7.7.07

Biketour 2007 já está na estrada...

Últimas notícias:
Hoje e neste fim de semana o Ecotopia Biketour estará no Tua!
Em Mirandela no dia 7 decorrerá pelas 16h. junto à estação de caminho-de-ferro uma conferência de imprensa, a realizar em colaboração com o Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT) e o grupo partirá depois para Brunheda, Caldas de Carlão, Franzilhal e Amieiro, onde pernoitará e serão apresentados alguns filmes sobre actividades já desenvolvidas e sobre a Ecotopia.
No domingo também pode juntar-se ao grupo e ao MCLT no passeio de dia 8, do Amieiro ao Tua em bicicleta!
Apareçam.


O Ecotopia Biketour é um projecto para tod@s @s interessad@s em ecologia, ambientalismo, cultura, natureza, vida comunitária faça-você-mesmo "diy" , e na arte de viajar sem motores - exactamente o oposto das viagens pacote até à praia.
Movimentando todas as nossas coisas com a energia muscular, nós vamos criar uma comunidade móvil ecológica construindo ligações fortes entres os participantes vindos de diversos cenários e organizações como também entre eles e os nossos anfitriões.



No Verão de 2007 vamos pedalar em Espanha e Portugal.
Vamos começar em Barcelona dia 1 de Junho, e chegaremos ao Ecotopia em Aljezur, Portugal no princípio de Agosto e depois talvez pedalemos um pouco mais, continuando para Africa ou voltando para norte...
Visitaremos locais interessantes pelo nosso trajecto: alternativos, ecológicos, projectos artistícos e comunidades, monumentos naturais e pessoas que os preservam ou resistem à sua destruição. Queremos ficar por alguns dias para haver tempo de trocar conhecimentos com os residentes e preparar algumas acções.
Se tem contactos ou ideias pela zona do nosso trajecto, por onde viajar ou quem visitar, não hesite em contactar-nos!


O biketour do ecotopia é uma eco-comunidade móvel activista a caminho do ou desde o Ecotopia. Cerca de 10 a 50 ciclistas de origens diferentes - nacionalidade, idade, idioma, experiência - pedalam juntos para o Ecotopia, fazendo acções durante o caminho e encontrando-se com pessoas e associações que se preocupam com as questões ambientais.
Carregam todo o seu equipamento para acampar e cozinhar nas suas bicicletas e atrelados.
É uma excursão muito espontânea e diversificada, constantemente mudando de lugares para dormir, composição do grupo e qualidade da comida, mas com algumas coisas comuns como: tomadas de decisão baseadas no consenso, todas as tarefas divididas entre os participantes, um lugar diferente onde dormir em cada noite e pequeno almoço, almoço e jantar por uma taxa da participação calculado em ecos e colectado no sigmund, o nosso chapéu mágico.

1:) lugares de dormida
O lugar básico de dormida de BT inclui algum espaço para tendas. Porque nada mais é na realidade necessário, a experiência ensinou-nos que podemos organizar os nossos lugares de dormida ao longo da excursão, durante o próprio dia. Isto pode ser agradável - reforçando o sentimento de grupo quando as pessoas trabalham juntas para encontrar um sítio onde dormir.
As características básicas que não devem faltar em qualquer lugar organizado de dormida são água potável, um lugar para cozinhar com fogo e madeira acessível (ponto a reavaliar).
São apreciados também pelos participantes os chuveiros quentes/sauna, um lago/lugar para nadar, casas-de-banho, um tecto, um quarto para pequeno-almoço, uma cozinha equipada para grupos grandes, alguns contactos e partilha com a população local, uma acção, acesso Internet, informação sobre os arredores - lojas de bicicleta, mercados (tradicionais), onde encontrar produtos dos agricultores locais, algumas armadilhas para turistas ;)…
Um outro tipo de lugar para dormir são escolas e salões desportivos, que têm algumas das condições necessárias para receber o BT. Certifiquem-se contudo que existe sítio para cozinhar!
Nós tentamos não pagar pelos lugares para dormir ou então que se obtenham grandes reduções, dado que somos muitas vezes um "ecotopoor" com participantes da Europa Oriental. 2 euro/pessoa/noite parece um preço razoável. Excepto quando decidimos apoiar o projecto onde estamos hospedados - nesse caso gostamos de pagar mais ~ se tivermos recursos para tal.

2:) alimentação
Os alimentos são sempre que possível comprados em mercados locais ou em agricultores perto de onde passamos, o mais "eco" e biológico possível, e cozinhamos numa fogueira, se não tivermos acesso a uma cozinha grande. Nada é necessário organizar para a alimentação, a não ser quando um grupo local pedir de antemão doações para a refeição (preparadas por eles)…

3:) registo
As pessoas chegam e partem do biketour. Somente alguns deles se registam, e somente alguns registados de facto vêm. Os planos mudam… é difícil prever um número aproximado confiável - 10 a 50 pessoas em simultâneo é uma boa aproximação.

4:) rota
Preferimos estradas de asfalto tranquilas com um cenário bonito, ligeiramente a descer, fazendo 50 quilómetros por dia em média. E tomem isto a sério! Um dia com 30 quilómetros é muito agradável para "engonhar" e apreciar os lados de não pedalanço da vida. O ideal é fazer menos em dias de acções e nada nos dias de descanso, os quais devem existir 2 vezes por semana. Não é que o BT não possa fazer mais, pois estimular as pessoas a ultrapassar os seus limites às vezes é bom, mas um ritmo lento dá mais tempo para as coisas agradáveis do biketour, as pausas e os seminários e um retrato mais profundo dos lugares por onde se passa. Se não puder encontrar um lugar para dormir cobrindo esse furo de 90km entre aqueles 2 locais muito interessantes, o melhor é deixar em aberto para que o grupo encontre um. Se os participantes quiserem pedalar mais, são sempre bem-vindos fazendo-o por sua própria conta.

5:) consenso
Parte importante do BT é aprender e experimentar o processo de tomadas de decisão baseadas no consenso. Desde há anos que o fazemos, e pensamos que todas as decisões deveriam ser baseadas no consenso. Mas também se sabe que nenhum de nós aprendeu isto na escola e que existem determinadas qualidades humanas que se evidenciam mais nuns que noutros, em que teremos sempre alguns responsáveis pelas decisões e outros que se sentarão nos círculos sem participar. As barreiras culturais e de idioma, comportamento de grupo, comportamentos específicos consoante o sexo, pessoas altamente motivadas ou muito preguiçosas, e a estrutura constantemente em mudança do grupo serão resistências às nossas tentativas, mas pensamos que é importante treinar as nossas habilidades de comunicação e de tomada de decisão, sendo pacientes durante círculos longos pelas manhãs, testando novas estruturas e a experimentando tudo o que possa ser viver uma alternativa ao que os governos apresentam como democracia.

6:) participação local
Uma interacção entre os participantes do BT e a população local é sempre desejada. Bons locais de passagem são organizados pelos grupos locais que necessitam de ajuda com alguma campanha ou acção, ou querem promover os seus projectos. A possibilidade de nos apresentarmos é sempre apreciada, e festas/concertos/dança fazem sempre as pessoas felizes. Mas é preciso ter em conta que o BT tem uma dinâmica muito espontânea e imprevisível, sendo famoso pela sua habilidade em chegar atrasado. As pessoas locais serão muito bem vindas, em especial se se juntarem a nós por alguns dias, ou pelo menos ao nosso círculo ou a um café/bar. Para ter uma integração mais local durante a excursão é também importante ter uma divulgação nacional, para que haja participantes que falem a língua local durante a excursão.

7:) comunidade de organizadores
Nos anos recentes tem havido um coordenador internacional que deve ter uma visão geral do projecto. Este ano ninguém esteve disposto a fazer essa tarefa (por motivos vários), e assim ficou a cargo da RODA. Este é um corpo que se encontra de duas em duas semanas através do skype, um forum para trocar experiência e questões entre todas as partes activas.
Depois existem as equipas nacionais com o respectivo coordenador nacional, às vezes mais do que um em países grandes. Estes trabalham nas suas rotas e questões nacionais, mas também envolvendo-se nas questões internacionais comuns. E depois há alguns veteranos, que ajudam a organizar ou a quem se pode pelo menos pedir conselhos.
É muito interessante; há uma comunidade "biketour" internacional forte. É certo que não é assim tão visível através da Internet, pois trabalha mais com conhecimento pessoal. Algumas pessoas gostam mais de pedalar do que dactilografar. Mas nós temos 15 anos do história e muitas pessoas têm sido entusiásticas sobre o BT durante todo este tempo. É o começo a uma amizade agradável, e poderão viajar pelos BT-couches da Europa e mundo.

8:) dinheiro
Por vezes temos sorte com os financiamentos, mas geralmente andamos a contar os tostões. Pedimos entrada livre ou redução de preço em muitos sítios, porque somos um grupo internacional grande, muitas vezes com europeus de leste com fracos recursos e tentamos ter apenas o essencial e de forma barata ou grátis. Por outro lado existem projectos realmente agradáveis nos nossos trajectos e queremos que ganhem com a nossa estadia. Não apenas com o interesse mais elevado dos meios de comunicação, mas se possível deixando algum dinheiro. Mas ainda mais valiosos são a amizade e a inspiração trocados entre participantes e habitantes locais.

