23.9.09

Reportagem sobre a Feira de Livros Anarquista de Victoria ( no Canadá)


No fim de semana de 12 e 13 de setembro realizou-se a 4ª Feira Anual de Livros Anarquista de Victoria na Columbia Britânica, Canadá. Para aqueles que não conhecem esta cidade, Victoria é antes de tudo um local turístico que pode ser descrito como nada menos que “pitoresco” – e não no bom sentido. De qualquer forma, o/as radicais locais de Victoria estão conseguindo provar que há mais para a cidade do que os mais maravilhosos jardins do mundo e as expedições diárias para ver baleias.
A feira de livros reuniu uma variedade interessante de distribuidoras, coletivos e organizações, cada uma com seus projetos e missões diferentes. Sendo minha primeira viagem ao norte da fronteira, a feira de livros me providenciou um espaço para conectar e aprender sobre as diferentes lutas que alguns indivíduos e comunidades na Columbia Britânica estão encarando.

Logo de início, foi muito bom ver a Declaração de Solidariedade Indígena do coletivo de organização da feira de livros:
“O coletivo da Feira de Livros apóia a luta dos povos indígenas por toda a América do Norte para assegurar sua autonomia cultural e soberania de seu território. Victoria está localizada sobre os territórios tradicionais dos povos Lekwungen e Songhees, que têm resistido ao seqüestro de grande parte de suas terras realizado à força, assim como têm resistido aos repetidos atentados de destruir suas culturas através de múltiplas forças de colonização. A elasticidade e a resistência destas e outras comunidades que fazem conexões ancestrais com estas regiões, perante a injustiça, nos desafia a apoiar todos os povos indígenas na contínua luta contra o colonialismo, o capitalismo e o genocídio cultural.”

Como nos anos anteriores, foram realizados vários eventos durante a semana precedente à feira de livros, incluindo a Feira Faça Você Mesmo que, felizmente, pude participar em boa parte. Entre a miríade de oficinas realizadas na Feira Faça Você Mesmo (arte guerrilha, primeiros socorros etc.), a autora Cindy Milstein abriu uma discussão intitulada “Educando para a Liberdade”, onde falou sobre seu trabalho no Instituto para Estudos Anarquistas.

No dia seguinte, Cindy também deu uma palestra na feira de livros intitulada “Princípios Anarquistas e Políticas Pré-figurativas”, que cobriu boa parte do tema abordado no seu livro, “Anarquismo e suas Aspirações”, em breve disponível na AK Press.


Após o primeiro dia de atividades, a maioria das pessoas se dirigiu para um show de hip-hop/palavra falada que contou com o Testament, um rapper anarquista, que também ajuda a administrar o Infoshop Empowerment em London, Ontário.
Infelizmente, não pude participar de nenhuma oficina realizada durante a feira de livro porque tive que tomar conta de uma mesa da AK, mas a programação foi sólida, com apresentações como: Anarquia Queer-Gênero, Resistência Indígena ao Ecocídio, Transformação através das Artes Marciais, e muito mais.


Tive uma oportunidade de andar pelo salão da feira de livros, onde estavam os livreiros locais, o Infoshop Camas e a Gravadora Black Raven, entre outros. Josh Macphee, autor do livro “Realizando o Impossível”, estava também presente na feira de livros com uma mesa do Just Seeds, um coletivo de arte radical.

Posicionada a um ângulo de 90 graus da mesa da AK estava um novo grupo chamado Women’s Publication Network, um projeto do UVSS Women’s Center, que estavam distribuindo zines grátis. Encontrei alguns zines incríveis nesta mesa, incluindo uma coleção de escritos das (em sua maioria canadenses) jovens mulheres de cor e um zine criticando o retrato dos Povos das Primeiras Nações no cinema canadense.

Na frente da mesa da AK estava o Victoria Street Newz, um jornal ativista/independente distribuído pelas pessoas de baixa - ou nenhuma - renda por toda a cidade. Há informações de contato atuais para todos estes grupos em seus respectivos sítios de internet, então, por favor, entre com contato com eles para descobrir uma maneira de apoiar algum ou todos estes projetos.


No outro lado da sala, Gord Hill, autor do livro “500 Anos de Resistência Indígena”, estava com uma mesa da Warrior Publications, e também divulgava a campanha Não às Olimpíadas de 2010 sobre Terra Nativa Roubada. Para aquele/as de vocês que nunca ouviu falar sobre a campanha Não 2010, eu o/as aconselho visitar o sítio de internet
www.no2010.com , para descobrir porque um grupo tão diverso se reuniu para resistir ao impacto devastador que as Olimpíadas de Inverno de 2010 em Vancouver certamente irão causar às comunidades indígenas locais, às mulheres, e ao povo pobre. Cabeça erguida – se você estiver em algum lugar próximo à costa oeste durante o mês de novembro, fique atento com as atualizações sobre a “Turnê de Palestras Não 2010” que está percorrendo litoral a baixo.

Gostaria de ter dado a você uma melhor explanação sobre a tamanha experiência de aprendizado que a Feira de Livros Anarquista de Vitória foi para mim, mas acho que esta é uma daquelas coisas que somente você estando lá para saber. Sorte tua, ano que vem tem outra.

Tradução > Marcelo Yokoi
agência de notícias anarquistas-ana