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O papa Bento XVI, homem de fino trato e de ilimitado bom senso, para além de infalível, resolveu dizer na Alemanha que Maomé impôs o Islão a golpes de espada. Sua santidade não o disse directamente, limitou-se a citar um imperador bizantino. Numa altura em que Bush e seus sequazes querem convencer o mundo de que está em curso uma guerra religiosa e um choque de civilizações, o infalível chefe da Igreja de Roma deu uma ajuda aos falcões de Washington e incendiou o mundo islâmico, desde o Paquistão até Marrocos. Que os belicistas americanos queiram levar o terror a todo o mundo, compreende-se, eles precisam de vender armas e munições. Precisam de sacar petróleo a todo o custo para olearem bem as peças do american way of life. Mas Bento XVI, chefe de uma igreja que carrega às costas milhões de mortos em nome de Deus, podia estar discretamente calado ou a rezar baixinho. As vítimas das Cruzadas merecem o seu recato. As vítimas da Inquisição exigem o seu bom-senso. A escravatura, benzida pela sua Igreja e justificada pela dilatação da Fé em África, na Ásia e na América Latina é uma mancha tão vergonhosa da Humanidade que Bento XVI, antes de atirar pedras aos telhados dos outros, devia antes refazer o telhado esburacado da sua casa. No mínimo.