23.11.08

O actual modelo de avaliação de professores, se fosse aplicado numa empresa, levaria ao seu imediato encerramento


Sendo a actual responsável do Ministério da Educação uma suposta especialista em sociologia das profissões, com diploma de doutora tirado no Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa, e cuja formação superior foi monitorizada e avaliada pelo não menos especialista em Sociologia do Trabalho, João Freire, com uma longa bibliografia, e conhecendo o actual modelo de avaliação dos professores, é mais do que curial interrogarmo-nos se aqueles especialistas sabem realmente do que estão a falar quando tratam de organizações em geral, e neste particular, das escolas, e da principal actividade profissional que nelas decorre, o ensino-aprendizagem, exercida pelos professores, tal é o desfazamento entre a realidade organizacional que encontramos quer nas empresas quer nas escolas, e o modelo de avaliação, gizado num qualquer gabinete, por uma cabecinha pretensamente iluminada, para ser aplicado a milhares de escolas e estabelecimentos de ensino.

Vêm a este propósito um texto publicado na rubrica do Correio dos Leitores do Jornal de Notícias da edição do passado dia 21 de Novembro, e que transcrevemos, com a devida vénia, um breve excerto:.

«O modelo de avaliação dos professores tem, pelo menos, a virtude de avaliar o grau de dureza das cabecinhas que nos governam, expondo à saciedade todos os vícios do sistema.
Em primeiro lugar, o seu total desconhecimento do que é uma escola, para que serve e como funciona. Em segundo lugar, o seu total desconhecimento do que é uma empresa, como se organiza e quais são os seus objectivos.
Deste duplo desconhecimento, nasceu um projecto de avaliação que, se fosse aplicado numa empresas, levaria ao seu encerramento num ápice. Qual era a empresa que aguentaria ter a linha de produção parada vários meses todos os anos para que os trabalhadores, em vez de trabalhar, passassem os dias a discutir a inventar e discutir grelhas para se avaliarem uns aos outros?E qual era o trabalhador que aceitaria ser avaliado por um igual ( ou pior)?»