolhidos. Recuperados é o espaço onde podemos ouvir as palavras que ficam por dizer. Onde vemos as pessoas que não queremos ver e que nunca querem ser vistas. Pessoas feitas de sombras, leves como o ar, transparentes e reais.

Encenação: António Júlio
Assistência de Encenação: Loreto Martínez Troncoso
Dramaturgia: António Júlio, Loreto Martínez Troncoso
Banda Sonora: Miaketak
Cenografia e figurinos: Rute Moreda
Desenho de Luz: José Nuno Lima
Textos: António Silva, Cristina Teiga, Daniel Viana, Eduarda Mano, Helena Marinho, Milene Silva, Miguel Lemos, Nuno Matos
Interpretação: António Silva, Daniel Viana, Eduarda Mano, Helena Marinho, Milene Silva, Miguel Lemos, Nuno Matos
Operação de Luz: Silvana Alves
Montagem de Luz: Eduardo Abdala
Direcção Técnica: Manuel Pereira
Produção: Gonçalo Gregório, Joana Martinho
Design Gráfico: Emanuel Santos

Manifestação de solidariedade com a Palestina e pelo fim ao bloqueio a Gaza (dia 24 de Jan. às 15h. no Largo de Camões)



O brutal ataque que o governo de Israel desencadeou sobre a população da Faixa de Gaza a 27 de Dezembro, traduziu-se num criminoso massacre, numa destruição e numa catástrofe humanitária sem precedentes.


Mais de 1300 palestinianos foram mortos, entre os quais 417 crianças e 107 mulheres cobardemente assassinados.


Exigimos o fim dos massacres que há mais de 60 anos são perpetrados contra o povo palestiniano


Os bombardeamentos e a invasão foram mais um exemplo da política de terrorismo de Estado de Israel numa guerra desigual contra o povo da Palestina e contra o seu inalienável direito a construir o seu Estado independente e soberano em solo da Palestina.


As bombas deixaram de cair na Faixa de Gaza mas a actual situação de cessar-fogo é frágil. As declarações e discursos políticos de Israel não dão qualquer garantia de que novos massacres não voltem a acontecer.


O espectro da reocupação de Gaza permanece actual, o criminoso bloqueio ao território mantém-se, tal como permanece a ocupação da Palestina, a construção dos colonatos, o muro de separação e o autêntico genocídio do povo palestiniano.


As bombas deixaram de cair mas a Paz não chegou ao Médio Oriente. Essa só terá lugar com o reconhecimento dos direitos nacionais do povo palestiniano, com o estabelecimento do Estado da Palestina nas fronteiras anteriores à guerra de ocupação de 1967, com capital em Jerusalém Leste.


A luta continua por uma Palestina livre e independente!


As organizações promotoras da Manifestação que tem lugar em Lisboa, no Largo Camões, no dia 24 de Janeiro, às 15 horas, apelam a todos os homens e mulheres de paz que unam as suas vozes em solidariedade com o povo palestiniano que resiste e luta:


Pelo Fim dos massacres do Povo Palestiniano

Pela investigação e processamento dos responsáveis israelitas pelos crimes de guerra e contra a Humanidade

Pelo Fim ao Bloqueio a Gaza

Pelo Fim à Ocupação da Palestina

Por uma Paz Justa e duradoura no Médio Oriente

21.1.09

Estudantes ocupam o Kings College London em solidariedade com Gaza e exigem a retirada do título de doutor honoris causa a Shimon Peres

http://www.kcloccupation.blogspot.com/


Estudantes ocupam neste momento o conhecido Kings College London em solidariedade com Gaza, e exigem a retirada do título de doutor honoris causa ao presidente israelita Shimon Peres, que tinha sido concedida há alguns anos atrás por aquele estabelecimento universitário. O protesto dos estudantes já recebeu o apoio de
Tony Benn, político socialista e líder da coligação Stop the War coalition


Breve reportagem do meeting realizado em Trafalgar Square a 17 de Janeiro de solidariedade com a Palestina.





Students from King's College London have begun an occupation in an urgent move to demand action from the institution. The move comes in light of the King's College Council's decision to award President Shimon Peres with an honorary doctorate, for the apparent recognition of his "peaceful solution to conflicts in the Middle East”, in November 2008.
We believe that it is highly irresponsible for a college of this standing to give out honours to individuals of such contentious repute without prior consultation with the students of the university, who make up the major body of the college community.

