22.8.09

Uma tarde em Lisboa passada com a Starhawk ( relato)


A sessão com Starhawk correu muito bem. Vieram cerca de 30 pessoas, algumas de longe, todas muito motivadas para conhecer a Starhawk. Começámos no terraço num círculo onde ela explicou um pouco como tudo começou para ela, porque é que fez sentido juntar activismo com espiritualidade e mais tarde permacultura. Contou como fizeram o primeiro ritual pagão num protesto contra uma central de carvão e que as pessoas gostaram, porque, como diziam, "estar por aí à espera de ser preso acaba por ser um tédio...".


Depois fomos para a sala dos Reis onde nos instalámos confortavelmente em cima de mantas no chão enquanto a Starhawk mostrava fotografias de algumas acções e projectos em que participou, desde os protestos contra a OMC (No de Cancún usaram técnicas de permacultura para montar o acampamento dos activistas, acabando por ensinar à população como captar água da chuva e reutilizar águas cinzentas), passando por guerrilla gardening (Em San Francisco ensinaram centenas de pessoas a propagar plantas e criaram um mercado semanal que se chama "The really REALLY free market") até exemplos de permacultura aplicada em zonas degradadas de cidades (como o South Bronx).


Marcou-me um exemplo lindo da vila de Portland, Oregon, onde o que começou como guerrilla gardening acabou por transformar a cidade, com verdadeiras obras de arte feitas em madeira e uma espécie de adobe: bancos estilo Gáudi com mosaícos lindos, quiosques de chá onde um vizinho deixava sempre uma garrafa térmica de chá quente, pontos para trocar objectos ou livros e mandalas pintadas nas praças e em cruzamentos.

Outro exemplo marcante foi o drama vivido em Nova Orleães e como activistas de todo o país se juntaram para fazer aquilo que o governo e as grandes ONG's não foram capazes de assumir. A Starhawk foi para lá com um grupo para fazer "bio-remediação", limpar e regenerar os solos com plantas (a terra tinha ficado contaminadíssima com metais pesados e toxinas).

Terminámos a sessão com um ritual, cantando em 3 línguas "Ela muda tudo o que toca, e tudo o que toca muda" (O Marcos preferiu a versão "Ela muda tudo o que toca e tudo aquilo que ela toca muda" :-))) ) Ela refere-se obviamente ao nosso planeta Gaia. Mandámos um desejo para ter a energia e ajuda que precisámos para fazer as mudanças necessárias.

Já com a noite a cair ainda visitámos a horta, que devo dizer já está bem mais composta com as novas placas e novos caminhos! A Starhawk analisou rapidamente a terra e disse que o que lhe falta sobretudo é matéria orgânica. Temos que pôr camadas e camadas de mulch e de composto para compensar os anos de maus-tratos. Aconselhou também a plantar umas variedades (ex girassóis e Indian mustard plant), que limpam o solo dos metais pesados e outras toxinas .

Por falta de quorum para jantar popular, levei a Starhawk ao restaurante Psi com mais duas pessoas a fazer companhia. Hoje passeei um pouco com ela por Alfama e zona do castelo, fiz lhe panquecas e levei-a ao aeroporto. Acho que ela ficou contente e gostou de ter conhecido uns activistas mais grassroots, pois apesar de ela louvar o projecto Tamera, ela considera que precisamos de guerreiros no terreno


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http://starhawksblog.org/