23.1.09

Recordar Charles Darwin no ano de 2009, quando passam 200 anos do seu nascimento


Charles Robert Darwin (Shrewsbury, 12 de Fevereiro de 1809 — Downe, Kent, 19 de Abril de 1882) foi um naturalista britânico que se tornou célebre por defender a ideia da evolução para explicar a vida animal e , com isso, marcou decisivamente todo o ambiente do século XIX ao influenciar muitos outros autores através da sua concepção evolucionista ( historicista, para alguns) da vida em geral. Defendeu também que a evolução das espécies se fazia por selecção natural, dando origem a não poucos debates sobre a concepção darwinista, segundo a qual sobrevivem aqueles que se mostrarem mais apetrechados ( os mais fortes, segundo certas interpretações) para a reprodução futura da espécie.

Outra faceta de Charles Darwin são as suas observações naturalistas, vividas na natureza, sendo de destacar a viagem que realiaou a bordo do navio Beagle, e que deu origem ao livro «A Viagem do Beagle», publicado em 1839, constituído por um Diário e Anotações redigidas por altura da segunda expedição que teve início a 27 de Dezembro de 1831, só regressando cinco anos depois, a 2 de Outubro de 1836, tempo durante o qual Darwin realizou inúmeras explorações, gastando a maior parte do tempo em observações em terra.

Esta obra, conhecida como Diário de Pesquisas de Darwin é um relato riquíssimo das memórias da viagem e também um detalhado diário científico de campo cobrindo áreas da biologia, geologia, e antropologia e que demonstra o grande poder observacional de Darwin, escrito num período onde os europeus ocidentais ainda estavam descobrindo e explorando muito do resto do mundo. Embora Darwin tenha revisitado alguns lugares durante a expedição, para um melhor entendimento, os capítulos do livro estão ordenados por referências a lugares e locações ao invés de uma organização cronológica. Embora com compreensão tardia, Darwin iria posteriormente utilizar várias das ideias que são indicadas no livro para o desenvolvimento da sua Teoria da Evolução




COMO NOS TORNÁMOS HUMANOS (resumo da conferência da Dra Eugénia Cunha, realizada no passado dia 21 de Janeiro)
"Esta pergunta recorrente que se coloca desde sempre, vai buscar respostas a várias ciências e permanece um dos maiores desafios da antropologia e da biologia. Leva-nos a uma inevitável e fascinante viagem ao nosso interior e no tempo porque o entendimento de onde viemos elucida também sobre para onde vamos. E no exercício de mergulhar no passado, há que recuar até há cerca de 7 milhões de anos para encontrar os mais prováveis candidatos a primeiros hominídeos.
Desde eles até ao presente, passamos por uma cadeia impressionante de antepassados, directos e indirectos, que vamos colocando na nossa árvore evolutiva, densamente ramificada mas da qual só conhecemos uma parte dos inquilinos. Falaremos de alguns deles, onde, como surgiram e como se relacionam connosco. As peças do puzzle vão surgindo com as novas descobertas e com a reavaliação de outras. Cada uma dessas peças conta-nos uma história. Mas cada vez mais, não são só os fósseis que permitem reconstruir a nossa história natural. O acesso ao nosso genoma e ao de alguns dos outros primatas levou-nos para uma nova era em que se procura identificar os genes e as alterações genéticas que nos tornaram únicos.
A nossa singularidade remete-nos inevitavelmente para o órgão mais complexo do universo, o nosso cérebro. Recentemente, foi sugerido que um determinado gene, o HAR1F, possa vir a ajudar a perceber porque somos os mais encefalizados de todos os primatas. Mas temos que reconhecer que somos muito mais do que genes. A velha máxima “ somos aquilo que comemos” continua válida e o segredo do aumento do nosso cérebro, um autêntico devorador energético, parece ter sido contrabalançado por uma concomitante redução do aparelho gastrointestinal viabilizada por uma mudança na dieta. A incorporação de mais carne na dieta terá facilitado o crescimento cerebral. A hipótese ETH- Expensive- tissue hypothesis é aqui cruzada com o aumento do período de gestação, com a prematuridade do recém-nascido humano e com o crescente investimento parental por parte dos humanos como uma explicação possível para o facto de o nosso cérebro ser três vezes maior do que aquilo que seria de esperar. Mas este não é o nosso único traço distintivo.
O bipedismo e a nossa linguagem têm sido cruciais para termos chegado onde hoje estamos. A chave está no cruzamento de todos estes traços distintivos, dos genes a eles subjacentes e na sua correcta contextualização ecológica. Sabendo que a evolução não é gratuita e que só quando os benefícios de uma dada mudança evolutiva superam os custos é que o processo avança, é um desafio destrinçar as cada vez mais peças chave deste intrincado ser que somos com a certeza de que muitas das questões só serão respondidas ao longo do próximo século, quiçá, no próximo grande aniversário de Darwin que, acredito, continuaria a dizer” Light will be thrown on the origin of man and history”."


Sobre Darwin
http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Darwin
http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Viagem_do_Beagle
http://en.wikipedia.org/wiki/Charles_Darwin

http://www.guardian.co.uk/science/charles-darwin
http://www.darwin-online.org.uk/
http://www.darwinproject.ac.uk/
http://www.thebeagleproject.com/

Museus de História Natural
http://www.mnhn.ul.pt/
http://www.nhm.ac.uk/index.html
http://www.nhm.ac.uk/visit-us/whats-on/darwin/index.html
http://www.amnh.org/
http://www.museum.hu-berlin.de/index_english.html

O Legado de Darwin parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5




Vão decorrer nos próximos meses de Fevereiro a Maio diversas conferências intituladas "Darwin's Evolution", promovidas e realizadas sob os auspícios da Fundação Gulbenkian, para assinalar os 200 anos de Darwin e os 150 anos da edição da sua obra Maios, «A Origem das Espécies». O programa das Conferências é o que se segue:

13-Fevereiro Niles Eldredge, American Museum of Natural History US
Darwin: Discovering the Tree of Life

25-Fevereiro John Parker, Cambridge Univ UK
The Cambridge years: Henslows legacy, Darwin's inheritance

11-Março Olivia Judson, Imperial Colege UK
Glad to have evolved

25-Março Pietro Corsi, Oxford Univ UK
Just Before Darwin: the question of species during the 1850's

08-Abrl Lynn Margulis, Univ Massachussets US
Evolution on a Gaia Planet: Darwin's legacy

29-Abril Mark Stoneking, Max-Planck Inst. G
Human Evolution: The Molecular Perspective

13-Maio David Sloan-Wilson, Binghamton Univ. US
Evolution and Human Affairs

24-Maio Rosemary e Peter Grant, Princeton Univ. US
Evolution of Darwin's Finches

Ver o blogue de apoio às comemorações:

http://a-evolucao-de-darwin.weblog.com.pt/