The subsequent muteness of the Principal following the devastating assault on the Gaza Strip has been equally obscene. The appalling Israeli actions have killed over 1,300 Palestinians and injured thousands. Tens of thousands of civilians have been left homeless and displaced. Head of the UN Palestinian refugee agency in Gaza, John Ging, is now joining international calls for an investigation into the war crimes of recent action. Israel stands accused of using banned weapons such as phosphorus bombs, attacking medical facilities, including the killing of 12 ambulance men in marked vehicles, and killing large numbers of policemen who had no military role, amongst numerous other atrocious crimes. Peres has infamously supported this action.

Therefore, we demand the following:

King’s College London should issue a formal statement condemning Israel’s actions in the Gaza Strip, acknowledging particularly the effect on educational institutions such as the bombing of the Gaza Islamic University and expressing concern about war crimes allegations. King’s College should encourage other universities in the Russell Group to make such a call, as well as informing the national press and the UK and Israeli governments of this call.

Shimon Peres’s honorary doctorate be immediately revoked by King’s College London. As Israeli Head of State, and having issued public support for potential war crimes in the Gaza Strip, we believe that the vast majority of the King’s College community would support this doctorate being immediately revoked as a gesture to show that King’s College is concerned by Israel’s actions in Gaza.

King’s College London should provide five fully-funded scholarships to Palestinian students, giving such students an opportunity to an education which the attack on Gaza and the previous blockade has denied to them.

King’s College London should facilitate a cross-campus fundraising day to raise money for the crisis in Gaza. This should be sent to the charity Medical Aid For Palestinians.

King’s College London should establish links with universities and other educational institutions affected by the crisis in Gaza in solidarity with their plight.

King’s College London should present us with a transparent list of investments in the arms trade, particularly those in GKN. King’s College should divest immediately from the arms trade.

Any old books, computers or other unwanted teaching/administrative resources should as soon as possible or at the end of this term be donated to universities or schools in the Gaza Strip that have been affected by Israel’s attack.

There should be no repercussions for any students involved in this protest. Universities should be a place where freedom of expression is encouraged, and the student movement in the UK and around the world has a proud tradition of organizing protest actions, whether against South African Apartheid or the wars in Iraq and Afghanistan.

) For more information please contact kcloccupation@gmail.com

2) The group have set up a blog with frequent updates at http://kcloccupation.blogspot.com/

3) The Peres petition can be found online at:

Paralelismo entre o holocausto nazi sobre os judeus e o holocausto israel-sionista sobre os palestinianos de Gaza

Para reflectir : em 1944 as vítimas eram os judeus; hoje, em 2009, as vítimas são palestinianos. Qual é a diferença?


1944 (ghetto de Varsóvia) - 2009 (ghetto de Gaza)






















Fonte: http://elventano.blogspot.com

A valsa do terror ( texto de José Goulão) e ciclo de debates em torno do filme A Valsa com Bashir


Ciclo de debates em torno do filme
A Valsa com Bashir, de Ari Folman


O tema deste filme de animação é o da recordação, por um soldado Israelita, de um episódio passado na primeira guerra do Líbano, em 1982: os massacres de Sabra e Chatila. No contexto da actual guerra em Gaza, o filme adquire uma actualidade que exige e ao mesmo tempo excede a compreensão do contexto histórico a que se refere, permitindo um conjunto de reflexões, paralelismos e perspectivas de futuro para um conflito cuja resolução continua a ser tragicamente adiada. Estes debates irão incidir sobre aspectos tão variados como a contextualização histórica do conflito, a guerra e o stress pós-traumático, o trabalho de memória e os usos do cinema de animação, entre ficção e documentário. A Valsa com Bashir tem causado alguma polémica nos países onde já estreou e teve um grande sucesso. Recebeu numerosos prémios, entre os quais o de Melhor Filme Estrangeiro nos British Independent Film Awards, o de Prémio do Público em Varsóvia e está nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.