9:) conclusão
Há algo completamente mágico que acontece em volta do biketour, muita espontaneidade e algum caos, coisas que não funcionam, situações diferentes do esperado e muita improvisação. Mas estas ocasiões, esta parte não organizada em que as pessoas têm que lidar em grupo, será preenchida com minutos agradáveis e será o momento em que amizades crescem. Dê lugar à criatividade, o próprio BT implica muito tempo e energia dispendidos por dia, confie na habilidade do biketour de resolver as coisas por ele próprio:]


Vejam os 3 primeiros videos do Biketour de 2007

1º video





2º video



3º video

Movimento cívico pela Linha do Tua ( a defesa da linha do comboio ao longo do rio Tua)



O Movimento Cívico pela Linha do Tua nasceu em Outubro de 2006, numa reunião em Coimbra de gente de várias zonas do país; a preocupação fundamental deste grupo era e continua a ser a situação débil, incerta e preocupante em que se encontra o transporte ferroviário na região de Trás-os-Montes, particularmente a Linha do Tua.

Por se tratar de uma linha amplamente conhecida e que desperta até o interesse internacional, é objectivo do Movimento viver e divulgar a Linha do Tua e o seu potencial desaproveitado é a nossa missão

Defendemos:
• Reabertura imediata do troço Tua - Mirandela , na sua totalidade;
• A melhoria do transporte regional, pela adopção de horários compatíveis com as necessidades dos utilizadores e com a modularidade com outras linhas / transportes;
• A valorização do património ferroviário da Linha, enquanto memória do passado e ponte para o futuro;
• A criação de comboios históricos, incluindo-se nestes uma programação de animação cultural diversificada;
• A reabertura da linha entre Carvalhais e Bragança;
• O regresso de um clima de confiança, pela adopção de meios e práticas de segurança compatíveis com uma linha de montanha
.



Viagem entre Abreiro e a estação do Tua realizada em 1993







História da linha do comboio do Tua

1878 - Apresentação de dois projectos para a construção de uma linha de caminho de ferro pelo vale do Tua. Engenheiro João Dias (margem direita), e engenheiro António Pinheiro (margem esquerda)

22 de Junho de 1882 - Apresentação pela Câmara Municipal Mirandela à Câmara dos Pares do pedido de aprovação do projecto de lei para a subvenção de 135 contos de réis para cobrir a garantia de juro de 5% para a empresa que construísse a via. Tiveram o apoio de várias personalidades do Comércio do Porto, de entre as quais se destaca Clemente Meneres, considerado um dos pais da Linha do Tua, e personalidade das mais ligadas a esta linha.

11 de Janeiro de 1883 - A CM Mirandela apela a El Rei D. Luís I, juntamente com a Associação Comercial do Porto, para a aprovação do projecto de construção da Linha do Tua. Este grupo de pressão manteve o poder comercial da zona do Douro, contra o desejo de se desviar as principais rotas para a Linha da Beira Alta, potenciando o sucesso fundamental das Linhas do Douro e do Tua.

26 de Abril de 1883 - É lançado em Carta de Lei o concurso para a construção da via férrea do Vale do Tua, sendo o vencedor o mesmo grupo responsável pela construção da Linha do Dão, a 2ª Via Estreita do país, sendo a figura maior o Conde da Foz.

Dezembro de 1883 - O contrato é trespassado à Companhia Nacional, por inabilidade do anterior grupo para a execução do projecto.

26 de Maio de 1884 - Adjudica-se a obra à CN por decreto governamental.

30 de Junho de 1884 - Assinatura do contrato definitivo pela CN.

16 de Outubro de 1884 - Arranque das obras da via, em Mirandela. Depois de pouco tempo, o engenheiro é forçado a desistir, ao não revelar firmeza para a liderança da força de trabalho conflituosa, e ao mesmo tempo dirigir a obra, que revelava ser um desafio enorme. É substituído pelo açoreano Dinis da Mota, cuja assinatura passaria ainda pela Linha do Dão.

27 de Outubro de 1887 - Inauguração da Linha do Tua, entre o Tua e Mirandela, com a locomotiva Trás-os-Montes, tripulada pelo engenheiro Dinis da Mota. D. Luís I e o Príncipe Real compareceram às concorridas cerimónias na estação de Mirandela.

1899 - Reorganização dos Caminhos de Ferro em Portugal, e criação do Fundo Especial dos Caminhos de Ferro, que possibilitou um relembrar do reatamento das obras rumo a Bragança.

1901 - Uma firma inglesa mostra interesse em construir o troço Mirandela - Bragança, e ainda um ramal de ligação às minas de Vimioso, mas o processo não avança e cai rapidamente no esquecimento.

24 de Março de 1902 - É firmado um contrato provisório de construção com aquele que ficaria celebrizado numa estela na estação de Bragança, e com a avenida que começa neste edifício, como o "arrojado empreiteiro do caminho-de-ferro Mirandela-Bragança", João da Cruz.

20 de Julho de 1903 - A CN, depois de João da Cruz, pela dimensão da obra, lhe ter trespassado o contrato de construção, e depois de uma reunião promovida pela CM Bragança, onde figurou o incansável patrono da Linha do Tua Conselheiro Abílio Beça, relança a construção final da via para Bragança. João da Cruz será o engenheiro-chefe e empreiteiro da obra; virá a falir com este esforço.

02 de Agosto de 1905 - O Comboio chega ao Romeu.

15 de Outubro de 1905 - O Comboio chega a Macedo de Cavaleiros.

18 de Dezembro de 1905 - O Comboio chega a Sendas.

14 de Agosto de 1906 - O Comboio chega a Rossas.

01 de Dezembro de 1906 - O Comboio chega a Bragança. Bragança não é estação de topo, mas as obras acabam para não mais serem reatadas, de modo a levar a Linha do Tua até à Puebla de Sanábria [Espanha].

27 de Abril de 1910 - Morre na estação de Salsas o Conselheiro Abílio Beça, trucidado pelo comboio que tão incansavelmente tinha lutado para trazer à capital de distrito.

Década de 1940 - A Linha do Tua passa para a CP.

1992 - O troço entre Mirandela e Bragança é encerrado ao tráfego ferroviário.

28 de Julho de 1995 - Inauguração do Metro de Mirandela, a operar entre as estações de Mirandela e Carvalhais, no troço encerrado há 3 anos. Foi a primeira reabertura de linha a manter-se até aos nossos dias; O projecto prevê a exploração até ao Cachão.

2001 - Saem de circulação as locomotivas Alsthom e as carruagens "napolitanas", e o Metro de Mirandela (empresa municipal participada pela C.P., E.P.) passa a explorar toda a via, desde o Tua até Carvalhais. Mudança radical nos horários, e introdução, temporária, de autocarros de substituição. Início das obras de reconversão da estação de Bragança.

24 de Janeiro de 2004 - Inauguração da estação rodoviária de Bragança, no edifício da estação ferroviária e espaços adjacentes.


Consultar ainda:

Manifestação de 25.000 trabalhadores em Guimarães (vídeos)

Imagens de video da grande manifestação de trabalhadores em Guimarães a 5 de Julho de 2007, promovida pela CGTP, por ocasião da Cimeira Europeia de ministros dos governos da União Europeia aí realizada.

Foram mais de 25.000 trabalhadores contra a flexigurança...













5.7.07

Apresentação-debate do livro Futuro Primitivo de John Zerzan

Apresentação do livro "O Futuro Primitivo" de John Zerzan.

dia 6 de Julho sexta-feira 21:30 h

Local: Galeria Sargadelos Rua Mouzinho da Silveira, 294 Porto



Debate com Rui Pereira, António Alves da Silva, André Martins e António Luís Catarino

As ideias de John Zerzan situam-se na crítica à tecnologia e à cultura simbólica como origem da degenerescência da Humanidade que a iniciou com o advento da agricultura e da domesticação de toda a vida humana e da natureza. Rejeita, portanto, a divisão social e sexual do trabalho e o patriarcado, assim como a separa-ção entre a Natureza e a Cultura. Singular, na visão de Zerzan, é a síntese de várias correntes filosóficas que elabora na crítica à sociedade moderna e pós-moderna como suportes que fazem parte de um mundo que se encontra moribundo. As fontes teóricas do Primitivismo a que Zerzan dá voz vão desde Adorno, aos situacionistas, à antropologia, ao luddismo, à ecologia e ao feminismo, assim como às correntes igualitárias e anti-autoritárias americanas e europeias. O Futuro Primitivo é, para nós, a obra mais marcante de John Zerzan. Para além de reflectir uma revisitação teórica da Pré-História, ataca violentamente as ideias pre-concebidas da antroplogia oficial e dá-nos a possibilidade de encontrar uma ténue saída para a catástrofe iminente.
Deriva Editores

www.derivadaspalavras.blogspot.com

Curta-metragem portuguesa sobre a tortura de sono

A nossa fonte foi o excelente blogue O país do Burro : ver aqui

Fazer um filme em torno da tortura do sono é certamente uma tarefa espinhosa, mas foi a isso que José Barahona se lançou com a preciosa ajuda do escritor Mário de Carvalho. Recorde-se que a tortura do sono foi um dos métodos mais utilizados pela PIDE, a polícia política do Regime fascista de Salazar-Caetano para vergar e submeter os prisioneiros anti-fascistas.


«Repressão e tortura são assuntos de que todos ouvimos falar, mas só alguns portugueses, felizmente, o sentiram na pele. “Quem é Ricardo?”, uma curta-metragem de José Barahona (2004), retrata precisamente esse ambiente de detenção e tortura do preso político, uma das imagens de marca do Estado Novo, e um dos métodos mais utilizados pela PIDE, dos mais violentos, a tortura do sono.
Na fortíssima violência psicológica que atravessa todo o filme, destaco uma das cenas em que o personagem Engenheiro diz qualquer coisa como “A História há-de julgar-vos”.
Lembrar-se-ão, como eu, da recente eleição do “melhor português de sempre” e todos terão notado a presença na nossa sociedade de uma certa corrente revivalista e branqueadora do regime criminoso que vigorou em Portugal durante 48 anos, que o apelida de “a mais branda ditadura da Europa”. Aqui estão 35 minutos que mostram bem essa brandura, sem retratar as sequelas que a tortura do sono deixa para toda a vida.

