25.12.05

A mudança do clima


As delegações presentes na Conferência das Nações Unidas sobre a mudança climática que se realizou em Montreal de 28 de Novembro a 9 de Dezembro destinava-se a fazer um balanço provisório sobre a execução do Protocolo de Quioto que tem como objectivo baixar as emissões com efeito de estufa ( gaz carbónico e metano, GES) de 5,2% em 2012 em relação ao valores registados em 1990. Os debates incidiram ainda sobre as medidas a tomr no pós-Quioto.
Uma análise deste género tornou-se indispensável porquanto numerosos sinais confirmam que o clima da Terra já começou a mudar. A temperatura média mundial aumentou de 0,6 graus desde o início da era industrial ( isto é, 1861) por efeito do aquecimento induzido pelos GES. No norte do Canadá as consequências já se fazem sentir como mostram as modificações verificadas nos modos de vida d e dos Inuits e dos animais do Árctico. Nos Alpes assim como nos Andes os glaciares de montanha estão a derreter colocando em perigo as populações locai que se sentem assim privadas de um recurso precioso como é a água. Certas espécies de peixes do Atlântico migram para o norte e as aves mudam as datas de nidificação quando não decidem mesmo abandonar a sua tradicional migração.
Em França as mudanças são perceptíveis desde há 15 anos no domínio agrícola. A floração das árvores de fruto realiza-se cada vez mais cedo e a data das vindimas avançou cerca de 3 semanas ao longo dos últimos 50 anos.

Os responsáveis de todas estas mudanças são os gazes com efeito de serra emitidos na atmosfera devido às actividades humanas desde o ano de 1861. Resultados recentes do Épica ( European Program for Ice Coring Antárctica) mostram que a taxa destes gazes nunca foi tão elevada como agora, pelo menos, desde há 650.000 anos. A análise de minúsculas bolhas de gás presas no espesso gelo do pólo sul indica que a taxa de gás carbónico ficou limitado aos valores compreendidos entre 180 e 280 ppmv (partes por milhões em volume) durante milénios. Só durante os últimos 150 anos de actividade industrial é que se passou para os 380 ppmv. Quanto à taxa de metano, esta variou em média durante milénios entre 320 e 720 ppbv ( partes por biliões em volume), enquanto os valores actuais são de 1.700 ppbv.

Para limitar os danos resultantes do aquecimento global do clima, os países industrializados assim como os países em vias de industrialização devem modificar o seu modo de vida, consumindo de outra forma, e fazendo ainda apelo às energias renováveis bem como isolando as casas.
A China e a índia não podem ficar aparte desses esforços, tanto mais que a mudança climática e todo o cortejo de fenómenos a ela associado (chuvas diluvianas, secas, tempestades) afectarão duramente não só os países ricos como também os pobres. No ano de 2005 as catástrofes naturais – sismos, tsunamis, ciclones tropicais – causaram a morte a dezenas de milhar de pessoas na Ásia. A estação dos ciclones no Atlântico ultrapassou em número e em força ( e em destruições) os que se registaram no ano de 2004, que foi considerada já um mau ano.
A sociedade Munich Re, uma das mais importantes seguradoras do mundo, anunciou em Montreal que « conheceu durante o ano de 2005 as maiores perdas financeiras devidas a catástrofes naturais. As primeiras estimativas da empresa falam de uma perda de mais de 200 mil milhões de dólares, dos quais 70 mil milhões recaíram sobre valores que estavam no seguro. Em 2004 as catástrofes climáticas tinham tido um custo de 145 mil milhões de dólares.
Estes números mostram de modo insofismável que estamos em vias de passar do domínio das previsões para o das provas irrefutáveis.

Texto publicado no jornal Le Monde e da autoria de Christiane Galus