O ciclo de debates terá lugar no Cinema King
(Av. Frei Miguel Contreiras, 52 A, em Lisboa, tel: 21 848 0808)

21h30: exibição do filme 23h00: debate

(moderação de Sandra Monteiro, Le Monde diplomatique – edição portuguesa)



23 de Janeiro:
«O trabalho de memória e os traumatismos do pós-guerra»
com Afonso Albuquerque (psiquiatra), António Louçã (historiador e jornalista)
e Armindo Roque (Associação Apoiar)



30 de Janeiro:
«A utilização do cinema de animação»
com Regina Pessoa (realizadora), outros nomes a confirmar

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A valsa do terror
por José Goulão *

As mais genuínas representações da tragédia da guerra são proporcionadas por quem nela alguma vez esteve envolvido. Por isso, a Valsa com Bechir composta pelo realizador e ex-soldado israelita Ari Folman é um hino que alarma as nossas consciências perante a diplomacia do canhão eleita como um culto dos nossos dias.

O leitor terá encontrado nestas palavras de introdução uma sequência de contra-sensos que podem deixá-lo intrigado. Valsa não condiz com a guerra, é obra de músico romântico e não de realizador de cinema com passado militar; a diplomacia deve estar associada à arte de pelejar com a palavra; o hino é um género musical que não se dançava nos aristocráticos salões de Viena e que, além disso, é criado para empolgar, não para alarmar.

São contra-sensos aparentes; a guerra, ao invés, é um contra-senso real e Ari Folman, porque rodopiou nos seus turbilhões sangrentos e captou com sensibilidade crua a degeneração dos seres humanos que a cultivam e levam outros a envolver-se, está na situação ideal para a desmitificar.

Valsa com Bechir, porém, não é uma mensagem, um panfleto, uma arma política, um exercício demagógico. É tão-somente uma obra de arte colocada à mercê dos nossos sentimentos, juízos e sentido crítico, das nossas reflexões e elaborações. É um filme de uma honestidade à prova de bala.

Um dia, entre algumas cervejas num bar de Telavive, um antigo companheiro de armas confidenciou a Ari Folman a recorrência dos seus sonhos envolvendo exactamente 26 cães ferozes. Penetramos assim na invasão israelita do Líbano em 1982 e avançamos através dela, a caminho de Beirute, ao mesmo tempo que Folman vai reconstruindo o puzzle do seu envolvimento nessa guerra através de entrevistas com outros antigos militares – sete verdadeiros e dois de ficção. Nenhum deles, incluindo o cineasta, se lembrava desse episódio das suas existências: o guião é o encontro doloroso de cada um com a memória crua da guerra; e os 26 cães do sonho de Boaz, que naquele tempo alertavam os aldeões do Sul do Líbano para a chegada dos militares invasores, foram abatidos um a um pela arma certeira e sem oposição do soldado, transformando-se depois em assombrações para o resto da sua vida.

Ari Folman escolheu a animação para transmitir o ambiente onírico, em registo de pesadelo, em que se desenvolve todo o filme. A reconstrução dos cenários e ambientes de Beirute naquele escaldante Agosto é de um rigor quase compulsivo; as cores sombrias fazem-nos flutuar entre o sonho e a realidade; os retratos das personagens aproximam-se do realismo e da dureza tão reais e brutais como a guerra, explodindo por fim nas imagens verdadeiras que fecham a acção; a banda sonora é preciosa, desde o Enola Gay – «ontem devias ter ficado em casa» – com que os Orchestral Manoeuvres in the Dark nos instalam nos anos oitenta com as imagens revoltantes de Hiroxima, às baladas de fanfarronice desatoladas dos pântanos do Vietname para ritmar agora as andanças cruéis do Exército de Israel.