Ficha técnica do filme «Quem é Ricardo» (Portugal, 2004)

Realizador: José Barahona
Intérpretes: Augusto Portela, Luís Mascarenhas, Quim Cachopo, João Didelet, Heitor Lourenço, João Miguel Rodrigues, André Gago, António Marques, Jorge Estreia.
Argumento: Mário de Carvalho
Fotografia: Leonardo Simões
Som: Quintino Bastos
Montagem: Isabel Antunes, José Barahona
Duração: 35 min.
Formato: Betacam
DigitalProdução: Cinequanon
Financiamentos: ICAM, RTP.


Festival internacional de gigantes (de 6 e 8 de Julho na Vila de Pinhal Novo, em Palmela)

«Esta é a Festa das Culturas, do teatro que, entre tradição e invenção, traz à rua a gente que, a um mesmo tempo, se espanta, mas também se reconhece.»


De 6 e 8 de Julho os Gigantes invadem a Vila de Pinhal Novo, naquela que será a 6ª edição do FIG. Promovido pela Câmara Municipal de Palmela, em conjunto com os parceiros Bardoada – O Grupo do Sarrafo, ATA – Acção Teatral Artimanha, Associação Juvenil COI e PIA – Projectos de Intervenção Artística, o Festival Internacional de Gigantes ocupa lugar de destaque no cartaz cultural da região e do país, ao reunir a cultura tradicional com a contemporaneidade, numa festa para todos os públicos.

Festival inédito de cruzamento entre as artes tradicionais e as expressões mais contemporâneas do teatro, da música e da dança. O FIG é espaço por excelência de divulgação da arte dos gigantones, na sua componente tradicional, e das figuras de grande proporção no universo do espectáculo.

Figuras míticas que, desde o século XIII, “povoam” a Península Ibérica, assumem o papel principal nesta celebração do teatro, das Culturas e também da Música. Chegam reinventados em mil formas - tantas quantas permite a imaginação - entre fogo, luz e cor.

São os cabeçudos, os gigantones, os zés pereiras das nossas aldeias, e com eles, as máscaras, os caretos, as marionetas e outras formas animadas, sempre ao som ritmado e ancestral de gaitas, bombos e outras percussões.

O FIG integra, como membro fundador, a Rede de Festivais de Cultura Popular – uma rede internacional, constituída em 2004 por festivais de Portugal, Espanha, Itália e Brasil. A Rede tem, como principais objectivos, a criação de um circuito de comunicação intercultural e de promoção das diferentes identidades regionais e nacionais, no respeito pelos valores da interculturalidade, da cidadania, da tolerância e da solidariedade.

http://www.festivalinternacionalgigantes.org/
http://www.festivalinternacionalgigantes.org/programa.htm

II Festival Voz de Mulher (5 a 8 de Julho no Teatro Aveirense)

Fátima Miranda vai estar em Aveiro
no II Festival Voz de Mulher

Este Festival tem como principais objectivos promover o papel da Mulher na música, centrado na Voz, criando momentos específicos de apresentação e desenvolvimento artísticos. O Festival pretende reunir Cantoras que usam a Voz como forma principal da sua expressão artística. Mulheres que tenham desenvolvido investigação e ou experimentação em torno da Voz, não só como fonte sonora do canto e da palavra, mas também como instrumento capaz de criar uma linguagem musical e artística própria.



O Festival reúne um conjunto diverso de actividades: Espectáculos, Workshops, Colóquios e uma Feira de Discos, visando atrair novos públicos, formar públicos profissionais e estudantis e incentivar novas abordagens no panorama musical português.



O programa integra três espectáculos na Sala Principal: Fátima Miranda, com “Diapasion”, dia 5 de Julho, Amélia Cuni, dia 7 de Julho, em duo com Werner Duran, apresenta-nos um espectáculo intitulado “Old Trends And NewTraditions In Indo-European Music”, às 21H30. A fechar este mesmo dia (7), Anna Kaisa Liedes e Kristiina Ilmonen, às 23H00.



Na Sala Estúdio, realizar-se-ão Workshops e Colóquios, orientados para um público profissional e estudantes da área do canto.



O Festival promove o desenvolvimento de investigação e experimentação para o público profissional e a participação de todos os públicos na celebração da Voz Feminina.


http://www.teatroaveirense.pt/



Fátima Miranda


Diz quem escuta este concerto de Fátima Miranda, «Diapasión», que a sua imaginação viaja para África, o Japão, a Índia, o mar, uma floresta, um templo, um mercado ou para um estúdio de música electro-acústica. Porque não? Todos temos de alguma forma uma memória inconsciente das músicas e dos sons do passado e de sensações a elas associadas, um armazém de tudo o que conhecemos, mas do qual não estamos conscientes. Uma escuta subtil ajuda ao aparecimento de sensações mais ou menos escondidas. Depois de muitos anos de investigação e estudo, Fátima Miranda desenvolveu um reportório totalmente pessoal e inovador.



A sua utilização da voz ultrapassa os limites do possível. Na sua obra, a voz é explorada através de todas as possibilidades de expressão cantada e falada, utilizando técnicas orientais e ocidentais ou da sua própria invenção, algumas delas multifónicas e cobrindo um registo de quatro oitavas, sem para isso se socorrer de qualquer manipulação electrónica. O seu virtuosismo, no entanto, não a leva a fazer alarde de efeitos fáceis ou gratuitos.



«Diapasión» é um concerto-performance em que a música e a voz são acompanhadas por uma importantíssima e refinada componente gestual (por vezes coreográfica), teatral (em certas ocasiões cheia de humor) e poética. As obras incluídas neste espectáculo apoiam-se em efeitos visuais, figurinos e elementos cenográficos mínimos, que atingem a sua sofisticação máxima na projecção de um vídeo com quatro caras enormes (da própria Fátima encarnando quatro personagens diferentes), que cantam sincronizadas entre si e em interacção com a Fátima que canta e dança ao vivo



http://www.fatima-miranda.com/finalok/idiom.html



4.7.07

Bom dia, preguiça! - o célebre livro de Corinne Maier

A arte e a necessidade de se fazer o menos possível na empresa

Vivemos um mundo em que se repete continuamente que o capital humano é o trunfo mais importante, mas as empresas "tratam os empregados como lenços de papel", lançam-nos fora e despedem-nos a qualquer momento !!!
Encontra-se no mercado português ( editado pela Pergaminho), e também brasileiro, um livro de leitura obrigatória que vendeu mais de 200.000 exemplares em França, desde que aí foi lançado em Abril de 2004, e que já foi publicado em muito mais do que 20 países e traduzido para muitas outras tantas línguas.

«Bom dia, preguiça» é o título desse pequeno livro e a sua autora é Corinne Maier que pretende com o seu breve texto desafiar os trabalhadores de todo o mundo a deixarem de ter escrúpulos em relação às empresas onde trabalham e começarem desde já a preguiçarem… Até porque a empresa que nos contrata não está tanto interessada nas nossas vidas mas, sobretudo, na nossa exploração. Daí que a autora proponha estratégias discretas e «invisíveis» para minar o sistema por dentro.

A ideia é aproveitarmo-nos das empresas, e não o contrário, pois o mais habitual é as empresas aproveitarem-se e apropriarem-se das nossas existências e recursos. Trabalhar sim, mas o mínimo posível. Os funcionários «perfeitos» são os mais cobardes e os mais obedientes, cumprem religiosamente as instruções e as ordens, características estas que não são nada abonatórias para a inteligência humana.


No livro conclui-se, por exemplo, que 17% dos assalariados estão activamente desligados do seu trabalho diário. Ou seja, adoptaram um atitude que roça a sabotagem. E apenas 3% dos assalariados é que se empenham seriamente – e ingenuamente – na actividade laboral para que foram contratados.


E com sarcasmo, que está presente ao longo de todo o livro, a autora remata: «As pessoas trabalham pelo dinheiro. Se trabalhar fosse bom, trabalharíamos de graça».


Trata-se, sem dúvida, de um livro imprescindível para perceber as novas relações no ambiente de trabalho onde a cretinice se casa com a hipocrisia geral, e como a gestão moderna não passa de um descomunal embuste para a qualidade de vida de um trabalhador que preze a sua existência.


Corinne Maier mostra como as empresas não se preocupam nem um pouco mais ou menos com os seus funcionários – a não ser na hora de sugá-los ao máximo. Por isso, o melhor que os funcionários têm a fazer é também não se esforçarem para a empresa em que trabalham. Postura que, segundo ela, já está a ser adoptada por um número crescente de trabalhadores activos e conscientes.

Na França (onde ela vive), por exemplo, apenas 3% dos empregados se mostram “motivados” no seu trabalho. Os demais precisam de constantes programas de motivação para darem força ao seu ânimo.


Os conselhos nada convencionais da autora recomendam que as pessoas não se esforcem. Caso mostrem empenho e esforço o mais provável é que não chegarão a lugar nenhum. Enganam-se aqueles que pensam que serão recompensados pela sua dedicação.

