30.9.07
Poesia erótica de Ovídio e outr@s mais...
Os amores, V: 1-1, 9-26 (Ovídio)
Era intenso o calor, passava do meio dia;
Estava eu em minha cama repousando.
(...) Eis que vem corina numa túnica ligeira,
Os cabelos lhe ocultando o alvo pescoço;
Assim entrava na alcova a formosa Semiramis,
Dizem, e Laís que amaram tantos homens.
Tirei-lhe a túnica, mas sem empenho de vencer:
Venceu-a, sem mágoa, a sua traição.
Ficou em pé, sem roupa, ali diante de meus olhos.
Em seu corpo não havia um só defeito.
Que ombros e que braços me foi dado ver, tocar!
Os belos seios, que doce comprimi-los!
Que ventre mais polido logo abaixo do peito!
Que primor de ancas, que juvenil a coxa!
Por que pormenorizar? Nada vi não louvável,
E lhe estreitei a nudez contra o meu corpo.
O resto, quem não sabe? Exaustos, repousamos.
Que outros meios-dias me sejam tão prósperos
Arte de amar
( por Manuel Bandeira)
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
A puta
(por Carlos Drummond de Andrade)
Quero conhecer a puta.
A puta da cidade. A única.
A fornecedora.
Na rua de Baixo
Onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
E labaredas torram a língua
De quem disser: Eu quero
A puta
Quero a puta quero a puta.
Ela arreganha dentes largos
De longe. Na mata do cabelo
Se abre toda, chupante
Boca de mina amanteigada
Quente. A puta quente.
É preciso crescer esta noite inteira sem parar
De crescer e querer
A puta que não sabe
O gosto do desejo do menino
O gosto menino
Que nem o menino
Sabe, e quer saber, querendo a puta.
Elegia: indo para o leito
( de John Donne)
Vem, Dama, vem que eu desafio a paz;
Até que eu lute, em luta o corpo jaz.
Como o inimigo diante do inimigo,
Canso-me de esperar se nunca brigo.
Solta esse cinto sideral que vela,
Céu cintilante, uma área ainda mais bela.
Desata esse corpete constelado,
Feito para deter o olhar ousado.
Entrega-te ao torpor que se derrama
De ti a mim, dizendo: hora da cama.
Tira o espartilho, quero descoberto
O que ele guarda quieto, tão de perto.
O corpo que de tuas saias sai
É um campo em flor quando a sombra se esvai.
Arranca essa grinalda armada e deixa
Que cresça o diadema da madeixa.
Tira os sapatos e entra sem receio
Nesse templo de amor que é o nosso leito.
Os anjos mostram-se num branco véu
Aos homens. Tu, meu anjo, és como o Céu
De Maomé. E se no branco têm contigo
Semelhança os espíritos, distingo:
O que o meu Anjo branco põe não é
O cabelo mas sim a carne em pé.
Deixa que minha mão errante adentre.
Atrás, na frente, em cima, em baixo, entre.
Minha América! Minha terra a vista,
Reino de paz, se um homem só a conquista,
Minha Mina preciosa, meu império,
Feliz de quem penetre o teu mistério!
Liberto-me ficando teu escravo;
Onde cai minha mão, meu selo gravo.
Nudez total! Todo o prazer provém
De um corpo (como a alma sem corpo) sem
Vestes. As jóias que a mulher ostenta
São como as bolas de ouro de Atalanta:
O olho do tolo que uma gema inflama
Ilude-se com ela e perde a dama.
Como encadernação vistosa, feita
Para iletrados a mulher se enfeita;
Mas ela é um livro místico e somente
A alguns (a que tal graça se consente)
É dado lê-la. Eu sou um que sabe;
Como se diante da parteira, abre-
Te: atira, sim, o linho branco fora,
Nem penitência nem decência agora.
Para ensinar-te eu me desnudo antes:
A coberta de um homem te é bastante.
O sol nas noites e o luar nos dias
(de Natália Correia)
De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.
E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.
Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.
Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.
Modos de amar
(por Maria Tereza Horta)
Modo de amar – I
Lambe-me as seios
desmancha-me a loucura
usa-me as coxas
devasta-me o umbigo
abre-me as pernas
põe-nas nos teus ombros
e lentamente faz o que te digo:
Modo de amar – II
Por-me-ás de borco,
assim inclinada...
a nuca a descoberto,
o corpo em movimento...
a testa a tocar
a almofada,
que os cabelos afloram,
tempo a tempo...
Por-me-ás de borco;
Digo:
ajoelhada...
as pernas longas
firmadas no lençol...
e não há nada, meu amor,
já nada, que não façamos como quem consome...
(Por-me-ás de borco,
assim inclinada...
os meus seios pendentes
nas tuas mãos fechadas.)
Modo de amar – III
É bom nadar assim
em cima do teu corpo
enquanto tu mergulhas já dentro do meu
Ambos piscinas que a nado atravessamos
de costas tu meu amor
de bruços eu
Modo de amar – IV
Encostada de costas
ao teu peito
em leque as pernas
abertas
o ventre inclinado
ambos de pé
formando lentos gestos
as sombras brandas
tombadas no soalho
Modo de amar – V
Docemente amor
ainda docemente
o tacto é pouco
e curvo sob os lábios
e se um anel no corpo
é saliente
digamos que é da pedra
em que se rasga
Opala enorme
e morna
tão fremente
dália suposta
sob o calor da carne
lábios cedidos
de pétalas dormentes
Louca ametista
com odores de tarde
Avidamente amor
com desespero e calma
as mãos subindo
pela cintura dada
aos dedos puros
numa aridez de praia
que a curvam loucos até ao chão da sala
Ferozmente amor
com torpidez e raiva
as ancas descendo como cabras
tão estreitas e duras
que desarmam
a tepidez das minhas
que se abrem
E logo os ombros
descaem
e os cabelos
desfalecem as coxas que retomam
das tuas
o pecado
e o vencê-lo
em cada movimento em que se domam
Suavemente amor
agora velozmente
os rins suspensos
os pulsos
e as espáduas
o ventre erecto
enquanto vai crescendo
planta viva entre as minhas nádegas
Modo de amar – Vl
Inclina os ombros
e deixa
que as minhas mãos avancem
na branda madeira
Na densa madeixa do teu ventre
Deixa
que te entreabra as pernas
docemente
Modo de amar – VII
Secreto o nó na curva
do meu espasmo
E o cume mais claro
dos joelhos
que desdobrados jorram dos espelhos
ou dos teus ombros os meus:
flancos
na luz de maio
Modo de amar – VIII
Que macias as pernas
na penumbra
e as ancas
subidas
nos dedos que as desviam
Entreabro devagar
a fenda – o fundo
a febre
dos meus lábios
e a tua língua
Vagarosa:
toma – morde
lambe
essa humidade esguia
Modo de amar – IX
Enlaçam as pernas
as pernas
e as ancas
o ar estagnado
que se estende
no quarto
As pernas que se deitam
ao comprido
sob as pernas
E sobre as pernas vencem o gemido
Flor nascida no vagar do quarto
Modo de amar – X
A praia da memória
a sulcos feita
a partir da cintura:
a boca
os ombros
na tua mansa língua que caminha
a abrir-me devagar
a pouco e pouco
Globo onde a sede
se eterniza
Piscina onde o tempo se desmancha
a anca repousada
que inclinas
as pernas retezadas que levantas
E logo
são os dentes que limitam
mas logo
estão os labios que adormentam
no quente retomar de uma saliva
que me penetra em vácuo
até ao ventre
o vínculo do vento
a vastidão do tempo
o vício dos dedos
no cabelo
E o rigor dos corpos
que já esquece
na mais lenta maneira de vencê-los
Modo de amar – XI
((Teu) Baixo ventre)
Nunca adormece a boca no
teu peito
a minha boca no teu baixo
ventre
a beber devagar o que é
desfeito
Modo de amar – XII
(Os testiculos)
Tenho nas mãos
teus testiculos
e a boca já tão perto
que deles te sinto
o vício
num gosto de vinho aberto
Modo de amar – XIII
(As pedras – As pernas)
São as pedras
meus seios
São as pernas
pele e brandura
no interior dos
lábios
rosa de leite
que sobe devagar
na doce pedra
do muco dos meus lábios
São as pedras
meus seios
São as pernas
Pêssegos nus corpo
descascados
Saliva acesa
que a língua vai cedendo
o gozo em cima...
na pedra dos meus
lábios
Jogo do corpo
a roçar o tempo
que já passado só se de memória,
a mão dolente
como quem masturba entre os joelhos...
uma longa história...
Estrada ocupada
onde se vislumbra
(joelhos desviados na almofada )
assim aberta o fim de que desfruta
o fruto do odor
o fundo todo
do corpo já fechado.
Modo de amar – XIV
(As rosas nos joelhos)
São grinaldas de rosas
à roda
dos joelhos
O âmbar dos teus dentes
nos sentidos
O templo da boca
no côncavo do espelho
onde o meu corpo espia
os teus gemidos
É o gomo depois...
e em seguida a polpa...
o penetrar do dedo...
O punho do punhal
que na carne enterras
docemente
como quem adormenta
o que é fatal
É a urze debaixo
e o fogo que acalenta
o peixe
que desliza no umbigo
piscina funda
na boca mais sedenta bordada a cuspo
na pele do umbigo
E se desdigo a febre
dos teus olhos
logo me entrego à febre
do teu ventre
que vai vencendo
as rosas – os escolhos
à roda dos joelhos, docemente.