A Valsa com Bechir conduz-nos através do outro lado da propaganda oficial israelita perante a guerra. Para enquadrar o filme no tempo poderá recordar-se que Bechir, o nome associado ao título e cujo retrato afixado nas paredes de Beirute pontua a cena mais simbólica da acção, é Bechir Gemayel, então presidente eleito do Líbano numa votação em que o quórum parlamentar foi alcançado através de sequestros de deputados cometidos pelas milícias falangistas cristãs do Líbano, aliadas de Israel. Bechir tinha sólidos contactos com as mais altas instâncias israelitas e a sua «eleição» foi festejada com solene jantar pelos serviços secretos de Israel (Mossad) porque pela primeira vez «um dos seus» tinha chegado a tão elevada posição num país árabe. Projectava-se, a curto prazo, uma aliança entre o Líbano e Israel que iria alterar profundamente as relações de forças no Médio Oriente quando Bechir foi morto na sequência de um atentado bombista contra o quartel-general do seu partido. Responsabilizando os palestinianos pela operação, as milícias falangistas, apoiadas e protegidas pelo exército israelita, dedicaram-se então, durante três dias de Setembro, à chacina sistemática da população desprotegida dos campos de refugiados de Sabra e Chatila, nos subúrbios de Beirute Ocidental. O massacre foi possível porque as forças armadas palestinianas – que tinham defendido Beirute Ocidental dos invasores juntamente com as resistências civis libanesa e palestiniana – já tinham abandonado o Líbano mercê de um acordo internacional alcançado por um negociador norte-americano, Philip Habib, segundo o qual a operação seria fiscalizada por forças internacionais de interposição. Estas saíram do terreno antes do prazo estipulado e logo que o último soldado palestiniano embarcou as tropas de Israel fizeram o que lhes estava vedado pelo acordo: entrar em Beirute Ocidental. É neste contexto que se realiza a chacina dos refugiados palestinianos de Sabra e Chatila. Ari Folman e os seus companheiros de armas estavam entre os soldados israelitas que montaram guarda, testemunharam e até iluminaram, porque nem a noite travou os carniceiros, o assassínio a sangue frio de centenas e centenas de seres humanos indefesos. A Mossad e a Central Intelligence Agency (CIA) sabiam, porém, que o atentado contra Bechir Gemayel fora cometido por sectores ligados aos serviços secretos sírios e não por palestinianos.

O filme A Valsa com Bechir incide sobre acontecimentos de 1982 mas tem uma actualidade gritante. Começou a nascer nos tempos do grande fracasso militar israelita de 2006, também no Líbano, exibe-se em Lisboa e corre mundo enquanto este assiste à tragédia de Gaza. É, afinal, um filme sobre 30 anos de guerra e que, olhado com a atenção que requer, transporta um conjunto de importantes certezas: não há uma solução militar para o conflito entre Israel e os palestinianos; as principais vítimas das operações militares israelitas são sempre os civis – em Gaza ou Jenine, como em Sabra e Chatila –; as instâncias mundiais com poder de decisão têm sido de uma ineficácia absoluta pelos sucessivos ciclos de violência e correspondentes tragédias humanitárias; e a geração israelita seguinte à de Ari Folman e seus companheiros de armas será igualmente afectada pelo stress pós-traumático e outros graves distúrbios de guerra.

* Jornalista.

We Will Not Go Down - Song for Gaza (uma canção por Gaza)




We Will Not Go Down : Song for Gaza

A blinding flash of white light
Lit up the sky over Gaza tonight
People running for cover
Not knowing whether they’re dead or alive
They came with their tanks and their planes
With ravaging fiery flames
And nothing remains
Just a voice rising up in the smoky haze
We will not go down
In the night, without a fight
You can burn up our mosques and our homes and our schools
But our spirit will never die
We will not go down
In Gaza tonight

Women and children alike
Murdered and massacred night after night
While the so-called leaders of countries afar
Debated on who’s wrong or right
But their powerless words were in vain
And the bombs fell down like acid rain
But through the tears and the blood and the pain
You can still hear that voice through the smoky haze
We will not go down
In the night, without a fight
You can burn up our mosques and our homes and our schools
But our spirit will never die
We will not go down
In Gaza tonight
We will not go down


In the night, without a fight
You can burn up our mosques and our homes and our schools
But our spirit will never die
We will not go down
In the night, without a fight
We will not go down
In Gaza tonight

Kino - Mostra de Cinema de Expressão Alemã (de 21 a 29 de Jan. no cinema São Jorge)


KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã

Depois de ter dado os seus primeiros passos em 2004, a Mostra de Cinema de Expressão Alemã de Lisboa cresceu e teve, no ano passado, o seu baptismo de fogo no esplêndido Cinema São Jorge, onde contou com mais de 1000 espectadores. Entretanto, conquistou já um lugar indelével na agenda cinematográfica da cidade de Lisboa: é sempre antes do arranque do Festival Internacional de Cinema de Berlim que é possível ver em Lisboa as mais importantes obras da actual produção cinematográfica de língua alemã.