Economista, doutorada também em psicologia, a autora narra em "Bonjour paresse", num tom acerbo, os jogos de poder nas empresas, o vocabulário de "management" absconso, as incompetências dos colegas, a hipocrisia dos discursos. Neste panfleto anarquista, é recomendado fazer o menos possível porque o "cretino ao seu lado vai um dia destes substitui-lo".

Um excerto do livro:


" Você é um escravo dos tempos modernos. É inútil tentar mudar o sistema - isso só o torna mais forte (...) O trabalho que faz é inútil e você será um dia substituído um dia pelo cretino que trabalha na mesa ao lado - por isso trabalhe o menos possível e cultive uma rede de compadrios que o tornará intocável na próxima leva de despedimentos (...) Você não é julgado pelo seu mérito, mas pela sua aparência (...) Fale com linguagem tecnocrática: os outros vão pensar que você é inteligente (...) Não aceite posto de responsabilidade: vai ter de trabalhar mais, sem ganhar muito mais (...) Seja simpático com as pessoas com contratos a prazo - são as únicas que trabalham mesmo (...) Diga a si mesmo que este sistema absurdo não pode durar para sempre. Vai desabar como desabou o materialismo dialéctico do sistema comunista. Toda a questão é de saber quando".

A solução, para Corinne, seria escolher profissões “menos integradas ao jogo capitalista”. Foi o que ela fez: “Imitem-me, colegas assalariados, neo-escravos, pobres-diabos da terceirização”, conclama.


Enquanto essa mudança não acontecer, aconselha, as pessoas devem ficar no seu emprego – mas discretamente sem trabalhar! Esse comportamento, diz Corinne, será o mais eficaz para “minar o sistema, de dentro, sem dar na vista”.

Recorde-se que, quando o livro apareceu em França, a empresa onde a autora trabalhava como economista – a poderosa EDF, a principal companhia de electricidade francesa - não apreciou a obra e ameaçou-a de despedimento, facto que serviu para tornar ainda mais conhecido o livro e a ousada proposta de trabalhar cada vez menos dentro das empresas. Convocada para uma reunião com a direcção da empresa, a autora do «Bom dia, preguiça, portadora de uma licenciatura em economia e outra em psicologia, respondeu laconicamente, que não podia aparecer pois se encontrava de férias.

http://corinnemaier.blogs.nouvelobs.com/

http://corinnemaier.free.fr/accueil.html







O que é a exploração capitalista dos trabalhadores?


Os meios de comunicação só falam de «exploração» quando querem referir-se à «sobre-exploração». E se é verdade que todos somos explorados, não é menos justo denunciar em primeiro lugar a crescente sobre-exploração a que estão sujeitos um número cada vez maior de trabalhadores. Mas acontece que os meios de comunicação social esquecem ou ocultam deliberadamente a natureza do trabalho assalariado, e como esta condição salarial significa a exploração de uma classe social por outra classe social para quem os primeiros trabalham.

Pensemos num país de 20 milhões de trabalhadores. Se o dia de trabalho médio é de 1.800 horas em cada ano, tal quererá dizer que aquele conjunto de trabalhadores gastará cada ano 36.000 milhões de horas para produzir o valor do Rendimento Nacional, depois de descontado, bem entendido, os demais custos de produção ligados ao uso dos meios de produção ( custos pela compra e manutenção das máquinas, os custos das matérias-primas e da energia). Ora se esses trabalhadores assalariados consomem uma enorme quantidade de bens e serviços mas que só representa uma parte do que foi produzido, equivalente a 16.000 milhões de horas, isso quer dizer que as restantes 20.000 milhões de horas será o «sobre-trabalho», ou seja, aquela parte do trabalho realizado pelos assalariados para além do que é necessário para produzirem aquilo que consomem.

É esse sobre-trabalho que cria a mais-valia, em proveito dos capitalistas, o principal motivo de atracção dos empregadores para contrataren mão-de-obra assalariada.

O que chamamos, pois, taxa de mais valia, e que é o indicador numérico do grau de exploração do trabalho, consiste então na relação entre esse tal sobre-trabalho não pago e o trabalho pago com o salário ou, por outras palavras, é o quociente entre a receita total e a massa salarial.


Essa taxa cresce com o desenvolvimento económico gaças ao impulso da produtividade do trabalho. Como esta embaratece o valor de cada mercadoria, isso também se aplica naquela fracção da produção social que representa o conjunto dos salários no rendimento nacional. Ou seja, a exploração não pára de aumentar. Por exemplo, em Espanha era de 70% em 1954 e agora chega aos 100%.


A conclusão é clara: o trabalhador médio, que trabalhe oito horas por dia, cria em apenas 4 horas o valor correspondente ao seu salário. O resto do valor que produz no resto da sua jornada de trabalho diário vai para os bolsos do capitalista e corresponde à mais-valia.

Apesar de não ser muito evidente, uma vez que recebe o seu salário em dinheiro e não em mercadorias, o trabalhador assalariado é vítima de exploração económica e social porque para sobreviver (para receber o seu salário) tem de se sujeitar a trabalhar horas não-pagas para proveito e benefício do seu empregador.

É isso em que consiste a exploração social e económica dos trabalhadores numa economia capitalista.

Texto de Diego Guerrero ( professor de Economía) publicado no jornal Diagonal




Julho é o mês dos petiscos no Peixinho da Horta (R. do Almada, 555, Porto)


No mês de Julho o Peixinho da Horta – tasca de comida vegetariana - vai oferecer petiscos variados!
Vem conviver, comer e beber a partir das 19:00
no 555 da Rua do Almada. (Porto)

Abraços
www.peixinhodahorta.blog.pt

O Peixinho da Horta começou uma nova Batalha: o Peixinho da Horta começou também a servir Almoços no Disco Volante, no cinema Batalha. Podes aparecer das 12:00 ás 15:00.


3.7.07

As novas palavras do poder: para um abecedário crítico do jargão político-mediático



«As novas palavras do poder: um abecedário crítico» é um livro sob a coordenação de Pascal Durand, professor da Faculdade de letras e de Filosofia de Liège, ainda não editado em português, mas da maior pertinência tal é a necessidade de desmontarmos e dessacralizarmos a linguagem cifrada com a qual o poder dominante insidiosamente se mascara para melhor se impor e se auto-reproduzir.



«Governança», «empregabilidade», «adaptação», «flexisegurança», «reformas», «competitividade», «processo de Bolonha», «flexibilidade», «diálogo social», «Estado social activo, «mundo cada vez mais complexo», «modelo dinamarquês», «tolerância zero», «igualdade de oportunidades», «contratualização das escolas», «excelências», etc, etc, são algumas das palavras que os media não se cansam de repetir à exaustão num insistente esforço de matraqueagem com óbvios e inconfessados propósitos de incutir um pensamento e uma concepção que mais sirva os seus próprios interesses. Com efeito, não há dia que a televisão ou os jornais não usem este jargão obscuro e «santificado», nem que seja para transmitir a mais pequena e insignificante mensagem. Trata-se bem lá no fundo da nova linguagem do actual poder capitalista neo-liberal, de dimensão global, que assim vai colonizando os espíritos e as pessoas mais desprevenidas conforme a sua própria ideologia e concepção do mundo e da sociedade.

O livro de Pascal Durand mostra-se particularmente útil para descodificar criticamente este palavreado neo-liberal. Para tanto socorre-se de um leque de diversos autores, das mais variadas áreas científicas, que vão desmontando com rigor mas também alguma ironia cada uma das palavras usadas pelo Poder político, económico e financeiro.
Uma tarefa importantíssimia, sem dúvida, pois são essas palavras, as armas que permanentemente o poder se serve para «vender» a sua ideologia e impor os seus interesses. O livro oferece-se como um abecedário ideológico do pensamento dominante - que criou uma autêntica e interessada novlíngua de que Orwell já falava quando descrevia a sociedade totalitária - e que se insere na rica linhagem do «Dicionário das ideias recebidas» de um Flaubert, ou da exegese dos novos lugares comuns ensaiada por Jacques Ellul, tentativas de desminagem das ilusões e do obscurantismo que o poder instalado em cada época procura gerar para seu proveito próprio.

Morra o bispo e morra o papa ( poesia de Jorge de Sena)

Morra o bispo e morra o papa.
maila sua clerezia.
Ai rosas de leite e sangue.
que só a terra bebia!
Morram frades, morram freiras.
maila sua virgaria.
Ai rosas de sangue e leite.
que só a terra bebia!
Morra o rei e morra o conde.
maila toda fidalgula.
Ai rosas de leite e sangue.
que só a terra bebia!
Morram meirinho e carrasco.
maila má judicaria.
Ai rosas de sangue e leite.
que só a terra bebia!
Morra quem compra e quem vende,
maila toda a usuraria.
Ai rosas de leite e sangue.
que só a terra bebia!
Morram pais e morram filhos.
maila toda filharia.
Ai rosas de sangue e leite.
que só a terra bebia!
Morram marido e mulher.
maila casamentaria.
Ai rosas de leite e sangue,
que só a terra bebia!
Morra amigo, morra amante.
mailo amor que se perdia.
Ai rosas de sangue e leite,
que só a terra bebia!

Morra tudo, minha gente.
vivam povo e rebeldia.
Ai rosas de leite e sangue.
que só a terra bebia!

Jorge de Sena
in Visão Perpétua



JORGE de SENA

Texto de Jorge Fazenda Lourenço

retirado de:
http://www.instituto-camoes.pt/cvc/figuras/jdesena.html


Jorge de Sena nasceu em Lisboa, a 2 de Novembro de 1919, e faleceu em Santa Barbara, na Califórnia, a 4 de Junho de 1978. É hoje considerado um dos grandes poetas de língua portuguesa e uma das figuras centrais da cultura do nosso século XX.

A sua infância de filho único é marcada pelas expectativas que o pai, comandante da marinha mercante, alimenta para ele como futuro oficial da Armada, em confronto com a educação musical que a mãe procura proporcionar-lhe. Em Setembro de 1937 ingressa na Escola Naval como primeiro cadete do “Curso do Condestável”, mas vicissitudes diversas da viagem de instrução no navio-escola Sagres ditam a sua exclusão da Marinha em Março de 1938. Parte importante destas vicissitudes tem que ver com o endurecimento das normas que regem a instrução dos cadetes, em consonância com a fascização do Estado Novo por ocasião da Guerra Civil de Espanha. A passagem pela Armada no preciso momento da luta pela liberdade em Espanha constitui uma experiência traumática da sua adolescência que será matéria de diversos poemas e ficções, como “A Grã-Canária” e, no caso da Guerra Civil, Sinais de fogo. Jorge de Sena, que começara a escrever em 1936, estreando-se em 1942 com Perseguição, acaba por se licenciar em Engenharia Civil (1944) pela Universidade do Porto, trabalhando na Junta Autónoma de Estradas de 1948 a 1959, ano em que se exila no Brasil, receando as perseguições políticas resultantes de uma falhada tentativa de golpe de estado, a 11 de Março desse ano, em que está envolvido. A mudança para o Brasil permite-lhe uma reconversão profissional que vai ao encontro da sua vocação, dedicando-se ao ensino da literatura, acabando por se doutorar em Letras na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara (São Paulo), em 1964, obtendo também o diploma de Livre-Docência, para o que teve que naturalizar-se brasileiro (1963).

Os anos de Brasil (1959-65), os primeiros vividos, como adulto, em liberdade, são talvez o seu período mais criativo: completa a sequência de poemas sobre obras de arte visual, Metamorfoses (uma das obras que mais influência teve na poesia portuguesa), escreve os experimentais Quatro sonetos a Afrodite Anadiómena, as metamorfoses de Arte de música e a novela O físico prodigioso, inicia o romance Sinais de fogo, investiga e publica sobre Luís de Camões e o Maneirismo, trabalha na edição do Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, retoma a escrita para o teatro, etc. A alteração da situação democrática no Brasil, com o golpe militar de 1964, faz temer um regresso ao passado, quer em termos políticos quer em termos de dificuldades económicas, mas em 1965 surge a oportunidade de se mudar para os Estados Unidos, com Mécia de Sena e os seus agora nove filhos. Em Outubro desse ano passa a integrar o corpo docente da University of Wisconsin, Madison, onde é nomeado professor catedrático efectivo (1967), transitando, em 1970, para a University of California, Santa Barbara (UCSB). Durante a sua permanência na UCSB, até ao final da vida, ocupa os cargos de director do Departamento de Espanhol e Português e do Programa (interdepartamental) de Literatura Comparada. Foi ainda membro da Hispanic Society of America, da Modern Languages Association of America e da Renaissance Society of America.

A obra de Jorge de Sena, vasta e multifacetada, compreende mais de vinte colectâneas de poesia, uma tragédia em verso, uma dezena de peças em um acto, mais de trinta contos, uma novela e um romance, e cerca de quarenta volumes dedicados à crítica e ao ensaio (com destaque para os estudos sobre Camões e Pessoa, poetas com os quais a sua poesia estabelece um importante diálogo), à história e à teoria literária e cultural (os seus trabalhos sobre o Maneirismo foram pioneiros, tal como a sua história da literatura inglesa, e a sua visão comparatista e interdisciplinar das literaturas e das culturas foi extremamente fecunda), ao teatro, ao cinema e às artes plásticas, de Portugal, do Brasil, da Espanha, da Itália, da França, da Alemanha, da Inglaterra ou dos Estados Unidos, sem esquecer as traduções de poesia (duas antologias gerais, da Antiguidade Clássica aos Modernismos do século XX, num total de 225 poetas e 985 poemas, e antologias de Kavafis e Emily Dickinson, dois poetas que deu a conhecer em Portugal), as traduções de ficção (Faulkner, Hemingway, Graham Greene, entre 18 autores), de teatro (com destaque para Eugene O’Neill) e ensaio (Chestov).

A criação poética de Jorge de Sena foi desde cedo acompanhada por uma intensa actividade intelectual e cultural, como conferencista, como crítico de teatro e de literatura, em diversos jornais e revistas, como comentador de cinema, nas “Terças-feiras Clássicas” do Jardim Universitário de Belas-Artes, no cinema Tivoli, como director de publicações, com destaque para os Cadernos de Poesia, como coordenador editorial, na revista Mundo Literário, como consultor literário, na Edição “Livros do Brasil” Lisboa ou na Editora Agir (Rio de Janeiro), tendo sido ainda co-fundador de um grupo de teatro, “Os Companheiros do Páteo das Comédias”, em 1948, e colaborador, nesse mesmo ano, de António Pedro, no programa de teatro radiofónico Romance Policial (Rádio Clube Português, Lisboa), adaptando contos de Chesterton, Hammett, Maupassant, Poe e outros.

A intervenção do intelectual nos domínios da cultura ganha novos horizontes com a actividade de docente e investigador universitário no Brasil, onde reforça também a sua acção cívica como opositor ao Estado Novo. É co-fundador da Unidade Democrática Portuguesa, de cuja direcção se demite em 1961, e integra o conselho de redacção do jornal Portugal Democrático, até 1962, participando ainda em actividades do Centro Republicano Português, de São Paulo. Uma vez nos Estados Unidos, a actividade cultural de Jorge de Sena fica restringida aos círculos académicos e da emigração (no período californiano, desempenha um importante papel no esclarecimento das comunidades portuguesas sobre o 25 de Abril de 1974), apenas compensada por uma enorme e rica correspondência com outros escritores e intelectuais portugueses e brasileiros, e pelas suas viagens de trabalho à Europa e, em 1972, a Moçambique e Angola, falando de Camões, no IV Centenário de Os Lusíadas.

É com toda esta vasta experiência, longamente marcada pelo exílio, que Jorge de Sena vai construindo a sua obra. Daí que ele sempre tenha entendido a sua poesia (o seu teatro, a sua ficção) como uma forma de dar testemunho de si mesmo e das suas circunstâncias, sem com isso menosprezar, antes pelo contrário, o trabalho de organização estética das emoções e dos sentimentos, ancorados na observação, na meditação e na rememoração de uma experiência de mundo concreta, no plano individual e colectivo. E dessa experiência fazem parte as visões de mundo que as obras de arte (literária, visual, musical) vão cristalizando, codificando, no decurso da história humana, entendida esta como uma peregrinação secular. O que, por sua vez, faz dessas obras de arte (dessas metamorfoses) objecto de uma experiência poeticamente meditada. Assim, a poesia (a obra) de Jorge de Sena, em que a ética e a estética se confundem, e em que o lirismo se mescla com um forte pendor especulativo e narrativo, deve ser lida, nas suas palavras, como uma “meditação sobre o destino humano e sobre o próprio facto de criar linguagem”.

Como possível e breve introdução a Jorge de Sena, excluindo de antemão a crítica, a história e o ensaio, bem como poemas e contos individuais, proponho aqui sete títulos, exiguamente comentados: As evidências (1955), Metamorfoses (1963), Peregrinatio ad loca infecta (1969), O Indesejado (António, rei) (1951), Os Grão-Capitães (1976), O físico prodigioso (1977) e Sinais de fogo (1979).

As evidências, um “poema em vinte e um sonetos” escrito entre Fevereiro e Abril de 1954, é a sua primeira grande sequência, forma que favorece uma espécie de pressão associativa, permitindo a configuração de um enredo de temas e motivos, aqui de natureza ético-política e teológico-divina, que, sob um fundo de erotismo, cria a ilusão narrativa de um “novo génesis”, de um presente caótico que precede um novo advento dos deuses, deuses esses que restabeleceriam o reino da humana divindade. Tema este que está na base de obras como Metamorfoses, O físico prodigioso ou a sequência Sobre esta praia… Oito meditações à beira do Pacífico (1977), que é, de algum modo, a verificação da impossibilidade desse advento.
Metamorfoses, seguidas de Quatro sonetos a Afrodite Anadiómena (o título completo da colectânea), é também uma sequência de poemas, no caso motivada pela meditação sucessiva de objectos de arte visual (pintura, escultura, arquitectura), cuja ordenação, no volume, segue um critério cronológico dos referentes, assim se encenando um percurso épico da humanidade, mediado pela arte, pautado pela reflexão sobre a condição humana, a recusa da morte pela criação estética e a possibilidade de recuperação, em termos simbólicos, daquele “tudo / o que de deuses palpita e ressuscita em nós”, do poema “Artemidoro”.

O físico prodigioso – primeiro incluído em Novas andanças do demónio (1966) – é a possibilidade alegórica dessa humana divindade. A divisão simbólica em doze capítulos (seis de ascensão e seis de queda), a ficção medieval, a ambiguidade do nome (médico, corpo), o jogo de identidades entre as personagens (cavaleiro, diabo, Senhora, donzelas, frades), as alusões a mitos clássicos (Adónis, Bacantes) e ritos tradicionais, as referências cristológicas e pagãs, os códigos do amor cortês e do amor místico, tudo se congrega numa sagração do amor e da liberdade, da vida para além da morte, da redenção da condição humana nas metamorfoses de um corpo glorioso.

