O Dia Internacional do Livro Infantil comemora-se a 2 de Abril, data do nascimento do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen. Para assinalar este dia, o IBBY (International Board on Books for Young People) divulga anualmente uma mensagem de incentivo à leitura dirigida às crianças de todo o mundo. Este ano, coube à escritora Margaret Mahy, da Nova Zelândia, a elaboração da mensagem.
Mensagem para o 2 de Abril de 2007, Dia Internacional do Livro Infantil
Nunca me hei-de esquecer de como aprendi a ler. Quando era menina, as palavras escapuliam-se diante dos meus olhos como pequenos escaravelhos negros cheios de pressa. Mas eu era mais inteligente do que elas. Aprendi a reconhecê-las apesar de tentarem escapar-me velozmente. Até que, por fim, consegui abrir os livros e entender o que lá estava escrito. Sozinha, tornei-me capaz de ler contos, histórias engraçadas e poemas.
No entanto tive surpresas. A leitura deu-me poder sobre os contos e de alguma forma também deu aos contos umcerto poder sobre mim. Nunca lhes pude escapar. Isso faz parte do mistério da leitura.
Uma pessoa abre um livro, acolhe e compreende as palavras e, se a história for boa, ela explode dentro de nós.
Aqueles escaravelhos que correm em linha recta de um lado para o outro da página em branco convertem-se primeiro em palavras e, logo a seguir, em imagens e acontecimentos mágicos. Ainda que certas histórias pareçam nada ter que ver com a vida real, ainda que nos conduzam a surpresas de toda a espécie e se distendam em múltiplas possibilidades,para um lado e para o outro, como pastilhas elásticas, no final as histórias que são boas devolvem-nos a nós mesmos.
São feitas de palavras, e todos os seres humanos sonham ter aventuras com as palavras.
Quase todos começamos como ouvintes. Ainda bebés, as nossas mães e os nossos pais brincam connosco, dizem-nos rimas, tocam-nos as mãos («Pico pico maçarico quem te deu tamanho bico…») ou põem-nos a bater palmas(«Palminhas, palminhas…»). Os jogos com palavras são ditos em voz alta e, quando somos crianças, escutamo-los e rimos com eles. Logo a seguir aprendemos a ler os caracteres impressos na página branca e, mesmo quando lemos em
silêncio, há uma certa voz que está presente. A quem pertence esta voz? Pode ser a tua própria voz, a voz do leitor. Masé mais do que isso. É a voz da história que vem do interior do próprio leitor.
É claro que há hoje muitas maneiras de contar uma história. Os filmes e a televisão têm histórias para contar,embora não usem a linguagem da maneira como o fazem os livros. Os escritores que trabalham em guiões de televisãoou de cinema são obrigados a utilizar poucas palavras. «Deixem as imagens contar a história», dizem os especialistas.
Muitas vezes vemos televisão na companhia de outras pessoas, mas quando lemos quase sempre estamos sós.
Vivemos numa época em que o mundo está cheio de livros. Mergulhar nos livros à procura de alguma coisa, lendo-os e relendo-os, faz parte da viagem de cada leitor. A aventura do leitor consiste em descobrir, nessa selva de caracteresimpressos, uma história tão vibrante que o transforme como que por magia. Uma história tão apaixonante e misteriosa
que mude a sua vida. Creio que cada leitor vive para esse momento em que de súbito o mundo de todos os dias se alteraum pouco, abre espaço a uma nova piada, a uma ideia nova, àquela nova possibilidade que é dada a uma determinadaverdade de se exprimir pelo poder das palavras. «Sim, isto é mesmo verdade!», exclama aquela voz dentro de nós.
«Estou a reconhecer-te!» A leitura é verdadeiramente apaixonante, não acham?
No entanto tive surpresas. A leitura deu-me poder sobre os contos e de alguma forma também deu aos contos umcerto poder sobre mim. Nunca lhes pude escapar. Isso faz parte do mistério da leitura.
Uma pessoa abre um livro, acolhe e compreende as palavras e, se a história for boa, ela explode dentro de nós.
Aqueles escaravelhos que correm em linha recta de um lado para o outro da página em branco convertem-se primeiro em palavras e, logo a seguir, em imagens e acontecimentos mágicos. Ainda que certas histórias pareçam nada ter que ver com a vida real, ainda que nos conduzam a surpresas de toda a espécie e se distendam em múltiplas possibilidades,para um lado e para o outro, como pastilhas elásticas, no final as histórias que são boas devolvem-nos a nós mesmos.