A abertura da KINO conta, este ano, com a presença de Caroline Link que apresentará pessoalmente o seu mais recente filme, “Im Winter ein Jahr” (Um ano no Inverno). Há anos atrás, a realizadora lamentou que os filmes na Alemanha eram demasiado enfadonhos. “Mas isso realmente já não é o caso”, afirma hoje a realizadora com 44 anos de idade. Na verdade, essa mudança também se deve ao trabalho que Caroline Link, oriunda de Munique, tem vindo a empreender. Os seus filmes tornaram-se sucessos mundiais e a sua última obra, “Lugar Nenhum na África”, foi galardoada com o Óscar para Melhor Filme Estrangeiro.


A selecção dos filmes para a KINO foi feita a pensar tanto nos cinéfilos que pretendem alargar os seus conhecimentos sobre o actual panorama cinematográfico alemão como no público em geral que pretende ver cinema de qualidade. A programação deste ano guia-se assim por dois princípios: os filmes de longa-metragem, pretendem proporcionar a descoberta de algumas obras cativantes, sensíveis e muitas delas algo divertidas; a série de filmes documentários tenciona transmitir informações actuais e dar a conhecer de uma forma sensível fenómenos sociais e de relações inter-humanas. Um panorama retrospectivo muito especial será certamente o filme “Auge in Auge” (De Olhos nos Olhos) que, através de exemplos cinematográficos marcantes, apresenta a história de cem anos de cinema alemão, narrando, ao mesmo tempo, uma história de amor pelo Cinema.




Cinema e cineastas alemãos

“O cinema alemão – o que é realmente?” – a pergunta surge programaticamente logo no início de Auge in Auge – eine deutsche Filmgeschichte/ De Olhos nos Olhos- Uma História do Cinema Alemão de Michael Althen e Hans Helmut Prinzler. “Uma História”, note-se – “esta não é A história do cinema alemão, mas Uma história do cinema alemão”, lê-se na nota de intenções.
Mas uma vez que a pergunta é colocada e que em qualquer caso de história do cinema alemão se trata, vale a pena segui-la. Antologias de imagens e sequências dos primórdios aos nossos dias, Auge in Auge coloca em discurso sobre essa história, ou momentos dessa história, personalidades tão diversas como as dos realizadores Wim Wenders, Dominik Graf, Doris Dörrie, Caroline Link ou Christian Petzold, o argumentista Wolfgang Koolhaase, o director de fotografia Michael Ballhaus ou o actor Hans Zischler. Cada um comenta uma sequência de um filme dessa história que particularmente o marcou: assim Wenders fala de M de Lang, Petzold de Unter den Brücken / Sob as Pontes de Helmut Käutner e Balhaus de uma sequência de Martha de Fassbinder que ele próprio rodou.
Como pequena antologia, Auge in Auge – eine deutsche Filmgeschichte é precioso; não evita as imagens o período nazi e acolhe também outras, a seu tempo proibidas por outro poder totalitário, as do efémero vento de renovação na RDA dos anos 60, de filmes como Spur der Steine/Traços de Pedra de Frank Beyer. Diga-se mesmo que não é sem emoção que se vêm sequências como as do referido Unter den Brücken ou de Abschied von gestern de Alexander Kluge, ou quase fugazmente se entrevê uma cena de Berlin Chamissoplatz de Rudolf Thome.
Com esse procedimento de montagem, há resposta possível, e se sim qual, à pergunta “O cinema alemão – o que é realmente?”