Modo de amar – XV
(A boca – A rosa)
Entreabre-se a boca
na saliva da rosa
no raso da fenda
na fissura das pernas
Entreabre-se a rosa
na boca que descerra
no topo do corpo
a rosa entreaberta
E prolonga-se a haste
a língua na fissura
na boca da rosa
na caverna das pernas
que aí se entre-curva
se afunda
se perde
se entreabre a rosa
entre a boca
das pétalas
Évora Daninha (4,5 e 6 de Outubro)
PROGRAMA
4, Quinta-Feira
22h00 baile e arruada - praça do giraldo
24h00 olivetree - espaço celeiros
02h00 mostra internacional de performance parte I - monte alentejano
06h00 pausa para café
5, Sexta-Feira
10h00 es:pacinhos* (percurso interactivo pelo centro histórico para pais e filhos) - praça do giraldo
15h00 inauguração da exposição pin hole - anexos da harmonia
17h00 rockumentario - auditório soror mariana
18h30 balleto (performance de rua) - praça do giraldo
24h00 born a lion - espaço celeiros
02h00 mostra internacional de performance parte II - monte alentejano
irmã lucia dj set - monte alentejano
06h00 pausa para café
6, Sábado
11h00 tamborilando (peça infantil apresentada por AGORA teatro e interpretado por André Penas e Bruno Cintra) - espaço celeiros
15h00 demonstração de yoga - harmonia
16h00 workshop de movimento contemporâneo (toni tavares) - harmonia
18h30 joana machado e nuno ferreira - harmonia
22h00 convidART - a bruxa teatro
24h00 raspect - espaço celeiros
02h00 capitão fantasma - espaço celeiros
dj set - espaço celeiros
06h00 pausa para café
programa sujeito a alterações
*com marcação prévia e número de participantes limitado
Bilhete 3 dias: 12 EURO
Bilhete diário: 7 EURO
4, Quinta-Feira
22h00 baile e arruada - praça do giraldo
24h00 olivetree - espaço celeiros
02h00 mostra internacional de performance parte I - monte alentejano
06h00 pausa para café
5, Sexta-Feira
10h00 es:pacinhos* (percurso interactivo pelo centro histórico para pais e filhos) - praça do giraldo
15h00 inauguração da exposição pin hole - anexos da harmonia
17h00 rockumentario - auditório soror mariana
18h30 balleto (performance de rua) - praça do giraldo
24h00 born a lion - espaço celeiros
02h00 mostra internacional de performance parte II - monte alentejano
irmã lucia dj set - monte alentejano
06h00 pausa para café
6, Sábado
11h00 tamborilando (peça infantil apresentada por AGORA teatro e interpretado por André Penas e Bruno Cintra) - espaço celeiros
15h00 demonstração de yoga - harmonia
16h00 workshop de movimento contemporâneo (toni tavares) - harmonia
18h30 joana machado e nuno ferreira - harmonia
22h00 convidART - a bruxa teatro
24h00 raspect - espaço celeiros
02h00 capitão fantasma - espaço celeiros
dj set - espaço celeiros
06h00 pausa para café
programa sujeito a alterações
*com marcação prévia e número de participantes limitado
Bilhete 3 dias: 12 EURO
Bilhete diário: 7 EURO
28.9.07
Festival O Gesto Orelhudo em Águeda (26 Set. até 6 de Out.) com um óptimo programa que inclui Leo Bassi (actua dia 3)
A d'Orfeu Associação Cultural leva a efeito a 6ª edição do Festival O Gesto Orelhudo de 29 de Setembro a 6 de Outubro em Águeda
O Gesto Orelhudo é um festival que marca as suas propostas pelo mais insólito e inusitado humor músico-teatral.
Esta edição acolhe 16 espectáculos diferentes.
Toda a informação referente a este festival pode ser consultada em www.dorfeu.com
http://www.dorfeu.com/
O Gesto Orelhudo é um festival que marca as suas propostas pelo mais insólito e inusitado humor músico-teatral.
Esta edição acolhe 16 espectáculos diferentes.
Toda a informação referente a este festival pode ser consultada em www.dorfeu.com
http://www.dorfeu.com/
Espaço d\'Orfeu e Cine Teatro São Pedro Águeda
Sáb 29 Set GRANDE ABERTURA
21h45 Cine-Teatro São Pedro
The First Vienna Vegetable Orchestra (Áustria)
[B] 6Eur com venda prévia
Inusitado concerto de música contemporânea com vegetais!
The First Vienna Vegetable Orchestra abre, em grande estilo, a programação do 6º Festival O Gesto Orelhudo. Surpreendem pela originalidade: pepinos, pimentos, cenouras, couves e abóboras são apenas alguns dos vegetais que esta invulgar orquestra transforma em instrumentos. \"The First Vienna Vegetable Orchestra\" reúne um naipe de músicos austríacos de alta formação, sendo um deles também cozinheiro. Só usam vegetais frescos e de boa qualidade na suas actuações, para garantir a afinação e resistência dos... instrumentos. Por isso, no próprio dia do concerto, no mercado semanal de Águeda, vão ser adquiridos os legumes e hortaliças que, depois de transformados, deliciarão os ouvidos dos espectadores à noite. No final do espectáculo, os instrumentos acabarão numa bela sopa oferecida ao público (daí o cozinheiro).
23h45 tenda Espaço d’Orfeu
Jukebox, Trukitrek (Espanha/Brasil)
[B] gratuito
Anões cantores (quase) humanos apresentam um repertório internacional digno de qualquer “jukebox”!
Jukebox é uma super-animação dentro um convencional teatrinho de fantoches. Um vertiginoso “musical” de canções internacionalmente conhecidas, com um toque humorístico tão próprio dos Trukitrek. Os manipuladores conseguem dar as mais irresistíveis expressões a estes anões cantores, pois a cabeça dos bonecos é a do próprio actor.
Mestres nesta técnica de animação, os Trukitrek apresentam no dia seguinte, domingo à tarde, o seu espectáculo mais aclamado, “Unforgetable”, a encerrar a grande Tardada Orelhuda. No sábado à noite, Jukebox é o aperitivo.
Dom 30 Set TARDADA ORELHUDA PARA TODA A FAMÍLIA
14h00-19h00 Espaço d’Orfeu
[B] 2Eur bilhete individual / 5Eur bilhete familiar (pais e/ou avós com crianças em número ilimitado)
15h00 Concerto para Pássaros e outros Palradores
Miudagem e passarada desde sempre se entenderam. Espectáculo de interacção garantida!
15h45 Monólogo a Duas Vozes
Lenga-lengas e trava-línguas em palco, para divertir gerações dos netos aos avós.
16h30 Chico Lua & Cia., Beto Hinça (Brasil)
Os instrumentos são marionetas nas mãos das marionetas! A festa quer orquestra assim.
17h15 Bebés com Música
Uma experiência vibrante para as orelhas dos pequenotes. Músicas do mundo em compasso bebé.
18h00 Unforgetable, Trukitrek (Espanha/Brasil)
Divertido cartoon ao vivo. Fantoches quase humanos numa história com tanto de amor como de humor.
Seg 01 Out DIA MUNDIAL DA MÚSICA
21h45 Tenda Espaço d’Orfeu
Slampampers (Holanda)
[B] 3Eur
Música & humor num espectáculo de (r)ir às lágrimas!
De regresso ao festival que lhes deu a estreia em Portugal, os Slampampers regressam para repetir o estrondoso êxito do ano passado. Uma extravagância de quatro musicómicos, num espectáculo cheio de peripécias, inesperadas acrobacias, interacção com o público e ilimitada energia. Uma impressionante paródia em cima do palco, por um quarteto hilariante que circula por festivais em todo o mundo. Desta vez, o público já os conhece: estes holandeses são completamente doidos!
Ter 02 Out
21h45 Tenda Espaço d’Orfeu
Sempre ao Lonxe, Mofa & Befa (Galiza)
[B] 3Eur
Impagável espectáculo da mais louca companhia galega da actualidade!
Cada espectáculo que estes galegos resolvem criar é um upgrade aos seus próprios limites de non-sense, loucura e magnífica parvoíce. Neste delirante exercício cómico (talvez sem querer, mas mesmo muito cómico), os Mofa & Befa esforçam-se por apresentar um estudo muito próprio sobre as características étnicas e sociais de toda a série de gente que povoa a Península Ibérica. De forte conteúdo musical, esta obra ficou à beira de ser uma ópera de bons costumes se tem obtido subsídio estatal. Como não há notícia de tal ter sucedido, os géneros vão do rock à tarantela passando pela rumba e outros que tais, com direito a encore. É desejo do elenco que os espectadores saiam da sala sentindo-se mais próximos dos seus semelhantes de outras paragens e também um pouco mais inteligentes. Quanto mais não seja, mais inteligentes que os próprios actuantes.
Qua 03 Out
21h45 Tenda Espaço d’Orfeu
Instintos Ocultos, Leo Bassi (Itália/EUA)
[B] 3Eur
Águeda vai rir como nunca riu. Intrigante cómico ameaça a paz cultural da cidade!
Leo Bassi é famoso pelas suas extravagantes actuações a solo. Tão depressa faz malabarismos circenses como brinda o público com chocantes e inesperados discursos. As suas provocações (em palco ou na plateia) pretendem despertar as pessoas da letargia, convertidos que estamos todos em sujeitos passivos a cada dia que passa. O humor de Leo Bassi, de fina ironia, é forte mas não é corrente. É um provocador, um grosseiro impertinente. Para ele, o palco é um tempo de antena, é a desculpa para poder criticar e estabelecer uma luta à sua maneira, contando com a rendição incondicional do público. Ver um espectáculo deste cómico é uma experiência única: uma barrigada de rir e umas quantas inquietações para levar para casa.
De origem italiana, mas com sangue e cidadania de várias partes do mundo, Leo Bassi descende de uma família de artistas de circo que remonta a seis gerações. Este fascinante homem que chega agora ao “O Gesto Orelhudo” viu-se desde sempre, na pele de artista, envolvido em estratagemas para surpreender o público: uma ocasião, fazia um espectáculo para tropas americanas em cenário de guerra e combinou uma intervenção aérea do inimigo em plena actuação, para susto de morte dos... espectadores. Outra vez, em que se feriu em palco, ouviu ovacionar a entrada em cena dos bombeiros, com os espectadores convencidos que se tratava de mais uma encenação. Lançou tartes à cara de vários governantes na América e na Europa, recebeu ameaças de bomba aos seus recentes espectáculos em Madrid, foi detido várias vezes por causa de polémicos espectáculos por todo o mundo.
Em “Instintos Ocultos”, Águeda vai rir como nunca riu.
Cada espectador jamais será a mesma pessoa depois de ter visto Leo Bassi.
Qui 04 Out
21h45 Tenda Espaço d’Orfeu
Novecentos, Peripécia Teatro
[B] 3Eur
O regresso de uma companhia que nos espanta com a genialidade de cada nova criação.
“Novecentos” é o nome de um pianista excepcional que nasceu e nunca desceu do paquete que cruzava o oceano entre a Europa e a América no início do século XX. Foi encontrado bebé, dentro de uma caixa de limões, em cima do lustroso piano do salão de baile do navio. Aí cresceu, foi adoptado e educado pela tripulação. Uma madrugada, ainda menino, foi encontrado rodeado de passageiros em silêncio e de pijama, sentado ao piano a tocar não se sabe que música… não era jazz, eram dez “jazzes” juntos, tocados todos de uma vez! Assim nasceu a lenda do pianista do Oceano, tão famoso no mar como em terra, mesmo sem nunca a ter pisado.
Esta adaptação de Peripécia Teatro - na linha do melhor teatro visual, como no brilhante “Ibéria” que o público do Gesto Orelhudo já viu - , junta a espontaneidade dos contadores de histórias, a ironia dos entertainers, o humor inocente dos clowns e a versatilidade dos transformistas. Em cena, dois grandes clarinetistas tocam à época, numa partitura interpretada em dinâmica cumplicidade com os actores. A não perder!
Sex 05 Out
21h45 21h45 Cine-Teatro São Pedro
Ferloscardo, Cotão Associação Cultural / Centro Cultural de Belém (co-produção)
[B] 4Eur (inclui o espectáculo seguinte)
Espectáculo de circo contemporâneo, visualmente soberbo, com música ao vivo.
Este espectáculo não podia faltar no Festival “O Gesto Orelhudo”! Ferloscardo é do que a produção nacional contemporânea melhor tem feito ao nível da fusão do novo circo com dança, teatro e música. A magnífica concepção cenográfica de Ferloscardo, marcada por pêndulos de corda com lâmpadas na ponta, inspira-se no misterioso imaginário do velho circo, em que as sombras definem o que o público pode ou não ver. A vida do espectáculo está na luz que fica e na luz que vai, num jogo de presenças e ausências de magnífico efeito visual.
A inspiração ribatejana dos criadores traz à cena objectos como pedras, paus ou ovos, que convivem com objectos de circo e com os dois corpos. Ferloscardo é um circo novo, tão novo que já não é bem circo, mas novo circo. Imperdível!
23h45 Tenda Espaço d’Orfeu
Deolinda
[B] 2Eur (ou gratuito com bilhete do espectáculo anterior)
Recital castiço de um projecto musical ‘very’ lisboeta!
O seu nome é Deolinda Lisboa e tem idade suficiente para saber que a vida não é tão fácil como parece, solteira de amores, casada com desamores, natural da Lisboa castiça, habita um rés-do-chão algures nos subúrbios da capital. Inventa as suas canções a olhar por entre as cortinas da janela, inspirada pelos discos de grafonola da avó e pela vida dos vizinhos. Vive com dois gatos e um peixinho vermelho. Canta no Gesto Orelhudo na sexta ao fim da noite para quem a quiser ouvir.
Sáb 06 Out ENCERRAMENTO DO FESTIVAL
21h45 Cine-Teatro São Pedro
PaGAGnini, Yllana (Espanha)
[B] 4Eur
A grande música clássica no encerramento do festival! E o humor, com a vossa licença.
Recital de música clássica por uma quarteto de cordas que se deixa desafiar pelo imprevisto e pelo absurdo. As regras de um recital são postas em causa a cada novo compasso, de forma vertiginosa, pelo virtuosismo destes quatro grandes instrumentistas. O humor é fundamentalmente visual e físico, num surpreendente (des)concerto de obras clássicas com versões disparatadas ou com absurdas e intermináveis cadências. Fica-se com a sensação que os instrumentistas poderiam ser tudo menos obscuros violinistas perdidos num mar de cordas e pautas amarelecidas com o tempo.
PaGAGnini é uma criação dos “Yllana”, a companhia humorística madrilena que já apresentou “Rock & Clown” num anterior Gesto Orelhudo. Voltam a Águeda para fechar em grande a 6º edição do festival!
23h45 Tenda Espaço d’Orfeu
Mu
concerto no âmbito do OuTonalidades 2007
[B] gratuito
O festival fecha com ritmos festivos pela noite dentro!
A música dos Mu inspira-se nos sons das várias culturas musicais europeias, do leste ao ocidente, através da comunhão festiva de instrumentos de todo o mundo.
27.9.07
Lava a cara. Diz não à praxe.
Maçã com bicho (Acho eu da praxe)
Canção e letra de Sérgio Godinho
O tempo passa
e lembras com saudade
o saudoso tempo da universidade
foste caloiro
e quintanista
já comes caviar
esquece o alpista
P`ra entrar na universidade
é preciso
prender o humor
na gaiola do riso
ter médias altas
hi-hon, ão-ão
zurrar, ladrar
lamber de quatro o chão
Mas há quem ache
graça à praxe
É divertida (Hi-hon)
Lição de vida (Ão-ão)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
É divertida (Mé-mé)
Lição de vida (Piu-piu)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
Chamar-se a si mesmo
besta anormal
dá sempre atenuante ao tribunal
é formativo
p`ró estudante
que não quer ser propriamente
um ignorante
Empurrar fósforos com o nariz
tirar à estupidez a bissectriz
eis causas nobres
estruturantes
eis tradição
sem ser o que era dantes
Mas há quem ache
graça à praxe
É divertida (Hi-hon)
Lição de vida (Ão-ão)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
É divertida (Mé-mé)
Lição de vida (Piu-piu)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
Não vou usar
mais exemplos concretos
é rastejando
que se ascende aos tectos?
Então vejamos
preto no branco
as cores da razão
porque a praxe eu desanco
Mas há quem ache
graça à praxe
É divertida (Hi-hon)
Lição de vida (Ão-ão)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
É divertida (Mé-mé)
Lição de vida (Piu-piu)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
LAVA
A
CARA
DIZ NÃO À
PRAXE
DIZ SIM À INTEGRIDADE
DIZ SIM À DIGNIDADE
DIZ SIM À IGUALDADE
DIZ SIM À INTEGRAÇÃO
consultar:
http://letrasemmanifesto.blogspot.com/
Canção e letra de Sérgio Godinho
O tempo passa
e lembras com saudade
o saudoso tempo da universidade
foste caloiro
e quintanista
já comes caviar
esquece o alpista
P`ra entrar na universidade
é preciso
prender o humor
na gaiola do riso
ter médias altas
hi-hon, ão-ão
zurrar, ladrar
lamber de quatro o chão
Mas há quem ache
graça à praxe
É divertida (Hi-hon)
Lição de vida (Ão-ão)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
É divertida (Mé-mé)
Lição de vida (Piu-piu)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
Chamar-se a si mesmo
besta anormal
dá sempre atenuante ao tribunal
é formativo
p`ró estudante
que não quer ser propriamente
um ignorante
Empurrar fósforos com o nariz
tirar à estupidez a bissectriz
eis causas nobres
estruturantes
eis tradição
sem ser o que era dantes
Mas há quem ache
graça à praxe
É divertida (Hi-hon)
Lição de vida (Ão-ão)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
É divertida (Mé-mé)
Lição de vida (Piu-piu)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
Não vou usar
mais exemplos concretos
é rastejando
que se ascende aos tectos?
Então vejamos
preto no branco
as cores da razão
porque a praxe eu desanco
Mas há quem ache
graça à praxe
É divertida (Hi-hon)
Lição de vida (Ão-ão)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
É divertida (Mé-mé)
Lição de vida (Piu-piu)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
LAVA
A
CARA
DIZ NÃO À
PRAXE
DIZ SIM À INTEGRIDADE
DIZ SIM À DIGNIDADE
DIZ SIM À IGUALDADE
DIZ SIM À INTEGRAÇÃO
consultar:
http://letrasemmanifesto.blogspot.com/
O direito à desobediência civil em Portugal
Como pequeno contributo ao conhecimento do direito constitucional português, em particular do direito à desobediência civil, transcrevemos os comentários de dois dos mais destacados constitucionalistas portugueses acerca do artigo 21º da Constituição, e de cujo texto ressalta a existência implícita do direito à desobediência civil no nosso texto constitucional.
«Afim do direito de resistência é o direito à desobediência civil entendido como o acto público, não violento, consciente e político, contrário à lei, praticado com o propósito de provocar uma alteração político-legislativa ou reagir contra uma grande injustiça.
Não é líquido, porém, ver se se trata de um verdadeiro direito ou de um direito autónomo (em relação ao direito de resistência ) ou se se deve inserir no âmbito normativo de certos direitos fundamentais (exemplo: liberdade de expressão, direito de manifestação, direito à greve, objecção de consciência, além do direito de resistência), à sombra dos quais pode colher protecção constitucional»
(reprodução de um comentário ao Artigo 21º sobre o direito de resistência ,que está consagrado na Constituição da República Português, e da autoria de José Gomes Canotilho e de Vital Moreira numa edição da Coimbra Editora)
Reprodução textual do artigo 21º da Constituição Portuguesa:
Artigo 21.º(Direito de resistência)
Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.
Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.
FRONTE[I]RAS - encontro internacional de artes transdisciplinares (29 e 30 de Set. em Barcelos)
Performances Exposições Conferências Artist Talks
O conceito de fronteira é, actualmente, um dos temas mais recorrentes na artes contemporâneas, a que não será alheia a tendência observável em várias práticas artisticas no questionamento dos seus próprios limites (cruzamento / hibridização das artes, arte vs. vida, arte vs. ciência, etc.)
Por um lado, a fronteira é um espaço de múltiplas leituras. Muito mais do que uma linha divisória, é uma zona de fluxo e de interacção. É um espaço fluido onde nos confrontamos com a nossa identidade. A observação do que é “ligeiramente diferente” permite reconhecermo-nos a nós próprios, criar um distanciamento sobre nós que ajuda a recolocar o pensamento. Neste sentido, a fronteira é potencialmente um espaço de “iluminação”.
Por outro lado, a fronteira enquanto linha divisória da diferenciação política, social e cultural exerce uma força “centrípeta” no sentido de uma harmonização territorial, ou seja, da inscrição dos “centros” em qualquer parcela dos respectivos territórios, por mais longínquos que estes estejam.
O caso específico de Portugal e da Galiza é uma evidência da coexistência destes dois conceitos de fronteira. Se, por um lado, existe uma história comum feita de afinidades identificáveis em diversos planos e um esforço de criação de “pontes de diálogo”, ainda subsistem resistências a diversos níveis suscitadas por um excessivo zelo em preservar a “identidade” de cada um dos lados da fronteira.
O Encontro Fronte[i]ras 07 procurará estabelecer linhas de reflexão criativa para algumas das seguintes questões:
- No contexto contemporâneo, ainda necessitamos de identidades colectivas estáveis que forneçam princípios de pertença e protecção para indivíduos, sociedades ou nações?
- Será que estas identidades não são potencialmente perigosas no sentido de contribuírem para a difusão de formas de arrogância e discriminação?
- Será que a atitude inversa (nós = eles) incorpora também o risco de outra degenerescência, a da fusão absoluta? Se todos partilharmos os mesmos valores, os mesmos hábitos, num grande magma de referências, isto não poderá gerar efeitos psicológicos individuais de ausência de identidade? A que lugar ainda pertencemos?
A tensão ambivalente entre localização e necessidade de vinculação, que é uma característica inerente às fronteiras, assume no caso específico do Norte de Portugal e da Galiza uma importância chave.
Tanto a Galiza como o Norte de Portugal são regiões feitas de fronteira. Desde o “marco” separador das leiras (terrenos agrícolas), até às terras raianas e o Rio Minho, co-habitamos o mesmo país contruído com matéria fronteiriça.
Numa época em que certificamos a morte da distância, fazer o trajecto ferroviário Porto-Vigo leva quase o mesmo tempo que percorrer todo Portugal. O eixo atlântico é, em muitos domínios, mais um mito que uma realidade.
O Encontro Fronte[i]ras 07 procurar-se-á constituir como uma manifestação dessa necesidade de vinculação, comunicativa e aberta, na relação transfronteiriça. Uma relação abordada recentemente no seu aspecto digital, mas totalmente descuidada no seu aspecto físico: ainda que a conexão existe historicamente, a necessidade de vinculação real deve converter-se num tema central de reflexão.
Uma forma efectiva de superar este vazio é através da colaboração entre redes culturais de ambos os lados da raia. As entidades co-organizadoras do Encontro Fronte[i]ras 07, Binaural (Portugal) e Alg-a (Galiza), exemplificam esta ideia de criação colectiva de cultura, esta malha nodal transfronteiriça.
Seguindo a profunda tradição raiana do contrabando, compartilhar cultura continua a ser, ainda hoje em dia, uma realidade sub-oficial, minoritária, mas vitalmente imprescindível.
O Encontro Fronte[i]ras 07 decorrerá em simultâneo em locais dos dois lados da fronteira. O programa, que incluirá performances, instalações e conferências, permitirá o intercâmbio, discussão de ideias e projectos entre criadores e pensadores, procurando encorajar processos colaborativos, de descoberta e troca de experiências entre alguns dos artistas mais dinâmicos e inovadores que operam nos domínios das artes intermédia, transdisciplinares, antropológicas, teatro e performance híbrídos, poesia sonora e visual, etc., algumas das expressões artísticas que incorporam na sua própria praxis as noções de fronteira, no sentido mais abstracto do termo.
O encontro é organizado por duas entidades culturais, uma portuguesa, Binaural, outra galega, Alg-a, com fortes afinidades na sua metodologia e foco de intervenção, aliando um trabalho nas áreas das artes digitais / intermédia a uma pesquisa artística sobre o lugar e a vida.
Programa:
29 de Setembro 21h 30 - AUDITÓRIO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL DE BARCELOS
Performances
Maksims Shentelevs (Letónia)
Carlos Suárez (Galiza/Venezuela)
António Pedro (Portugal)
Madame Cell (Galiza) + Rui Costa (Portugal) & Manuela Barile (Itália)
30 de Setembro 11h 00 15h 00 - MUSEU DE OLARIA
Apresentações de Projectos Artísticos Desenvolvidos em Residência
Xelo Bosch (Espanha)
Carlos Suárez(Galiza/Venezuela)
Richard Lerman (EUA)
Azul Blaseotto (Argentina)
Leila Durán e Arturo Reboiras (Galiza, Espanha)
Vered Dror (Israel)
Maria Idília Martins(Portugal/Venezuela)
Amaya González Reyes (Galiza, Espanha)
António Pedro (Portugal)
Maksims Shentelevs (Letónia)
As conferências terão lugar na Casa das Campás, Pontevedra nos dias 27 e 28 de Setembro. Nelas participarão os seguintes conferencistas:
Pedro Jiménez (Espanha)
Isabel Valverde (Portugal)
Mona Higuchi (EUA)
Bojana Bauer (Sérvia/Portugal)
Ibrahim Niang (Mauritânia)
Xavier Fernández(Galiza)
Consultar:
http://www.zoom.pt/
www.fronteiras07.org/spip.php?page=sommaire&lang=pt
http://www.alg-a.org/
Programa completo:
25.9.07
A propósito de uma ideia ignóbil chamada «competição»
Todos nós já sabemos que, chegados a certa idade, os nossos pais conduzem-nos até às portas de uma instituição que se vai encarregar de nós. Para alguns já aos 3 anos se torna visível que essa «socialização forçada» não correrá nada bem. Alguns choram, outros fincam os pés, e muitos exprimem uma grande revolta através dos fracos meios que dispõem, sentindo uma raiva a nascer dentro de si e pronta a rebentar.
Depois do infantário entramos no «mundo dos grandes» - pelo menos, é assim que os professores costumam receber os alunos da antiga escola primária, hoje designada por 1º ciclo do ensino básico. Seguem-se, em seguida, os restantes graus de ensino até chegarmos ao ensino secundário e, para alguns, ao ensino superior. Mas em todos eles ressalta uma característica comum: classificar os alunos. E quem não se lembra de apanhar com um cinco ou um nove, ou então de um comentário ou uma observação escrita do tipo «Muito insuficiente» ou, simplesmente, «Medíocre».
Não tendo escolhido a escola, nem as matérias para aprender, nem sequer o método de aprendizagem, acabamos por nos tomar de pânico só com a ideia dos nossos pais receberem a informação de uma avaliação negativa. E não raro a comparação entre as notas mais altas e as mais baixas acabava por ser um verdadeiro golpe na nossa cabeça, em que a vaidade dos melhores contrastava com a vergonha daqueles que eram classiificados com as piores notas. E não faltavam as ocasiões para a instituição lembrar que certo aluno não era tão bom que um seu colega, ou que alguns se encontravam abaixo da média geral.
Com tudo isso o que o sistema, pouco a pouco, pretende é incutir a «virtude» da competição como motor do sucesso social, o grande mito propagandeado de todas as sociedades hierarquizadas. A nossa caderneta escolar serve assim de prelúdio ao nosso futuro currículo profissional, assim como as matérias ensinadas serão uma sombra do emprego que nos calhar na grande lotaria que é o mercado concorrencial.
E tal como sofremos a vergonha das notas abaixo de dez, assim também iremos sofrer a auto-culpabilização de estarmos a receber o salário mínimo ou, pior ainda, ficarmos no desemprego.
A ideia que nos passam e que nos pretendem vender é que sem compreendermos a utilidade das funções exponenciais na matemática, nada feito: sem isso estaremos, o mais certo, destinados ao mais rotundo fracasso.
Mesmo até o exemplo do «self-made man» serve às mil maravilhas para nos convencerem que só a nós próprios devemos o êxito ou o insucesso na vida. Só a nós e a mais ninguém !!! – dizem eles, ocultando o carácter socialmente selectivo do sistema mercantil em que vivemos.
A escola é construída para ser uma espécie de antecâmara em que o objectivo é a formatação dos espíritos, operação que se destina, ao fim e ao cabo, a habituarmo-nos a olhar o outro não como um irmão-companheiro de vida, mas antes como um potencial competidor, aquele que poderá ser sempre o «melhor» ou o «menos bom» que nós próprios, dependendo da capacidade que cada qual revelar em integrar-se num sistema hierárquico e de dominação.
E é essa mesma capacidade - que vai fabricando bons exploradores, para uns, e bons escravos submissos, para outros – que reside a chave-mestra deste sistema abjecto em que vivemos, e que desgraçadamente, nos habituamos acriticamente a subsistir. É por isso que é importante acabar, quanto antes, com ele, para que em vez da competição e da concorrência, possa emergir um mundo onde a regra seja a solidariedade e o apoio mútuos
Festival inglês de cinema independente vai passar os filmes na internet
Parte dos filmes do Raindance Film Festival, o maior festival independente de cinema da Grã-Bretanha, será exibida simultaneamente na internet.
Segundo os organizadores, a iniciativa, pioneira no circuito, pode ser uma nova forma divulgar os cineastas independentes.
O festival fez um acordo com o provedor de banda larga Tiscali para que seis filmes da programação fiquem disponíveis para o público na rede, ao mesmo tempo em que têm sua estreia nos cinemas londrinos.
Entre os filmes, está o documentário de longa-metragem Flames in the Looking Glass, que acompanha as vidas de três transexuais indianos que têm Sida
Também estão incluídos a produção escocesa The Inheritance e um documentário sobre hip hop na cidade inglesa de Brighton que tem participação do DJ Fatboy Slim, South Coast.
Os seis filmes ficarão disponíveis para download gratuitamente a partir das 21h no dia em que estrearem.
Também será exibida na internet, durante cinco noites, uma selecção de 15 filmes de curta-metragem de cineastas iniciantes.
O site do festival vai oferecer ainda notícias sobre filmes vistos na noite anterior e entrevistas.
Além dos filmes, a programação do festival Raindance inclui eventos paralelos.
Num deles, cineastas iniciantes ou aspirantes a cineastas tentarão vender suas ideias de roteiros a um grupo de personalidades do cinema, entre eles o produtor Nik Powell, a directora do fundo de financiamento do Film Council da Grã-Bretanha, Sally Caplan, e o actor Ewan McGregor.
O fundador do festival Raindance, Elliot Grove, disse ao jornal britânico The Guardian que a distribuição online oferece a cineastas novas formas de financiar seus filmes.
Segundo Grove, a distribuição online daria a cineastas iniciantes uma oportunidade de encontrar uma audiência sem ter de passar pelo circuito tradicional de Hollywood.
Segundo Grove, a distribuição online daria a cineastas iniciantes uma oportunidade de encontrar uma audiência sem ter de passar pelo circuito tradicional de Hollywood.
Fonte: BBC online
Conferências por John Urry (27 e 28 de Set), um dos principais sociólogos contemporâneos
2 conferências pelo Prof John Urry, um dos principais sociólogos contemporâneos, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, sobre importantes problemáticas sociais:
- As Cidades do Espectáculo
- Mobilidades e Sociabilidades
Entrada Livre
27 e 28 de Setembro
Sobre John Urry:
Poesia e outras artes:do modernismo à contemporaneidade - colóquio na Fac. de Letras do Porto (27 e 28 de Set.)
COLÓQUIO INTERNACIONAL "POESIA E OUTRAS ARTES: DO MODERNISMO À CONTEMPORANEIDADE"
Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa
PROGRAMA
27 de Setembro
Anfiteatro Nobre
Manhã
09:30 - Abertura
10:00 - Marjorie Perloff (Stanford Univ./ Univ. of Southern California)
From Avant-garde to Digital: The Legacy of Brazilian Concrete Poetry
10:45 - Pausa para café
11:15 - Alberto Pimenta (Univ. Nova de Lisboa)
Acentos no irreal da irrealidade
11:45 - Manuel Portela (Univ. Coimbra)
Significantes em movimento em movimento
12:45 - Almoço
Tarde
14:30 - Bernardo Pinto de Almeida (Univ. Porto)
Alusignações: palavra, imagem, imaginário
15:00 - Ida Alves (Univ. Federal Fluminense)
A poesia não é como a pintura ou a ordem das visibilidades
15:30 - Ana Gabriela Macedo (Univ. Minho)
The Verbal and Visual Poetics of the Futurist Stage Manifestos
16:00 - Pausa para café
16:30 - Graça Capinha (Univ. Coimbra)
An Act of Gnosis: Painter Jess Collins & Poet Robert Duncan
17:00 - Paulo de Medeiros (Univ. Utrecht)
Visões de Pessoa
19:45 - Jantar
21:30 - Performance de poesia com os poetas Alberto Pimenta e Manuel Portela (Biblioteca Municipal de Matosinhos)
28 de Setembro
Anfiteatro Nobre
Manhã
10:00 - Pedro Eiras (Univ. Porto)
Capricho mortal. Bach na poesia de Manuel de Freitas
10:30 - Rosa Martelo (Univ. Porto)
"Qualquer poema é um filme"? - Presença do cinema em alguma poesia
portuguesa contemporânea
11:00 - Pausa para café
11:30 - Joana Matos Frias (Univ. Porto)
"Peeping Tongue: Ut Photographia Poesis ou O Verso da Evidência".
12:00 - Mário Jorge Torres (Univ. Lisboa)
Para uma poética do cinema a partir do texto lírico
13:00 - Almoço
Tarde
14:30 - Rui Carvalho Homem (Univ. Porto)
Horsing About?: Memory and the Visual in Two Contemporary Irish Poets
15:00 - Liliane Louvel (Univ. Poitiers)
La transposition intersémiotique: le cas de Paul Durcan et sa galerie de poèmes
16:00 – Encerramento
21.9.07
Por uma agricultura do povo
«Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não»
(versos cantados por Adriano Correia de Oliveira)
Foto e texto retirado de:
http://ingenea.pegada.net/ (blogue pessoal de Gualter Baptista, o activista português mais conhecido do movimento de contestação à agricultura industrial transgénica)
Cá pela minha terra, onde a agricultura ainda se faz com modos de tradição, é tempo de colher o milho que o sol dourou, auxiliado pelos reflexos de um rio que de químicos continua a saber pouco.
Milho amarelo. Para os animais e também para a broa, de milho ou triga-milho. Comida a seco, molhada em azeite do feijão com couves, mergulhada na sopa de abóbora.
Esta é a agricultura do povo, onde o trabalho sai da mão de camponeses e camponesas.
Esta é a agricultura do povo, onde a maquinaria e o petróleo não substituem, apenas auxiliam, mulheres e homens.
Esta é a agricultura do povo, onde se combate a desertificação e o abandono rural, porque trabalho e alimento não fazem desertos.
Esta é a agricultura do povo, que a Revolução Verde ameaçou, trazendo os monocultivos, os pesticidas e os herbicidas.
Esta é a agricultura do povo, que as multinacionais engordadas pela Revolução Verde querem destruir, apropriando e manipulando a semente que sempre foi colhida para voltar a semear.
Esta é a agricultura do povo, que o transgénico contamina, degenera e condena!
Esta é a agricultura do povo, em perigo de extinção!
Esta agricultura, que ainda é do povo!
http://ingenea.pegada.net/ (blogue pessoal de Gualter Baptista, o activista português mais conhecido do movimento de contestação à agricultura industrial transgénica)
Cá pela minha terra, onde a agricultura ainda se faz com modos de tradição, é tempo de colher o milho que o sol dourou, auxiliado pelos reflexos de um rio que de químicos continua a saber pouco.
Milho amarelo. Para os animais e também para a broa, de milho ou triga-milho. Comida a seco, molhada em azeite do feijão com couves, mergulhada na sopa de abóbora.
Esta é a agricultura do povo, onde o trabalho sai da mão de camponeses e camponesas.
Esta é a agricultura do povo, onde a maquinaria e o petróleo não substituem, apenas auxiliam, mulheres e homens.
Esta é a agricultura do povo, onde se combate a desertificação e o abandono rural, porque trabalho e alimento não fazem desertos.
Esta é a agricultura do povo, que a Revolução Verde ameaçou, trazendo os monocultivos, os pesticidas e os herbicidas.
Esta é a agricultura do povo, que as multinacionais engordadas pela Revolução Verde querem destruir, apropriando e manipulando a semente que sempre foi colhida para voltar a semear.
Esta é a agricultura do povo, que o transgénico contamina, degenera e condena!
Esta é a agricultura do povo, em perigo de extinção!
Esta agricultura, que ainda é do povo!
Ao Encontro da Semente - 1ª Feira Ibérica de Biodiversidade Agrícola -Odemira (29 e 30 de Set.)
“Ao Encontro da Semente” é o tema da 1ª Feira Ibérica de Biodiversidade Agrícola, que vai decorrer na vila de Odemira, entre os dias 29 e 30 de Setembro, com o objectivo de incentivar o cultivo de variedade locais e contribuir para a protecção das sementes tradicionais e para a conservação da Biodiversidade Agrícola.
A iniciativa é promovida pelo Município de Odemira e Associação Colher para Semear - Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais e decorrerá na Biblioteca Municipal de Odemira.
As actividades terão início às 9.30 H do dia 29 de Setembro, com a Abertura da Mostra de Variedades Regionais do Concelho de Odemira e da Exposição e Troca de Sementes da Península Ibérica.
Durante a manhã decorrerão palestras com os temas “Apresentação do Trabalho de Recolha de Variedades Regionais do Concelho de Odemira” (José Miguel Fonseca e Graça Caldeira Ribeiro, Colher Para Semear), “A Importância das Hortas Urbanas na Manutenção da Biodiversidade Agrícola” (José Mariano Fonseca, Colher para Semear) e “A Importância da Biodiversidade Agrícola na Península Ibérica” (Juan José Soriano, Red Andaluza de Semillas “Resembrando e Intercambiando”).
Para a tarde estão reservados os temas “Recursos Genéticos Vegetais da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve” (António Marreiros, Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve) e “Os Trigos Antigos: suas qualidades nutritivas e aromáticas” (Nicolas Supiot, Réseau Semences Paysannes e José Pedro Raposo, Colher Para Semear).
A partir das 16.30 H, haverá oficinas práticas dedicadas a vários temas: “Fabrico de Pão” (Nicolas Supiot e José Pedro Raposo), “Culinária Com…Tradição no Alentejo” (Henrique Mouro, Eurotoques) e “Fabrico de Cerveja Tradicional” (Pablo González, Red Andaluza de Semillas “Resembrando e Intercambiando”). Para a noite está prevista a realização do Baile das Colheitas, no Cerro do Peguinho, com a participação do Grupo de Cantares da Serra de S. Martinho das Amoreiras e de dois acordeonistas locais.
No dia 30 de Setembro, a partir das 9.30 H, haverá duas oficinas práticas dedicadas aos temas “Processos de Enxertia: Métodos de garfo e borbulha” (Joaquim Abílio) e “Produção Local de Sementes: Colheita; Extracção pelos métodos húmido e seco; Selecção e conservação, Caracterização de variedades e condicionantes botânicos” (José Miguel Fonseca e Jorge Ferreira).
A partir das 11.30 H, decorrerá uma mesa redonda sobre “Encontrar, recolher, identificar e depois?”, com a participação de membros das Redes de Sementes de Espanha, França e Portugal (Colher Para Semear).
Para a tarde, às 15.00 H, haverá uma Mesa de Agricultores Sábios, sendo às 17.00 H a apresentação das conclusões do “Ao Encontro da Semente 2007”.
A participação no encontro é livre, à excepção das Oficinas Práticas, cujo valor é de 25 euros por dia (com 50% desconto para sócios), pago no próprio dia e válido para qualquer das oficinas.
Para mais informações e inscrições para as oficinas, basta contactar a Associação Colher para Semear – Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais através do e-mail fncteixeira@gmail.com
ou dos telefones 236 622 218 / 213 908 784 ou telemóvel 914 909 334.
AO ENCONTRO DA SEMENTE 2007
1ª Feira Ibérica de Biodiversidade Agrícola
1ª Feira Ibérica de Biodiversidade Agrícola
DATA: 29 e 30 de Setembro de 2007
LOCAL: Biblioteca Municipal de Odemira, ODEMIRA
PROGRAMA
SÁBADO - 29 DE SETEMBRO
09:30h - Abertura da Mostra de Variedades Regionais do Concelho de Odemira
Abertura da Exposição e Troca de Sementes da Península Ibérica
Moderador: Manuel de Sousa
10:00h - Apresentação do Trabalho de Recolha de Variedades Regionais
do Concelho de Odemira
José Miguel Fonseca / Graça Caldeira Ribeiro - Colher Para Semear
10:45h - A Importância das Hortas Urbanas na Manutenção da Biodiversidade
Agrícola
José Mariano Fonseca - Colher para Semear
11:30h - A Importância da Biodiversidade Agrícola na Península Ibérica
Juan José Soriano - Red Andaluza de Semillas "Resembrando e
Intercambiando"
13:30h - Almoço (1)
Moderador: António Quaresma
15:00h - Os Recursos Genéticos Vegetais da Direcção Regional de
Agricultura e Pescas do Algarve
António Marreiros - Direcção Regional de Agricultura e Pescas do
Algarve
15:00h - Os Recursos Genéticos Vegetais da Direcção Regional de
Agricultura e Pescas do Algarve
António Marreiros - Direcção Regional de Agricultura e Pescas do
Algarve
15:45h - Os Trigos Antigos: suas qualidades nutritivas e aromáticas
Nicolas Supiot - Réseau Semences Paysannes / José Pedro Raposo - Colher
Para Semear
Nicolas Supiot - Réseau Semences Paysannes / José Pedro Raposo - Colher
Para Semear
16:30h - Oficina prática (2) - Fabrico de Pão
Nicolas Supiot/José Pedro Raposo
Nicolas Supiot/José Pedro Raposo
17:30h - Oficina prática (2) - Culinária " Com...Tradição no Alentejo"
Henrique Mouro - Eurotoques
Henrique Mouro - Eurotoques
18:30h - Oficina prática (2) - Fabrico de Cerveja Tradicional
Pablo González - Red Andaluza de Semillas "Resembrando e Intercambiando"
Pablo González - Red Andaluza de Semillas "Resembrando e Intercambiando"
20:00h - Jantar (1)
22:00h - Programa de Animação - Baile das Colheitas
DOMINGO - 30 DE SETEMBRO
09:30h - Oficina prática (2) - Processos de Enxertia: Métodos de
garfo e borbulha - Joaquim Abílio
garfo e borbulha - Joaquim Abílio
10:30h - Oficina prática (2) - Produção Local de Sementes: Colheita.
Extracção pelos métodos húmido e seco. Selecção e conservação.
Caracterização de variedades e condicionantes botânicos- José Miguel
Fonseca e Jorge Ferreira
Extracção pelos métodos húmido e seco. Selecção e conservação.
Caracterização de variedades e condicionantes botânicos- José Miguel
Fonseca e Jorge Ferreira
11:30h - Encontrar, recolher, identificar e depois?
Mesa redonda com a participação de membros das Redes de Sementes
estrangeiras (espanholas e francesa) e portuguesa (Colher Para Semear).
Moderadoras: Maria Carrascosa e Graça Ribeiro
Mesa redonda com a participação de membros das Redes de Sementes
estrangeiras (espanholas e francesa) e portuguesa (Colher Para Semear).
Moderadoras: Maria Carrascosa e Graça Ribeiro
13:00h - Almoço (1)
15:00h - Mesa de Agricultores Sábios
17:00h - Conclusões do Ao Encontro da Semente 2007
Organização: Câmara Municipal de Odemira e Colher Para Semear - Rede
Portuguesa de Variedades Tradicionais
Colaboração: Red de Semillas - Resembrando e Intercambiando
AO ENCONTRO DA SEMENTE 2007
Portuguesa de Variedades Tradicionais
Colaboração: Red de Semillas - Resembrando e Intercambiando
AO ENCONTRO DA SEMENTE 2007
Como forma de sistematizar a recolha de variedades tradicionais portuguesas ainda existentes, a Colher Para Semear faz anualmente um levantamento na região onde realiza o seu Encontro, com o apoio e envolvimento das autarquias e outras entidades locais. Este método tem-se mostrado eficaz, conseguindo-se assim obter um conhecimento agrícola dessa mesma região.
O Encontro de 2007 é o culminar de diversas acções realizadas ao longo do ano, que têm como objectivos mostrar o património agrícola do concelho de Odemira, e também, através do conhecimento dessa herança, motivar uma alteração nas atitudes, de modo a salvaguardar tão valioso espólio.
O grande número de variedades encontradas neste levantamento demonstra a impôrtancia destes encontros, assim como a riqueza da região na diversidade de espécies cultivadas e espontâneas, que sentimos a responsabilidade de preservar.
19.9.07
Os Dias da Criação - 22 e 23 de Set., na Casa da Eira Longa, em Vilar, Boticas (Trás-Os-Montes)
OS DIAS DA CRIAÇÃO
nos dias 22 e 23 de Setembro 2007
na Casa da Eira Longa, em Vilar, Boticas (Trás-os-Montes).
Nesta iniciativa estará a presença diversificada de criadores leoneses e transmontanos, nas distintas áreas da criação: Audiovisual, Escrita, Performance, Música, Pintura, Fotografia, Pensamento, Gravura, Teatro, Grafismos, Artesanato, Escultura, Contacontos.
Apesar de se tratar de um encontro de âmbito regional não há qualquer segregação relativamente à presença de criadores que fisicamente tenham nascido noutras paragens. Assim, desde a Galiza ao Algarve, passando pela América Latina, este encontro é marcado pelo Aberto, pela infinitude do ómega.
programa:
22 Setembro, Sábado:
10h:00-Casa da Eira Longa: Performance de Teresa Paiva
nos dias 22 e 23 de Setembro 2007
na Casa da Eira Longa, em Vilar, Boticas (Trás-os-Montes).
Nesta iniciativa estará a presença diversificada de criadores leoneses e transmontanos, nas distintas áreas da criação: Audiovisual, Escrita, Performance, Música, Pintura, Fotografia, Pensamento, Gravura, Teatro, Grafismos, Artesanato, Escultura, Contacontos.
Apesar de se tratar de um encontro de âmbito regional não há qualquer segregação relativamente à presença de criadores que fisicamente tenham nascido noutras paragens. Assim, desde a Galiza ao Algarve, passando pela América Latina, este encontro é marcado pelo Aberto, pela infinitude do ómega.
programa:
22 Setembro, Sábado:
10h:00-Casa da Eira Longa: Performance de Teresa Paiva
10h,03m -Casa da Eira Longa: Pensamento e Debate
Comunicações:
abel neves, alexandre teixeira mendes, amadeu ferreira, antónio cabral, bento da cruz, gerardo queipo, silvia zayas
Distribuições e dinâmicas coloquiais: alberto augusto miranda, hermínio chaves fernandes.
12h 30m, Casa da Eira Longa: Performance Guantanano por Ad+Hoc: antonio rivas, begoña miguéns, carlos piñeiro, elisa framil, lois gil magariños, pedro lamas, ramón cruces
15h,30-Casa da Eira Longa: Inauguração de uma exposição colectiva de artistas visuais de león e de trás-os-montes.
Exponentes: adriana henriques, agostinho chaves, alfredo cabeleira; ana carneiro, ana luisa monteiro; ana sampaio, andré gomes, antero de alda, antónio pizarro; anxo pastor; asun parrilla, bruno ruivo, carla mota, carmen cierto, clara vale, daniel alonso, deborah nofret; dinis cortes; elisabete a. monteiro; elisabete pires monteiro; emanuel teixeira, francisco conceição, gerardo queipo; helder josé de carvalho, helena cordeiro, herminio chaves fernandes, inês abrantes, inma doval, isabel ribeiro; ivan almeida; joana caldelas, joaquim vieira, jorge cordeiro, jorge linhares, jorge marinho, josé fernando costa, josé moura, juan ondategui, julio costa, katús otero, linda ramos, lola oviedo, luis matos, manoel bonabal, maria sá, mário castro, mônica delicato, natalia gonzález devesa, nelson silva, pablo garcia garcia, paula garcez, paulo gaspar ferreira, pedro colaço, renato ferrão, rui gabriel, sabela arias, sacha habermann, sindo cerviño, Susana Llamazares, vânia ferreira, victor sousa
16h30:– Casa da Eira Longa: Curtas-metragens
Apresentação de obras de:
abel morán, adriana perez, angelica liddell, jesus dominguez, koke vega, pedro sena nunes, sara jess
18h00, Casa da Eira Longa: Actos Poéticos
Apresentação, por fernando martinho guimarães, do livro:
Tengo Algo De Arbol / Tenho Qualquer Coisa De Árvore
Selecta de poetas leoneses.
Poesia de: antonio gamoneda, gaspar moisés gómez, aldo z. sanz, tomás sánchez santiago, josé luís puerto, juan carlos mestre, ildefonso rodríguez, sílvia zayas, victor m. díez, eloísa otero, miguel suárez, ruben mielgo, jorge pascual.
Edição bilingue castelhano-português. Organização e selecção: sílvia zayas. Tradução: alberto augusto miranda. Ed. Intensidez.
Poesia dita por poetas: amilcar mendes, ana de sousa, antónio cabral, concha rousia, fernando soares, fracisco niebro, henrique dória, jorge pascual, juan carlos mestre, laura ortega, marcos calchadora, natalia fernandez, nuno rebocho, ruben mielgo, salviano ferreira, teresa cuco
21h30, Auditório de Boticas: Música, Performances, Teatro
Com: adérito silveira, alberto augusto miranda, alexandra bernardo, aurelino costa, chus fernandez león, david lópez fernández, dinis cortes, isabel fernandes pinto, josé angel, manuel guimarães, nelson moura, núria antón, pepa yañez anllo, rosabel muñiz, rosario granell, sílvia zayas, sirma, vicente pereira
23 Setembro 2007, Domingo:
10h -Casa da Eira Longa: MOSTRA DOS TRABALHOS AUDIOVISUAIS FEITOS IN LOCO:
Com: andré rodrigues, carlos marques, ivan terra, jaime mendes, joana lopes, joana magalhães, joão neiva, joaquim vieira, luis martins, michelle reis, nicole freitas, paulo pereira, pedro teixeira, raquel silva, rodrigo marcos, sandro sousa, sarah rego, tiago faifa, vânia ferreira, vitor leal
12h-Casa da Eira Longa: A Poesia Jovem latino-americana:
Com: estrella gomes (venezuela), geison garcia (venezuela), joaquín m. chávez (el salvador), raquel molina (venezuela)
14h – Almoço de encerramento
Entrada Livre
informações:
tlf 351.960238922 (eira longa)
tlf 351.965817337 (incomunidade)
Artes da lua d'outono (21,22 e 23 Setembro, em Coimbra) - para celebrar o equinócio
ARTES da LUA d'OUTONO
Iniciativa do Colectivo Germinal
Local: Praça da Canção ( em Coimbra)
A Praça da Canção em Coimbra é o local também conhecido por Choupalinho. Situa-se na margem do rio Mondego, ao lado da ponte Santa Clara
A Praça da Canção em Coimbra é o local também conhecido por Choupalinho. Situa-se na margem do rio Mondego, ao lado da ponte Santa Clara
Artes da lua d’outono é um encontro animado por grupos, colectivos e indivíduos do espaço alternativo que propõem fazer desta iniciativa uma afirmação da sua cidadania. A festa da liberdade, da individualidade da fraternidade, interveniente na arte, na criação, no debate, na acção.
Perante a degradação crescente do equilíbrio ambiental e social, só a evolução urgente de comportamentos, hábitos e atitudes que tragam uma alteração positiva e profunda na relação entre indivíduos, a sociedade e a Mãe-Terra pode assegurar a sobrevivência da espécie humana.
Vemos que nos anos recentes se desenvolveu na sociedade a influência de vivências alternativas que tem crescido em número e articulação. Diferentes experiências, organizações e eventos têm contribuído para uma maior visibilidade e capacidade de intervenção. Novas opções estão disponíveis, mais e maiores áreas da nossa vida podem ser saboreadas e construídas, livres dos preconceitos e mercantilismos predominantes.
Este vai ser um encontro centrado na temática da Educação Alternativa mas com carácter multidimensional aberto à diversidade da vossas contribuições. Estão convidados a juntarem-se a nós com a vossa arte, com a vossa iniciativa, com os vossos trabalhos, com a vossa magia e com a vossa energia para juntos fazermos deste evento uma convergência dinâmica de novas formas de se viver.
Grupo de projecto artes da lua d'outono
artes@luadoutono.pegada.net
Grupo de projecto artes da lua d'outono
artes@luadoutono.pegada.net
Apartado 6033, 3040-005 Coimbra
Colectivo Germinal - Associação Cultural
O Colectivo Germinal nasceu da iniciativa de um conjunto de activistas interessados em criar uma plataforma legal para ampliar e formalizar a sua intervenção social.
Legalizado como Associação Cultural em 2002, o Germinal tem a sede no Concelho da Lousã.
Legalizado como Associação Cultural em 2002, o Germinal tem a sede no Concelho da Lousã.
Entre os membros contam-se artesãos, agricultores, artistas plásticos e perfomativos, estudantes, professores, terapeutas, pessoas para quem a sua vertente de animação social e cultural é um prolongamento natural da forma como organizam e vivem o seu quotidiano.
No decorrer da sua existência o Colectivo Germinal tem acolhido e promovido iniciativas que procuram melhorar a qualidade de vida, protegendo a Natureza e a Mãe-Terra, questionando o consumismo e o mercantilismo, promovendo a organização em rede de cidadãos, grupos, associações. Actualmente o Germinal desenvolve em parceria Acções de Reflorestação centradas na região do rio Côa e está empenhado na realização do artes da lua d'outono, sendo-lhe particularmente importante a área do Encontro de Educação Alternativa, pela importância que o tema assume na procura de um equilíbrio sustentável no desenvolvimento social. Igualmente tem vindo a intervir em questões relacionadas com a protecção da floresta e animação cultural na zona onde está sedeado e na Região Centro, apoiando individual e enquanto Colectivo a realização do Ecotopia.
No decorrer da sua existência o Colectivo Germinal tem acolhido e promovido iniciativas que procuram melhorar a qualidade de vida, protegendo a Natureza e a Mãe-Terra, questionando o consumismo e o mercantilismo, promovendo a organização em rede de cidadãos, grupos, associações. Actualmente o Germinal desenvolve em parceria Acções de Reflorestação centradas na região do rio Côa e está empenhado na realização do artes da lua d'outono, sendo-lhe particularmente importante a área do Encontro de Educação Alternativa, pela importância que o tema assume na procura de um equilíbrio sustentável no desenvolvimento social. Igualmente tem vindo a intervir em questões relacionadas com a protecção da floresta e animação cultural na zona onde está sedeado e na Região Centro, apoiando individual e enquanto Colectivo a realização do Ecotopia.
PROGRAMA
Sexta Feira, 21 de Setembro
17h - Bodypainting para crianças e adultos com a Magda e o Sérgio
17h- Debate sobre os Transgénicos com Gualter do GAIA
18h - Espectáculo de animação de teatro - Tostamista
22h - Concerto com Mário Morais e Sandra Peres
Sexta Feira, 21 de Setembro
17h - Bodypainting para crianças e adultos com a Magda e o Sérgio
17h- Debate sobre os Transgénicos com Gualter do GAIA
18h - Espectáculo de animação de teatro - Tostamista
22h - Concerto com Mário Morais e Sandra Peres
Sábado, 22 de Setembro
10h - Didgeridoo para iniciados e médios (trazer instrumento) - Ricardo Lopes
11h- Aula de Percussão com Antoine Piquard (trazer instrumento)
12h - Qigong
15h - Aula de Percussão com Humberto (trazer instrumento)
15.30h - Aula de matemática para crianças
17h- Oficina de demonstração de couro com Antoine Piquard
17h- Debate sobre Motivações e limites da desobediência civil e não-violência
18h - Encontros do Umbigo - Miguel Bento
19.30h - Co'mover-se - massagem, toque - Fátima Marques
22h - CANTO LOGO ESPANTO - Encerrado para obras
23h - Concerto Didgeridoo: Ricardo Lopes
24h - CELEBRAÇÃO DO EQUINÓCIO: Circulo de percussão com Kula
Domingo, 23 de Setembro
10h- Construir instrumentos musicais com material reciclado - Ricardo Lopes
11h- Dança indiana com a Erika
11h- Aula de Percussão com Antoine Piquard (trazer instrumento)
15h - Clube do riso de Coimbra
16h- Rede de Comunidades rurais e urbanas: Projecto UnificAção
16h - Aula de Percussão com Humberto (trazer instrumento)
16h - Animação infantil - Espectáculo de magia e pinturas faciais com a Karyna
17h - Concerto - OCO - Seres do vento
21h - Preachy Boys - banda punk de Coimbra
22h - Concerto a confirmar
Encontro de (e sobre a) Educação Alternativa
A escolaridade obrigatória foi instituída com a finalidade de acabar com o trabalho infantil. Mas o que começou como boa intenção acabou por tornar os pais dependentes dum sistema educativo que não se adapta ao individualismo dos nossos pequenos mestres. Um sistema que fez com que nós, pais, perdêssemos a fé na capacidade de educar os nossos filhos, ao ponto de muitos de nós se acharem incompetentes. Um sistema que nos quer fazer querer que nem sequer temos o direito de escolher o que, e como, os nossos filhos aprendem. É de admirar que eles se transformem em pessoas que nos são estranhas, cujo comportamento nos choca? E que nos sintamos culpados por isso?
A tentativa do governo para acabar com o trabalho infantil merece a nossa gratidão. Mas não só continua a haver crianças neste país que são obrigadas a ajudar a sustentar as suas famílias, como o tema do insucesso escolar é um assunto muito preocupante. Há cada vez mais pais com capacidade e vontade de alterar pelo menos esta última situação, e se mostrarmos a esses pais pelo menos algumas opções como fazê-lo, não só estamos a contribuir de forma positiva com o sistema, como acima de tudo estamos a contribuir para a chegada de uma geração com integridade e diversidade de pensamento para abordar os desafios que o nosso país encara: os nossos filhos.
Inserido neste evento de temas diversos haverá uma área dedicada à educação alternativa, será um dome (espécie de tenda) com 9 metros de diâmetro.
Neste espaço queremos dar a conhecer aos visitantes as opções de educação existentes neste país, o que são e a forma como tornar a escolha de uma dessas opções uma realidade.
Durante os três dias vamos ter um programa com palestras oferecidas por entidades relacionados com este tema, incluindo reuniões de pais para incentivar a criação de projectos de escolas alternativas que possam começar a funcionar após o evento e actividades ludo-didácticas para pais e filhos experimentarem diferentes formas de aprendizagem.
Ciclo sobre os locais de resistência à ditadura começa com um encontro no café Piolho (29 de Set. às 15.30)
Encontros em lugares de Memória da Resistência
O núcleo do Porto do movimento Não Apaguem a Memória!, movimento cívico que visa a preservação da memória histórica das lutas de resistência à ditadura, promove os Encontros em Lugares de Memória da Resistência, esperando que as histórias contadas pelos protagonistas das acções de resistência antifascista venham enriquecer a nossa memória colectiva do fascismo.
Contando com os testemunhos dos que participaram nas lutas informais e nas actividades promovidas por associações de todo o tipo, como colectividades culturais, entidades cooperativas, organizações de jovens trabalhadores e associações estudantis, o movimento Não Apaguem a Memória! convida todos quantos frequentaram os lugares simbólicos dessas acções.
Este ciclo de tertúlias inicia-se com o encontro no café "Piolho", o emblemático Café Âncora d' Ouro, na cidade do Porto.
Apelamos à participação na tertúlia na tarde de sábado, 29 de Setembro, pela presença activa nesse lugar de memória da resistência juvenil no Porto
APAREÇA E APRESENTE O SEU TESTEMUNHO!
LOCAL: “Piolho" (Café Âncora d'Ouro) - na cidade do Porto
DATA: 29 de Setembro – 15.30 h
17.9.07
Manifestação no Porto de protesto contra os transgénicos
Greenpeace e a Plataforma «Transgénicos Fora»
protestaram no Porto contra os OGM
A Greenpeace Internacional associou-se ontem à plataforma portuguesa «Transgénicos Fora» numa manifestação em frente ao hotel no Porto onde decorreram os primeiros trabalhos do conselho informal dos ministros da Agricultura da União Europeia.
O responsável pelas questões genéticas da Greenpeace Internacional apelou às autoridades portuguesas para que repensem o recurso a organismos geneticamente modificados (OGM).
“Os ministros da UE devem começar a levar estas questões mais a sério, porque estão a aprovar todos os OGM e a rejeitar as provas científicas independentes que questionam a sua segurança”, afirmou Geert Ritsema.
Além de um perigo para a saúde pública, a utilização de transgénicos “é um perigo para a democracia”.
Os governos da Alemanha, Polónia, Hungria, Grécia e Áustria, segundo Geert Ritsema, proibiram já o cultivo de milho transgénico, devido aos receios em torno dos seus possíveis efeitos.
“É tempo de Portugal também começar a ouvir os seus parceiros”, sublinhou. A este propósito, a porta-voz da plataforma «Transgénicos Fora» recordou que, “curiosamente Portugal apoiou a posição da Hungria quando este país proibiu o cultivo do milho transgénico MON 810, mas é autorizada a sua plantação em Portugal”.
Para Margarida Silva, em causa está “o direito à escolha” dos cidadãos, que estão a consumir transgénicos, sem disso terem consciência, devido a falhas na aplicação da legislação, fiscalização e rotulagem.
Fonte:jornal O Primeiro de Janeiro
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-----------------------------------------------------------O responsável pelas questões genéticas da Greenpeace Internacional apelou às autoridades portuguesas para que repensem o recurso a organismos geneticamente modificados (OGM).
“Os ministros da UE devem começar a levar estas questões mais a sério, porque estão a aprovar todos os OGM e a rejeitar as provas científicas independentes que questionam a sua segurança”, afirmou Geert Ritsema.
Além de um perigo para a saúde pública, a utilização de transgénicos “é um perigo para a democracia”.
Os governos da Alemanha, Polónia, Hungria, Grécia e Áustria, segundo Geert Ritsema, proibiram já o cultivo de milho transgénico, devido aos receios em torno dos seus possíveis efeitos.
“É tempo de Portugal também começar a ouvir os seus parceiros”, sublinhou. A este propósito, a porta-voz da plataforma «Transgénicos Fora» recordou que, “curiosamente Portugal apoiou a posição da Hungria quando este país proibiu o cultivo do milho transgénico MON 810, mas é autorizada a sua plantação em Portugal”.
Para Margarida Silva, em causa está “o direito à escolha” dos cidadãos, que estão a consumir transgénicos, sem disso terem consciência, devido a falhas na aplicação da legislação, fiscalização e rotulagem.
Fonte:jornal O Primeiro de Janeiro
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Comunicado da Plataforma Transgénicos Fora
SEM DIREITO À ESCOLHA NÃO HÁ FUTURO PARA A AGRICULTURA EUROPEIA
No dia em que os ministros da agricultura dos Estados-Membros iniciam no Porto um encontro onde irão debater o futuro da agricultura na União Europeia, levantam-se sete questões centrais para o direito à escolha e à segurança de consumidores e que a Plataforma Transgénicos Fora, em colaboração com a Greenpeace Internacional,
coloca à consideração destes representantes. Este documento será também entregue pessoalmente ao Ministro da Agricultura português, amanhã pelas 18:45, na Alfândega do Porto.
- Para quando a rotulagem dos produtos animais?
Independentemente do risco alimentar decorrente das rações transgénicas, os consumidores europeus pretendem exercer o seu direito à escolha quando compram carne, ovos, leite e derivados. Neste momento o consumidor não tem acesso a qualquer indicação sobre a cadeia alimentar de onde tais
animais provêm. No entanto, em Agosto passado, a ministra da agricultura da Finlândia
anunciou já a sua intenção de impor tal rotulagem no seu país - não há, pois, qualquer impedimento técnico que impeça os restantes Estados-Membros da União Europeia de possibilitarem aos seus cidadãos idêntico acesso à informação.
- Para quando a legalização das zonas livres de transgénicos?
A Comissão Europeia tem sistematicamente impedido a criação legal de zonas livres de transgénicos em toda a União. No entanto, e ao mesmo tempo, a Comissão também argumenta, por exemplo junto da Organização Mundial de Comércio, que existem «vastas áreas de incerteza» e que nem sequer é possível verificar que impacto na saúde pode já ter tido a introdução dos transgénicos na Europa.
A legislação europeia é clara: face à incerteza deve aplicar-se o Princípio da Precaução. Mas as regiões e municípios têm sido impedidos de o fazer, contra todo o peso da sua legitimidade democrática.
- Para quando a rotulagem completa dos produtos vegetais?
Embora exista um regulamento europeu para rotulagem de produtos vegetais, ele não cobre numerosos aspectos. Há classes inteiras de produtos que não são sujeitas a rotulagem mesmo quando têm ingredientes totalmente transgénicos (como o mel, numerosos aditivos, enzimas, etc), há produtos contaminados que são tratados como
isentos (se a contaminação for "acidental" e estiver abaixo de 0.9%, o consumidor não é informado), e há circunstâncias em que mesmo os alimentos rotulados deixam de o ser (uma embalagem com corn flakes de milho transgénico tem de estar rotulada se for vendida no supermercado, mas num hotel ou cantina já não tem de existir qualquer rotulagem).
- Para quando o cumprimento da lei pela autoridade alimentar europeia?
É do domínio público que existem no painel OGM da EFSA, a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar, problemas evidentes de conflito de interesses: o próprio presidente desse painel trabalha em programas de apoio à introdução de
OGM na Europa. A falta de transparência, o escândalo perante os cidadãos e a insatisfação dos próprios governos dos Estados-Membros atingiram proporções tais que a Comissão Europeia prometeu diversas reformas, nomeadamente a imposição de que a EFSA passe a cumprir a lei (por exemplo, a EFSA não tem exigido - ao contrário do previsto na Directiva 2001/18 - a realização de quaisquer estudos sobre os efeitos
de longo prazo dos alimentos transgénicos; do mesmo modo requisitos como a demonstração da estabilidade genética são sumariamente ignorados). Mas na prática ainda nada mudou, ficando assim em causa o direito mais básico do consumidor: o de não ser exposto a produtos mal testados, ou não-testados.
- Para quando a prioridade máxima à protecção da saúde?
A Comissão Europeia já anunciou que vai autorizar, pela primeira vez desde 1998, um
transgénico novo para cultivo em toda a União. Trata-se da batata Amflor, que apresenta uma composição química alterada com o objectivo de facilitar processamento industrial e que não é suposta ser consumida por pessoas - no entanto, o consumo humano também está em aprovação iminente.
Este transgénico que, pouco surpreendentemente, obteve luz verde da EFSA, já foi criticado pela Organização Mundial de Saúde e cientistas não ligados a empresas. No único estudo toxicológico realizado até agora foram detectadas diferenças significativas em leucócitos e no baço, para além de se ter detectado um aumento de cistos na tiróide dos animais de laboratório. Se o futuro da agricultura europeia não passa pela degradação da segurança alimentar, esta batata não pode ser
autorizada.
- Para quando uma fiscalização eficaz dos alimentos com transgénicos?
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica portuguesa admitiu publicamente, em Abril deste ano, que não fiscalizava o cumprimento da rotulagem de produtos alimentares transgénicos.
Esta postura retira toda a credibilidade à legislação e impede qualquer exercício do (pouco) direito à escolha previsto pela União Europeia.
- Para quando a proibição do milho MON 810 em toda a União Europeia?
Embora tenha sido autorizado pela Comissão Europeia para toda a União e esteja a ser
produzido em Portugal, o cultivo do milho transgénico MON 810 foi proibido unilateralmente pela Grécia, Áustria, Polónia, Hungria e, mais recentemente, também pela Alemanha. As razões são numerosas e válidas. Por exemplo, a Monsanto nunca apresentou - e muito menos implementou - o plano de monitorização do impacto ambiental destas libertações comerciais que está previsto na Directiva 2001/18. Além disso, segundo o actual governo alemão, existem razões substantivas para recear que o cultivo do MON 810 acarrete perigos para o ambiente. Portugal, que apoiou a proibição decidida pela Hungria, tem de tomar a mesma medida a nível nacional e apoiar uma posição europeia unida em torno da máxima protecção ecológica prevista pelo Princípio da Precaução - esta é a única forma de garantir igualmente o máximo de protecção à saúde humana.
Os direitos à escolha e segurança dos consumidores europeus, actuais e futuros, devem ser considerações principais na reflexão ministerial que hoje se inicia. Só há futuro para a agricultura europeia com uma aposta forte na sustentabilidade que apenas a produção familiar, tradicional e biológica, assentes na diversidade agrícola e selvagem, podem proporcionar. É este o tipo de alimentação que os europeus realmente preferem e procuram.
A Plataforma Transgénicos Fora é uma estrutura integrada por onze entidades não-governamentais da área do ambiente e agricultura (ARP - Aliança
para a Defesa do Mundo Rural Português; ATTAC - Associação para a Taxação das Transacções Financeiras para a Ajuda ao Cidadão; CNA - Confederação Nacional da Agricultura; Colher para Semear - Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais; FAPAS - Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens; GAIA - Grupo de Acção e Intervenção Ambiental; GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente; LPN - Liga para a Protecção da Natureza; MPI - Movimento Pró-Informação para a Cidadania e
Ambiente; QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza; e SALVA - Associação de Produtores em Agricultura Biológica do Sul) e apoiada por dezenas de outras
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