São feitas de palavras, e todos os seres humanos sonham ter aventuras com as palavras.
Quase todos começamos como ouvintes. Ainda bebés, as nossas mães e os nossos pais brincam connosco, dizem-nos rimas, tocam-nos as mãos («Pico pico maçarico quem te deu tamanho bico…») ou põem-nos a bater palmas(«Palminhas, palminhas…»). Os jogos com palavras são ditos em voz alta e, quando somos crianças, escutamo-los e rimos com eles. Logo a seguir aprendemos a ler os caracteres impressos na página branca e, mesmo quando lemos em
silêncio, há uma certa voz que está presente. A quem pertence esta voz? Pode ser a tua própria voz, a voz do leitor. Masé mais do que isso. É a voz da história que vem do interior do próprio leitor.
É claro que há hoje muitas maneiras de contar uma história. Os filmes e a televisão têm histórias para contar,embora não usem a linguagem da maneira como o fazem os livros. Os escritores que trabalham em guiões de televisãoou de cinema são obrigados a utilizar poucas palavras. «Deixem as imagens contar a história», dizem os especialistas.
Muitas vezes vemos televisão na companhia de outras pessoas, mas quando lemos quase sempre estamos sós.
Vivemos numa época em que o mundo está cheio de livros. Mergulhar nos livros à procura de alguma coisa, lendo-os e relendo-os, faz parte da viagem de cada leitor. A aventura do leitor consiste em descobrir, nessa selva de caracteresimpressos, uma história tão vibrante que o transforme como que por magia. Uma história tão apaixonante e misteriosa
que mude a sua vida. Creio que cada leitor vive para esse momento em que de súbito o mundo de todos os dias se alteraum pouco, abre espaço a uma nova piada, a uma ideia nova, àquela nova possibilidade que é dada a uma determinadaverdade de se exprimir pelo poder das palavras. «Sim, isto é mesmo verdade!», exclama aquela voz dentro de nós.
«Estou a reconhecer-te!» A leitura é verdadeiramente apaixonante, não acham?
Margaret Mahy
MARGARET MAHY nasceu em Whakatane, Nova Zelândia, em 1936. Bibliotecária, decidiu dedicar-se a tempo inteiro à escrita, em1980. Escreveu obras dirigidas a diferentes idades, cultivando géneros que vão do álbum para crianças pequenas ao romance juvenil, passando pela poesia e pelo texto dramático. É uma das mais premiadas escritoras da Nova Zelândia, tendo sido distinguida, em2006, com o Prémio Hans Christian Andersen do International Board on Books for Young People (IBBY), o mais importante galardão mundial atribuído a um autor de literatura para crianças e jovens. Marcada pela riqueza poética da linguagem, a escrita de
Mahy tem logrado exprimir, por vezes de modo metafórico mas sempre com extraordinária autenticidade, a experiência da infância e da adolescência. Encontra-se traduzida em numerosos idiomas, incluindo o português (O Rapaz dos Hipopótamos, Livros Horizonte).
Outros títulos que publicou: Catálogo do Universo, Lembrança, Um Leão no Prado, O Homem cuja Mãe Era Pirata.
A Mensagem do Dia Internacional do Livro Infantil é uma iniciativa do IBBY (International Board on Books for Young People),difundida em Portugal pela APPLIJ (Associação Portuguesa para a Promoção do Livro Infantil e Juvenil) – Secção Portuguesa doIBBY.
BIBLIOTECA MUNICIPAL DE ESPINHO
Projecto O MEU BRINQUEDO É UM LIVRO
No âmbito do Dia Internacional do Livro Infantil, a Câmara Municipal de Espinho continua a oferecer um Kit com o "Guia para os Pais", o Livro "O SONHO DA MARIANA" e a "Almofada", como incentivo e apoio à criação de hábitos de leitura na população e, em especial, nas famílias. Nesta fase serão contempladas cerca de 107 crianças nascidas no concelho de Espinho. Serão assim, 107 novos leitores da BIBLIOTECA MUNICIPAL DE ESPINHO.
Para tal vai realizar-se uma cerimónia de entrega do referido Kit na sede das Juntas de Freguesia do Concelho.
Aproveitem para comemorar o DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL oferecendo UM LIVRO A UMA CRIANÇA
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