Mais que a síntese importa também a historicidade, e sabemos todos que o cinema alemão foi sobretudo e sobremaneira importante entre 1919 e 1933, e depois, na sequência do Manifesto de Oberhausen (1962), no período do “jovem cinema”, do “junge deutsche Kino”, de facto aberto com Abschied von gestern (1966) e que teve o seu momento simbólico formal, tão importante como o exílio de Fritz Lang em 1933, com a morte de Rainer Werner Fassbinder em 1982.
Contudo, o facto de autores mais recentes como os citados Graf, Dörrie, Link ou Petzold, de resto entre si substancialmente diferentes, comentarem o passado, é um indício não tanto de uma continuidade mas de que “um cinema alemão existe realmente”. Os sucessos internacionais de Goodbye Lenin! de Wolfgang Becker e de A Vida dos Outros de Florian Henckel von Donnersmarck são sintomáticos do interesse por uma História ainda recente, enquanto noutro quadrante, mais eminentemente cinéfilo, tem sido destacada a “nova escola de Berlim”, com autores como Petzold, Thomas Arslan, Ângela Schanelec, Christophe Hochhäusler, Valeska Grisebach, ou outros próximos, como Maria Speth, Stefan Hayn ou Romuald Karmakar.
Que alguns filmes desses autores, como Madonas de Maria Speth e Yella de Christian Petzold tenham tido estreia comercial em Portugal, para passarem fugazmente pelos ecrãs, é sintoma de um quadro de recepção crítica desfasado, o que sem dúvida indicia muito da falta de curiosidade dos próprios críticos, mas também de um elo demasiado distante do público português com o cinema alemão.
“O cinema alemão – o que é realmente”. È o que são os filmes alemães, e os filmes alemães do presente, e nesse sentido também aqueles apresentados neste festival.
Augusto M. Seabra





Calendário



21.01.2009
No Inverno um Ano (Im Winter ein Jahr)
um filme de Caroline Link
com presença da realizadora
no Cinema São Jorge


22.01.2009
Luta de Classes (Klassenkampf)
um filme de Uli Kick
22.01.2009
O Estranho que há em Mim (Das Fremde in mir)
um filme de Emily Atef

23.01.2009
O Coração de Jenin (Das Herz von Jenin)
um filme de Marcus Vetter / Leon Geller

23.01.2009
No Final Chegam os Turistas (Am Ende kommen Touristen)
um filme de Robert Thalheim

24.01.2009
De Olhos nos Olhos – Uma História do Filme Alemão (Auge in Auge)
um filme de Michael Althen/Hans Helmut Prinzler

24.01.2009
Flores de Cerejeira – Hanami (Kirschblüten – Hanami)
um filme de Doris Dörrie

24.01.2009
Absurdistão (Absurdistan)
um filme de Veit Helmer

25.01.2009
Deixem em Paz a Mississipi (Hände weg von Mississipi)
um filme de Detlef Buck

25.01.2009
Depois da Música (Nach der Musik)
um filme de Igor Heitzmann

25.01.2009
Vitus
um filme de Fredi Murer
26.01.2009
Full Metal Village
um filme de Sung-Hyung Cho

26.01.2009
O Nono Dia (Der Neunte Tag)
um filme de Volker Schlöndorff
27.01.2009
De um que partiu... (Von einem der auszog...)
um filme de Marcel Wehn

27.01.2009
Março (März)
um filme de Klaus Händl
28.01.2009
A Piscina das Princesas (Prinzessinnenbad)
um filme de Bettina Blümner

28.01.2009
A Menina (Das Fräulein)
um filme de Andrea Štaka

29.01.2009
Sonbol
um filme de Niko Apel

29.01.2009
Vingança (Revanche)
um filme de Götz Spielmann Cinema São Jorge


Proteste para defender a democracia (ainda a propósito da violência policial contra os peões na zona pedonal de Almada)


PROTESTE PARA DEFENDER A DEMOCRACIA EM PORTUGAL


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Apelo aos que estiveram na zona pedonal de Almada 16 de janeiro


Segue um apelo para recolher registos, testemunhos e queixas.

Como já devem saber a polícia tratou de apagar fotos e filmes e/ou confiscar cameras. Por isso há poucos registos do incidente. Quem tiver fotos ou filmes do período da festa pedonal e da violência e confusão que lhe sucederam, por favor partilhem-nos!


Publiquem nos blogs ou enviem para a imprensa,


Quem testemunhou os acontecimentos, por favor conte-nos o que viu, anonimamente ou não, faça comentários em blogs ou artigos ou mande um email!

Ainda pode ajudar da seguinte maneira:

- Participar o incidente à IGAI - Inspecção geral da Administração Interna: geral@igai.pt
- Participar o incidente à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias
- Se tiver ficado lesado de alguma maneira (perdeu camera, fotos, ficou ferido): pode apresentar queixa em qualquer esquadra da PSP