Uma reprimenda do pai. Uma chamada de atenção da professora ou do patrão. Uma pergunta incómoda. Ainda me amas? Tiveste saudades minhas? Estás sozinho? Inventamos constantemente palavras para esconder o que desejamos realmente dizer. Mantemos escondido um eu que não queremos apresentar a ninguém. Guardamos no armário uma personalidade para cada dia da semana que vestimos para poder sair de casa. Desenvolvemos a arte da invisibilidade: não vermos os outros e não sermos vistos. Recuperados conta-nos as palavras que são caladas antes de serem ditas. Mostra-nos os fantasmas que dormem à porta da nossa casa, homens e mulheres que se suicidam em vida, os invisíveis que viajam connosco nos autocarros, que estão ao nosso lado no balcão de um café e que passam por nós na rua. Mostra-nos que na realidade estamos todos sozinhos. Que atravessamos a vida com os ombros encolhidos. Recuperados é o espaço onde podemos ouvir as palavras que ficam por dizer. Onde vemos as pessoas que não queremos ver e que nunca querem ser vistas. Pessoas feitas de sombras, leves como o ar, transparentes e reais.
Encenação: António Júlio
Assistência de Encenação: Loreto Martínez Troncoso
Dramaturgia: António Júlio, Loreto Martínez Troncoso
Banda Sonora: Miaketak
Cenografia e figurinos: Rute Moreda
Desenho de Luz: José Nuno Lima
Textos: António Silva, Cristina Teiga, Daniel Viana, Eduarda Mano, Helena Marinho, Milene Silva, Miguel Lemos, Nuno Matos
Interpretação: António Silva, Daniel Viana, Eduarda Mano, Helena Marinho, Milene Silva, Miguel Lemos, Nuno Matos
Operação de Luz: Silvana Alves
Montagem de Luz: Eduardo Abdala
Direcção Técnica: Manuel Pereira
Produção: Gonçalo Gregório, Joana Martinho
Design Gráfico: Emanuel Santos