7.7.07

Movimento cívico pela Linha do Tua ( a defesa da linha do comboio ao longo do rio Tua)



O Movimento Cívico pela Linha do Tua nasceu em Outubro de 2006, numa reunião em Coimbra de gente de várias zonas do país; a preocupação fundamental deste grupo era e continua a ser a situação débil, incerta e preocupante em que se encontra o transporte ferroviário na região de Trás-os-Montes, particularmente a Linha do Tua.

Por se tratar de uma linha amplamente conhecida e que desperta até o interesse internacional, é objectivo do Movimento viver e divulgar a Linha do Tua e o seu potencial desaproveitado é a nossa missão

Defendemos:
• Reabertura imediata do troço Tua - Mirandela , na sua totalidade;
• A melhoria do transporte regional, pela adopção de horários compatíveis com as necessidades dos utilizadores e com a modularidade com outras linhas / transportes;
• A valorização do património ferroviário da Linha, enquanto memória do passado e ponte para o futuro;
• A criação de comboios históricos, incluindo-se nestes uma programação de animação cultural diversificada;
• A reabertura da linha entre Carvalhais e Bragança;
• O regresso de um clima de confiança, pela adopção de meios e práticas de segurança compatíveis com uma linha de montanha
.



Viagem entre Abreiro e a estação do Tua realizada em 1993







História da linha do comboio do Tua

1878 - Apresentação de dois projectos para a construção de uma linha de caminho de ferro pelo vale do Tua. Engenheiro João Dias (margem direita), e engenheiro António Pinheiro (margem esquerda)

22 de Junho de 1882 - Apresentação pela Câmara Municipal Mirandela à Câmara dos Pares do pedido de aprovação do projecto de lei para a subvenção de 135 contos de réis para cobrir a garantia de juro de 5% para a empresa que construísse a via. Tiveram o apoio de várias personalidades do Comércio do Porto, de entre as quais se destaca Clemente Meneres, considerado um dos pais da Linha do Tua, e personalidade das mais ligadas a esta linha.

11 de Janeiro de 1883 - A CM Mirandela apela a El Rei D. Luís I, juntamente com a Associação Comercial do Porto, para a aprovação do projecto de construção da Linha do Tua. Este grupo de pressão manteve o poder comercial da zona do Douro, contra o desejo de se desviar as principais rotas para a Linha da Beira Alta, potenciando o sucesso fundamental das Linhas do Douro e do Tua.

26 de Abril de 1883 - É lançado em Carta de Lei o concurso para a construção da via férrea do Vale do Tua, sendo o vencedor o mesmo grupo responsável pela construção da Linha do Dão, a 2ª Via Estreita do país, sendo a figura maior o Conde da Foz.

Dezembro de 1883 - O contrato é trespassado à Companhia Nacional, por inabilidade do anterior grupo para a execução do projecto.

26 de Maio de 1884 - Adjudica-se a obra à CN por decreto governamental.

30 de Junho de 1884 - Assinatura do contrato definitivo pela CN.

16 de Outubro de 1884 - Arranque das obras da via, em Mirandela. Depois de pouco tempo, o engenheiro é forçado a desistir, ao não revelar firmeza para a liderança da força de trabalho conflituosa, e ao mesmo tempo dirigir a obra, que revelava ser um desafio enorme. É substituído pelo açoreano Dinis da Mota, cuja assinatura passaria ainda pela Linha do Dão.

27 de Outubro de 1887 - Inauguração da Linha do Tua, entre o Tua e Mirandela, com a locomotiva Trás-os-Montes, tripulada pelo engenheiro Dinis da Mota. D. Luís I e o Príncipe Real compareceram às concorridas cerimónias na estação de Mirandela.

1899 - Reorganização dos Caminhos de Ferro em Portugal, e criação do Fundo Especial dos Caminhos de Ferro, que possibilitou um relembrar do reatamento das obras rumo a Bragança.

1901 - Uma firma inglesa mostra interesse em construir o troço Mirandela - Bragança, e ainda um ramal de ligação às minas de Vimioso, mas o processo não avança e cai rapidamente no esquecimento.

24 de Março de 1902 - É firmado um contrato provisório de construção com aquele que ficaria celebrizado numa estela na estação de Bragança, e com a avenida que começa neste edifício, como o "arrojado empreiteiro do caminho-de-ferro Mirandela-Bragança", João da Cruz.

20 de Julho de 1903 - A CN, depois de João da Cruz, pela dimensão da obra, lhe ter trespassado o contrato de construção, e depois de uma reunião promovida pela CM Bragança, onde figurou o incansável patrono da Linha do Tua Conselheiro Abílio Beça, relança a construção final da via para Bragança. João da Cruz será o engenheiro-chefe e empreiteiro da obra; virá a falir com este esforço.

02 de Agosto de 1905 - O Comboio chega ao Romeu.

15 de Outubro de 1905 - O Comboio chega a Macedo de Cavaleiros.

18 de Dezembro de 1905 - O Comboio chega a Sendas.

14 de Agosto de 1906 - O Comboio chega a Rossas.

01 de Dezembro de 1906 - O Comboio chega a Bragança. Bragança não é estação de topo, mas as obras acabam para não mais serem reatadas, de modo a levar a Linha do Tua até à Puebla de Sanábria [Espanha].

27 de Abril de 1910 - Morre na estação de Salsas o Conselheiro Abílio Beça, trucidado pelo comboio que tão incansavelmente tinha lutado para trazer à capital de distrito.

Década de 1940 - A Linha do Tua passa para a CP.

1992 - O troço entre Mirandela e Bragança é encerrado ao tráfego ferroviário.

28 de Julho de 1995 - Inauguração do Metro de Mirandela, a operar entre as estações de Mirandela e Carvalhais, no troço encerrado há 3 anos. Foi a primeira reabertura de linha a manter-se até aos nossos dias; O projecto prevê a exploração até ao Cachão.

2001 - Saem de circulação as locomotivas Alsthom e as carruagens "napolitanas", e o Metro de Mirandela (empresa municipal participada pela C.P., E.P.) passa a explorar toda a via, desde o Tua até Carvalhais. Mudança radical nos horários, e introdução, temporária, de autocarros de substituição. Início das obras de reconversão da estação de Bragança.

24 de Janeiro de 2004 - Inauguração da estação rodoviária de Bragança, no edifício da estação ferroviária e espaços adjacentes.


Consultar ainda: