Um livro editado há alguns anos atrás, «Hiroshima in América; Fifty Years of Denial» de Robert Lifton e Greg Mitchell, mostra como o cinema norte-americano, que tem a sua capital em Hollywood, tentou sempre sonegar e manipular os acontecimentos relacionados com o lançamento da Bomba Atómica sobre Hiroxima em 1945.
Os filmes norte-americanos que foram objecto de pressões e censura foram «The Beginning or the End» ( dirigido por Norman Taurog, para a MGM), «Above and Beyond» ( de Norman Frank e Melvin Panamá, com data de 1953) e «Fat Man and Little Boy» ( de Roland Joffé).
As pressões sobre os responsáveis do primeiro filme foram tantas e tão fortes, a censura tão exigente, ao ponto de ter havido uma interferência directa da Casa Branca, que o filme – que pretendia ser uma abordagem sobre as consequências negativas do lançamento da bomba - acabou por mostrar o Presidente Truman, e o general Leslie Groves, responsável do Projecto Manhattan, não como os responsáveis de uma mortandade, mas os salvadores de meio milhão de americanos… O governo norte-americano foi mesmo ao ponto de exigir ao realizador a inclusão de falsidades no enredo cinematográfico como o lançamento antecipado de panfletos com avisos aos civis sobre os ataques dos bombardeiros, assim como mirabolantes ataques a partir do solo contra aqueles aeronaves que transportavam a bomba atómica.
O segundo pretendia contar a versão oficial do treino da tripulação do bombardeiro norte-americano cuja missão fora a de lançar a 1ª bomba atómica na história da Humanidade. Apesar de querer reproduzir a versão oficial do governo norte-americano, mesmo assim a produção e a realização do filme foi acompanhada de perto por mandatários governamentais que zelaram por o filme expor a sua versão.
Já o filme de Roland Joffé, feito há poucos anos, fala das reservas dos cientistas, entre eles a de robert Oppenheimer, sobre o uso da bomba atómica para fins militares contra o Japão.
O primeiro filme a colocar na tela a imagem do cogumelo atómico foi «First Yank in Tokyo», concluído em 1945.
Fora dos Estados Unidos não tem faltado filmes a tratar dos acontecimentos:
- do Japão são os filmes «Sinos de Nagasaki» e «Rapsódia em Agosto», ambos de Akira Kurosawa, e ainda o filme «Chuva Negra», de Shorei Imamura;
- da Grã-bretanha são os filmes «Fail-Safe» (1964) de Sydney Lumet, «War Game» (1967), semidocumentário de Peter Watkins, «Testament» (1983) de Lynne Littman, e «Desert Blom» (1986) de Eugene Corr;
- da França existe o clássico «Hiroxima, Meu amor» de Alain Resnais.
Mas a obra maior que constitui uma grande sátira antimilitarista e à bomba atómica lançada pelos norte-americanos é o filme imperdível de Stanley Kubrick, realizado na Inglaterra em 1964, «Dr. Strangelove or how a learned to stop worrying and Love the Bomb» ( na tradução portuguesa, «Doutor EstranhoAmor»)
Um filme que os militares, generais e soldados, assessores e informadores ao serviço da máquina da morte que é a guerra, deviam ver para se envergonharem…antes de atingirem a reforma e os remorsos comecem a pesar na consciência