Peregrinatio ad loca infecta é considerado pelo poeta como um “esparso diário” dos seus exílios americanos, mas abrange também o lugar de exílio que lhe foi a pátria portuguesa. A obra está dividida em quatro blocos espacio-temporais que correspondem às quatro estações da sua peregrinação existencial: Portugal (1950-59), Brasil (1959-65), Estados Unidos da América (1965-69) e Notas de um Regresso à Europa (1968-69). Esta espiral dos tempos e espaços da biografia dá uma visão do modo como o eu biográfico possui uma historicidade que se constrói como errância e destino, como peregrinação pelos lugares inacabados ou imperfeitos do mundo que lhe foi dado viver.

A tragédia em verso O Indesejado é, a esta distância, uma premonição dessa errância e desse destino de mundo, da perspectiva de um reexame da identidade nacional, em ruptura declarada com o mito do sebastianismo, a que se sobrepõe a situação existencial de um exilado no interior do seu próprio país, quer no plano político da História (António, prior do Crato), quer no plano das condições políticas do momento de escrita da peça (1944-45). O poeta fala a propósito de “tragédias sobrepostas”, a menor das quais não terá sido aquele momento traumático da sua passagem pela marinha de guerra.

Este episódio biográfico, transposto parcialmente para o conto “A Grã-Canária”, de Os Grão-Capitães, recorda este entrelaçar entre a existência do poeta e a história pátria. Estes “contos cruéis”, diz Jorge de Sena, “devem ser lidos como crónica amarga e violenta dessa era de decomposição do mundo ocidental e desse tempo de uma tirania que castrava Portugal”. Nesta “sequência de contos”, é uma vez mais a matéria biográfica que serve de enquadramento ao testemunho duma época. A obra estrutura-se segundo uma cronologia das acções narrativas, de 1928 a 1958, localizadas no espaço, independentemente da ordem por que foram escritos (a exemplo de Metamorfoses e Arte de música), com excepção para o conto citado.

Nesta mesma linha de “co-responsabilidade do tempo e nossa” se situa o romance Sinais de fogo, parte de um ciclo romanesco que pretendia “cobrir, através das experiências de um narrador, a vida portuguesa desde 1936 a 1959”. Nesta narrativa, centrada no Verão de 1936, a eclosão da Guerra Civil de Espanha é o acontecimento que, como observou Mécia de Sena, catalisa “o despertar do protagonista para a realidade política e social, para o amor e até para o acto da criação poética”. Este romance de formação (ou Bildungsroman), seja qual for a relação entre o Jorge protagonista e o Jorge autor, é a obra-prima de um poeta que nos dá a ver o tempo e o modo de fazer-se um poeta.

Festival internacional de teatro de Almada ( 4 a 18 de Julho)

http://www.ctalmada.pt/
Programa:
http://www.ctalmada.pt/festivais/2007/programa_2007.pdf

Entre muitas e boas iniciativas ao longo deste Festival, destaque para a possibilidade de assistir a mais uma nova encenação de Peter Brook.

O encenador Peter Brook de novo em Almada
(dias 6,7,8 e 9)



SIZWE BANZI EST MORT (Sizwe Banzi Morreu)
de ATHOL FUGARD, JOHN KANI e WINSTON NTSHONA
Encenação de PETER BROOK

Foi em New Brighton, uma township perto de Port Elisabeth (África do Sul), que nasceu Sizwe Banzi morreu. Athol Fugard já tinha montado várias peças com a sua companhia de actores negros, quando se lhes juntaram mais dois actores: John Kani e Winston Ntshona, com quem Fugard criou esta peça em conjunto.
Nessa altura Athol Fugard escreveu o seguinte: “O campo mais estimulante e mais rico para o desenvolvimento do nosso teatro situa-se nas townships das nossas cidades, onde florescem talentos e onde existem uma autenticidade e uma vitalidade verdadeiramente excepcionais, nunca vistas até hoje”. Esta declaração foi recebida, como pode imaginar-se, com bastante cepticismo. Mas o passar do tempo acabou por demonstrar até que ponto Fugard tinha razão. “Será que um homem negro pode nunca vir a ter problemas? ”, pergunta Sizwe ao seu amigo Buntu, acabando por concluir: “Impossível! O nosso problema é a nossa pele! ”.

O TEATRO DAS TOWNSHIPS
Um verdadeiro momento de teatro só pode ocorrer nesse exacto momento - não ontem nem amanhã. O público está sempre presente. Este aspecto funcional distingue o teatro das outras formas de arte. O teatro das townships da África do Sul é um exemplo precioso daquilo que o imediato pode trazer ao teatro. Este teatro nasceu da vida nas ruas, nas cidades que não são como as outras, nas townships, esses guetos do apartheid. Este teatro tem uma natureza bem específica: aquilo que nos vem do passado toca-nos ainda hoje em dia, dada a exactidão da sua irrisão magnífica, e bastante premonitória.
Peter Brook

UMA PEÇA PREMONITÓRIA
O teatro de Fugard encontra-se historicamente ligado ao período do apartheid na África do Sul. Trata-se de um teatro da necessidade, escrito e representado de forma a permitir ao espectador reapropriar-se da sua própria vida; um teatro do ridículo e do riso, um riso cruel, que lute contra a crueldade da vida corrente, fora dos muros do teatro. Através da procura que Sizwe Banzi, a personagem principal, leva a cabo para ficar com “os papéis em ordem”, os autores descrevem a violência do sistema inumano do apartheid, tornando-o ridículo e fútil, e anunciando de forma premonitória a sua queda. “O que é que se passa com este Mundo de merda? O que é que querem de mim? O que é que eu tenho de mal?”: quantos Sizwe Banzi não se põe hoje em dia estas perguntas?
Jean-François Perrier

PETER BROOK
Peter Brook, um dos maiores encenadores do Mundo, tem-se distinguido em diferentes áreas artísticas, tais como o teatro, a ópera, o cinema e a escrita.
Encenou textos de Shakespeare para a Royal Shakespeare Company, e posteriormente fundou em Paris o Centre International de Créations Théâtrales. As suas criações têm obtido uma grande repercussão internacional. Entre os seus espectáculos mais célebres contam-se: Marat/Sade, Timon d’Athènes, Ubu aux Bouffes, La conférence des oiseaux, La cerisaie, Le Mahabharata, La tempête, Je suis un phénomène (apresentado no XV Festival de Almada), La tragédie d’Hamlet, L’homme qui prenait sa femme pour un chapeaux, etc. Tem dirigido várias óperas, nomeadamente no Convent Garden de Londres, no Métropolitan de Nova Iorque, no Théâtre des Bouffes du Nord, e no festival de Aix en Provence.
Os seus livros mais significativos são L’espace vide, Point de suspension, Le diable c’est l’ennui, Avec Shakespeare e, recentemente, Oublier le temps. No cinema, realizou os filmes: Sa Majesté des mouches, Marat Sade, Le Roi Lear, Moderato cantabile, Le Mahabharata e Rencontres avec des hommes remarquables

ATHOL FUGARD
Nasceu em 1932 na África do Sul. Depois dos estudos secundários entrou na Universidade de Cape Town, acabando por abandonar o curso e lançar-se em várias viagens à volta do Mundo, a trabalhar em navios cargueiros.
De regresso a Joanesburgo emprega-se como funcionário de um tribunal, onde contacta com as injustiças do apartheid e com as dificuldades das populações negras sob este regime. A partir desta altura funda uma companhia de actores negros (entre os quais John Kani e Winston Ntshona) e monta várias peças de cariz político, que lhe custaram várias represálias por parte do Governo, como a confiscação do passaporte. As primeiras peças de Fugard eram apresentadas nas áreas em que viviam as populações negras, normalmente num pequeno adro de igreja ou um centro social, e o público era constituído por trabalhadores migrantes pobres e pelas pessoas que viviam nas townships.
Entre as principais peças de Fugard encontram-se Blood knot, The island, statments after an arrest under the Immorality act, Boesman and Lena e My children! My Africa!. Em 2006 o filme Tsotoi, baseado no seu romance com este nome, venceu o Óscar para Melhor Filme Estrangeiro.

Intérpretes Habib Dembélé, Pitcho Womba Konga
Adaptação Francesa Marie-Hélène Estienne
Elementos Cénicos Abdou Ouologuem
Luz Philippe Vialatte
Produção Marko Rankov
Agradecimentos Peter Sacks


21h30 Sex 6
21h30 Sáb 7
19h30 Dom 8
21h30 Seg 9


Língua francês (legendado em português)
Duração1h10

O estado de excepção é agora a regra ( Agamben)

Entrevista com Giorgio Agamben publicada no jornal Público.


Medidas extraordinárias para vigiar cidadãos são banais em governos democráticos, alerta o filósofo italiano Giorgio Agamben. Faz-se tudo pela segurança, até sujeitar-se ao "controlo político total."
Estão a ver este tipo de cidadãos orgulhosos da sua democracia? Se sim, excluam já o filósofo Giorgio Agamben (1942, Roma) desse grupo.

Há muito que este pensador italiano alerta para o perigo de medidas tendencialmente totalitárias em governos democráticos, "medidas de excepção" quase sempre justificadas pelo medo, pelo terrorismo ou qualquer outro "inimigo invisível". Não foi por acaso que, há três anos, se recusou a dar um seminário nos Estados Unidos. Era uma atitude política face à política securitária que se seguiu à queda das Torres Gémeas: não admitia a hipótese de passar pelo crivo do serviço de fronteiras.

Giorgio Agamben - que integrou o famoso seminário que o filósofo alemão Martin Heidegger dirigiu em Le Thor, França, em 1968, assim como responsável pela edição das obras completas de Walter Benjamin em Itália - esteve no Porto esta semana para participar no ciclo sobre política das conferências Crítica do Contemporâneo, na Fundação de Serralves.

Nesta entrevista recupera não só as ideias que o tornaram polémico sobretudo na Alemanha - a comparação da condição dos prisioneiros de Auschwitz com os de Guantánamo, no que toca à privação de existência legal, será talvez a mais polémica delas -, mas também da existência de uma raiz religiosa no modelo de organização dos actuais governos laicos. Descobriu que "há um incrível paralelo entre a hierarquia dos anjos e a burocracia política", sendo os governos contemporâneos organizados à medida dos ministérios de anjos que a teologia relata.

Da vasta obra deste professor da Faculdade de Arquitectura e Design de Veneza, estão publicados em Portugal apenas quatro livros: A comunidade que Vem (Presença, 1993), Homo Sacer (Presença, 1998), Ideia da Prosa (Cotovia, 1999) e Profanações (Cotovia, 2006).

O Governo alemão deu ordens às suas forças de segurança para que fossem recolhidas amostras do cheiro de alguns activistas antiglobalização.
-O cheiro das pessoas? [Agamben aponta para o nariz, franzindo a testa]
Sim. Era uma das medidas de segurança para o G8, organizado em Heiligendamm no início de Junho. Recolheram roupas usadas dos activistas, supostamente para treinar cães - um método que era usado pela Stasi, a polícia política da antiga RDA.
-Isto não é algo que me surpreenda. É comum aos governos quererem controlar cada vez mais os cidadãos. Tomam medidas excepcionais que depois acabam por se tornar a regra. E as pessoas aceitam. Há sistemas de identificação biométrica para abrir a porta de casa ou para registar a entrada em estabelecimentos de ensino. As pessoas gostam da ideia de os seus dados biológicos serem únicos e servirem para abrir portas.

Na sua opinião, é mais um exemplo do controlo totalitário que governos democráticos podem exercer sobre os cidadãos?
-Isto está relacionado com o conceito de forma-de-vida e forma-de-uso. Como é que se consegue introduzir o uso de novos mecanismos na vida das pessoas? As indústrias disponibilizam hoje estes dispositivos biométricos não para a segurança pública, mas sim para entrar na casa das pessoas. Pretende-se acostumá-las desde cedo a hábitos banais como estender a mão para mostrar as impressões digitais. A ideia é primeiro introduzir o método no quotidiano e depois aplicá-lo para controlo político e policial.

E por que é que se aceita? Por hedonismo? Para ter mais conforto?
-Para sobreviver. Não acredito que seja por hedonismo, não pode haver prazer nisso, a não ser um prazer imaginário. É, na verdade, a perda completa da possibilidade política. As pessoas não pensam que podem vir a estar sujeitas a um total controlo político.

Os cientistas podem sempre argumentar que do conhecimento de parâmetros biológicos também advêm coisas úteis - a resolução de um crime com a ajuda de cientistas forenses, por exemplo, ou a descoberta de uma nova terapêutica.
-Há uma relação muito estreita entre os cientistas e o poder. Uma relação que começou há muito tempo. A matéria sobre a qual o cientista se debruça torna-o uma figura privilegiada para interagir com as esferas do poder. Houve sempre a ideia de que os médicos que faziam experiências em Auschwitz eram criminosos e não cientistas. Isto é falso. Cientistas reconhecidos e bons estiveram lá.

De onde vem essa promiscuidade entre a ciência e o poder?
-Encontramos em qualquer profissão comportamentos éticos e desviantes. Por isso não podemos ter uma confiança total na [auto-regulação] ética da ciência.

Mas eram cientistas com uma ideologia, acreditavam na pureza da raça, faziam experiências ligadas à genética.
-Não. Faziam também experiências sobre doenças. Exemplos semelhantes ocorreram em prisões nos Estados Unidos. Houve ensaios em milhares de pessoas para estudar a malária, por exemplo.


De que forma os cientistas contribuem hoje para este estado de excepção?
A determinação da hora da morte de um paciente, por exemplo, pode ser considerada um estado de excepção. São os médicos que decidem se um homem está vivo ou não a partir do funcionamento cerebral. Isto é questionável.
-Sim, mas o doente que está em estado vegetativo sobre uma cama de hospital pelo menos ainda tem um nome, um documento, uma ficha clínica que seja. Os prisioneiros de Auschwitz estavam privados de existência legal.
É um estado de excepção diferente?
-Sim. Referia-me estritamente à situação de decidir se alguém está vivo ou morto. Se fosse possível fazer um transplante de cérebro, por exemplo, seria preciso encontrar um outro parâmetro para determinar o que é a morte de um corpo cujo coração continua a bater. A noção de morte cerebral existe precisamente porque não é possível transplantar um cérebro.


Quando se fala em "estado de excepção", vem à cabeça os célebres exemplos do seu livro: os prisioneiros da base militar americana de Guantánamo e dos campos de concentração em Auschwitz. Por que é que não nos ocorre a imagem do imigrante que se sujeita aos piores salários e trabalhos?
-O problema é que aquilo que vigoraria em situações excepcionais torna-se uma regra. Admitir este estado de excepção acaba por ser um caminho sem volta ao estado de direito. Muitas coisas passam a ser feitas à luz da excepção, do zelo pela segurança. A Segunda Guerra Mundial abriu caminho para muitas situações de excepção, paradigmas que mudaram muito o sistema democrático.


O exemplo do ataque às Torres Gémeas em 11 de Setembro de 2001, que deu origem ao Patriot Act?
-Era preciso dar corpo a um inimigo invisível, que neste caso é o terrorismo. O desejo de segurança já justifica que o estado de excepção seja perpétuo. O medo justifica que se possa revistar, vigiar e controlar as pessoas através de métodos cada vez mais modernos. Aqueles que estão detidos em Guantánamo não têm o estatuto de prisioneiros de guerra, não têm estatuto legal simplesmente. Passamos de um "poder soberano", no qual o rei no passado reinava mas não governava, para o sistema actual de governo baseado num estado de direito. O que não vemos é que há uma ligação entre esse mesmo direito e a violência.


São as pessoas que precisam de um governo para se sentirem protegidas ou é o poder que incute nas pessoas a ilusão desta necessidade de segurança? Ou são as duas coisas ao mesmo tempo?
-É difícil responder a esta pergunta. Para pensar sobre estas questões é preciso olhar para trás a procurar a genealogia teológica da formação do poder. A religião mostra-nos como criamos a ideia de um poder divino. Há, aliás, uma coisa muito curiosa que descobri que é o inacreditável paralelo que há entre a hierarquia dos anjos e a burocracia política. São ministros de Deus que controlam determinadas áreas. Existe mesmo a terminologia ministerium de anjos na burocracia divina, da mesma forma que temos o ministro do Interior ou dos Negócios Estrangeiros. O nosso padrão democrático vem da teologia, por incrível que pareça.


Como é que percebeu que a religião poderia ser um caminho para compreender o passado?
-A teologia torna as coisas contemporâneas muito mais claras para mim. Uma das coisas mais difíceis que existe é ser contemporâneo. Para estar em contacto com o presente - ou tentar estar - é preciso remover uma série de camadas opacas. É muito mais fácil compreender por que é que temos um primeiro-ministro seguido de uma série de ministros quando vejo a organização dos anjos na burocracia divina.


Quer isto dizer que quando insistimos em dizer que vivemos num estado laico estamos a ser utópicos?
-Quer isto dizer que o estado a que chamamos laico tem as suas raízes na teologia. As coisas moveram-se, a ideia de glorificação ficou nas mãos dos media. Mas a função da glória está lá, nos telejornais e nas revistas, quando nomeamos os líderes. Ser nomeado nos media é hoje o estado de glória.


Você professa alguma religião?
-Não. Só a filosofia.

Ecotopia realiza-se este ano em Portugal (Aljezur, 4 a 19 de Agosto)


São precisos voluntários.


Ecotopia é um acampamento anual de activistas de toda a Europa e um encontro aberto a todas as pessoas interessadas em questões ambientais e de justiça social. O Ecotopia acontece todos os anos desde 1989, sempre num país diferente.


É organizado pela EYFA (Juventude Europeia pela Acção) e por uma ou várias associações ambientais do país, que funcionam como organização que acolhe o evento. Neste ano, a 19ª edição irá decorrer em Portugal, promovida pelo GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental).


O Ecotopia é um local de aprendizagem, partilha de experiências e difusão de informação sobre questões ambientais, sociais e políticas, entre outras. Entre 200 e 600 pessoas participam em cada edição do Ecotopia, para partilharem conhecimentos e discutirem sobre um amplo leque de assuntos, tais como: alterações climáticas, transportes e mobilidade, transgénicos, agricultura biológica, construção ecológica e infraestruturas sustentáveis, política e sistema económico global, estratégias para acções, experiências de campanhas, medias alternativos, migrações, racismo e xenofobia, questões culturais, influências sobre e das pessoas...


Todos os anos o Ecotopia tem um tema diferente, que se tenta que tanto esteja relacionado com o local, como que vá de encontro às emergências globais. Sendo assim, o tema escolhido este ano são as migrações, que terão especial relevância nos dias 10, 11 e 12 de Agosto.


O Ecotopia é igualmente um modelo funcional de comunidade auto-sustentável que coloca em prática os princípios de um estilo de vida alternativo e mais amigo do ambiente: tomadas de decisão por consenso, reciclagem de lixo, refeições vegetarianas, uso de energias alternativas... Sempre que possível, @s ecotopian@s participam em acções de voluntariado na zona, tentam envolver as pessoas locais nas questões do ambiente, assim como capacitam organizações locais.


O Ecotopia tem uma estrutura horizontal (não-hierárquica) e auto-organizada; a tod@s é pedido que tomem parte no funcionamento do campo, resolvendo problemas e tomando decisões. E tod@s são responsáveis pelo programa!


O Ecotopia funciona no sistema de ecotaxas - um sistema económico alternativo baseado no padrão de vida e rendimento médio de cada país, em vez de baseado nos mercados financeiros, o que significa que cada um no Ecotopia paga pela comida o mesmo que pagaria no próprio país.


http://www.ecotopiagathering.org/


Princípios

O Ecotopia é um evento criado quando pessoas de toda a Europa se encontram e tentam criar uma comunidade ideal por duas semanas. É auto-organizado e funciona de forma horizontal. Durante o acampamento todas as decisões são tomadas pel@s participantes no círculo da manhã e tod@s são responsáveis pela criação do programa, resolução de problemas e realização das tarefas diárias.

FUNCIONAMENTO DO ACAMPAMENTO e TOMADA DE DECISÃO no ECOTOPIA


A programação diária do Ecotopia é organizada através de decisões consensuais tidas nos círculos da manhã. É nesta ocasião que actividades como oficinas, acções, actividades recreativas e importantes tarefas de manutenção são anunciadas.


Não há hierarquias, tod@s @s ecotopian@s têm direitos iguais. Miúdos e graúdos, pessoas locais ou de outros países, tod@s têm os mesmos direitos e responsabilidades no decorrer do acampamento. A igualdade significa também que tod@s @s que vêm para o acampamento são convidad@s a participar nas tarefas diárias e nas tomadas de decisão. Sempre que possível, @s ecotopian@s participam em acções de voluntariado na zona, tentam envolver as pessoas locais nas questões do ambiente, assim como capacitam organizações locais.


De qualquer pessoa que se junte ao Ecotopia é esperado alguma ajuda na organização e funcionamento do encontro. Isto significa que cada uma deve tomar parte activa num dos grupos de trabalho diários de modo que as equipas possam rodar e tod@s no Ecotopia possam ter as mesmas possibilidades de trabalhar, participar nas oficinas e descansar. As pessoas voluntariam-se para ajudar nas várias tarefas, tais como apanhar lenha, recolher água para os duches, escavar fossas para os sanitários, limpar, etc. Para realmente saberes o que é viver numa comunidade sustentável tenta realizar cada uma das tarefas pelo menos uma vez. Se vires algo que deva ser feito, fá-lo!


Comportamentos discriminatórios tais como sexismo e racismo são fortemente reprovados. Para além disso, o Ecotopia junta pessoas de diversas etnias que têm tradições diferentes no que concerne aos relacionamentos sociais, ambiente e dia-a-dia. Pede-se a tod@s @s ecotopian@s uma elevada sensibilidade cultural. Ser paciente, amig@ e respeitar a comunidade local que acolhe o Ecotopia é essencial.


CONSENSO


Trabalhar com consensos significa que tod@s tentam avançar junt@s em vez de seguir com a vontade de uma maioria, pelo que não há votações - mas procura-se uma solução que agrade a tod@s. O consenso funciona melhor quando tod@s querem que funcione, pelo que é muito importante ter uma atitude construtiva. Reuniões que funcionam através de consenso não têm um@ líder mas, normalmente, um@ facilitador@. Este é alguém que, com o consentimento do grupo, ajuda a estruturar a reunião. As tarefas principais d@ facilitador@ são assegurar que cada um toma a palavra na sua vez e informar o grupo dos limites de tempo


@ facilitador@ deve também manter-se atento à estrutura da reunião e por isso é mais provável que introduza técnicas diferentes ou que resuma o estado actual da reunião, apesar de qualquer pessoa o poder fazer. Para além d@ facilitador@, há igualmente um responsável por anotar as decisões tomadas, bem como um@ observador@ das "vibrações" dos participantes (pois por vezes é importante verificar se há pessoas que estão a ficar aborrecidas/ cansadas/ irritadas ou que estão descontentes com as decisões mas não se sentem capazes de o dizer). O ideal é que @ facilitador@ e @ observador@ de vibrações não sejam parte interessada nos resultados da reunião, se for possível.

Estrutura de uma reunião de consensos

A reunião começa com a nomeação d@ facilitador@, anotador@, observador@ de vibrações e de alguém que controle o tempo. Segue-se a agenda e a definição dos limites de tempo. @ facilitador@ irá também, nesta fase, fazer algum anúncio prático. Os pontos na agenda são então discutidos, até que toda a gente esteja de acordo. Se alguém bloquear uma decisão, as discussão deve recomeçar a partir dessa objecção. Toda a gente tem o direito de bloquear uma decisão com a qual estão em desacordo absoluto, apesar de isto raramente acontecer. Existe também a possibilidade de alguém se alhear do processo ("Não vos impeço mas não participarei"), mas na maioria dos casos é atingido um verdadeiro consenso. Durante os círculos da manhã grupos de trabalho podem ser formados para posteriormente debaterem a fundo um problema ou ideia específica, relatando no circulo da manhã seguinte as decisões tomadas.

Como fazê-la funcionar

As duas regras de ouro são: ser construtiv@ (não é válido apenas discordar, é necessário explicar as razões e oferecer alternativas ou compromissos); esperar a vez de falar. Há outras coisas que ajudam ao sucesso da reunião, tais como:

Escutar - Assegura-te que compreendeste o que está a ser discutido, em especial se for necessária tradução. Tenta obter toda a informação acerca de um ponto antes de o criticares ou apoiares.


Explicar - Assegura-te de que as pessoas compreendem a tua posição, em especial se estiverem a traduzir o que dizes.


Sê o mais breve possível


Sê flexível, sê paciente - Contradições na tomada de decisão não são problema.


Não te sintas isolado - Tod@s estamos aqui com a mesma motivação.


Apoia @ facilitador@ se a reunião começar a ficar fora de controlo


Encontras mais informação (em inglês) sobre tomadas de decisão consensuais em:








Como podes ajudar?


o Espalha a palavra! Põe um cartaz no teu local favorito e nas associações que conheçes. Imprime panfletos na língua do país onde estás e divulga! Envia um e-mail a anunciar o Ecotopia para toda a gente que conheces. Leva panfletos e distribui na próxima acção que participares.



o Pesquisa as diferentes e melhores formas de viagem desde o país de onde vens (caso não venhas de Portugal). Podemos disponibilizar essa informação na página web para as pessoas desse país.

o Ajuda-nos a arranjar os materiais que precisamos.

oJunta-te à equipa da cozinha.Se tens experiência ou simplesmente gostas de passar tempo a trabalhar num colectivo de cozinha ao ar livre diz-nos!

o Estamos à procura de um@ médic@ voluntári@ que queria participar no ECOTOPIA, porque é preciso garantir apoio a nível de saúde no local. Contacta-nos.

o Procuramos um coordenador para tratar da parte artística e de decoração do ECOTOPIA! Para o transformarem num local ainda mais bonito do que já é por natureza! Contacta-nos.

o Visita o local e ajuda-nos a construir as infraestructuras durante o mês de Junho! Vem ao campo de preparação em Julho.


Se vens para Aljezur ajudar, por favor:

- Telefona e diz-nos algo primeiro (André: 965615379)

- Traz tendas e saco-cama

- Traz copos, tijelas, pratos ou talhetes que tenhas a mais.




Workshop de preparação

O workshop é já no próximo fim de semana!!!

com Júlio Piscarreta

Nota: A oficina tem um valor de donativo mínimo de 10€ por pessoa. Sugere-se um valor máximo de 150€ por pessoa. O Ecotopia é um evento sem fins lucrativos e os donativos servem para pagar os custos vários da oficina. O preço variável tem como objectivo possibilitar a participação de tod@s, pagando os mais abastados pelos menos!E se vieres ao acampamento de preparação, durante o Ecotopia és isento do pagamento da taxa de participação!!

Vem montar duches, casas de banho secas, cozinha, sombras...! Aprender a construir com fardos de palha, reconstruir casas em taipa, fornos de pão...! Limpar o terreno e tratar da horta! Vem decorar e dar cor ao local!Inscrições limitadas


Contactos:
utupiar@gaia.org.pt


Telefone: 937267541



Nota: Os participantes devem trazer tenda de campismo (se possível), saco-cama, talheres, copo e prato, luvas e roupa de trabalho.


Podes também vir para o local do ECOTOPIA a qualquer altura, ajudar a construir as infraestruturas mínimas para a acampamento de preparação e a plantar a horta!Podes ver na nossa página como chegar ao local!

Se precisarem telefonem-nos: 914852226 ou 938358034.
Uma das melhores formas de chegar ao Ecotopia foi sempre a BikeTour.

Só 5 países desenvolvidos destinam 0,7% do seu PIB à ajuda ao desenvolvimento humano

Só 5 do conjunto dos países mais industrializados é que cumprem os seus compromissos de destinar 0,7 % do seu PIB à ajuda às regiões e países que mostram grandes carências quanto ao seu desenvolvimento. Os cinco países que respeitam os compromissos dos países desenvolvidos relativos à execução dos Objectivos de desenvolvimento do Milénio são Noruega, Suécia, Holanda, Dinamarca, Luxemburgo. Recorde-se que os objectivos do Milénio são um projecto de acção implementado pela ONU até ao ano de 2015 para concretizar um conjunto de 8 objectivos relativos ao desenvolvimento humano no mundo e que receberam o apoio de toda a comunidade internacional.